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Curso Teórico de Manejo

do Aleitamento Materno

Conteudistas
Amanda Souza Moura
Ariane Tiago Bernardo de Matos
Elsa Regina Justo Giugliani
Lilian Cordova do Nascimento
Renara Guedes Araújo

Unidade 2
A AMAMENTAÇÃO NA GESTAÇÃO
UNIDADE 2
A AMAMENTAÇÃO NA GESTAÇÃO
Nesta unidade será abordada a importância do aleitamento materno nos
primeiros 2 anos de vida da criança ou mais e exclusivo nos primeiros seis
meses, e como essa decisão reflete no seu crescimento e desenvolvimento.
Nessa etapa, serão esclarecidas dúvidas, bem como oferecidas orientações
para que a amamentação seja bem-sucedida. O acompanhamento durante
o pré-natal confere a oportunidade de compartilhar o conhecimento,
entender as crenças e sentimentos da família a respeito do tema. Assim,
é importante que haja compreensão e apoio para que a gestante e futura
nutriz se sinta confiante e segura. Além disso, também será descrita uma
visita ao hospital de referência para o parto das gestantes que frequentam
a Unidade Básica de Saúde, no intuito de que essas pacientes se sintam
mais acolhidas e preparadas para vivenciar seu grande momento.

OBJETIVO
Relatar a importância do aleitamento materno nos primeiros 2 anos de
vida da criança ou mais e exclusivo nos primeiros seis meses, esclarecendo
dúvidas, e orientando as gestantes quanto aos aspectos a se considerar
para que esse processo se dê da forma mais natural e tranquila possível,
bem como tranquilizar as futuras parturientes quanto ao parto.
AULA 1 - PREPARANDO A GESTANTE PARA A
AMAMENTAÇÃO

A partir desta aula iremos acompanhar a história do casal Juliana e


Fernando e de sua filha Alice, desde a gestação de Juliana até Alice com-
pletar dois anos. As diversas situações vão sendo expostas à medida que
Alice vai crescendo e se desenvolvendo, de maneira a abordar os princi-
pais tópicos sobre amamentação.

A gestação é o período ideal para que a mulher e seu (sua) companheiro


(a)/acompanhante esclareçam suas dúvidas e recebam orientações para
que a amamentação do futuro bebê seja bem-sucedida e prazerosa. O
acompanhamento pré-natal dá a oportunidade de discutir o conheci-
mento da mulher e sua família, suas crenças e sentimentos sobre ama-
mentação e de trabalhar a confiança da mulher em sua capacidade de
amamentar seu bebê.

Para ajudar uma mulher a decidir sobre como será a alimentação do seu
bebê, os profissionais não devem esquecer que ela precisa de:

• Informações precisas sobre a importância da amamentação e os riscos do


uso de fórmulas infantis industrializadas ou outros tipos de leite.

• Compreensão sobre as informações que devem ser dadas em linguagem


adequada à mulher.

• Confiança na sua capacidade de amamentar por dois anos ou mais, sendo


de forma exclusiva nos primeiros 6 meses.

• Apoio para a sua decisão e para superar eventuais dificuldades.

A mulher precisa acreditar que pode colocar sua decisão em prática. O


profissional de saúde precisa confirmar com a mulher se suas necessida-
des de informação e apoio foram supridas.

Vamos agora conhecer Juliana e Fernando, futuros pais de Alice?

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Juliana tem 26 anos,
tem o segundo grau
completo e trabalha
como telefonista.

Ela é casada com Fernando,


de 28 anos, que tem uma
pequena marcenaria nos
fundos de casa.

Juliana está grávida pela


primeira vez. Ela e Fernando
planejaram a gestação e Juliana
engravidou no segundo mês após
interromper o uso de métodos
contraceptivos.

No momento ela está com 32 semanas


de gestação e o bebê se chamará Alice.
Juliana sabe que o parto vaginal é o
melhor para a mulher e para o bebê
e espera que seu parto seja o mais
natural possível.

Juliana quer muito amamentar


Alice. Ela faz acompanhamento
pré-natal de risco habitual na
Unidade Básica de Saúde, com
equipe da Estratégia de Saúde
da Família (ESF), próxima de sua
casa e é atendida pelo médico e
pela enfermeira, em consultas
intercaladas.

