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a comunicação como A
comunicação humana é um me- dinâmica interpretando uma comuni- avanço da comunicação digital, vemos
canismo que se atribui a um cação virtuosa. que esse movimento comunicacional
processo artificial, ou seja, exis- Segundo o Documento 100 da foi demandando toda uma reestrutu-
tem meios pelos quais a pessoa CNBB, “Comunidade de Comunidades: ração não apenas do pensamento da
se utiliza de artifícios para atingir seus uma nova paróquia” é notável a evolução Igreja sobre a comunicação, mas das

instrumento que edifica


objetivos, bem como descobre ferra- das novas tecnologias, avanço da infor- suas próprias práticas específicas.
mentas e instrumentos simbólicos com mática e experiências inimagináveis, que Além disso, quando dizemos “a Igreja”,
o intuito de organizar sua evolução a circundam a atmosfera da comunicação. temos que nos lembrar que não esta-
contento criando o aperfeiçoamento à E acima de tudo, é importante acompa- mos falando apenas do Vaticano, mas
curiosidade de interagir com os demais nhar esses exemplos notados que for- de todas as demais realidades diocesa-
semelhantes. Este exercício acompa- mam meios extraordinários quando se nas e locais, nas diversas partes do

e transforma a realidade eclesial nha a história da humanidade quando


deseja se comunicar bem e melhor. A
comunicação é expressa por meio de
gestos, sons, palavras, desenhos, escri-
define os elementos para qualificar o re-
lacionamento a partir de um conheci-
mento previamente construído. Ou seja,
quando nos aportamos em uma realida-
mundo. As práticas de comunicação da
Santa Sé, sem dúvida, são um padrão
para toda a Igreja, e vemos que houve
um grande investimento de atenção, de
ta, sinais sonoros, etc, manifestando de positiva de círculos nutridos pelo pessoal e também de dinheiro nos últi-
em si mesma a capacidade de consti- evangelho, a visão dos interlocutores se mos anos, especialmente a partir do
tuir seus meios técnicos para ampliar a apura e vislumbra um convívio originá- Papa Bento XVI; foi com ele que a co-
“É que as novas tecnologias da comunicação não tocam apenas na camada superficial das pessoas, das culturas condição humana de transmitir sua rio do entendimento em um processo municação vaticana foi reorganizada
e das religiões: elas afetam profunda e decisivamente a maneira de vermos o mundo e nos situarmos nele” mensagem. Hoje existe um sentimento reflexivo, mas com uma produção revita- com a criação da plataforma News.va,
evolutivo em comunicação estratégica, lizada quando se tem o apreço pelo de- que reúne os diversos serviços de co-
Antônio Moser porque há uma cultura e uma política senvolvimento dos meios de comunica- municação do Vaticano, como
que oferece um campo de ação multi- ção enquadrados na realidade eclesial. L’Osservatore Romano, a Sala de Im-
disciplinar. Isto significa que há méto- Esse desenho mental é bom ressaltar a prensa da Santa Sé, o Centro Televisivo
dos específicos para conquistar o espa- renovação enaltecida pelo incentivo pre- Vaticano, setor de Internet da Santa
ço cada vez mais idealizado por uma sente na Igreja. Desse modo, acredita-se Sé, entre outros, em cinco idiomas
POR MARCELO DOS SANTOS comunicação criativa e que atende às em um modelo de ação muito próximo diferentes”, completa Sbardelotto.
mais variadas necessidades no univer- quando a Igreja impulsiona esse dina-
so das relações humanas. mismo comunicativo para promover a EXPRESSÃO COMUNICADORA SOLIDÁRIA
Para adentrar em um assunto unidade e força do evangelho em meio Para uma compreensão mais atenta
abrangente sobre a comunicação so- institucional e social. e ponderada sobre a importância das
cial, necessita de uma investigação Para Moisés Sbardelotto, Mestre e tecnologias em comunicação, conside-
muito apurada, mas nosso intuito nes- Doutorando em Ciências da Comuni- ravelmente entender as formas recor-
se tema é apresentar algumas fontes cação pela Unisinos, Jornalista forma- rentes utilizadas na organização pre-
educativas que mostram como a Igreja do pela Universidade Federal do Rio sentes nelas. A Igreja por sua vez, vem
faz da comunicação o caminho para Grande do Sul, e autor do livro “E o investindo profundamente nesses re-
unir cada vez mais seus membros ati- Verbo se fez bit: a comunicação e a ex- cursos tecnológicos quando se faz essa
vos e que por vocação, enquadra es- periência religiosas na internet”, Editora troca de informações, em sua lingua-
quemas prévios para contribuir em um Santuário, explica que “a Igreja sempre gem apropriada para mundo, torna-se
diálogo seguindo os “sinais dos tem- se apropriou dos meios de comunica- uma cultura ativa de formação e espiri-
pos”, em virtude de um conteúdo rico ção disponíveis em cada época da his- tualidade expressiva. Por isso, quando
para que o conhecimento da realidade tória. E isso sempre foi feito de diversos se nota esse advento tão significativo e
seja compreendido de maneira univer- modos e com diversos enfoques. Se impregnado de uma organização fe-
sal e construa uma responsabilidade pensarmos a situação de hoje, com o cunda, a Igreja administra essa nova

