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Contemporânea 8ª Edição
Gordon M. Wardlaw
Anne M. Smith
W266n Wardlaw, Gordon M.
Nutrição contemporânea [recurso eletrônico] / Gordon
M. Wardlaw, Anne M. Smith ; tradução: Laís Andrade,
Maria Inês Corrêa Nascimento ; revisão técnica: Ana Maria
Pandolfo Feoli. – 8. ed. – Dados eletrônicos. – Porto Alegre
: AMGH, 2013.
CDU 612.39
Necessidades calóricas
Os atletas necessitam de quantidades variáveis de calorias, que dependem do ta-
manho e da composição corporal e do tipo de treino ou competição que estamos
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considerando. Uma pessoa pequena pode precisar de apenas 1.700 kcal diariamente
para manter as atividades diárias normais sem perder peso; um homem musculoso e
grande pode precisar de 4.000 kcal. Essas estimativas podem ser vistas como pontos
de partida que precisam ser individualizados por tentativa e erro para cada atleta.
Uma estimativa das calorias necessárias para manter uma atividade moderada é
de 5 a 8 kcal/min. Então, as calorias necessárias para o treinamento ou para a com-
petição esportiva têm que ser somadas às usadas para realizar as atividades normais.
Por exemplo, 1 hora de boliche exige poucas calorias, além das necessárias para
a realização de tarefas cotidianas. No entanto, uma competição de resistência de
ciclismo nas montanhas, com 12 horas de duração, pode exigir mais 4.000 kcal por
dia. Portanto, alguns atletas podem precisar de até 7.000 kcal ou mais diárias para
manter o peso corporal durante o treinamento, ao passo que outros podem necessi-
tar de 1.700 kcal ou menos. Se um atleta apresentar fadiga diariamente, o primeiro
ponto a ser considerado deveria ser se ele está se alimentando de forma adequada.
Podem ser necessárias até seis refeições diárias, incluindo uma antes de cada treino.
Como saber se um atleta está consumindo calorias suficientes? Uma maneira
de estimar a ingestão diária é o atleta manter um diário alimentar. Outra maneira O treinamento atlético intenso pode exigir
é estimar o percentual de gordura corporal do atleta, medida pelas pregas cutâne- milhares de calorias adicionais. Esse aumento
as, por impedância bioelétrica ou por pesagem submersa (ver Cap. 7). A gordura da ingestão de alimentos deveria fornecer
corporal dever ser a quantidade típica encontrada em atletas em relação ao esporte facilmente muitas proteínas e outros alimentos
necessários à realização de atividades físicas.
praticado. Esse número corresponde a 5 a 18% para a maioria dos atletas do sexo
masculino e 17 a 28% para a maioria das atletas. O passo seguinte é monitorar mu-
danças no peso corporal diária ou semanalmente. Se o peso corporal começar a di-
minuir, a ingestão calórica deve aumentar; se o peso subir, e esse aumento for devi-
do à elevação da gordura corporal, o atleta deve diminuir o consumo de alimentos. Revisar a Tabela 7.4, no Capítulo 7,
que lista o gasto energético de algumas
atividades físicas frequentes.
DECISÕES ALIMENTARES
Como ganhar massa muscular
Pugilistas, boxeadores, judocas, jóqueis e remadores com frequência tentam perder peso antes
da competição buscando ser aprovados para que possam competir em categorias de menor
peso. Isso os ajuda a ganhar vantagem mecânica em relação ao oponente de menor estatura.
Esses atletas geralmente perdem peso antes da pesagem oficial. E podem perder até 10 kg de
peso corporal na forma de água em um dia se fizerem sauna, exercitarem-se usando um mo-
letom de plástico ou tomarem medicamentos diuréticos, que aceleram a perda de água pelos
rins. Entretanto, perder a pequena quantidade de 2% de peso corporal pela desidratação pode
afetar negativamente a resistência e o desempenho, sobretudo no clima quente. Um padrão
repetitivo de perda ou ganho de peso acima de 5% do peso corporal por desidratação acarreta
risco de internação e mau funcionamento dos rins. Também pode ocorrer morte.