Além disso, ela participa


do grupo para gestantes e
familiares uma vez por mês.
Ela tem muitas dúvidas sobre
amamentação e tem várias
perguntas para fazer no
próximo encontro do grupo e na
próxima consulta.

Chegou a data do encontro do grupo. Vamos ver o que o grupo conver-


sou sobre amamentação. A facilitadora, um membro da equipe de saúde
da UBS, pergunta como elas estão pensando em alimentar seus bebês.
Todas respondem que querem amamentar, pois sabem que é o melhor
para a criança.

A seguir, a facilitadora quis ouvir delas por quanto tempo elas preten-
diam amamentar. A maioria respondeu “até quando o bebê quiser”. Foi
então que a facilitadora comentou que existe uma recomendação quan-
to à duração do aleitamento materno utilizada no mundo inteiro e ado-
tada pelo Ministério da Saúde.

A reunião que acompanhamos continua. Na sequência, a facilitadora


pede que cada participante diga o porquê de querer amamentar. Em
seguida, ela faz comentários e destaca elementos muito relevantes
sobre a importância do leite materno e da amamentação para a saúde da
criança. Vamos conhecer as respostas e os comentários da facilitadora?

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O leite da mãe é tudo que o bebê precisa.

A amamentação exclusiva é recomendada durante os 6 primeiros meses


de vida. O bebê não precisa de água, outros líquidos ou alimentos nesse
período. Após os 6 meses o leite materno continua sendo uma impor-
tante fonte de nutrição, porém deve ser introduzida a alimentação com-
plementar saudável. No segundo ano de vida, a amamentação fornece
grande parte de alguns nutrientes, 500 mL (2 copos) de leite materno
fornecem 95% das necessidades de vitamina C, 45% das de vitamina A,
38% das de proteína e 31% do total de energia. Além disso, o leite mater-
no continua protegendo de infecções respiratórias, alergias e diarreia.

O leite da própria mãe é o leite mais adequado para o seu bebê, pois ele
muda dia a dia, mês a mês e a cada mamada para suprir as necessidades
daquele bebê. A criança descobre os sabores dos alimentos que a famí-
lia consome através dos sabores do leite materno.

O leite materno é único, ele é um fluido vivo que protege ativamente


de infecções. Outros leites não humanos (leite de vaca, leite de cabra,
fórmulas industrializadas) não protegem a criança de infecções e podem
causar alergias.

A amamentação previne mortes de crianças.

A amamentação diminui a mortalidade de crianças. Estima-se que possa


prevenir cerca de 13% de mortes, em menores de 5 anos por ano, ou
cerca de 820.000 mortes em países de média e baixa renda. Crianças
menores de 6 meses em amamentação exclusiva tem 88% menos risco
de morrer que as não amamentadas.

A amamentação diminui o risco de doenças infecciosas.

Estima-se que a amamentação previna mais da metade dos episódios de


diarreia. No caso de crianças menores de 6 meses, poderia reduzir em
63% o risco de ter diarreia se comparadas com crianças não amamen-
tadas. Além disso, as crianças amamentadas tem menos chance de con-
trair infecções respiratórias e otite média aguda nos primeiros 2 anos de
vida. E tem mais outra questão: diminui a gravidade das doenças infec-
ciosas e previne internações hospitalares por infecções respiratórias.

Amamentação diminui o risco de alergias.

A amamentação reduz em 21% o risco de rinite alérgica nos primeiros 5


anos. A amamentação exclusiva protege contra eczema.

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A amamentação previne outras doenças.

A amamentação diminui em 58% o risco de o recém-nascido desenvol-


ver enterocolite necrotizante. Outras vantagens do aleitamento materno
para as crianças:

A amamentação:

• favorece um quociente de inteligência (QI) maior tanto em crianças e ado-


lescente quanto em adultos, principalmente em indivíduos amamentados
por 12 meses ou mais.

• promove a estimulação da criança, por conseguinte importante para o seu


desenvolvimento.

• está associada com maior escolaridade e maior renda em adultos, principal-


mente nos amamentados por mais de 1 ano.

• favorece o vínculo afetivo entre mãe e filho.

Que outras vantagens para a criança a amamentação podem ter?

• Reduz em 60% as mal oclusões na dentição decídua (dentes de leite).

• Favorece uma melhor mastigação, principalmente se praticada por 12


meses ou mais.

• Protege contra sobrepeso e obesidade na infância e na vida adulta e diminui


o risco e diabetes tipo 2.