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cultura que evangeliza através dos versos para levar avante a missão. O o utilizamos e pela cultura mediática mercial, mercantilista e outros “is- nas colaboram. Poucas mídias são ini-
meios de comunicação social, simboli- fato de escrever, na época, era um assim entendida”, analisa. mos” que comprometeriam radical- ciativas de leigos! Para ser comunicação
zados pelas expressões que transfor- instrumento de comunicação reno- A partir dessa reflexão, pensamos mente a nossa missão”, ressalta. eclesial deveria haver mais ousadia do
mam a vida comunitária em diversos vador que abria novos espaços para a que a Igreja sempre soube que a co- Pelo que percebemos, esse conheci- laicato!”, salienta Pe. Zezinho.


níveis de relacionamento humano. evangelização. Mas a passagem da municação em seu ambiente formati- mento por meio das no- O que é expoente nes-
Logo, a comunicação bem elaborada é cultura da linguagem oral para a es- vo é a ferramenta que cria um “bios” vas invenções atribuídas se espaço transformado
a extensão de toda forma de sabedoria crita, preservando uma e acolhendo tecnológico intimamente tecido pela para viabilizar essa criati- A linguagem católica por uma comunicação
aplicada para unir às mentes e cora- a outra foi uma revolução cultural inovação que sempre soube explorar. vidade para movimentar ainda é hermética; vale sempre em busca de ino-
ções que buscam formação espiritual. De maneira reflexiva e prática, há Igreja, Padre Alem é cri-
Em um contexto humanista, quando
sem precedentes. Hoje estamos em
uma nova revolução cultural com a uma inteligibilidade que unifica e en- terioso quando diz que “o
dizer que ainda precisa ser var seus recursos e alcance
é essencial observar a lin-
a Igreja se preocupa comunicar de ma- criação dos meios elétricos e eletrô- globa todo o ‘ser comunicador’ que a ‘investimento’ supõe pes- mais traduzida de manei- guagem. Nesse sentido,
neira inculturada, basicamente percebe- nicos e toda a cultura midiática. Isso Igreja busca avivar entre todos os que soas antes de tudo, em ra que o povo entenda os unimos nossa reflexão
mos essa evolução quando atestamos é para a Igreja um desafio e, ao mes- recebem a sua mensagem, com a li- processo permanente de diante da novidade e os
evangelização, com since- termos católicos usados no exemplos que a Igreja uti-

“ ”
alagar os seus horizontes contemplando mo tempo, um compro- berdade que Cristo co-
em si o diálogo profundo que brota de misso. Avançar na mis- Hoje estamos em municou. ra decisão de viver o rádio e na televisão liza em vista de sua pre-
fundamentos históricos e filosóficos para são de evangelizar por A propósito o que Evangelho que reconhe- sença marcante na esfera
que a própria Igreja saiba discutir sobre todos os meios possí- uma nova revolução cultu- declara o Decreto “Inter çam nesses meios os instrumentos ap-
uma visão de totalidade para o mundo. veis”, completa. ral com a criação dos meios Mirifica” (Vaticano II) tos para ampliar o campo da missão.
Ou seja, a Igreja sabe comunicar e tende Padre José Alem am- sobre conhecer “novas Para isso supõe competência pessoal,
plia sua reflexão pontu- elétricos e eletrônicos e toda invenções tecnólogas” e


