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UNIVERSIDADE FEDERAL DA BAHIA

FACULDADE DE FARMÁCIA
DEPARTAMENTO DO MEDICAMENTO

Andrei Estrela de Souza

A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO
PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA PROMOÇÃO
DA SAÚDE MENTAL

Salvador, BA
2023
Andrei Estrela de Souza

A IMPORTÂNCIA DA ATUAÇÃO DO
PROFISSIONAL FARMACÊUTICO NA PROMOÇÃO
DA SAÚDE MENTAL

Resenha apresentada a Universidade Federal da Bahia,


como critério de avaliação do Componente Curricular
Introdução ao Estudo das Ciências Farmacêuticas no
Curso de Farmácia, orientado por Prof. MSc. Edimar
Caetité Jr.

Salvador, BA
2023
REFERÊNCIAS

CREDENCIAIS DOS AUTORES

RESUMO
ANÁLISE

Em primeira instância, destaca-se como positivo o alerta, fundamentado em dados concretos, à


realidade dos transtornos psiquiátricos em alta mundial, contrariando o estado desejável que o
conceito de saúde busca proporcionar a toda a população — isto é, o seu bem-estar. A partir das
observações evidentes no texto, o leitor consegue mensurar o quanto o tratamento da saúde mental é
negligenciada, o que muitas vezes agrava o quadro psiquiátrico do paciente.
Não obstante, diante desta já infeliz realidade, ainda existe a falta de exigência do trabalho
farmacêutico na frente da manipulação e distribuição dos psicofármacos — medicamentos
utilizados no tratamento psiquiátrico — nas equipes multiprofissionais, e, como pontua o artigo,
torna-se imprescindível que a atuação assídua deste profissional no ambiente explícito seja não
somente incentivada, mas também regulamentada como obrigatória; afinal de contas, segundo
recomendações da OMS (Organização Mundial de Saúde), os medicamentos psicotrópicos devem
ser incluídos na lista de medicamentos essenciais. Portanto, o farmacêutico, como profissional
responsável por essas substâncias tão importantes na recuperação da saúde do paciente, deve, sim,
ser indispensável à composição das tripulações multiprofissionais de hospitais e centros
psiquiátricos.
Por meio da contextualização histórica realizada pelo artigo, o leitor é convidado a conhecer as
raízes históricas do problema presente na contemporaneidade: em virtude das frequentes denúncias
de maus tratos e carência de assistência, surge, por volta de 1970, a reforma psiquiátrica e o
surgimento da Política Nacional de Saúde Mental. Com eles, sabe-se terem nascido as CAPS
(Centro de Atenção Psicossocial) e diversas outras divisões para comportar as necessidades dos
pacientes psiquiátricos; entretanto, o texto faz bem ao apontar que muitos desses centros carecem de
farmácias, tornando o tratamento dos indivíduos internos inadequado. Volver a atenção para tal
contexto é crucial dentro da tarefa de compreender a notificada ausência de atendimento eficiente
nos hospitais e centros psiquiátricos, visto que, reiterando, o uso de psicofármacos se faz
praticamente inexorável no tratamento dos transtornos diagnosticados.
Em contrapartida, o texto parece se restringir majoritariamente à visão do problema dentro das
clínicas, abordando com pouca profundidade a existência das muitas complicações que ocorrem
fora do ambiente hospitalar e deturpam igualmente a promoção da saúde mental na população em
geral. Isso porque, segundo o Relatório Nacional sobre Drogas, publicado pela Secretaria Nacional
de Cuidados e Prevenção às Drogas em 2019, o consumo indevido de benzodiazepínicos recebeu
um acréscimo preocupante de 67,8% nas notificações de intoxicação por essas substâncias entre
2010 e 2017 — um dado recente que demonstra a gravidade da situação. A falta de profissionais
farmacêuticos atuantes na área psiquiátrica — problema intensificado pela carência de incentivo e
conhecimento sobre o âmbito nos cursos de ensino superior — agrava esta situação, visto que as
informações acerca dos perigos da automedicação por psicotrópicos torna-se escassa e pouco
acessível à população.
Além disso, é importante ressaltar que a inserção do farmacêutico nas equipes multiprofissionais
deve ser acompanhada por uma dose de responsabilidade extra no que cerne as questões éticas e
humanitárias que englobam a assistência farmacêutica, dado que, a partir de informações retiradas
do texto, muitos pacientes se recusam a aderir às normas do tratamento disponível, principalmente
devido aos sintomas e efeitos colaterais de seus transtornos psiquiátricos específicos. O
farmacêutico em questão deve prestar respeito e atenção aos direitos de autonomia e privacidade
dos pacientes, jamais abusando da coerção excessiva, bem como deve ser o ouvinte às suas