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Você sabia?
Você sabia que a amamentação também tem vantagens para
a mulher?

• Quanto maior o tempo de amamentação, menor o risco de a mulher


desenvolver câncer de mama, chegando a reduzir em 26% o risco se a
mulher amamentou mais de 12 meses, além de aumentar a sobrevida
de mulheres que desenvolveram esse tipo de câncer.
• Protege contra câncer de ovário em até 30%.
• Protege contra câncer de endométrio em até 11%.
• Diminui o risco de a mulher desenvolver diabetes tipo 2 em até 32%.
• O leite materno está sempre disponível: não precisa ser comprado e
não é necessário ser preparado para oferecê-lo ao bebê.
• Criança amamentada adoece menos e a família gasta menos com
remédios e consultas, e falta menos ao trabalho.
• Estima-se que a ampliação em 10% das práticas de aleitamento materno
exclusivo até 6 meses ou da amamentação continuada até 12 ou 24 meses
poderia reduzir em pelo menos 1,8 milhão de dólares os custos anuais
com tratamentos de doenças em crianças no Brasil. Caso ocorresse que
os índices atuais de AM subissem para 90%, a economia seria da ordem
de 6 milhões.
• Calcula-se que um aumento de dois pontos em testes de QI pode
acarretar no incremento na renda familiar mensal de brasileiros. Um
estudo feito no Brasil mostrou que crianças que foram amamentadas
por 12 meses ou mais apresentaram QI de até 3,76 pontos a mais na
vida adulta, maior escolaridade e maior renda mensal.
• Você já pensou que o aleitamento materno contribui para a segurança
alimentar e a sustentabilidade ambiental, pois o leite materno é um
alimento natural e renovável, que não causa poluição nem danos ao
meio ambiente?

A facilitadora pergunta se os participantes conhecem práticas


hospitalares que podem ajudar no sucesso do aleitamento
materno. Algumas gestantes dizem que não, mas Juliana diz
que sua amiga teve o parto em um hospital Amigo da Criança
e ainda relata que sua amiga recebeu ajuda para amamentar.
Fernando diz que o marido da amiga participou do parto e que
ele gostou muito da experiência.

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Caro aluno, vamos pensar um pouco? Em uma folha de papel, liste as
práticas hospitalares que você conhece que ajudam no sucesso da ama-
mentação. Depois compare com as que a enfermeira citou para os casais
participantes do grupo.

• Cumprir a Lei do Acompanhante (Lei 11.108), publicada em 2005, que garante


o direito à presença de um(a) acompanhante – escolhido pela mulher- para
ser uma referência de apoio familiar durante o trabalho de parto, parto e pós-
parto imediato.
• Evitar intervenções no trabalho de parto e a realização do parto com analgésicos
sedativos, episiotomia e cesáreas desnecessárias.
• Oferecer líquidos e alimentos leves (caldos, sucos, frutas) à mulher durante o
trabalho de parto.
• Estimular a parturiente a movimentar-se e a ter o parto na posição em que se
sentir mais confortável.
• Manter o bebê em contato pele a pele com a mãe, imediatamente após o
nascimento, por no mínimo uma hora.
• Manter o bebê em alojamento conjunto com a mãe durante toda a internação hospitalar.
• Orientar a mulher a identificar os sinais de fome do bebê para que a amamentação
seja conduzida em livre demanda.
• Orientar a mulher a amamentar com frequência para favorecer a descida e a
produção do leite.
• Não oferecer chupeta e/ou mamadeiras.
• Não oferecer outros leites desnecessariamente.
• Orientar a mulher a amamentar com técnica adequada para que o bebê consiga
retirar o leite da mama de maneira eficiente e não machucar os seus mamilos.

Mariana conta que sua mãe disse para ela preparar os mamilos
para evitar problemas na amamentação, porque seus mamilos
são pequenos. Ela quer saber o que precisa fazer para preparar
as suas mamas para a amamentação.

A facilitadora explica que a própria gravidez se encarrega de


preparar as mamas, tornando os mamilos mais elásticos devido
à ação dos hormônios da gestação. Ela também diz que o tamanho
das mamas e dos mamilos não costuma interferir na amamentação.

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Veja a seguir:

COMO REALIZAR O PREPARO DAS MAMAS PARA A AMAMENTAÇÃO


• Usar sutiã de tamanho adequado pode dar conforto por ajudar na sustenta-
ção das mamas, porém não auxiliam a amamentação.