cada vez mais ser solidária ao acesso pelo comunicacional, profissional, tecnoló-
que entendemos na qualidade de expec- ando que “mesmo antes a cultura midiática o que deve ser investido gica e também a “qualidade” na produ-
tador, ouvinte e fiel. do Concílio do Vaticano na proximidade com os ção, publicação e utilização dessas lin-
O Diretório da CNBB indica um II havia já expressões da Igreja atenta guagens e meios.
critério muito bem definido para os ao uso dos meios de comunicação pre- O maior desafio é entender que ‘é im-
dias de hoje: “em um ambiente marca- sentes e os que surgiam. Nas últimas possível não comunicar. Todo comporta-
do pela rapidez da informação e pela décadas o desenvolvimento tecnológi- mento é comunicação’. Entender isso e
abrangência do contato, o testemunho co e a criação de novas linguagens e suas implicâncias e competências podem
do Evangelho por parte de todo o povo meios é para a Igreja uma ousada tare- levar a uma reviravolta na nossa maneira
de Deus não deve se basear em critérios fa. Reconhecer esses meios e conhecer de pensar, sentir e agir”, esclarece.
como popularidade, celebridade, aceita- suas linguagens é um desafio perma- Se quisermos entender sempre mais
bilidade, persuasão, atratividade. A nente. O interesse e o desenvolvimento e melhor sobre o crescimento e impor-
verdade do Evangelho não é algo que de vários projetos na área assim como tância das novas tecnologias, bem como Pe. Zezinho, SCJ
possa ser objeto de consumo ou de frui- a Pastoral da Comunicação e o recente “novos aerópagos” em comunicação
ção superficial, mas dom que requer Diretório de Comunicação da Igreja Pe. José Alem social, é aprofundar esse dinamismo comunicacional e sua linguagem própria
uma resposta livre (n. 194)”. Esse cuida- no Brasil expressam o interesse pelo que cerca nosso cotidiano midiático. e fundamentada em valores da missão.
do, a Igreja sinaliza quando percorre o assunto”, afirma. fiéis, Pe. José Alem dedica sua aprecia- Isto implica que há um poder positivo Com muita perspicácia e observação
caminho da mensagem que eleva as Nesse sentido, Padre Alem observa ção afirmando que “a Igreja fala pela nesse sentido que equilibra as diversas criteriosa e crítica, Padre Zezinho explica
mais notáveis formas de comunicar que “há muito que se aprender e fazer. primeira vez em um Concílio sobre os formas de se comunicar na atualidade. que “a linguagem católica ainda é hermé-
com verdade, sabendo que existe um Desafios como entender melhor a co- meios de comunicação. O documento Há uma singularidade nas formas de tica; vale dizer que ainda precisa ser mais
universo ainda a ser explorado com municação humana no sentido mais Inter Mirifica, entre as coisas maravi- pensar sobre como intensificar as novas traduzida de maneira que o povo enten-
muita perspicácia e vontade. profundo, antropológico, filosófico, teo- lhosas, expressa um passo novo e um formas de comunicar por meio de uma da os termos católicos usados no rádio e
A respeito de um ambiente midiá- lógico, assim como conhecer as diversas reconhecimento para que a Igreja na mídia expressiva e de linguagem trans- na televisão. Houve progresso na geração
tico na atualidade, soba a luz do Docu- linguagens que usamos para nos comu- atualidade encontre novos meios para formada. A partir dessas ideias, Padre de imagens. Mas expressiva quantidade
mento de Aparecida, Pe. José Alem nicar, conhecer e vivenciar de maneira levar sua Mensagem a todos. Como Zezinho, SCJ, aponta-nos alguns ques- de sacerdotes pregadores precisa de atua-
Pedagogo, Professor de comunicação, competente os meios de comunicação tudo que fazemos na vida, temos sem- tionamentos acerca desse movimento lização teológica, e carecem de conheci-
filosofia, Especialista em comunica- para expressar de maneira mais clara, pre que aprender, conquistar, reconhe- comunicacional, quando afirma que “é mentos de sociologia, psicologia até
ção, Logoterapia, Espiritualidade, convincente, competente e sobretudo cer, partilhar. As novas invenções tec- notável o esforço de atualização dos no- mesmo de catequese. Na falta de mais
explica que “a missão da Igreja é testemunhal é um enorme desafio. O nológicas são meios novos de vos ‘areópagos’. De vinte anos para hoje, estudos muitos que falam nos microfo-
evangelizar, no sentido amplo e pro- grande desafio, porém, é reconhecer o comunicação e isso supõe também no- produção de vídeos, programas de TV e nes e diante das câmeras navegam no
fundo da palavra. Trata-se de um essencial: nossa missão é viver e anun- vas linguagens. rádio, novos canais, novas propostas óbvio e no excesso de lugares comuns.
processo que abrange o ser humano ciar o Evangelho que escolhemos como Fundamental é reconhecer a razão aconteceram. Sem dúvida alguma, o Melhoraria muito se todos passassem
nas suas múltiplas dimensões e nas ideal de vida e utilizar de outros meios e a motivação de utilizar esses meios ambiente midiático da Igreja se am- por um teste de conhecimentos gerais a
suas estruturas socioculturais. Isso é para testemunhá-lo. Há o perigo imen- para comunicar a Mensagem. Prepa- pliou. Timidamente os leigos tentam cada cinco anos! Pode ser radical, mas a
um desafio e sempre o será. Desde os so em reduzir o Evangelho a um “pro- rar pessoas com clara e profunda op- tomar nas mãos estes instrumentos. pregação seria muito mais fundamenta-
tempos apostólicos vemos Pedro e duto” de consumo e a fé em uma ideolo- ção por Cristo, que vivam o Evangelho Mas a iniciativa permanece mais nas da! RARAMENTE se vê citações de en-
Paulo abrindo espaços, criando no- gia religiosa. Os meios de comunicação para poder trabalhar nessa missão e mãos de sacerdotes. A mídia católica cíclicas, documentos e livros ricos de
vas linguagens, utilizando meios di- favorecem muito isso pelo modo como não ser reducionista, tecnicista, co- ainda está clericalizada! Os leigos ape- conteúdo!”, completa.

