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CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL - UNINTER

Wenderson Souza dos Santos


Wendell Correa Gonsalves

SEGURANÇA PÚBLICA.
Caso, Atirador de elite no Rio de Janeiro.

CURITIBA PR – 2019
CENTRO UNIVERSITÁRIO INTERNACIONAL- UNINTER
Wenderson Souza dos Santos
Wendell Correa Gonsalves

SEGURANÇA PÚBLICA
Atiradores de elite no Rio de Janeiro

Artigo apresentado ao curso de Direito,trabalho inter disciplinar,


solicitado pelo professor Daniel Corteline Scherer.

CURITIBA PR – 2019
Sumário

1 - Teoria da Relação Jurídica


1.1 - Legitimação do uso de Atiradores de Elite em operações de risco.
1.2 - “Licença para matar”, O uso da excludente de ilicitude.
1.3 - Defensores públicos.
1.4 - Sequestro.
1.5 - Penalidades ao infrator.
1.6 - Referências de outros países.

2 - Lógica e Argumentação Jurídica


2.1 - Assunto à mesa: Os “Snipers” são necessários?
2.2 - Resgate de reféns.
2.3 - Debate: população X governo.
2.4 - Ação: Negociar ou Agir?.

3 - Psicologia Jurídica
3.1 - Transtornos Psíquicos.
3.2 - Perfil do sequestrador.
3.3 - Psicopatia.
3.4 - Terror e pânico: Trauma sofrido pelos reféns.
3.5 - Perfil do atirador.
3.6 - Saúde mental de policiais.
3.7 - Prisão, tratamento ou morte? Como é encarado a conduta do
infrator.

4 - Sociologia
4.1 - Violência e insegurança no RJ.
4.2 - Fogo cruzado: população nas favelas.
4.3 - Policiais X Crime.
4.4 - Crime: a única saída?
4.5 - Parâmetros sociais: Centro e Periferias.

5 - Economia Política
5.1 - Combate ao crime: Investimento dos governantes.
5.2 - Segurança pública.
5.3 - “O crime é rentável”.
5.4 - Segurança em países desenvolvidos.
5.5 - “Brasil, um pais de todos”

6 - Referências

7 - Bibliografia
No Brasil o uso legitimo de atiradores de elite em operações de risco ainda é
um tabu a ser debatido, pois envolve muitos fatores que são considerados
favoráveis ao trabalho destes profissionais, designados por uma corporação
policial ou militar, quanto, envolve fatores vistos por lei como afronta ao direito
legitimo à vida desde o momento em que a ação do atirador visa neutralizar de
forma rápida e efetiva qualquer ameaça iminente apresentada pelo individuo
infrator, buscando preservar prioritariamente a vida dos reféns e
necessariamente para isso executar o individuo que apresenta perigo aos
cidadãos de bem. Para isso há vários fatores que influenciam a real
necessidade dos atiradores de elite, um dos principais seria a hipótese de
serem utilizados somente em ultimo caso quando todas as formas de ação
pacificas estejam esgotadas, porem outro fator seria a sua utilização
antecipada visando preservar a vida de policias e demais cidadãos, evitando
confrontos diretos e possíveis tiroteios que poderiam vitimar terceiros que
estejam ao redor do fato. São fatos que levam a um debate bastante denso à
vista de que ao mesmo tempo que se preserva a vida de reféns, inocentes e
policiais envolvidos, confronta-se o direito fundamental do cidadão, ou seja, o
direito a vida, entretanto, o Estado compõe a ideia de que, a ação tanto dos
policias e agentes de segurança quanto dos atiradores de elite seria
premeditada em lei, portanto, esses profissionais da segurança púbica estariam
agindo em legitima defesa ao cidadão de bem, protegendo-o de infratores que
propiciem perigo a sociedade, e a consequência de suas ações seriam
resguardadas em lei.
Se tratando de legitima defesa, temos nossos direitos resguardados em nosso
código de lei, daremos um enfoque principal no artigo 23 do Código Penal, em
que trará a base para começarmos a entender um dos principais problemas
que policiais e outros agentes da segurança pública encontram para exercer
sua função. No Brasil, os policiais tem enfrentado um grande dilema para
desempenhar seu trabalho em proteger os cidadãos e preservar a ordem na
sociedade, atirar ou não atirar? Matar ou não matar? São preceitos que muita
das vezes deixam policias receosos em desempenhar sua função, por leva-los
a pensar, “ Se eu precisar atirar contra um infrator e este vier a óbito, eu serei
penalizado pelo crime de homicídio doloso? “ Se trata de algo que se tornou
uma discussão bastante polêmica, pois para uns, dar o ‘’direito’’ ao policial
matar alguém é visto como um modo abusivo de uso da força, o que
ocasionaria possíveis assassinatos ou mortes por engano, e para os demais,
seria apenas o uso legitimo de força no exercício de sua função, ou seja, seria
assim resguardado pelo artigo 23 do Código Penal. Para dar mais clareza ao
que foi citado, vamos entender do que se trata o artigo 23:

CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940


Art. 23 - Não há crime quando o agente pratica o fato:
(Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

I - em estado de necessidade; (Incluído pela Lei nº 7.209,


de 11.7.1984)
II - em legítima defesa; (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
III - em estrito cumprimento de dever legal ou no
exercício regular de direito. (Incluído pela Lei nº 7.209, de
11.7.1984)
Excesso punível (Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Parágrafo único - O agente, em qualquer das hipóteses
deste artigo, responderá pelo excesso doloso ou culposo.
(Incluído pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)
Estado de necessidade.
(JUSBRASIL, 2019).

O artigo 23 aponta seu uso em três casos específicos:

- Em caso de necessidade, quando a execução do ato se torna necessária para


resguardar interesses legítimos de uma das partes, que por motivos ligados ao
fato não podem serem todos salvos, ou seja, pode se dizer que para repelir um
perigo iminente que não provocou por sua vontade, o agente demonstra que a
sua ação foi em estado de necessidade.

O professor explica: Em "estado de necessidade" é


quando a situação envolvendo mais de uma pessoa fica
crítica e alguém acaba morrendo. "Um exemplo é quando
duas pessoas disputam uma boia no mar, e uma delas
morre afogada." (SOBRINHO,Wanderley Preite.O que é
excludente de ilicitude.São Paulo:Site Uol,2019)

- Em caso de legitima defesa, ocorre quando o autor do ato o praticou


buscando repelir uma situação de perigo em que se encontrava, ou seja, se
defender de agressão injusta usando dos meios necessários disponíveis para o
ato de defesa, entretanto só será legitimada a defesa no seu exercício
moderado, qualquer excesso que, visto pelo juiz como desnecessário para o
ato, será refutada a legitima defesa.

- Em caso de estrito cumprimento do dever legal, não há um conceito definido


sobre esse caso no Código Penal, o artigo 23 apenas cita “ (...) Não há crime
quando o agente pratica o fato: III. Em estrito cumprimento de dever legal (...)”
Em outras palavras, o agente que usar de força moderada para parar a ação
de um criminoso apenas estaria exercendo sua função, entretanto responderá
caso ocorra excessos, está lei não se aplica com total solubilidade aos casos
de policiais que em operações acabam por matar um criminoso e são
indiciados por homicídio, o que acarreta em insegurança no ato de apenas
exercer sua função pois este policial será coagido pelo medo de matar.
O atual governo busca implantar leis que reduzam ou até isentem a penalidade
sobre estes servidores de segurança pública que no exercício de sua função
acabem por matar um individuo criminoso, alegando que o policial apenas fez
seu trabalho, isso daria mais segurança para o trabalho destes profissionais,
pois não se preocupariam com as consequências perante as sua ações ao
desempenhar a sua função e de que caso cometer alguma infração por
excesso, deverá ser penalizado e responder por sua ação. Para os mais
críticos, essa decisão do Ministério Público traria riscos, por se tratar de uma
“Licença para matar” daria liberdade para agentes de segurança pública
matarem e ganhar imunidade pelas responsabilidades do ato.