• Não se recomenda esticar os mamilos ou fazer massagens utilizando cre-


mes, óleos ou álcool nos mamilos e aréolas.

• Os tubérculos de Montgomery são glândulas sebáceas hipertrofiadas que


lubrificam os mamilos e, por isso, não é necessário o uso de cremes ou óleos.

• Não se recomenda esfregar os mamilos com toalhas ásperas, buchas ou


qualquer outro material que possa agredir a pele.

• O uso de conchas ou sutiãs com um orifício central para alongar os mamilos
não tem se mostrado eficaz.

• A maioria dos mamilos curtos apresenta melhora com o avançar da gravi-
dez. Para mamilos muito planos ou invertidos, as intervenções logo após o
nascimento costumam ser mais eficazes do que na gestação.

Atenção
Mamilos invertidos nem sempre são um problema. Os bebês
pegam a mama, não somente o mamilo. A melhor forma de ajudar
a mãe é aumentar sua confiança e oferecer incentivo desde o parto.

E sobre as condições das mamas e dos mamilos e sua relação com


a amamentação?

• Os mamilos podem mudar de forma durante a gestação e se tornarem mais


protuberantes ou “elásticos”. Não há necessidade de realizar tratamento em
mamilos que aparentam ser invertidos durante a gestação.

• Mamilos longos ou grandes podem dificultar o aleitamento materno porque


o bebê não coloca uma parte suficiente da mama na boca. Após o nasci-
mento, ajude a mãe com o posicionamento e a pega da mama pelo bebê,
de forma que haja uma grande quantidade da aréola (parte mais escura da
mama) na boca, não apenas o mamilo.

• Se o bebê engasgar repetidamente por causa de um mamilo grande, peça


à mãe que retire seu leite e alimente o bebê com um copo durante alguns
dias. Os bebês crescem rápido e suas bocas também crescem.
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Ao término do encontro, a facilitadora esclarece que durante as
consultas de acompanhamento pré-natal o assunto “amamentação”
continuará sendo discutido.

A consulta de pré-natal de Juliana ocorre na semana seguinte. Vamos


acompanhar…

Fernando vai junto à consulta. O profissional de saúde pergunta


como o casal passou o último mês e se gostariam de conversar
sobre algum assunto específico. Juliana pergunta se vai ter bastante
leite, porque até agora não observou nenhuma eliminação de
leite e acha que isso não é normal. O profissional informa que
algumas gestantes eliminam pequenas quantidades de secreção
láctea durante a gravidez e outras não, e que isso não tem relação
com a produção de colostro e leite após o nascimento do bebê.

O profissional de saúde pergunta se pode examinar as mamas de


Juliana, e ela concorda.

Você conhece os passos que devem ser seguidos para a avaliação das
mamas de uma gestante?

PASSOS PARA O EXAME DAS MAMAS


• Explique o procedimento.

• Certifique-se de que há privacidade para ajudar a mãe a se sentir confortá-


vel e leve em consideração os costumes culturais.

• Pergunte se ela prefere ser examinada na presença ou na ausência do


acompanhante.

• Peça permissão antes de expor ou tocar as mamas.

• Converse com a mãe e olhe para as mamas, no primeiro momento sem tocar.

• No segundo momento, ao tocar a mama seja gentil.

• Não há necessidade de investigar a presença de colostro fazendo a expres-


são das mamas durante a gestação.

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Algumas gestantes eliminam secreção láctea durante a gestação, e
outras não. Isso não tem nenhuma relação com a produção de leite após
o nascimento do bebê. Juliana é orientada a não apertar os mamilos
procurando extrair leite, pois isso pode machucá-la.

Retomando o nosso caso de estudo, Juliana está preocupada


com a amamentação, tem receio de ser muito difícil e de não
conseguir amamentar.

O que pode ser dito para Juliana e Fernando para que eles se tranquili-
zem? Vamos conhecer algumas recomendações importantes destacadas
logo a seguir!

• É importante que o bebê seja colocado pele a pele, logo após o nascimento,
para que estimule o início da amamentação já na primeira hora de vida.

• Se o bebê não mamar na primeira hora de vida, é importante que ele tenha
a oportunidade de mamar o mais precocemente possível, para estimular a
descida do leite.

• A interação entre mãe e bebê nos primeiros dias é muito importante para o
sucesso da amamentação e uma futura relação harmônica entre eles.