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O que Padre Zezinho verbaliza, se- tico, pessoas que deixaram de partici- porta que anunciemos Jesus Cristo. E ficas. Outro investimento cada vez
ria um sentimento que ressoa com par da vida eclesial. São os chamados isso começa por uma comunicação in- mais necessário, especialmente com o
muita seriedade e preocupação, para “desigrejados”. Elas dizem: “sim” a Jesus terpessoal, paroquial e diocesana cada avanço da mobilidade dos aparelhos de Papa Francisco
que a Igreja tenha comunicadores sa- Cristo e “não” à Igreja. A evangelização vez mais aberta a novos paradigmas. comunicação, são os aplica-


cerdotes que impulsionam e levam a voltada a elas precisa estar ligada à con- Muitas vezes nossa comunicação é mui- tivos para celular voltados “Comunicação ao serviço de
mensagem de Jesus Cristo pelo mere- versão. Por fim, quem evangeliza atra- to cartesiana, feita por meio de gaveti- para o público católico, seja Uma boa co- uma autêntica cultura do
cido ministério que exercem. Assim, a vés dos novos meios de comunicação nhas. É urgente uma visão mais amplia- de uso mais pessoal – oração, municação ajuda-nos encontro”, Papa Francisco,
comunicação se instaura de modo precisa ir ao encontro daqueles que, da da realidade. Uma visão mais global, leituras espirituais, etc –, concluíra uma análise feno-
muito próprio nos campos de atuação ainda, não conhecem Jesus Cristo ou mas que contemple as pequenas coisas quanto para promover uma a estar mais perto e a menológica sobre mundo