preocupações e receios, usufruindo simultaneamente de seu próprio conhecimento para orientá-los
acerca dos efeitos colaterais dos medicamentos utilizados e recomendar alternativas de tratamento
personalizado que possam oferecer mais segurança ao indivíduo. Portanto, não somente é preciso
estimular a distribuição de profissionais farmacêuticos na área da saúde mental, como também
prepará-los para exercer os seus deveres com empatia e sensibilidade ao paciente.
Adicionalmente, o artigo aborda a importante questão do envelhecimento populacional e, com ela, a
crescente demanda por serviços de saúde, pois, com o ganho da idade, adquire-se um maior risco de
desenvolvimento de doenças, enfermidades e outros distúrbios — incluindo, por sua vez, os
transtornos mentais. A fim de atender uma população que se expõe diariamente a altos níveis de
estresse e gradualmente enfrentam a chegada da terceira idade e suas complicações, a
implementação de farmácias e dos serviços farmacêuticos nos centros de psiquiatria destinados ao
cuidado dos idosos torna-se absolutamente vital, possibilitando a identificação precoce de
transtornos mentais e a inserção do acompanhamento farmacoterapêutico para o melhoramento
imediato do quadro dos pacientes. De maneira análoga ao cuidado com pacientes transtornados, o
farmacêutico deve agir como a figura de responsabilidade sobre a área dos medicamentos, tratando
de satisfazer todas as dúvidas que permeiam as suas inseguranças quanto à real eficácia da terapia
medicamentosa.
Apesar de sua importância indiscutível, como visto, a falta de valorização do profissional
farmacêutico em geral afeta grandiosamente a sua participação nas equipes de atendimento
psiquiátrico e dificulta a prática do seu papel na promoção e estabelecimento da saúde mental.
Conforme a Pesquisa Perfil Farmacêutico, realizada pelo CFF (Conselho Federal de Farmácia) em
2020, aproximadamente 72,2% dos profissionais entrevistados se sentem depreciados em seus
meios particulares de serviço. Isso se deve, especialmente, à falta de conhecimento da população e
de outros profissionais da saúde sobre as verdadeiras contribuições que o farmacêutico pode
concretizar em prol do bem-estar da população, inclusive no setor específico da psiquiatria.
Comparativamente, em países como Reino Unido e Austrália, há uma valorização desse profissional
muito maior, graças a fatores como a existência de uma compreensão mais clara e abrangente dos
pormenores que englobam o papel do farmacêutico, remuneração justa e envolvimento melhor
distribuído nas diversas áreas da saúde.
Desta forma, voltando ao contexto brasileiro, além do investimento das autoridades públicas sobre a
classe farmacêutica ser imprescindível para a valorização desta, é essencial a colaboração do
próprio profissional para com a sua classe, sendo necessário que o indivíduo sempre se mantenha
atualizado sobre as diversas possibilidades de atuação, busque por novas especializações
específicas, lute pela inclusão do profissional farmacêutico nos segmentos que exigem seus
conhecimentos e construa relações de união com os seus colegas, visando o aprimoramento
individual e coletivo.
Assim, com a crescente estima do farmacêutico sobre a sua própria profissão, a sua importância
tornar-se-á mais concreta aos olhos da sociedade, facilitando que se desenvolva o reconhecimento
da vitalidade de sua atuação nos setores carentes como o psiquiátrico.
Em suma, os autores realizaram um ótimo trabalho na produção da pesquisa, conectando, de forma
coerente, pontos que engrandecem a significância do profissional farmacêutico à promoção da
saúde mental na população, sendo este um aspecto imprescindível para aprimorar as condições de
vida do país e oferecê-la qualidade, conforto e bem-estar. Considerando as tendências de
envelhecimento populacional — como bem aprofundado pelo artigo —, as altas taxas de
automedicação por psicotrópicos e as rotinas estressantes que os brasileiros são obrigados a
vivenciar dia após dia, é muitíssimo importante que existam discussões como esta, a fim de
viabilizar novos conhecimentos e expandir os horizontes. A investigação de maneiras de levar
melhorias à promoção da saúde mental no país, sendo a obrigatoriedade da inclusão de farmácias e
profissionais farmacêuticos nos CAPS e em outros centros de atendimento psiquiátrico uma destas,
é bem situada no atual momento da contemporaneidade, dando a este assunto a visibilidade que
tanto precisa para que os limites da profissão farmacêutica sejam quebrados e a exerção de seu
potencial completo se torne completamente possível.

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