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GOFFMAN, Erving. Estigma: notas sobre a manipulação da identidade deteriorada. 4. ed. Rio de
Janeiro: Zahar, 1988.
“Os gregos, que tinham bastante conhecimento de recursos visuais, criaram o termo estigma para
se referirem a sinais corporais com os quais se procurava evidenciar alguma coisa de extraordinário ou
mau sobre o status moral de quem os apresentava. (...)Mais tarde, na Era Cristã, dois níveis de metáfora
foram acrescentados ao termo: o primeiro deles referia-se a sinais corporais de graça divina que tomavam
a forma de flores em erupção sobre a pele; o segundo, uma alusão médica a essa alusão religiosa, referia-
se a sinais corporais de distúrbio físico. Atualmente, o termo é amplamente usado de maneira um tanto
semelhante ao sentido literal original, porém é mais aplicado à própria desgraça do que à sua evidência
corporal.” (p. 5)
“Um estigma, é então, um tipo especial de relação entre atributo e estereótipo, embora eu
proponha a modificação desse conceito, em parte porque há importantes atributos que em quase toda a
nossa sociedade levam ao descrédito.
O termo estigma e seus sinônimos ocultam uma dupla perspectiva: Assume o estigmatizado que a
sua característica distintiva já é conhecida ou é imediatamente evidente ou então que ela não é nem
conhecida pelos presentes e nem imediatamente perceptível por eles? No primeiro caso, está-se lidando
com a condição do desacreditado, no segundo com a do desacreditável. Esta é uma diferença importante,
mesmo que um indivíduo estigmatizado em particular tenha, provavelmente, experimentado ambas as
situações.” (p. 7)
Três tipos diferentes de estigma: “Em primeiro lugar, há as abominações do corpo - as várias
deformidades físicas. Em segundo, as culpas de caráter individual, percebidas como vontade fraca,
paixões tirânicas ou não naturais, crenças falsas e rígidas, desonestidade, sendo essas inferidas a partir
de relatos conhecidos de, por exemplo, distúrbio mental, prisão, vicio, alcoolismo, homossexualismo,
desemprego, tentativas de suicídio e comportamento político radical. Finalmente, há os estigmas tribais de
raça, nação e religião, que podem ser transmitidos através de linhagem e contaminar por igual todos os
membros de uma família1. Em todos esses exemplos de estigma, entretanto, inclusive aqueles que os
gregos tinham em mente, encontram-se as mesmas características sociológicas: um indivíduo que poderia
ter sido facilmente recebido na relação social quotidiana possui um traço que pode-se impor a atenção e
afastar aqueles que ele encontra, destruindo a possibilidade de atenção para outros atributos seus. Ele
possui um estigma, uma característica diferente da que havíamos previsto. Nós e os que não se afastam
negativamente das expectativas particulares em questão serão por mim chamados de normais.” (p. 7-8)
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maneira específica, os extremos a que os estigmatizados estão dispostos a chegar e, portanto, a angústia
da situação que os leva a tais extremos.” (p. 11)
“O indivíduo estigmatizado pode, também, tentar corrigir a sua condição de maneira indireta,
dedicando um grande esforço individual ao domínio de áreas de atividade consideradas, geralmente, como
fechadas, por motivos físicos e circunstanciais, a pessoas com o seu defeito. (...) Finalmente, a pessoa
com um atributo diferencial vergonhoso pode romper com aquilo que é chamado de realidade, e tentar
obstinadamente empregar uma interpretação não convencional do caráter de sua identidade social.” (p. 12)
“Quando o defeito da pessoa estigmatizada pode ser percebido só ao se lhe dirigir a atenção
(geralmente visual) - quando, em resumo, é uma pessoa desacreditada, e não desacreditável - é provável
que ela sinta que estar presente entre normais a expõe cruamente a. invasões de privacidade, mais
agudamente experimentadas, talvez, quando crianças a observam fixamente. Esse desagrado em se
expor pode ser aumentado por estranhos que se sentem livres para entabular conversas nas quais
expressam o que ela, considera uma curiosidade mórbida sobre a sua condição, ou quando eles oferecem
uma ajuda que não é necessária ou não é desejada. Pode-se acrescentar que há certas fórmulas clássicas
para esses tipos de conversas: "Minha querida, como você conseguiu seu aparelho de surdez?"; "Meu tio-
avô tinha um, então acho que sei tudo sobre o seu problema''; "Sabe, eu sempre disse que esses
aparelhos são amigos excelentes e solícitos"; "Diga-me, como você consegue tomar banho com seu
audiofone?". Por isso se infere que o indivíduo estigmatizado pode ser abordado à vontade por estranhos,
desde que eles sejam simpáticos à sua situação.” (p. 17)
“Em vez de se retrair, o indivíduo estigmatizado pode tentar aproximar-se de contatos mistos com
agressividade; mas isso pode provocar nos outros uma série de respostas desagradáveis. Pode-se
acrescentar que a pessoa estigmatizada algumas vezes vacila entre o retraimento e a agressividade,
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correndo de um para a outra, tornando manifesta, assim, uma modalidade fundamental na qual a interação
face-to-face pode tornar-se muito violenta.