da Igreja na sociedade. não quiseram conhecê-lo. que a vida nos traz a todo instante. interação maior entre os fi- conhecer-nos melhor contemporâneo em que vi-
Em sintonia como essa Quando desco- mental partilharmos a feli- Quando
A essas pessoas é funda- descobrimos que o ordinário é éis, favorecendo um maior vemos, chamando assim
contato entre as diversas rea- entre nós, a sermos atenção para o fato que


reflexão crítica e atualiza- extraordinário, fazemos uma comunica-
da, contamos com a cola- brimos que o ordinário é cidade que temos por ca- ção mais simples, sem perder a profun- lidades eclesiais. E, às vezes, mais unidos “hoje, vivemos em um mun-
boração de mais um comu- extraordinário, fazemos minharmos com Jesus. didade. Talvez, esse novo paradigma nem se trata de investimen- do que está a tornar-se cada
nicador sacerdote que Apresentarmos Jesus Cris- possa nos ajudar na caminhada com Je- to, mas de valorização e bom uso da- vez menor, parecendo, por isso mesmo,
também atua nos meios de uma comunicação mais to como o maior dos bens sus e na convivência fraterna com nos- quilo que se tem. Por exemplo, quantos que deveria ser mais fácil fazer-se pró-
comunicação evangelizan- simples, sem perder a que possuímos. Se não es- sos irmãos”, conclui. ximo uns dos outros. Os progressos dos


sites de dioceses e paróquias estão de-
do de maneira significativa truturamos nossa comuni- Em uma análise criativa sobre as satualizados, com poucas informações, transportes e das tecnologias de comu-
e feliz. Pe. Agnaldo José é profundidade cação nesses ambientes, es- novas invenções tecnológicas a serviço em que coisas básicas, como o horário nicação deixam-nos mais próximo, in-
taremos lançando palavras ao vento. da Igreja, Moisés Sbardelotto, observa das missas, nem são disponibilizadas terligando-nos sempre mais, e a globa-
Não se pode dizer qualquer coisa, de ou estão escondidas em algum “canto” lização faz-nos mais interdependentes.
qualquer jeito, sem saber para quem do site. O melhor investimento é perce- Todavia, dentro da humanidade, per-
estamos dizendo”, certifica Pe. Agnaldo. ber as necessidades e os desejos de manecem divisões, e às vezes muito
O dinamismo que a Igreja aprofun- cada realidade local, das pessoas que acentuadas”. Essa mensagem justa-
da está também relacionado às inova- fazem parte das comunidades específi- mente aguça o que o cristão conscien-
ções tecnológicas em um sentido em cas e responder a isso com qualidade, te acredita e busca discernir quanto
Crédito imagem: Sonia Mele

que a comunicação cada vez se instaura sem tentar “inventar a roda” ou criar deve observar como a comunicação é
permitindo mais acesso facilitado. Nesse inovações forçadas, que não interes- instrumento de formação ou apenas
sentido, Padre Agnaldo explica de forma sam a ninguém. Acima de tudo, o desa- um meio de informação. Isso se deve
contundente de como investir em uma fio é aprofundar a autorreflexão e o ao poder que os meios de comunica-
comunicação que viabilize explorar discernimento constantes, para sempre ção exercem. O Papa ainda se pergun-
mais e melhor o universo da comunica- avaliar se todo o investimento humano ta sobre qual pode ser o verdadeiro
Pe. Agnaldo José papel que os meios de comunicação
ção, mostrando que “a grande marca da e financeiro da Igreja no âmbito da co-
vida das primeiras comunidades cristãs municação contribui para o objetivo podem e devem desempenhar em um
Mestre em Comunicação na Contem- era a unidade. Elas faziam do dia a dia, mais elevado e profundo de toda a mundo assim descrito alegando que
poraneidade, Jornalista, Cantor, Com- da convivência, da fração do pão, da Moisés Sbardelotto Igreja, que é colaborar na construção “neste mundo, os mass-media podem
positor e Escritor, possui vários CD’s partilha dos bens e da oração, verdadeira do Reino de Deus”, argumenta. ajudar a sentir-nos mais próximo uns


