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Guião de Estudo
História A
12º Ano de Escolaridade Ano letivo 2022-2023
Módulo 8.2.2. DA REVOLUÇÃO À ESTABILIZAÇÃO DA DEMOCRACIA:
AS TRANSFORMAÇÕES DECORRENTES DA “REVOLUÇÃO DOS CRAVOS”
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aumento significativo da população ativa, na década de 70, associada ao regresso dos exilados e “retornados”,
assim como ao crescimento dos setores secundário e terciário;
grandes campanhas de dinamização cultural e ação cívica, promovidas pelo MFA, com o objetivo de explicar às
populações do interior rural o significado da revolução, o valor da democracia e a importância do voto popular
nos diversos sufrágios em curso, bem como os direitos dos trabalhadores;
constituição de “comissões de moradores” e “comités de ocupantes” que, nas vilas e nas cidades, ocupam casas
vagas, do Estado ou de particulares, quer para fins habitacionais, quer para a instalação de equipamentos sociais
de iniciativa popular (creches, centros clínicos, parques infantis).
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A OPÇÃO CONSTITUCIONAL DE 1976 E A REVISÃO CONSTITUCIONAL DE 1982
Pendor socialista e revolucionário do texto constitucional de 1976 (assegurado pelo anterior Pacto MFA-Partidos):
a afirmação de uma sociedade socialista, construída com “respeito pela vontade do povo português”;
institucionalização da participação dos militares na vida política do país, através da manutenção do Conselho da
Revolução como órgão de soberania (em estreita ligação com o Presidente da República, que o encabeça), visto
como o garante do processo revolucionário;
consagração constitucional das conquistas revolucionárias, consideradas irreversíveis (a reforma agrária, as
expropriações e as nacionalizações) OU do socialismo como modelo económico e social, nomeadamente nas
disposições relativas à economia e aos direitos sociais;
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PROCESSO DE DESCOLONIZAÇÃO NO IMEDIATO PÓS-25 DE ABRIL: DIFICULDADES E DESAFIOS
A questão colonial foi um dos mais fortes motores do golpe militar de 25 de abril de 1974, mas a resolução
do impasse a que a guerra chegara foi um dos aspetos que mais dividiu o MFA.
• dificuldades na obtenção de uma solução rápida e consensual para o problema colonial, após anos de
arrastamento da guerra e da recusa portuguesa em discutir a descolonização, apesar do reconhecimento, por
parte de setores militares, de que a guerra colonial teria de ter uma solução política;
• divergências no MFA e no país, imediatamente após a Revolução de 25 de Abril, quanto à situação das colónias:
confronto entre as teses federalistas de Spínola e as teses da independência imediata defendidas por outros
setores do MFA;
• intensificação de fortes pressões internas (multiplicação de manifestações de apoio ao regresso imediato dos
soldados e pressão partidária) com vista à descolonização imediata OU forte pressão internacional com vista à
consagração do direito das colónias à autodeterminação (sobretudo da Organização das Nações Unidas e da
Organização da Unidade Africana) OU pressão dos movimentos de libertação para que Portugal reconheça o
direito das colónias à autodeterminação, recusando-se a iniciar negociações antes desse reconhecimento (com
exceção da UNITA, União para a Independência Total de Angola);
• alteração da política colonial através da aprovação da Lei 7/74 de 27 de julho, que reconheceu o direito das
colónias à independência, após a derrota das posições federalistas de Spínola OU através do reconhecimento do
direito dos povos das colónias à autodeterminação, consagrado na Carta das Nações Unidas (OU respeitando as
sucessivas resoluções da ONU que intimavam Portugal a descolonizar);
• negociação com os movimentos de libertação das colónias, reconhecidos por Portugal como representantes
legítimos dos respetivos povos, com vista à descolonização (Partido para a Independência da Guiné e Cabo Verde
(PAIGC); Frente de Libertação de Moçambique (FRELIMO); Frente Nacional para a Libertação de Angola (FNLA),
Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA) e União para a Independência Total de Angola (UNITA)) OU
estabelecimento de um calendário de negociações para o reconhecimento dos processos de independência das
ex-colónias nos termos dos acordos assinados (26 de agosto de 1974, Acordo de Argel – independência da Guiné-
Bissau efetivada a 10 de Setembro de 1974); 6 de setembro de 1974, Acordo de Lusaca – independência de
Moçambique efetivada a 25 de junho de 1975; 15 de janeiro de 1975, Acordo de Alvor – independência de Angola
efetivada a 11 de novembro de 1975): estes, com exceção da Guiné-Bissau, previam um curto período de transição
para transferência de poderes, durante o qual estruturas conjuntas de Portugal e dos movimentos de libertação
assegurariam o respeito pela legalidade e pela ordem;
• dificuldades no processo de descolonização devido à existência de mais do que um movimento de libertação em
várias ex-colónias (Angola – FNLA, MPLA e UNITA; Timor – Frente Revolucionária da Timor-Leste Independente
(FRETILIN) e União Democrática Timorense (UDT));
• dificuldades de Portugal, após a suspensão dos combates e as negociações entre o novo regime e os
movimentos de libertação, em fazer cumprir os acordos de transição para a independência (OU em impedir os
conflitos armados entretanto surgidos em algumas das ex-colónias), dada a instabilidade política interna e o
desgaste provocado por uma situação de guerra prolongada (desmotivação dos soldados e deterioração das
relações entre os militares africanos e os comandos europeus);
• retorno em massa, e em condições precipitadas, de milhares de portugueses fugidos dos conflitos político-
militares nas ex-colónias OU fuga à situação mais complicada em Angola (forças portuguesas apenas controlavam
os principais centros urbanos), com a organização de uma «ponte aérea» para evacuar os cidadãos portugueses
(setembro-outubro);
• implementação de medidas para a integração social dos portugueses regressados do Ultramar («retornados»),
apesar das difíceis condições em que chegaram ao país – criação do Instituto de Apoio ao Retorno de Nacionais
(IARN) para facilitar o acolhimento dos portugueses das ex-colónias;
• dificuldades acrescidas na descolonização de Timor, devido à ocupação do seu território pela Indonésia,
impossibilitando a descolonização logo após o 25 de abril OU defesa, no contexto internacional, dos interesses
dos timorenses após a ocupação de Timor-Leste pela Indonésia OU envolvimento ativo, nacional e em contexto
internacional, no processo que possibilitaria a independência de Timor-Leste;
• abertura de negociações com a República Popular da China para a transferência da soberania de Macau,
posteriormente concretizada;
• desafios colocados pelo regresso de Portugal às fronteiras europeias do século XV, reconhecidas as
independências das colónias africanas em 1974 e 1975.
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AS REPERCUSSÕES INTERNACIONAIS DA REVOLUÇÃO DE ABRIL
O novo regime português procurou a aceitação e o reconhecimento internacionais, definindo uma política externa
baseada nos princípios da independência nacional, do respeito pelo direito internacional, da autodeterminação e
independência dos povos, da igualdade entre os estados e da solução pacífica de conflitos.
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