Para evitar mortes futuras decorrentes de perda de peso corporal entre atletas, a NCAA
e muitos estados autorizaram médicos ou treinadores de atletas a definir pesos e teor de gor-
dura corporal mínimos (p. ex., 7% ou mais do peso corporal total para atletas homens e 12%
ou mais para mulheres), como medida de segurança, em esportes com categorias por peso.
Considerando as novas diretrizes, os atletas são designados para categorias por peso no iní-
cio das temporadas e não podem emagrecer para ganhar vantagem competitiva. Atualmente,
o ganho de peso nos dias após a competição (que reflete a recuperação da água corporal) não
pode ultrapassar 900 g. Se atletas, como pugilistas, desejarem competir em uma categoria
de peso mais leve e tiverem estoques de gordura extras suficientes, precisarão iniciar uma
diminuição gradativa e manter a ingestão de calorias bem antes do início das temporadas de
competições.
Necessidades de carboidratos
Qualquer pessoa que faça exercícios vigorsos, sobretudo se mais de 1 hora por dia
regularmente, precisa fazer uma dieta que inclua quantidades moderadas a elevadas
de carboidratos. Essa dieta deve conter alimentos variados, como os recomendados
pelo programa MyPyramid. Várias porções de grão, vegetais com alto teor de ami-
do e frutas fornecem carboidratos em quantidade suficiente para manter estoques
adequados de glicogênio no fígado e nos músculos, principalmente para repor as
perdas de glicogênio resultantes de treinos feitos no dia anterior. Não se recomen-
dam dietas com teor relativamente baixo de carboidratos/alto de proteínas, como a
The Zone Diet. Lembre-se de que a Zone Diet foi discutida no Capítulo 7. O teor de
carboidratos dessa dieta corresponde a apenas 40% das calorias, em vez de 60% ou
Alimentos que são fonte de carboidratos de- mais, que é o que geralmente se recomenda para atletas.
vem compor a base da dieta de atletas. A ingestão de carboidratos deve corresponder a pelo menos 5 g/kg de peso cor-
poral. As pessoas que fazem exercícios aeróbicos e atividades de resistência (60 min
ou mais por dia) podem precisar de até 7 g/kg de peso corporal. Quando a duração
do exercício se aproxima de várias horas por dia, a recomendação do consumo de
carboidrato aumenta para até 10 g/kg de peso corporal. Em outras palavras, tria-
tletas e maratonistas devem considerar o consumo diário de carboidratos de cerca
de 500 a 600 g, ou até mais, se necessário, para evitar fadiga crônica; e abastecer
os músculos e o fígado com glicogênio. Observe que o consumo de carboidratos
é especialmente importante quando são feitos vários períodos de treino em um
dia, por exemplo, natação ou treinos difíceis em dias consecutivos, como treino
de corrida cross-country. Entre as causas mais frequentes de fadiga, a depleção de
carboidratos vem logo abaixo da perda de água e eletrólitos. A Tabela 10.3 apresen-
ta amostras de menus, com base no MyPyramid, para dietas que forneçam energia
variando de 1.500 a 5.000 kcal/dia. Além disso, o sistema de substituições descrito
no Apêndice C é uma ferramenta muito útil no planejamento de todos os tipos de
dietas, inclusive as com alto teor de carboidratos para atletas.
Conforme mencionado, os atletas devem suprir pelo menos 60% das necessi-
dades energéticas totais a partir de carboidratos (em vez de 50% como nas dietas
norte-americanas típicas), principalmente se a duração do exercício exceder duas
horas e a ingestão calórica total for de cerca de 3.000 kcal/dia ou menos. As dietas
que fornecem de 4.000 a 5.000 kcal/dia podem contar com até 50% de carboidratos,
pois ainda assim fornecem carboidratos suficientes (p. ex., cerca de 500 a 600 g/dia).