gravados pela Paulinas-Comep, apre- comunicação com o Evan- dos outros; a fazer-nos perceber um
senta os programas “Caminhos da Fé” gelho. As novas invenções O melhor investi- ainda que “não acredito MEIO E MENSAGEM DE FÉ, VIDA E COMU- renovado sentido de unidade da famí-
(TV Século 21) e “Deus com a gente” tecnológicas derrubaram que haja uma resposta úni- NICAÇÃO lia humana, que impele à solidarieda-
(TV Aparecida) e ajuda-nos a entender as barreiras. Contudo, há o mento é perceber as ne- ca, porque depende muito Uma linguagem direta e objetiva de e a um compromisso sério para uma
esse ambiente midiático responsável risco de conhecermos o cessidades e os desejos de das necessidades e dos de- segue um vínculo que expressa o cui- vida mais digna. Uma boa comunica-
pelas mais variadas formas de expres- mundo e desconhecermos sejos locais, específicos de dado que a Igreja tem para com seus ção ajuda-nos a estar mais perto e a
são na Igreja, assegurando que “a Igreja, nossa própria realidade. cada realidade local, das cada realidade da Igreja. destinatários. O fato é, a comunidade conhecer-nos melhor entre nós, a ser-
sobretudo, depois do Concílio do Vati- Posso estar conectado a al- pessoas que fazem parte Por exemplo, há uma ini- eclesial exige comunhão fraterna, par- mos mais unidos”. Esta última afirma-
cano II, tem valorizado os modernos guém do outro lado do ciativa interessante, chama- ticipa e possui um engajamento que ção é um resumo explícito para que a
meios de comunicação para o anúncio planeta e desconectado de das comunidades espe- da ‘episcopo.net’, que busca com os valores acrescidos de uma co- Igreja, paróquias e comunidades, pro-
alguém próximo a mim. cíficas e responder a isso favorecer a comunicação e


do Evangelho de Jesus Cristo. O querig- municação equilibrada e atual, certa- movam o exercício criativo e verda-
ma precisa estar presente nesses novos Os cristãos leigos, religio- ajudar algumas realidades mente, seu alcance é extremo. Por deiro para uma construção da unida-
ambientes midiáticos. Todavia, é preci- sos, padres e bispos, rece-
com qualidade eclesiais, favorecendo, por isso, o exemplo que a Santa Sé expõe de entre os irmãos e irmãs e juntos
so ter o olhar voltado para três realida- beram de Jesus Cristo o mandato de exemplo, a realização de videoconfe- por meio da mensagem de Sua Santi- tenham real conhecimento do valor
des de pessoas que vivem mergulhadas anunciar o Evangelho “em cima dos te- rências. Para dioceses com territórios dade, o Papa Francisco, assegura que da família cristã.
nesses “novos areópagos”. Há aquelas lhados”. Hoje, existem muitas possibili- grandes, nem sempre as reuniões do o dinamismo na comunicação cria A partir desse tema, Papa Francis-
que frequentam a Igreja, participam de dades de obedecermos a esse pedido do clero são baratas, porque demandam um envolvimento intenso, além da co ainda exorta em sua mensagem para
uma paróquia, muitas vezes fazendo Mestre: cinema, rádio, TV, internet, re- grandes deslocamentos, hospedagens, reflexão e ensinamento sobre questões o 49º Dia Mundial das Comunicações
parte de uma pastoral ou de movimen- des sociais e outros que a inteligência alimentação, etc. Por isso, a internet atuais. No 48º Dia Mundial da Comu- neste ano de 2015, cujo tema é “Comu-
to. Há também, nesse ambiente midiá- humana criar. Não importa o meio: im- pode facilitar essas dificuldades especí- nicação Mundial (2014), cujo tema nicar a família: ambiente privilegiado

