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NÉLIO: Não me engana? Olhe bem pra mim. Nos meus olhos. Agora,
diz: me engana?
ANGELA: ...Nélio!
VOZ OFF: Dona Angela, a senhora não teria uma xícara de açúcar?
NÉLIO: (DESCONFIADO) Por que você vai tanto nesse supermercado? Que é
que você vê lá?
ANGELA: (VOLTANDO) Ah, não, Nélio. Pelo amor de Deus, não vá atrás de
mim. Eu já tô indo lá em Jacarepaguá porque você já fez
escândalos em todos os supermercados do Leblon!
ANGELA: E, por favor, vê se não fica telefonando pra lá, tá? Que eu fico
constrangida deles ficarem chamando o meu nome pelo
auto-falante. E não dá tiro na janela, tá? Você já acertou no pé
do porteiro e eles não tem nada com isso, Nélio, com esse teu
ciúme horroroso. Você já quebrou todos os vidros lá embaixo,
querido. Não tem uma vidraça inteira aqui no quarteirão. O
síndico já reclamou tanto, Nélio, tanto...(E SAI )
PASSAGEM DE TEMPO
ANGELA: Mas eu preciso ir , querido, vim louca para... Você sabe como
são sujos os toiletes dos supermercados. Já pensou se eu
pegasse alguma doença? Como é que eu iria explicar, não é
mesmo?
ANGELA: Mas isso independe da minha vontade, Nélio. Você quer que
eu estoure? Quer?
NÉLIO: Âââângela!!
ANGELA: Ai, Nélio. Cada grito que você dá. Você ainda me mata de
susto.
ANGELA: Alô, mamãe? A senhora pode me dizer quem foi essa tal de
Desdêmona, que o Nélio fala tanto?...Que? Foi assassinada
pelo marido ciumento? Por Otelo? (PEGA O LIVRO. ABRE,
MAS O REVÓLVER NÃO ESTÁ DENTRO) Estou com
medo, mamãe. Nélio está cada dia mais ciumento. O ciúme é o
tempero do amor? Mas mamãe, acho que tá temperado
demais. Não tô conseguindo digerir... ( OUVE-SE ELE
CHEGANDO)
NÉLIO: (OFF) Angela!
NÉLIO: Já te disse que não gosto que você fale com estranhos. (
DÁ-LHE UMA BOFETADA)
NÉLIO: Tão doce, tão pura, tão meiga... e ao mesmo tempo tão
safadinha.(DÁ-LHE UMA BOFETADA)
NÉLIO: Eu comprei.
ANGELA: ...Comprou?
ANGELA: ...Nélio! Pra que é que você está tirando essa cinta?
NÉLIO: Adúltera!
ANGELA: Não, Nélio. Você está entendendo mal. É imaginação sua,
querido.
ANGELA: Guarda essa cinta, Nélio. Para! Você está doente, Nélio.
Do-en-te!!!
(ELE CAI)
NÉLIO: Angela...
ANGELA: Sim, querido. Agora tudo está bem. Tudo está bem.
FIM