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O bullying é o ato sistemático de importunação, ameaça e de uso de

violência, física ou emocional, sobre um indivíduo por uma ou mais pessoas. O


termo bullying tem sua raiz no verbo da língua inglesa bully, que expressa a ação de
machucar ou ofender alguém mais fraco ou de fazê-lo tomar uma atitude que este
não deseja. Embora o ato de importunação e intimidação seja costumeiro nas
interações entre grupos e pessoas, o termo bullying ganhou projeção sobretudo a
partir dos constantes atentados em colégios nos Estados Unidos. Dessa forma,
tornou-se uma preocupação central pensar as práticas pedagógicas e,
principalmente, as relações sociais que se descortinam na relação entre escola,
família e sociedade.

Uma das características do bullying é seu caráter repetitivo, ou seja, trata-se


de uma prática de abuso que acontece com regularidade e em um determinado
contexto. Portanto, o bullying, mais do que uma ação isolada motivada por uma
briga pontual, é uma prática que se baseia na intimidação constante e permanente.
É a cotidianização desses assédios que mina paulatinamente a autoestima e
transforma a vida das vítimas do bullying em um pesadelo de perseguição e
depreciação, ao passo que as ofensas vão sendo interiorizadas pelas vítimas,
refletindo negativamente na capacidade de formação de uma auto imagem não
distorcida.

Essa repetição, por sua vez, pauta-se em uma assimetria de poder, em uma
percepção por parte do grupo ou indivíduo assediador de uma pretensa
superioridade frente à vítima. Esse desequilíbrio geralmente surge das diferenças
entre raças, classes sociais, credos religiosos, gênero ou orientação sexual e
aparência física. Com o avanço das tecnologias de comunicação e a onipresença da
Internet como uma espaço de interações sociais, as práticas de bullying não se
resumem mais aos ambientes escolares ou de outras instituições mas também se
ampliaram para o mundo virtual: o ciberbullying tornou o tema ainda mais complexo,
já que o anonimato que se desfruta na rede deu mais condições para a ação
inconsequente daqueles que praticam o bullying contra suas vítimas.

Dessa forma, uma terceira característica que define a prática de bullying é a


de que ela se refere a um ato intencional, quer dizer, aquela pessoa ou grupo que
realiza o bullying contra uma vítima tem a intenção expressa de provocar dor ou
dano, seja físico ou emocional. Nesse sentido, interessa mais saber quais são os
motivos que geram esse comportamento hostil do que simplesmente condenar os
agressores. Isso porque, como dito, a natureza sistemática e a assimetria de poder
que se mostram no bullying possuem explicações estruturais. Pesquisas apontam
que os motivos dos agressores geralmente estão relacionados a algum tipo de
ressentimento, mostrando que aqueles que praticam o bullying são também, de
alguma forma, vítimas das mesmas assimetrias de poder que se encontram na
sociedade.

No Brasil, a Lei 13185 de 2015 tipifica o bullying e cria o Programa de


Combate à Intimidação Sistemática. Nela, além de definir a prática em si, estão
previstas medidas de prevenção e combate a serem adotadas por escolas e as
comunidades com foco na conscientização e no apoio psicológico e pedagógico às
vítimas. No entanto, o enfrentamento do bullying deve ser entendido como uma
tarefa de toda a sociedade, uma vez que não se trata de superar uma postura
individual, mas uma verdade cultura que permeia nossas vidas.

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