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do encontro na gratuidade do amor”, dade de TVs católicas, rádios em tan- Mirifica (Vaticano II). Assim, Pe. Ma- Luz de Cristo para o Mundo. Toda a questões que incentivam uma comuni-
pois nossa reflexão cria esta expectati- tas Igrejas particulares, o incremento tias ainda contribui a esse respeito Igreja é povo de Deus. Os Bispos, Pres- cação em profunda ação pastoral,
va quando Sua Santidade abre as por- da Pastoral da Comunicação, a cria- acreditando que “o Concílio do Vatica- bíteros, Diáconos, Consagrados(as) como também uma atividade profícua
tas para o diálogo atual sobre como ção de grupos de Facebook, Whatsapp, no II abriu as portas da Igreja para que têm uma identidade, mas sempre a no que se refere aos que nutrem os
fundamentar e levar a mensagem da Twitter e afins. Não tenho dúvida que o diálogo com o mundo contemporâ- partir de uma eclesiologia de comu- meios de comunicação para haver e
Boa-Nova pelos meios de comunica- ainda podemos avançar muito mais. neo fosse a atitude indissociável da nhão. O que vejo para que a relação manter esse diálogo em vista da evan-
ção. Sob a luz da mensagem pontifícia, Por exemplo, e aqui falo a partir da identidade da Igreja, no seu papel interna seja fortalecida pela comunica- gelização em sua completude. O avan-
iluminada pelo tema proposto por experiência pastoral, ainda usamos missionário (Ad Gentes, 2). O docu- ção, é antes de tudo que seja gerado ço tecnológico é um incentivo para que
Francisco: “A família é o primeiro lugar muito pouco os espaços das rádios mento Inter Mirifica deve ser interpre- uma “cultura do encontro” dentro da as lideranças eclesiais busquem igual-
onde aprendemos a comunicar”, cria comunitárias. Em quase todos os re- tado nesta perspectiva. Estas novas própria Igreja. Os Bispos, Presbíteros, mente explorar de forma íntegra e
um envolvimento intimamente ligado cantos deste nosso imenso Brasil, já maravilhas devem ser instrumentos Diáconos e Consagrados(as) não po- aproveitar seus recursos para que pes-
ao universo familiar tendo em vista existem estes meios de comunicação. que permitam a maior abertura da der viver como estranhos dentro da soas e fiéis sejam os verdadeiros desti-
esse comprometimento com os ideais A Igreja tem que ocupar estes espaços. Igreja para que as angústias e as ale- Igreja. Eis um tremendo contra teste- natários dessa Boa-Nova que permite
que atingem a magnitude das ações A preocupação da V Conferência de municação aliados à tecnologia, por grias dos discípulos de Jesus sejam munho! Parece-me que o ponto de unir almas, corações e por meio da
que a Igreja investe quando se trata de Aparecida e tudo o que estamos “per- isso, Pe. Matias observa que “o que é também as da Igreja. Esta intenção partida é antes de tudo relacional. O atitude de servir. Desse modo, “dentre
comunicar o bem e a verdade. O pontí- cebendo” do magistério do Papa Fran- comum à estrutura de comunicação da dialógica pensada pelo Concílio para sentimento de pertença. O sentido da estas invenções, porém, destacam-se
fice expressa que “o desafio que hoje se cisco é que devemos promover a cul- Igreja do Brasil, hoje? Que canais de ser testemunhal para a realidade Ad mística eclesial. O que as “novas inven- aqueles meios que não só por sua natu-
nos apresenta, é aprender de novo a tura do encontro. Existe uma interação existem para que o que é Extra da Igreja, é necessário que come- ções” devem transmitir é antes de tudo reza são capazes de atingir e movimen-
narrar, não nos limitando a produzir preocupação primordial, que é gerar a eclesial seja abarcado pelo tribal/gru- ce a acontecer Ad Intra. Para que com- o testemunho de sentir com a Igreja e a tar os indivíduos, mas as próprias
e consumir informação, embora esta proximidade das pessoas. A cultura pal? As diferenças regionais do nosso preendamos a eclesiologia do Concílio, convicção de que “todos somos Discí- multidões e a sociedade inteira...” (In-
seja a direção para a qual nos impe- pós-moderna relativiza esta dimen- país exigem esta postura estratégica e se faz necessário que leiamos conjunta- pulos Missionários” de Jesus Cristo. O ter Mirifica 1460).