• A permanência do bebê junto com a mãe desde o nascimento, em aloja-


mento conjunto, favorece essa interação.

• É importante reconhecer os sinais de que o bebê quer mamar.

• Mãe e bebê precisam aprender o posicionamento e a pega adequada para a


amamentação, pois isso previne que os mamilos machuquem, assim como
favorece que bebê retire com mais eficiência o leite da mama.

• Carinho, proteção e pronto atendimento das necessidades do bebê aumen-


tam a sua confiança.

• Na presença de dúvidas ou dificuldades, devem procurar um profissional de


saúde para orientação e apoio na solução do problema.

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Finalizando a consulta, o profissional de saúde informa Juliana e
Fernando sobre os riscos de não amamentar. Esses riscos estão
relacionados à carência dos fatores de proteção do leite materno,
o que eleva a incidência de doenças, além da ausência do equilíbrio
ideal de nutrientes como, por exemplo, aqueles necessários para
o crescimento cerebral e o amadurecimento intestinal.

Você sabe quais são esses riscos? Vamos conhecer melhor? Veja no info-
gráfico abaixo.

Veja algumas dicas sobre outros temas importantes a serem abordados


com as gestantes e seus companheiros ou acompanhantes durante o
acompanhamento pré-natal, visando o sucesso do aleitamento mater-
no. Esses temas serão abordados posteriormente.

• Importância do contato pele a pele imediatamente após o parto (Unidade


3 – Aula 2)

• Importância do bom posicionamento e da pega correta (Unidade 4 – aula 1)

• Alimentação guiada pelo bebê (Unidade 4 - AULA 1)

• Saber reconhecer quando o bebê está recebendo leite suficiente (Unidade


4 – Aula 1)

• Importância do alojamento conjunto (Unidade 2 - AULA 2)

• Problemas com o uso de bicos e chupetas (Unidade 4 - AULA 2)

• Possíveis dificuldades e meios de preveni-las (Unidade 5 - AULAS 1, 2 e 3).

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AULA 2 - ORIENTANDO A GESTANTE NA VISITA À
MATERNIDADE

Esta aula descreve a visita ao hospital de referência para o parto das


gestantes que frequentam a Unidade de Saúde onde Juliana faz o acom-
panhamento pré-natal.

Retomando nosso caso de estudo…

Juliana estava
esperando ansiosamente
por essa visita, pois
tem muita curiosidade em
conhecer uma sala de
parto.

Ela já visitou amigas que


ganharam bebê e sabe que
quando está tudo bem com
a mãe e o bebê, eles não
se separam durante toda a
internação hospitalar.

Antes da visita ao hospital, a


enfermeira e a nutricionista,
que vão acompanhar os casais
grávidos e familiares, reúnem
todos na Unidade de Saúde.

O hospital que
será visitado é
credenciado na
Iniciativa Hospital
Amigo da Criança.

o que
é essa
iniciativa?

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Veja a seguir a resposta da nutricionista:

A Iniciativa Hospital Amigo da Criança é um selo de qualidade


conferido pelo Ministério da Saúde aos hospitais que têm práticas
que promovem a amamentação, prestam cuidado respeitoso
e humanizado à mulher durante o pré-parto, parto e o pós-
parto, garantem livre acesso à mãe e ao pai do recém-nascido
internado, e cumprem a legislação que regula a comercialização
de alimentos para lactentes e crianças de primeira infância. Essa
é uma iniciativa mundial e existem hospitais “Amigo da Criança”
em todo o mundo.

Na Unidade 7, daremos mais detalhes sobre a Iniciativa Hospital Amigo


da Criança (IHAC).