Não é preciso eliminar da dieta um alimento específico quando se planeja uma
dieta com alto teor de carboidratos. A meta é incluir mais alimentos que são fontes
de carboidratos ao mesmo tempo em que se modera o consumo de fontes de gor-
PARA REFLETIR
dura concentrada. Os nutricionistas do esporte enfatizam a diferença entre refeições
Joe é pugilista e se qualificou para a categoria com alto teor de carboidrato e refeições com alto teor de carboidrato e de gorduras.
dos 56 kg na competição anual do colégio esta- Antes de eventos de resistência, como maratonas ou provas de triatlo, alguns atletas
dual. Depois de algumas lutas, começou a sen- tentam aumentar as reservas de carboidratos consumindo alimentos como batata
tir tontura, desmaiou e acabou desclassificado chips, batata frita, torta cremosa de banana e doces confeitados. Embora alguns ali-
porque não conseguiu continuar a disputa.
mentos forneçam carboidratos, eles também contêm muita gordura. As melhores
Mais tarde, o técnico descobriu que Joe havia
passado duas horas na sauna antes da pesa- escolhas de alimentos fonte de carboidrato incluem massas, arroz, batatas, pão,
gem, o que fez com que ele ficasse desidratado. frutas e suco de fruta, além de cereais matinais; verifique o teor de carboidrato no
Quais são as consequências da desidratação? rótulo do produto. (Tab. 10.4). As bebidas esportivas adequadas à carga de carboi-
O que você sugere como uma alternativa mais drato também podem ajudar. O consumo moderado, e não elevado, de fibra ao
segura para perda de peso? final do dia de treino é uma boa precaução, pois diminui as chances de distensão e
gases abdominais durante o treino do dia seguinte.
Carga de carboidrato
carga de carboidrato Processo de ingestão de Para atletas que competem em eventos aeróbicos intensos e contínuos, que durem
grande quantidade de carboidratos durante seis mais de 60 a 90 minutos (ou eventos de menor duração que se repetem em inter-
dias antes de uma competição atlética, acom- valos inferiores a 24 h), adotar um regime de carga de carboidrato pode contribuir
panhado de redução gradativa da duração dos para maximizar a quantidade de energia armazenada no músculo sob a forma de
treinos, com o objetivo de aumentar as reservas glicogênio, durante a prova. (Entretanto, essa quantidade de atividade se aplica a
musculares de glicogênio.
poucos atletas.) Um regime possível, durante a semana que antecede a prova, é o
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TABELA 10.3 Cardápios diários com vários níveis de aporte calórico, segundo o MyPyramid
1.500 kcal 2.000 kcal 3.000 kcal 4.000 kcal 5.000 kcal
Café da manhã Café da manhã Café da manhã Café da manhã Café da manhã
Leite desnatado, 1 copo Leite desnatado, 1 copo Leite desnatado, 1 copo Leite desnatado, 1 copo Leite com teor reduzido de
Cereal matinal, ½ xícara Cereal matinal, 1 xícara Cereal matinal, 2 xícaras Cereal matinal, 2 xícaras gordura, 1 copo
Pão, ½ Pão, ½ Pão, 1 Laranja, 1 Cereal matinal, 2 xícaras
Geleia de cereja, 2 colhe- Geleia de cereja, 1 co- Geleia de cereja, 2 colheres Muffins de farelo de Muffins de farelo de trigo, 2
res de chá lher de sopa de chá trigo, 2 Laranja, 1
Margarina, 1 colher de Margarina, 1 colher de Margarina, 1 colher de chá
chá chá Muffins de farelo de aveia, 2
Lanche Lanche
Tâmaras cortadas, ¾ de Iogurte com baixo teor de gor-
xícara dura, 1 porção
Tâmaras cortadas, 1 xícara
Lanche Lanche
Massa, 1 xícara cozida Suco de cranberry, 2 copos
Margarina, 2 colheres Pipoca,
de chá 4 xícaras
Queijo parmesão, 2 co- Uvas passas, 1/3 de xícara
lheres de sopa
Suco de framboesa, 1
copo
18% de proteína (68 g) 17% de proteína (85 g) 17% de proteína (128 g) 14% de proteína (140 g) 14% de proteína (175 g)
