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Pedro da Maia
Incluída na longa analepse que se inicia no capítulo I, a história exemplar de
Pedro da Maia norteia-se pelos princípios naturalistas, segundo os quais a
personalidade do indivíduo dependia da conjugação de três fatores: a
hereditariedade, a educação e o meio.
1. Educação
3. Meio
A promessa, feita após a morte da mãe, de dormir durante um ano sobre as lajes do
pátio;
as visitas diárias ao túmulo da mãe, carregado de luto pesado;
os distúrbios, a boémia e a estroinice;
as leituras devotas;
a mudança frequente de comportamentos e atitudes.
5.3. Os presságios
a parecença de Pedro com um avô da mãe, que enlouquecera e se enforcara: aponta
para o suicídio de Pedro;
a paixão por Maria é descrita como "um amor à Romeu, vindo de repente numa troca
de olhares fatal...":
a oposição paterna (de Afonso da Maia);
a presença do fatalismo;
os indícios de tragédia (a morte dos amantes na peça de Shakespeare encontra, n' Os
Maias, equivalência na morte de Pedro;
o vestido cor-de-rosa: a cor simboliza a vida romântica em que Pedro se enleou;
a cor dos olhos de Maria ("azul sombrio"): sugere a existência de sombras, ou seja,
complicações, naquela relação amorosa;
a ramagem de um verde triste: constitui o prenúncio da tristeza que ensombrará a
relação;
a sombrinha que envolve totalmente Pedro da Maia parecia a Afonso "... uma larga
mancha de sangue...":
o suicídio de Pedro;
o incesto de Carlos e Maria Eduarda (a relação amorosa entre dois irmãos de sangue),
o ramo que se esfolha num vaso do Japão sugere a morte de Pedro.
Em jeito de conclusão, assinale-se o estado de espírito de Pedro nos momentos que
antecedem o seu suicídio e que vem comprovar estarmos na presença de uma personagem
que é «um fraco em tudo». Com efeito, ele surge em casa do pai num estado de absoluto
desespero e descomposto: enlameado, desalinhado, com a face lívida, os cabelos revoltos, um
olhar de loucura.Com o rosto devastado, envelhecido, chora perdidamente, lançando-se nos
braços do pai.
Num primeiro momento, ainda pensa perseguir Maria e Tancredo, mas desiste rapidamente
dessa intenção, revelando, desde já, a sua incapacidade para reagir frontalmente às situações
adversas. Ao longo da noite que antecede a morte, Pedro revela grande agitação e falta de
autodomínio, sobretudo por não saber o que fazer e por se ver naquela situação. Por
momentos, revela toda a sua fúria contra o «amigo» Tancredo, que fugiu com a esposa, e
contra esta, que o atraiçoou fugindo e deixando-o numa situação miserável. Antes do
momento fatal, escreve uma carta final ao pai.