Ao chegar na portaria da maternidade, a nutricionista mostra para as


gestantes, seus companheiros e outros familiares, a placa fornecida
pelo Ministério da Saúde que identifica a maternidade como “Amiga da
Criança”. A placa foi colocada junto ao elevador do hospital, para ser
vista por todas as pessoas que entram no prédio.
Na visita, a enfermeira mostra onde fica a recepção obstétrica e explica
que as gestantes são atendidas por um profissional de saúde na sala
de emergência obstétrica. Ela apresenta os visitantes para a sua colega,
responsável pelo acolhimento com classificação de risco obstétrico, que
os leva para conhecer o consultório para avaliação das gestantes. Ao
chegar no ambiente de atendimento, uma das gestantes chama a atenção
para os cartazes que estão colados nas paredes. A enfermeira explica
que qualquer hospital que tenha o título de “Amigo da Criança” deve
colocar cartazes explicativos sobre as normas e rotinas do hospital em
relação à amamentação em todos os locais que atendem mães e bebês.
Fernando pergunta para a enfermeira da maternidade o que um hospital
Amigo da Criança tem de diferente.
A enfermeira responde que um Hospital Amigo da Criança deve cumprir
critérios que garantam às mães terem seu trabalho de parto, parto e pós-
parto com o mínimo de intervenções desnecessárias e também ajudar
mães e bebês a iniciarem a amamentação o mais precocemente possível,
assim como auxiliar nas eventuais dificuldades iniciais da amamentação,
para que o aleitamento materno seja bem-sucedido.

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Durante a visita às salas de trabalho de parto, parto e pós-parto, uma
técnica de enfermagem mostra aos visitantes onde ficam as jarras de água
e suco para as gestantes que estão em trabalho de parto. Ela também
mostra onde fica o chuveiro, se a gestante quiser ficar sob a água morna
durante o trabalho de parto, e demonstra como se usa os equipamentos
disponíveis para auxiliar no alívio da dor no trabalho de parto.
Fernando pergunta se o hospital permite a permanência de acompanhante
na maternidade.
A enfermeira responde a Fernando que toda gestante tem o direito de
escolher um acompanhante para ficar com ela desde o momento em
que chega à maternidade, permanecendo com ela durante o trabalho
de parto, parto e pós-parto, até a alta hospitalar. Mas, se ela não quer
ter acompanhante, isso também é respeitado, conforme prevê a Lei do
Acompanhante de 2005 (Lei 11.108).

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Saiba mais
Caro aluno, você conhece a Lei 11.108/05? Vamos saber
mais sobre isso?
Veja na íntegra a Lei nº 11.108, de 7 de abril de 2005:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/
L11108.htm

Retomando o caso, a enfermeira informa que o hospital utiliza as “Boas


Práticas de Atenção ao Parto e Nascimento”, e explica que essas práti-
cas favorecem a amamentação, pois o fato de respeitar a fisiologia da
parturição favorece o início da amamentação logo após o nascimento.
Você conhece as boas práticas as quais a enfermeira se refere? Veja o
box logo abaixo.

As “Boas Práticas de Atenção ao Parto e Nascimento” são um conjunto


de recomendações que tem o objetivo de garantir à mulher parturiente
um parto seguro e sem intervenções desnecessárias. São elas:

• Garantir à mulher, durante o trabalho de parto, o parto e o pós-parto, um acom-


panhante de sua livre escolha, que lhe ofereça apoio físico e/ou emocional.
• Ofertar à mulher, durante o trabalho de parto, líquidos e alimentos leves.
• Incentivar a mulher a andar e a se movimentar durante o trabalho de parto,
se desejar, e a adotar posições de sua escolha durante o parto, a não ser que
existam restrições médicas e que isso seja explicado à mulher.
• Garantir à mulher ambiente tranquilo e acolhedor, com privacidade e com
iluminação suave.
• Disponibilizar métodos não farmacológicos de alívio da dor, tais como:
banheira ou chuveiro, massageadores ou massagens, bola suíça, compressas
quentes e frias.
• Assegurar cuidados que reduzam procedimentos invasivos, tais como: rup-
turas de membranas, episiotomias, aceleração ou indução do parto, partos
instrumentais ou cesarianas, a menos que sejam necessários em virtude de
complicações, sendo tal fato devidamente explicado à mulher.
• Caso seja da rotina do estabelecimento de saúde, autorizar a presença de
doula comunitária ou voluntária em apoio à mulher de forma contínua, se for
da sua vontade.

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Continuando nosso caso de estudo, os casais do grupo de gestantes
são informados que após o nascimento os bebês são colocados
em contato pele a pele com as mães e lhes é dada a oportunidade
de mamar na primeira hora de vida. São informados também que
mães e bebês permanecem juntos desde o nascimento, o que
favorece a amamentação e a recuperação pós-parto. Após o parto
e nascimento, assim que a mãe e o bebê estiverem estabilizados,
eles são transferidos para o Alojamento Conjunto.
Na unidade de Alojamento Conjunto os visitantes observam que
as mães estão com os seus bebês e que a maioria delas tem um
acompanhante. Elas têm a oportunidade de ver mães e bebês
dormindo, bebês mamando, pais trocando fraldas, bebês tomando
banho e bebês sendo acalentados pelos avós.