Sugiro, então, que o indivíduo estigmatizado - pelo menos o "visivelmente" estigmatizado - terá
motivos especiais, para sentir que as situações sociais mistas provam uma interação angustiada. Assim,
deve-se suspeitar que nós,- normais, também acharemos essas situações angustiantes. Sentiremos que o
indivíduo estigmatizado ou é muito agressivo ou é muito tímido e que, em ambos os casos, está pronto a
ler significados não intencionais em nossas ações. Nós próprios podemos sentir que, se mostramos
sensibilidade e interesse diretos por sua situação, estamos nos excedendo, ou que se na realidade,
esquecemos que ele tem um defeito, far-lhe-emos, provavelmente, exigências impossíveis de serem
cumpridas ou, inadvertidamente, depreciaremos seus companheiros de sofrimento.” (p. 18-19)
O Igual e o Informado
“Na maioria dos casos, entretanto, ele descobrirá que há pessoas compassivas, dispostas a
adotar seu ponto de vista no mundo e a compartilhar o sentimento de que ele é humano e
"essencialmente" normal apesar das aparências e a despeito de suas próprias dúvidas. Nesse caso,
devem-se considerar duas categorias. O primeiro grupo de pessoas benévolas é, é claro, o daquelas que
compartilham o seu estigma. Sabendo por experiência própria o que se sente quando se tem este estigma
em particular, algumas delas podem instrui-lo quanto aos artifícios da relação e fornecer-lhe um círculo de
lamentação no qual ele possa refugiar-se em busca de apoio moral e do conforto de sentir-se em sua
casa, em seu ambiente, aceito como uma criatura que realmente é igual a qualquer outra normal.” (p. 20)
“Entre seus iguais, o indivíduo estigmatizado pode utilizar sua desvantagem como uma base para
organizar sua vida, mas para consegui-lo deve-se resignar a viver num mundo incompleto. Neste, poderá
desenvolver até o último ponto a triste história que relata a possessão do estigma.” (p. 21)
“No estudo sociológico das pessoas estigmatizadas, o interesse está geralmente voltado para o
tipo de vida coletiva, quando esta existe, que levam aqueles que pertencem a uma categoria particular.
Aqui, certamente, se encontra um catálogo completo dos tipos de formação de grupo e de função de
grupo. (...) Essas associações são, quase sempre, o ponto máximo de anos de esforço por parte de
pessoas e grupos situados em diversas posições e constituem um objeto de estudo exemplar enquanto
movimentos sociais.” (p. 22)
“Aqui, é claro, há uma confusão conceitual muito comum. O termo "categoria" é perfeitamente
abstrato - e pode ser aplicado a qualquer agregado, nesse caso a pessoas com um estigma particular.
