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PONTIFÍCIA UNIVERSIDADE CATÓ LICA

FACULDADE DE DIREITO
DEPARTAMENTO DE TEORIA GERAL DO DIREITO
HERMENÊ UTICA E LÓ GICA JURÍDICA I

2023.1
Prof. Dr. Lucas Galvão de Britto
lucas@barroscarvalho.com.br

Q02 – LINGUAGEM ORDINÁ RIA E LINGUAGEM JURÍDICA


LEITURAS

● Ugo Volli – Manual de Semió tica

● Dardo Scarvino – O Giro Linguístico

QUESTÕES
Leia as seguintes notícias e, ao final, responda:

POLÍCIA NÃO LIBERA CORPO DE HOMEM JÁ DADO COMO


MORTO EM 2012 NA BAHIA
Fonte: G1 BA1

Um homem morreu na madrugada deste domingo (4), no


bairro Califó rnia, na periferia de Itabuna, cidade localizada
no sul da Bahia. De acordo com informaçõ es da polícia, o
jovem foi baleado e o corpo encaminhado para o
Departamento de Polícia Técnica (DPT) da cidade. A família
nã o consegue retirar o corpo da vítima do DPT, já que em
1
 Polícia não libera corpo de homem já dado como morto em 2012 na Bahia. G1 BA.
Itabuna, 04 ago. 2013. Disponível em:
http://g1.globo.com/bahia/noticia/2013/08/policia-nao-libera-corpo-de-homem-ja-dado-
como-morto-em-itabuna-na-ba.html. Acesso em 06 ago. 2021

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2012, a vítima foi sepultada por engano e teve um atestado
de ó bito retirado em seu nome, que de acordo com a polícia
é Pedrito de Jesus Conceiçã o.

Em contato com o G1, a polícia disse que em 2012 o irmã o da


vítima havia reconhecido o corpo de um homem no DPT,
como sendo de Pedrito. A família fez o enterro e recebeu a
certidã o de ó bito em nome dele. Um mês depois do “falso
enterro”, Pedrito chegou em casa e a família se deu conta da
confusã o. O irmã o entrou na Justiça com um pedido de
anulaçã o da certidã o de ó bito, que até o domingo (4), nã o foi
liberada.

O DPT informou ao G1 que nã o pode liberar o corpo de um


homem que já tem certidã o de ó bito, por isso, aguarda a
decisã o da Justiça para a anulaçã o a certidã o de 2012, para
que o corpo possa ser enterrado.

ATESTADO DE ÓBITO DE HOMEM VIVO SERIA


CANCELADO, MAS ELE MORREU ANTES
Fonte: G1 BA2

O homem que teve o corpo reconhecido ano passado ao ser


considerado morto pela família chegou a ter o cancelamento
do atestado de ó bito solicitado, mas morreu antes do prazo
de 15 dias necessá rios para invalidar o documento. Pedrito
de Jesus Conceiçã o, de 35 anos, morreu domingo (4), em
Itabuna, cidade localizada no sul da Bahia.

Há duas semanas, o juiz Glá ucio Klipel da 4ª vara cível de


Itabuna deu uma sentença determinando a anulaçã o da
certidã o de ó bito. O corpo do pescador permanece no
Departamento de Polícia Técnica (DPT) e só vai ser liberado
quando a família receber do cartó rio a anulaçã o da certidã o
de ó bito antiga.

Caso

Pedrito morreu na madrugada de domingo, no bairro


Califó rnia, na periferia de Itabuna. Ele foi baleado e o corpo
encaminhado para o Departamento de Polícia Técnica da
2
 Atestado de óbito de homem vivo seria cancelado, mas ele morreu antes. G1 BA.
Itabuna, 06 ago. 2013. Disponível em:
http://g1.globo.com/bahia/noticia/2013/08/atestado-de-obito-de-homem-vivo-seria-
cancelado-mas-ele-morreu-antes.html. Acesso em 06 ago. 2021

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cidade, mas a família nã o conseguiu retirar o corpo da
vítima, que teve um atestado de ó bito emitido em seu nome
em 2012.

Em contato com o G1, a polícia disse que em 2012 o irmã o da


vítima havia reconhecido o corpo de um homem no DPT,
como sendo de Pedrito. A família fez o enterro e recebeu a
certidã o de ó bito em nome dele. Um mês depois do “falso
enterro”, Pedrito chegou em casa e a família se deu conta da
confusã o.

1. Monte uma linha do tempo com os acontecimentos descritos nas


reportagens.

Em 2012 um corpo foi reconhecido como sendo de Pedrito, houve um


sepultamento e uma certidã o de ó bito foi emitida, no entanto, um mês
depois o verdadeiro Pedrito apareceu com vida em casa e foi entrado com
um pedido para a anulaçã o da certidã o de ó bito realizada, pedido este que
nã o teve resposta até 4 de agosto do ano seguinte, quando o homem morreu
baleado e a polícia nã o pô de liberar o corpo para sepultamento enquanto a
certidã o de ó bito anterior nã o fosse anulada.

2. Como se soube, num primeiro momento, que Pedrito estava morto?

Quando o corpo foi reconhecido no DPT e foram realizados o sepultamento


e a emissã o da certidã o de ó bito.

3. Qual ato determinou, juridicamente, a morte de Pedrito?

Juridicamente, Pedrito estava morto desde a emissã o de seu certificado de


ó bito em 2012 quando ocorreu a confusã o.

4. Quando se soube que Pedrito nã o estava morto? Essa circunstâ ncia é


suficiente para determinar, juridicamente, que Pedrito nã o está morto?

Soube-se que ele nã o estava morto quando, apó s um mês de seu suposto
sepultamento, o homem apareceu em casa com vida e portanto percebeu-se
que haviam enterrado a pessoa errada. Infelizmente essa constataçã o nã o é

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o suficiente para provar que Pedrito nã o estava morto pois uma certidã o de
ó bito já havia sido emitida e para desfazê-la seria necessá ria uma anulaçã o
oficial desse documento.

5. É possível dizer que o direito é texto? E a realidade? Justifique.

O direito e suas maneiras de ser traduzido para uma realidade social sã o


variá veis que dependem de vá rios fatores, entre eles a validaçã o jurídica
dos fatos como vá lidos ou nã o, a aná lise da coerência entre as duas
realidades (que, como no caso visto acima, nem sempre coincidem) e a
ciência do estado desta traduçã o. Logo, o direito nã o pode ser interpretado
como apenas texto visto que também deve realizar a tarefa de se comunicar
com a realidade, que também nã o pode se enquadrar como uma boa
descriçã o a partir do momento em que haver uma coerência entre ambos é
facultativo e nem sempre ocorre.

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