64% de carboidratos 63% de carboidratos 62% de carboidratos 61% de carboidratos 63% de carboidratos
(240 g) (315 g) (465 g) (610 g) (813 g)
19% de gordura (32 g) 20% de gordura (44 g) 21% de gordura (70 g) 26% de gordura (116 g) 24% de gordura (136 g)
A carga de carboidrato pode se benéfica ele faz um último treino difícil de 60 minutos. Nesse dia, os carboidratos corres-
para essas atividades pondem de 45 a 50% da ingestão calórica total. Durante o restante da semana, a
• Maratonas duração dos treinos diminui para 40 minutos e, depois, para cerca de 20 minutos
• Natação de longa distância ao final da semana. Ao mesmo tempo, esse atleta aumenta a quantidade de carboi-
• Esqui cross-country
dratos na dieta para chegar a 70 a 80% do consumo total de calorias ao longo da
semana. O consumo total de calorias deve diminuir conforme o tempo de exercício
• Corridas de 30 km
diminui ao longo da semana. No último dia antes da competição, resolve ficar des-
• Triatlos
cansando e, ao mesmo tempo, manter o consumo elevado de carboidratos.
• Basquete competitivo
• Futebol
Dias antes da competição 6 5 4 3 2 1
• Contrarrelógio (ciclismo)
• Canoagem competitiva de longa distância Tempo de exercício (min) 60 40 40 20 20 Repouso
Necessidades de gordura
Geralmente, recomenda-se aos atletas uma dieta em que até 35% das calorias sejam
provenientes de gorduras. Alimentos que são fontes de gordura insaturada, como
óleo de canola, devem ter preferência, ao passo que a ingestão de gorduras satura-
das e gorduras trans deve ser limitada.
Necessidades proteicas
Para a maioria dos atletas, as recomendações típicas para ingestão de proteínas va-
riam de 1 a 1,6 g de proteína por quilograma de peso corporal. Essa quantidade é
consideravelmente mais alta do que a ingestão dietética recomendada (RDA), de
0,8 g/kg de peso corporal para não atletas, recomendada pelo Comitê de Alimentos
e Nutrição, inclusive para atletas (Tab. 10.5).
Para atletas que estejam começando um programa de musculação, alguns es-
pecialistas recomendam a ingestão de 1,7 g de proteína por quilograma de peso
corporal. Essa quantidade equivale ao dobro da RDA de proteína. Até o momento,
As frutas são uma boa fonte de carboidratos, o valor dessa ingestão excessiva de proteínas durante as fases iniciais do treino de
principalmente de amido e açúcares naturais, musculação não tem suporte suficiente em pesquisas científicas. Além disso, a in-
para atletas. gestão de proteínas acima dessa quantidade resulta em maior uso de aminoácidos
para suprir as necessidades energéticas. Não foi observado aumento da síntese de
proteína muscular. Conforme foi mencionado anteriormente, neste capítulo, a fos-
focreatina e o carboidrato (e não a proteína extra) são as fontes de energia primárias
para o organismo durante o treino de musculação. Teoricamente, a quantidade ex-
tra de proteína é necessária para a síntese de novo tecido muscular provocada pelo
efeito da carga da musculação. Uma vez que se tenha conseguido a massa muscular
desejada, a ingestão de proteínas não deve exceder a 1,2 g/kg de peso corporal.
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* O teor de carboidrato dos cereais desidratados varia muito. Verifique o rótulo daqueles que você escolher e
ajuste o tamanho da porção de modo adequado.
Modificada de Choose Your Foods: Exchange Lists for Diabetes da Associação Americana de Diabetes e da
Associação Dietética Americana, 2008, Chicago, Associação Dietética Americana.
Fonte: Burke L, Deakin V: Clinical Sports Nutrition, McGraw-Hill, Roseville NSW2069, Australia, 2000.
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