Trata-se de um assunto bem polêmico e que o atual governo tem se disposto a


leva-lo á tona prometendo dar melhores condições de trabalho aos policiais e
assim diminuir os riscos da profissão.
Mas e os atiradores de elite? Possuem esta licença para matar? Não,
entretanto eles são assegurados pelo Artigo 23 do código penal, por serem
profissionais capacitados para a função que serão designados somente em
estado de real necessidade, em que o sequestrador representar risco de vida
ao refém ou aos demais envolvidos, e ele estará atuando no exercício de sua
função, em outras palavras o atirador de elite seria apenas um instrumento
recebendo ordens, cuja finalidade seria a de desferir um disparo preciso e letal
com o intuito de neutralizar o criminoso.
O atual governador do Rio de Janeiro Wilson Witzel, autor da proposta de
utilização dos atiradores de elite na ação contra criminosos, apesar de receber
uma resposta positiva de áreas como a da policia, ainda encontra barreiras no
meio jurídico para que sua proposta se efetive com total legalidade. A ideia
inicial de Witzel foi, que se implantassem esses profissionais atiradores nas
favelas do Rio de Janeiro para abater criminosos que “ostentassem’’ Fuzis
pelas ruas, entretanto se viu no caso do sequestro do ônibus na ponte Rio-
Niterói que, a implantação de um atirador de elite poderia ramificar mais pontos
de ação e utilização para esses profissionais, sendo assim a campanha de
Witzel pela legitimidade desses agentes ficou mais forte mas ainda sim bate
contra as leis.

Vamos aos fatos... O sequestro ocorreu na manhã do dia 20 de agosto de


2019, o sequestrador identificado sendo Willian Augusto da Silva de 20 anos,
que manteve reféns de um ônibus por mais de 3 horas na ponte Rio-Niterói,
segundo a policia o individuo portava uma pistola, uma arma de choque, um
galão de gasolina e uma faca, logo após foi alegado que a pistola se tratava de
uma arma de brinquedo. O encerramento deu no momento em que o
sequestrador saiu para fora do ônibus para jogar um objeto aos policias e logo
em seguida foi baleado por um atirador de elite que já estava posicionado, com
isso o sequestrador foi morto e a policia liberou os reféns a salvo e ilesos,
dando um fim a ameaça e ao sequestro. Logo após, o governador do Rio de
Janeiro Wilson Witzel se pronunciou no Twitter sobre a morte do sequestrador
e parabenizando a ação da policia:
“(...) Acabei de dar entrevista, parabenizando a atuação
exemplar da PM. O ideal era que todos saíssem vivos da
operação, mas preferimos salvar os reféns. Determinei
que a Secretária de Vitimização cuide dos reféns e
também da família do sequestrador.”
(Wilson Witzel via: Twiter).

Cronologia: (horários próximos do ocorrido)

5h30: Willian anuncia sequestro no ônibus que fazia trajeto entre o Jardim
Alcântara no município de São Gonçalo, e o bairro do Estácio no centro do RJ.

5h45: Primeiras menções nas redes sociais sobre o sequestro mesmo antes do
anuncio oficial.

6h30: O sequestrador joga para fora do ônibus um objeto pegando fogo e


ameaça por incendiar o veículo. A Policia Militar RJ confirma que se trata de
um sequestro e tomada de reféns.

6h50: Policiais Militares BOPE chegam á ponte para negociações com o


sequestrador

7h: A ponte é bloqueada nos dois sentidos.

7h10: Começa a liberação de reféns.

8h20: 6 reféns já seriam liberados, uma refém desmaia ao descer do ônibus.

9h05: O sequestrador saia para fora do ônibus e arremessa uma mochila, ao


dar as costas e tentar voltar novamente para dentro do veículo e atingido por
um disparo efetuado pelo atirador de elite do BOPE.

9h15: Policia Militar confirma morte do sequestrador e fim da operação,


libertação dos 39 reféns ilesos.