Grande parte daqueles que se incluem em determinada categoria de estigma podem-se referir à totalidade
dos membros pelo termo "grupo" ou um equivalente, como "nós" ou "nossa gente". Da mesma forma, os
que estão fora da categoria podem designar os que estão dentro dela em termos grupais. Em tais casos,
entretanto, é muito comum que o conjunto total de membros não constitua parte de um único grupo em
sentido estrito, já que não tem capacidade para - a ação coletiva nem um padrão estável e totalizador de
interação mútua. O que se sabe é que os membros de uma categoria de estigma particular tendem a
reunir-se em pequenos grupos sociais cujos membros derivam todos da mesma categoria, estando esses
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próprios grupos sujeitos a uma organização que os engloba em maior ou menor medida. E observa-se
também que quando ocorre que um membro da categoria entra em contato com outro, ambos podem
dispor-se a modificar o seu trato mútuo, devido à crença de que pertencem ao mesmo "grupo". Além disso,
fazendo parte da categoria um indivíduo pode ter uma probabilidade cada vez maior de entrar em contato
com qualquer outro membro e, mesmo, de entrar em relação com ele, como resultado. Uma categoria,
então, pode funcionar no sentido de favorecer entre seus membros as relações e formação de grupo mas
sem que seu conjunto total de membros constitua um grupo - sutileza conceitual que daqui em diante nem
sempre será observada neste livro.” (p. 23)
“Sobre esse tipo de profissionalização são, em geral, formuladas duas observações. Em primeiro
lugar, ao fazer de seu estigma uma profissão, os líderes "nativos” são obrigados a lidar com
representantes de outras categorias, descobrindo assim, que estão rompendo o círculo fechado de seus
iguais.
Em segundo lugar, os que apresentam profissionalmente a opinião de sua categoria podem
introduzir certas parcialidades sistemáticas em sua exposição apenas porque estão demasiadamente
envolvidos no problema para poderem escrever sobre ele.
Embora qualquer categoria possa ter profissionais que seguem linhas diversas, e mesmo
subvencionar publicações que defendem programas diferentes, há um acordo tácito uniforme de que a
situação do indivíduo com esse estigma particular merece atenção. Quer um escritor leve um estigma
muito a sério ou o considere não muito importante, deve defini-lo como algo sobre o que vale a pena
escrever. Esse acordo mínimo, mesmo quando não há outros, serve para consolidar a crença no estigma
como uma base para a autocompreensão. Nesse caso, novamente, os representantes não são
representativos, porque a representação nunca vem dos que não dão atenção a seu estigma ou que são
relativamente analfabetos.” (p. 26)
“Considerei que há um conjunto de indivíduos dos quais o estigmatizado pode esperar algum
apoio: aqueles que compartilham seu estigma e, em virtude disto, são definidos e se definem como seus
iguais. O segundo conjunto é composto - tomando de empréstimo um termo utilizado por homossexuais -
pelos "informados", ou seja, os que são normais, mas cuja situação especial levou a privar intimamente da
vida secreta do indivíduo estigmatizado e a simpatizar com ela, e que gozam, ao mesmo tempo, de uma
certa aceitação, uma certa pertinência cortês ao clã. Os "informados" são os homens marginais diante dos
quais o indivíduo que tem um defeito não precisa se envergonhar nem se autocontrolar, porque sabe que
será considerado como uma pessoa comum.” (p. 27)
“Antes de adotar o ponto de vista daqueles que têm um estigma particular, a pessoa normal que
está se convertendo em "informada" tem, primeiramente, que passar por uma experiência pessoal de
arrependimento sobre a qual existem numerosos registros literários. E depois que o simpatizante normal
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coloca-se à disposição dos estigmatizados deverá aguardar, com certa freqüência, a sua validação como
membro aceito. A pessoa não deve apenas se oferecer, mas deve, também, ser aceita.” (p. 27)
“Um tipo de pessoa “informada” é aquele cuja informação vem de seu trabalho num lugar que