São muitos os benefícios da permanência da mãe e bebê em alojamento


conjunto. Vamos saber quais são eles? Veja a seguir:

• Os bebês dormem melhor e choram menos.

• A amamentação se estabelece mais facilmente, continua por mais tempo e


o bebê se alimenta melhor.

• A amamentação em livre demanda é mais fácil quando o bebê está perto da mãe.

• As mães ficam mais confiantes em cuidar do bebê.

• As mães podem ver que seus bebês estão bem.

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• O bebê é exposto a menos infecções quando fica com a mãe e menos fun-
cionários do hospital entram em contato com o bebê.

• As bactérias da mãe colonizam o lactente.

• Promove o vínculo entre a mãe e seu bebê mesmo que a mãe não amamente.

• Os bebês são atendidos mais rapidamente, portanto choram menos e usam
menos reservas de energia.

• A amamentação frequente reduz a incidência de icterícia.

• Maior vínculo materno, menos abuso e menos abandono por parte dos pais
estão relacionados com o alojamento conjunto.

Saiba mais
Conheça a Portaria do Alojamento Conjunto – Portaria n. 2068,
de 21/10/2016:
http://www.in.gov.br/web/dou/-/
portaria-n-2-068-de-21-de-outubro-de-2016-24358443

Na saída do
Alojamento Conjunto,
as gestantes passaram O que é o
em frente ao Banco de Banco de Leite
Leite Humano. humano e para Banco de Leit
que ele serve? e
Humano

27
Você também deseja saber mais sobre o Banco de Leite Humano? Vamos
compreender melhor vendo as informações destacadas no box a seguir.

O Brasil possui a maior e mais complexa Rede de Bancos de Leite Humano


(rBLH) do mundo e serve como modelo para a cooperação internacional
em mais de 20 países das Américas, Europa e África. A rBLH tem por missão
a promoção da saúde da mulher e da criança, mediante a integração e a
construção de parcerias com órgãos federais, iniciativa privada e sociedade.

A rBLH é um dos componentes da Política Nacional de Promoção, Proteção


e Apoio ao Aleitamento Materno
(http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/bases_discussao_politica_
aleitamento_materno.pdf).
Os Bancos de Leite Humano (BLH) são responsáveis por promover o
aleitamento materno e executar as atividades de coleta, controle de
qualidade, pasteurização e distribuição do leite humano pasteurizado.

Cada BLH é ligado a uma maternidade e os bebês prematuros e/ou de


baixo peso internados na UTI Neonatal são os principais beneficiados. As
mães dos bebês internados são estimuladas a retirar seu leite no BLH ou
à beira do leito para depois ser oferecido aos seus filhos.
O BLH também acolhe mulheres doadoras de leite humano e mulheres
que estejam com alguma dificuldade para amamentar. O principal objetivo
da rBLH é disponibilizar leite humano com qualidade certificada a recém-
nascidos impossibilitados de sugar todo o leite materno de sua mãe
que necessitam e prestar assistência especializada em amamentação à
gestante, puérpera e família.

Consulte o link https://rblh.fiocruz.br/rede-blh para saber mais sobre a rBLH.

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A visita termina.
As gestantes e os
familiares retornam Será que vou conseguir
para suas casas. passar todo o trabalho
Juliana fica pensativa, de parto sem precisar
imaginando como será de medicação para
quando ela entrar em dor. Como será o meu
trabalho de parto. parto? Não vejo a hora
de ter Alice nos meus
braços.

Adorei a visita ao
hospital, agora estou
bem mais tranquilo,
agora sabemos por
onde devemos entrar
e onde fica o Centro
Obstétrico.

Ele e Juliana já
combinaram que
Fernando vai
acompanhar tudo. Ele
planejou tirar uns
dias de férias depois
do nascimento de Alice,
para dividir com Juliana
os cuidados com o bebê
e com a casa.

Juliana e Fernando ficam muito felizes


porque a maternidade onde Alice vai nascer
atende as expectativas dos dois com
relação ao parto que Juliana quer ter e ao
atendimento que Alice vai receber. Sabem que
terão apoio e ajuda para a amamentação, e
que Alice vai ter o melhor início de vida.

ATIVIDADE AVALIATIVA UNIDADE 2

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