9h50: Governador Wilson Witzel chega à ponte.

10h30: A Secretária Municipal de Saúde confirma a morte do sequestrador no


hospital.

10h50: O trânsito na ponte é totalmente liberado.

Caso o fato ocorrido tivesse outro desfecho e o sequestrador se entregasse por


boa vontade, ainda assim responderia pelo crime de sequestro e cárcere
privado, estabelecido em lei no artigo 148 do Código Penal.

CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940


Art. 148 - Privar alguém de sua liberdade, mediante
sequestro ou cárcere privado: (Vide Lei nº 10.446, de
2002)
Pena - reclusão, de um a três anos.
§ 1º - A pena é de reclusão, de dois a cinco anos:
I - se a vítima é ascendente, descendente ou cônjuge do
agente;
(Revogado)
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge do
agente ou maior de 60 (sessenta) anos. (Redação dada
pela Lei nº 10.741, de 2003)
(Revogado)
I - se a vítima é ascendente, descendente, cônjuge ou
companheiro do agente ou maior de 60 (sessenta) anos;
(Redação dada pela Lei nº 11.106, de 2005)
II - se o crime é praticado mediante internação da vítima
em casa de saúde ou hospital;
III - se a privação da liberdade dura mais de 15 (quinze)
dias.
IV - se o crime é praticado contra menor de 18 (dezoito)
anos; (Incluído pela Lei nº 11.106, de 2005)
V - se o crime é praticado com fins libidinosos. (Incluído
pela Lei nº 11.106, de 2005)
§ 2º - Se resulta à vítima, em razão de maus-tratos ou da
natureza da detenção, grave sofrimento físico ou moral:
Pena - reclusão, de dois a oito anos.
(JUSBRASIL,2019)