cuida não das necessidades daqueles que têm um estigma particular quanto das ações empreendidas pela
sociedade em relação a eles.” (p. 28)
“Um segundo tipo de pessoa "informada" é o indivíduo que se relaciona com um indivíduo
estigmatizado através da estrutura social - uma relação que leva a sociedade mais ampla a considerar
ambos como uma só pessoa. Assim, a mulher fiel do paciente mental, a filha do ex-presidiário, o pai do
aleijado, o amigo do cego, a família do carrasco, todos estão obrigados a compartilhar um pouco o
descrédito do estigmatizado com o qual eles se relacionam. Uma resposta a esse destino é abraçá-lo e
viver dentro do mundo do familiar ou amigo do estigmatizado. Dever-se-ia acrescentar que as pessoas que
adquirem desse modo um certo grau de estigma podem, por sua vez, relacionar-se com outras que
adquirem algo da enfermidade de maneira indireta. Os problemas enfrentados por uma pessoa
estigmatizada espalham-se em ondas de intensidade decrescente.” (p. 28-29)
“As pessoas que têm um estigma aceito fornecem um modelo de "normalização" que mostra até
que ponto podem chegar os normais quando tratam uma pessoa estigmatizada como se ela fosse um
igual. (A normalização deve ser diferençada da "normificação", ou seja, o esforço, por parte de um
indivíduo estigmatizado, em se apresentar como uma pessoa comum, ainda que não esconda
necessariamente o seu defeito.) Além disso, pode ocorrer um culto do estigmatizado, sendo a resposta
estigmafóbica dos normais neutralizada pela resposta estigmáfila dos "informados". As pessoas que têm
um estigma aceito podem colocar tanto o estigmatizado quanto o normal numa posição desconfortável:
estando sempre prontos a suportar a carga do que não é "realmente seu", podem colocar os demais frente
a uma moralidade excessiva; tratando o estigma como uma questão neutra, que deve ser encarada
diretamente e sem rodeios, expõem a si mesmos e aos estigmatizados a uma interpretação errônea, já
que os normais podem notar uma certa agressividade neste comportamento.
A relação entre o estigmatizado e seu aliado pode ser difícil. A pessoa que tem um defeito pode
sentir que a qualquer momento pode haver uma volta ao estado anterior, sobretudo quando as defesas
diminuem e a dependência aumenta.” (p. 29-30)
A carreira moral
“As pessoas que têm um estigma particular tendem a ter experiências semelhantes de
aprendizagem relativa à sua condição e a sofrer mudanças semelhantes na concepção do eu - uma
“carreira moral" semelhante, que não só causa como efeito do compromisso com uma sequência
semelhante de ajustamentos pessoais. (...) Uma das fases desse processo de socialização é aquela na
qual a pessoa estigmatizada aprende e incorpora o ponto de vista dos normais, adquirindo, portanto, as
crenças da sociedade mais ampla em relação à identidade e uma ideia geral do que significa possuir um
estigma particular. Uma outra fase é aquela na qual ela aprende que possui um estigma particular e, dessa
vez detalhadamente, as consequências de possuí-lo. A sincronização e interação dessas duas fases
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iniciais da carreira moral formam modelos importantes, estabelecendo as bases para um desenvolvimento
posterior, e fornecendo meios de distinguir entre as carreiras morais disponíveis para os estigmatizados.”
(p. 30)
“Um deles envolve os que possuem um estigma congênito e que são socializados dentro de sua
situação de desvantagem, mesmo quando estão aprendendo e incorporando os padrões frente aos quais
fracassam.” (p. 30)
“Um segundo modelo deriva da capacidade de uma família e, em menor grau, da vizinhança local,
em se constituir numa cápsula protetora para seu jovem membro. Dentro de tal cápsula, uma criança
estigmatizada desde o seu nascimento pode ser cuidadosamente protegida pelo controle de informação.
Nesse círculo encantado, impede-se que entrem definições que o diminuam, enquanto se dá amplo acesso
a outras concepções da sociedade mais ampla, concepções que levam a criança encapsulada a se
considerar um ser humano inteiramente qualificado que possui uma identidade normal quanto a questões
básicas como sexo e idade.
