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(IR)RESPONSABILIDADE DO ESTADO POR ATO DE POLICIAL MILITAR DE

FOLGA
Fernando Martin Gonçalves1
Tales Linhares Ulisses2

RESUMO
O presente resumo visa adentrar acerca da responsabilidade civil do Estado. Esta, de acordo
com a Lei Maior (CF, 37, §6º), é objetiva. Assim, quando um agente público, nessa qualidade,
pratica ato lesivo a terceiro, deve-se responsabilizar o ente ao qual o agente está vinculado.
No entanto, é possível responsabilizar o Estado caso um policial militar, de folga e portando
arma da corporação, cause danos a terceiros?

Tal questionamento é pertinente haja vista a presença do termo “nessa qualidade” na redação
do parágrafo sexto do artigo 37, da CF/88. Nesse sentindo, tal afirmação dá ensejo para
interpretações divergentes acerca do nexo de causalidade entre o ato de um policial em
período de folga, que não estaria na qualidade de agente público, mas como um cidadão civil,
e o ato de um policial, em serviço.

A problemática surge ao analisarmos o posicionamento de dois julgados do Supremo Tribunal


Federal em votos de Recurso Extraordinário (RE). Para Celso de Mello, relator do RE
291.035/SP, o Estado sempre será responsável pelos atos de seus agentes, independentemente
de culpa ou dolo do agente, ou mesmo que em dia de folga, desde que comprovado o nexo de
causalidade como, por exemplo, estar portando arma pertencente a corporação a qual
pertence. Por outro lado, o ex-ministro Carlos Britto, relator do RE 363.423-6/SP, entende que
para que o estado seja responsabilizado por ato de seu agente, o mesmo tem que
obrigatoriamente estar “na qualidade” de agente público, ou seja, à serviço do próprio Estado.
Não bastaria, pois, o agente apenas estar portando arma da corporação, mas estar agindo em
nome do Estado.

Pretende-se, assim, fazer uma profunda pesquisa doutrinária e jurisprudencial e uma análise
crítica para se encontrar um posicionamento jurídico seguro que vá de encontro a atual
insegurança acerca da temática, que tem encontrando divergências até mesmo em Tribunais
Superiores.

1
Graduando em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
2
Graduando em Direito pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN.
REFERÊNCIAS

BRASIL. STF. RE 363.423-6/SP. Min. Rel. Carlos Brito. Dj. 16.11.2004. DJe. 13.03.2008.

BRASIL. STF. RE 291.035/SP. Min. Rel. Celso de Mello. Dj. 28.03.2006.

GAGLIANO, Pablo Stolze. Novo curso de direito civil, v. 3: responsabilidade civil. 15. ed.
São Paulo: Saraiva, 2017.

TARTUCE, Flávio. Manual de direito civil: volume único. 6. ed. rev., atual. e ampl. - Rio de
Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2016.

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