Entretanto diante do andamento do caso, e buscando priorizar a vida dos


reféns, foi decidido agir de forma mais agressiva contra o sequestrador, pois o
mesmo era imprevisível e demonstrava ser questão de tempo para ele vitimar
alguém. Em depoimento, o presidente Jair Bolsonaro relembrou o caso de 12
de junho de 2000, do ônibus 174 no Rio de Janeiro, no qual foi decidido por
não atirar no sequestrador do ônibus, fato que vitimou uma refém, e por fim o
sequestrador acabou sendo morto por policiais que foram julgados pela morte
do individuo.
A partir da ação bem sucedida do Sniper, vem se tornado um assunto bem
recorrente de estudos, o uso do atirador de elite e a capacitação de policiais no
Brasil, bem como assuntos como o direito de defesa da população de bem
contra a criminalidade. Tendo em vista nosso estatuto do desarmamento, lei
10.826 de 22 de dezembro de 2003, o presidente Jair Bolsonaro com uma de
suas propostas de trabalho, era de buscar viabilizar o uso de força mais letal
sem punições a policiais (excludente de licitude).
Mas qual a real necessidade do uso de atiradores de elite? Primeiro vamos
entender quem são...
Os atiradores de elite ou popularmente chamados de “Snipers”, são
profissionais da polícia ou exército (“caçadores”) que passam por rígidos testes
físicos e mentais em sua formação, com o fim de obter perícia e exatidão nas
suas ações em operações especiais que necessitem de seu serviço,
principalmente em resgate de reféns e operações de auto risco como
segurança de personalidades influentes como por exemplo o presidente em
uma aparição em público. Nas forças de segurança nacional possuímos várias
unidades como exemplos o COT (Comando de Operações Táticas), o BOPE
(Batalhão de Operações Especiais), a Policia Federal e inclusive o exército
com a divisão de COMANDOS (atirador Caçador).
Os requisitos para se tornar um Atirador ingressante á alguma dessas
unidades, vai além de ser apenas um policial atuante, e na maioria dos casos
leva anos de capacitação antes do agente atuar em alguma operação. Para
ingressar, primeiramente é necessário possuir uma condição física e
psicológica bem acima das demais em razão dos testes e provas á que o
agente vai ser submetido, é preciso atuar a pelo menos dez anos em alguma
força policial, além de muito esforço e preparo, instituído por treinamento
continuo e diário, é necessário um acompanhamento psicológico do agente
pela corporação em razão do estresse adquirido. Em outras palavras não é pra
qualquer um assumir essa função, o agente formado trata-se de um
profissional altamente qualificado e preparado para agir de forma segura e
eficaz.
No Brasil os atiradores de elite se fazem necessários em operações e casos
que necessitem de intervenção policial, e para diminuir o risco direto aos
policiais e a terceiros que estejam ao redor do ocorrido, os Snipers podem
averiguar e tomar decisões de um ângulo mais seguro e afastado do fato,
preservando assim a sua integridade física e a de policiais e agentes
envolvidos.
Tratando-se de uma ação mais furtiva do sniper, pode se assegurar melhor a
integridade física de reféns, pois, leva fatores que contribuem para a melhor
negociação com o suposto sequestrador, contando com um menor número de
policiais ao redor do fato, o sequestrador sente-se menos afoito e mais seguro,
entretanto o sniper estará em um ponto estratégico afastado seguindo os
movimentos do criminoso e se necessário por ordens diretas, atirar contra o
indivíduo criminoso.
A população está dividida a respeito da proposta do Governador Wilson Witzel,
pois, enquanto uns encaram como um novo empecilho militar para combater a
criminalidade, outros veem como um estopim para legitimar o ato de matar
alegando defesa pública e apontam fatos de excesso de força pela policia e
casos de desavenças onde ocorreu enganos por policias ao confundir
inocentes com criminosos.
Mas afinal o que mais vale a pena? Negociar mesmo sabendo que o
sequestrador poderá vitimar um refém ou agir e matar o sequestrador ?
São escolhas que devem serem bem estudadas antes de tomar qualquer
decisão, ao mesmo tempo em que se valora o direito á vida para os reféns,
retira-se esse direito do sequestrador? Todos temos o direito a viver,
resguardado por lei, direito natural...Entretanto somos movidos por escolhas, a
lei em nenhum momento nos proíbe de praticar atos que nos comprometam
judicialmente, somos resguardados pelo artigo 5 da Constituição Federal,
entretanto a lei diz que se fizermos algo ilícito iremos ser penalizados e
responsabilizados pelo ato segundo o Código Penal.
Tenhamos conhecimento e discernimento do que é certo e errado, pois para
tudo há uma consequência, e é trabalho do ser humano se policiar e controlar
seus impulsos.
Para entender melhor quem era Willian Augusto da Silva e o que pensava,
vamos nos aprofundar um pouco na área psicológica...
E se Willian apenas fosse um homem com transtornos mentais, e que
precisasse de tratamento ? Precisasse de ajuda... Assim como muitos casos
ocorridos ao redor do mundo de massacres e sequestros, grande parte dos
indivíduos infratores são diagnosticados por serem portadores de Transtornos
psíquicos, e que podem ser o motivo da causa de sua ações impulsivas ou
premeditadas, em alguns casos diagnósticos que os descrevem como
psicopatas em potencial. Para melhor entendermos o que são esses
transtornos vamos aos conceitos:
Transtornos mentais são disfunções no funcionamento da
mente, que podem afetar qualquer pessoa e em qualquer
idade e, geralmente, são provocados por complexas
alterações do sistema nervoso central.
(Site : TUA SAUDE)