lem os potentes e precio- são. A partir do Evange- organizacional da ação missionária mente a Gaudium et Spes e a Lumen que precisamos para que esta relação
sos meios da comunica- O uso de todos lho, o que a Igreja tem de pastoral. O que sentimos nas bases é o Gentium. Se o primeiro trata da impor- interna seja mais profunda, é a certeza Marcelo dos Santos é Diretor Editorial da Revista Paró-
ção contemporânea. A buscar é a integração e reflexo do todo. O olhar deve ser proa- tância de uma Igreja que interpreta os de que o Evangelho é a nossa bússola quias & Casas Religiosas, Pós-Graduado em Comunica-
informação é importante, os meios e em todos os interação das pessoas”, tivo. O que é urgente é a conversão ao sinais dos tempos a partir da econo- para a comunicação das maravilhas de ção Social, Bacharel e Licenciado em Filosofia e História,
mas não é suficiente, por- lugares, juntamente com completa Pe. Matias. que é eclesial e a formação. Não esque- mia, família, cultura e outras constru- Deus”, ressalta. pela PUC-Campinas/SP, Bacharel em Teologia, pelo ITESP.
Autor do livro “Sob a Luz do Evangelho”, publicado pela
que muitas vezes simplifi- A partir dessa análise, çamos que a comunicação é meio de ções da sociedade, o segundo lembra Portanto, essa discussão até aqui
ca, contrapõe as diferen- a setorização pessoal e de acordo com a estrutu-
Editora A Partilha.
proximidade. Já mencionei, mas vale da realidade da Igreja, que deve ser apresentada, exigirá de nós, leitores, Site: www.revistaparoquias.com.br
ças e as visões diversas, geográfica da ação mis- ra que se estabelece no enfatizar que as redes sociais são o lu- pensada como a realidade que reluz à um exercício aprofundado sobre as Contato: editorial@revistaparoquias.com.br
solicitando a tomar parti-
do por uma ou pela outra,
sionária pastoral é cami- meio comunicacional, é
primordial que haja um
gar de encontro mais atrativo para as
pessoas atualmente. As pessoas as ocu-
em vez de fornecer um nho imprescindível da olhar diferenciado no se

” Ideias e soluções
pam muito vorazmente. O que se con-
olhar de conjunto”. Logo, dinâmica da Igreja refere aos meios de co- firma é que existe um desejo do outro.
essa mensagem apregoa Estar com o outro, mesmo sem ser

a favor da Fé.
um sentimento de pertença quando com o outro. Há relação, mas não há
Papa Francisco indica o caminho a se- compromisso. Estes não criaram os
guir com estas palavras que alimentam tempos líquidos; só os fortaleceram.
essa transformação comunicacional. Nesse sentido, deve haver uma grande
É um desafio que perante as novi- preocupação na estruturação humani- A Maistre Informática é a desenvolvedora do
dades tecnológicas em comunicação, zada e humanizante do seu aparelha-
é importante prestar atenção nessa mento comunicacional. Estes novos Sistema Pastoral, software de gestão completo
visão de conjunto, pois a Igreja está areópagos são novos; porém, não po- para paróquias e dioceses, que oferece:
preocupada como a mensagem dirigi- dem continuar antigos para a ação
da aos fiéis é fundamentada e verda- missionária pastoral da Igreja”, conclui.
deira para que as pessoas acessem a E nesse pensamento acerca de pro- Integração de informações em
informação com qualidade. Nesse mover e estimular o conhecimento de
sentido, Pe. Matias Soares, Vigário
uma única plataforma
novas tecnologias aliadas à comunica-
Episcopal da Arquidiocese de Natal/ ção na Igreja é importante suscitar
RN e Pároco na Paróquia São José, em uma presença sempre ativa e renovada.
Gerenciamento de rotinas
Mipibu-RN, que faz várias análises e Isso permite que os gestores de paró- administrativas e financeiras
reflexões sobre diversos temas e as- quias, comunidades, entidades, pos-
suntos, acredita que “em um primeiro sam contribuir de forma mais atenta Treinamentos gratuitos
momento estou de acordo que a Igreja alicerçando as bases de uma pastoral
esteja investindo e tenha uma grande de conjunto quando se tem a comuni- Suporte e teleatendimento
preocupação com o uso destas novas cação como aliada e permite conhecer
ferramentas para o anúncio da “ale- Pe. Matias Soares e experimentar novas técnicas a partir Geração do SPED contábil e fiscal
gria do evangelho”. Basta ver a quanti- do que apresenta o Documento Inter V
NA ISITE
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