O momento crítico na vida do indivíduo protegido, aquele em que o círculo doméstico não pode
mais protegê-lo, varia segundo a classe social, lugar de residência e tipo de estigma mas, em cada caso, a
sua aparição dará origem a uma experiência moral. Assim, frequentemente se assinala o ingresso na
escola pública como a ocasião para a aprendizagem do estigma, experiência que às vezes se produz de
maneira bastante precipitada no primeiro dia de aula, com insultos, caçoadas, ostracismo e brigas. É
interessante notar que, quanto maiores as "desvantagens" da criança, mais provável é que ela seja
enviada para uma escola de pessoas de sua espécie e que conheça mais rapidamente a opinião que o
público em geral tem dela. Dir-lhe-ão que junto a "seus iguais" se sentirá melhor, e assim aprenderá que
aquilo que considerava como o universo de seus iguais estava errado e que o mundo que é realmente o
seu é bem menor. Deve-se acrescentar que quando; na infância, o estigmatizado consegue atravessar
seus anos de escola ainda com algumas ilusões, o estabelecimento de relações ou a procura de trabalho o
colocarão, amiúde, frente ao momento da verdade.” (p. 31)
“Um terceiro modelo de socialização é exemplificado pelos que se tornam estigmatizados numa
fase avançada da vida ou aprendem muito tarde que sempre foram desacreditáveis - o primeiro caso não
envolve uma reorganização radical da visão de seu passado, mas o segundo sim. Tais indivíduos ouviram
tudo sobre normais e estigmatizados muito antes de serem obrigados a considerar a si próprios como
deficientes.” (p. 32)
“Um quarto modelo é ilustrado por aqueles que, inicialmente, são socializados numa comunidade
diferente, dentro ou fora das fronteiras geográficas da sociedade normal, e que devem, portanto, aprender
uma segunda maneira de ser, ou melhor, aquela que as pessoas à sua volta consideram real e válida.
Deve-se acrescentar que quando um indivíduo adquire tarde um novo ego estigmatizado, as
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dificuldades que sente para estabelecer novas relações pode, aos poucos, estender-se às antigas. As
pessoas com as quais ele passou a se relacionar depois do estigma podem vê-lo simplesmente como uma
pessoa que tem um defeito; as amizades anteriores, à medida que estão ligadas a uma concepção do que
ele foi, podem não conseguir tratá-lo, nem com um tato formal nem com uma aceitação familiar total (...).”
(p. 33)
“Nos muitos casos em que a estigmatização do indivíduo está associada com sua admissão a
uma instituição de custódia, como uma prisão, um sanatório ou um orfanato, a maior parte do que ele
aprende sobre o seu estigma ser-lhe-á transmitida durante o prolongado contato íntimo com aqueles que
irão transformar-se em seus companheiros de infortúnio.
Como já se sugeriu, quando o indivíduo compreende pela primeira vez quem são aqueles que de
agora em diante ele deve aceitar como seus iguais ele sentirá, pelo menos, uma certa ambivalência
porque estes não só serão pessoas nitidamente estigmatizadas e, portanto, diferentes da pessoa normal
que ele acredita ser, mas também poderão ter outros atributos que, segundo a sua opinião, dificilmente
podem ser
associados ao seu caso. O que pode terminar como maçonaria, pode começar com um estremecimento.”
(p. 34)
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“Deve-se acrescentar que ao refletir sobre o momento em que descobriu que as pessoas que têm
o seu estigma são pessoas iguais a qualquer outra, o estigmatizado pode chegar a tolerar que os amigos
que tinha antes do estigma considerem desumanos aqueles a quem ele aprendeu a ver como pessoas tão
completas quanto ele.” (p. 37)
“Uma outra crise - considerada retrospectivamente, se não originalmente - é a experiência do
isolamento e da falta dè habilitação, geralmente um período de hospitalização que mais tarde vem a ser
considerado como a época em que o indivíduo podia pensar em seu problema, aprender sobre si mesmo,
adaptar-se à sua situação e alcançar uma nova compreensão daquilo que é importante e merece ser
buscado na vida. Deve-se acrescentar que não só as experiências das pessoas são identificadas
retrospectivamente com momentos decisivos, mas também as que já, foram superadas podem ser
empregadas assim.” (p. 37)