Ou seja, são alterações na sua psique, que podem levar o individuo a agir de
forma considerada inadequada ou fora do comum. Existem diversos tipos de
transtornos, os mais comuns são:
Depressão, Transtorno de ansiedade, Transtorno Bipolar, Demência, Deficit de
atenção, Esquizofrenia, TOC (Transtorno Obsessivo Compulsivo), Autismo,
Estresse pós-traumático, dentre outros.
São vários, o fato é de que muitos destes tem relações com a forma do crime e
comportamento do indivíduo criminoso.
Willian, não tinha um histórico criminoso, tinha uma família estabilizada, relatos
de reféns que apontam que Willian em nenhum momento falava que queria
machucar alguém, “queria apenas ficar famoso”. Outro relato de um refém é de
que Willian falou que “O único que vai sair morto daqui sou eu”, isso demonstra
um sentimento suicida, o que caracteriza um transtorno de depressão sofrido
por ele, que em um surto psicótico tomou o ônibus. É comum que suicidas
criem situações adversas com o intuito de serem mortos, muita das vezes por
não terem coragem de consumar o ato por si só.
Pelas características observadas e relatadas pelos reféns sobre Willian,
demonstram que ele não pode ser caracterizado um psicopata, pois, não
coincide com as características usada para distinguir um psicopata de uma
pessoal normal, com base na escala de Hare – PCL ( Psychopathy Checklist )
criado pelo psicólogo Robert Hare.
Podemos ver as intenções confusas do sequestrador, pelo relato de alguns dos
reféns:
"Eu fiquei dentro do ônibus, falando com o policial, como ele
era, o que ele queria. Mas ele, em nenhum momento, falava
que iria machucar. Três pessoas passaram mal, ele deixou
sair", afirmou Rafaela.
“De início, eu achei que era um assalto. Mas logo ele falou que
queria fazer algo como o filme do ‘ônibus 174’. Ele começou a
prender as pessoas, pediu batom para colocar o número na tela.
Eu me machuquei um pouco. Ele começou a negociar e estava
meio avoado. Ele falou que queria parar o estado”
"Ele falou que não queria assaltar ninguém, não queria agredir
ninguém. Ele só falou isso, vamos entrar pra história", disse Hans
Miller, na Delegacia de Homicídios de Niterói, São Gonçalo e
Itaboraí, na Região Metropolitana do Rio. (Hans Moreno, professor)
Lucas de Leão, marido de uma das reféns, que ainda estava
no ônibus por volta das 8h50, disse que o sequestrador não
ameaçava machucar os passageiros.
(Site: G1 GLOBO)

Podemos ver pelos relatos que a intenção inicial de Willian não era matar
alguém, mas era imprevisível as atitudes do jovem, e a policia recebeu ordens
para priorizar exclusivamente a vida dos reféns.
A varias discussões á questão da conduta do governador em adotar medidas
mais agressivas, sobre qual teria sido a melhor escolha, prisão, tratamento
psicológico ou a morte? Tudo varia de acordo com o andamento do fato,
poderia ser apenas um jovem necessitando de ajuda e tratamento, ou um
individuo potencialmente perigoso e imprevisível, que necessitava ser contido.
O Rio de Janeiro, sofre a anos com a violência, o tráfico, a pobreza nas
favelas, a desigualdade... No âmbito da segurança, o governo vem implantado
programas de viabilidade á segurança em comunidades, um exemplo são as
UPPs (Unidades de Policia Pacificadoras) para dar melhor assistência e
segurança para a população, entretanto o nível de violência está além de um
simples delito ou um criminoso morto em alguma operação policial, trata-se de
roubos e furtos, tráfico de drogas e armas, as favelas dominadas por milícias, a
insegurança que as comunidades, a população sofre diariamente... Os tiroteios
de Policiais contra o traficantes se tornou algo comum nas favelas do RJ, uma
guerra incessante que não tem prazo para acabar.
Por ser algo lucrativo, o crime nas favelas está longe de ter um fim, o comercio
de drogas é um dos principais, para muitos jovens acolhidos pelo tráfico, tal
comercio se mostra uma saída rápida e fácil da pobreza, e uma forma de
crescer na vida do crime, serem respeitados por outros criminosos, pois assim
como uma empresa, o tráfico tem sua hierarquia, onde quem tem mais poder é
que manda, e por vezes é o que motiva estes jovens que são iludidos pela vida
fácil, o dinheiro, o poder, o respeito.
A sociedade está de alguma forma dividida economicamente neste âmbito
social, temos os centros urbanos e as periferias como principais distinções, ao
mesmo tempo que temos o tráfico e o crime organizado nas periferias,
convivemos com os mesmos grupos nos centros urbanos, entretanto não nos
damos conta por ser algo que se camufla em meio a grandeza da metrópole.
Bem, se fica difícil para nós, pense melhor nos policiais, e agentes que buscam
por estes criminosos, arriscando suas vidas, para combater a criminalidade,
entrando em favelas para combater o tráfico de drogas... A população de bem
por vez fica em meio a esta guerra, tentando se proteger como podem, e não
muito incomum, as vezes vitimas desses confrontos entre o Crime e Policiais.
Infelizmente o Brasil é ineficiente para destinar recursos à segurança pública e
suprir as demandas da população, nos últimos anos o custo em segurança
pública tem se elevado muito, isso dar se pelo fato de que os recursos não
acompanham o crescimento exorbitante da criminalidade no país e a
complexidade de combater as organizações criminosas que dominam as
grandes metrópoles. O governo vê a necessidade de realocar verbas,
entretanto as demandas são muitas, o que acaba gerando um colapso na
segurança pública, policiais e agentes trabalhando sem o devido equipamento,
delegacias e presídios sem as devidas estruturas para acomodar os detentos,
ou seja, muita criminalidade para pouca intervenção possível, o que acaba
tornando os servidores da segurança pública incapazes de agir com total
eficácia.
Outro problema encontrado, é a preocupação pela educação de jovens... como
tirar os jovens, decorrentes de comunidade carentes, das mãos do crime? O
Estado integra várias ações sociais visando promover a integração destes
jovens no mercado de trabalho, investindo em educação e auxílios sociais,
entretanto é algo muito complexo de executar, pois como vimos antes, mas não
só na segurança o Brasil detém uma má administração das verbas destinadas,
mas também na educação pública, pois como vimos, são muitas demandas
com problemas a serem sanados, para pouca verba destinada as mesmas.
É um fator predominante ao que leva a escola do crime recrutar cada vez mais
adolescentes e jovens para o exército do tráfico.

“Brasil, um país de todos”. Entretanto nem todos estão pelo Brasil. A sociedade
se institui dividida em vários âmbitos, econômicos, social, ideais. Enquanto
prevalecer as discussões por demandas que abrangem a todos, entretanto por
interesses difusos, a sociedade não entrará em um consenso, por não existir
uma visão altruísta, e todos entendermos que estamos no mesmo barco,
pereceremos...
Referências

CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940 – Art.23 (JUSBRASIL, 2019)

CP - Decreto Lei nº 2.848 de 07 de Dezembro de 1940 – Art.148 (JUSBRASIL, 2019)

Site –TUA SAÚDE


Site – G1 Globo
Site: Twitter (@wilsonwitzel)
Bibliografia

https://vitorgug.jusbrasil.com.br/artigos/643952826/sobre-a-polemica-envolvendo-a-
utilizacao-de-snipers-pelo-governador-eleito-do-rio-de-janeiro-para-abater-quem-porta-fuzis

https://canalcienciascriminais.jusbrasil.com.br/artigos/746144376/sequestro-na-ponte-rio-
niteroi-o-sniper-agiu-sim-dentro-da-legalidade

http://jusmilitaris.com.br/sistema/arquivos/doutrinas/Diogo-Snipers.pdf

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/08/20/ponte-rio-niteroi-entenda-
como-foi-o-sequestro.htm

https://g1.globo.com/rj/rio-de-janeiro/noticia/2019/08/20/sequestro-na-ponte-veja-relatos-
de-refens-e-parentes.ghtml

https://www.bbc.com/portuguese/brasil-49411325

https://noticias.uol.com.br/cotidiano/ultimas-noticias/2019/09/23/o-que-e-o-excludente-de-
ilicitude-e-o-que-defende-o-projeto-de-moro.htm

https://jus.com.br/artigos/65726/aspectos-juridicos-do-tiro-do-sniper-policial

https://www.tuasaude.com/transtornos-mentais/

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