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APROFUNDAMENTO EM ESPORTES INDIVIDUAIS IV

Docente: Raoni Perrucci Toledo Machado


Discente: Nathália Aparecida dos Santos

Características das atividades físicas na natureza

Em se tratando das modalidades esportivas na natureza, é possível observar sua base


histórica e evolutiva no tempo. Como já estudado nesta disciplina, tais atividades físicas tiveram
grande influência do movimento Contracultural que consolidou-se entre as décadas de 60 e 70, no
qual a grande parcela jovem da população - exauridos de serem governados a partir de uma
perspectiva compulsória - representaram um período de forte contradição aos padrões e condições
da sociedade daquela época. Vale destacar que foi neste período que diversos esportes radicais
tiveram sua gênese, como é o caso do skate, modalidade que será utilizada para a confecção deste
trabalho.
Assim como qualquer outra atividade física na natureza, uma das principais características
do skate é o fato de estar associado a sensações de risco, imprevisibilidade, encorajamento e
sobretudo, a sensação de liberdade e bem-estar. Segundo Bruhns (2009), a aventura está
relacionada com “o desejo por outro lugar”, no qual o indivíduo busca fugir , escapar de sua
realidade. De certa forma, pode-se dizer que, esta fala elucida perfeitamente toda a origem e
particularidades destas modalidades, visto que, de acordo com seu contexto os praticantes estão em
uma constante “fuga” de tudo o que se apresenta como imposto e coesivo, de tudo o que é dito
como padrão e que de certa maneira é estigmatizado pela sociedade.
Sob essa perspectiva, esportes como o skate, ganharam muita notoriedade sobretudo por se
diferenciarem de outras modalidades esportivas mais tradicionais, que por vezes estão consolidadas
em pensamentos antiquados ou presos a padrões excedidos no tempo.
Outrossim, salienta-se a interação proporcionada por esses esportes como mais uma de suas
singularidades que os distancia das práticas tradicionais do esporte. O modo como o praticante tem
a oportunidade de se relacionar com o ambiente a sua volta é único das modalidades na natureza,
retirando a pessoa de sua rotina e criando condições para interagir tanto com o espaço a sua volta,
quanto com outros praticantes. A partir de novos paradigmas centrados na aproximação do ser com
a natureza, no lazer e na melhoria da qualidade de vida, os esportes radicais substituem o olhar
tecnicista e de alto rendimento do universo esportivo (MARINHO, 2001).

Nessa lógica, Armbrust e Lauro (2010)​, destacaram como os sujeitos praticantes dos

esportes na natureza saibam aproveitar muito bem seu espaço de prática, ainda que, justamente por
“transgredirem” alguns valores tradicionais, enfrentam grandes discussões e preconceitos devido à
sua ação. Tal asserção fica nítida, ao se observar como os praticantes de skate por exemplo, utilizam
dos ambientes urbanos de maneira dinâmica, empregando suas manobras sobre os monumentos da
cidade, nos bancos das praças ou em corrimãos das escadas, revelando sua originalidade e
criatividade.
Além de tudo o que foi dito, é de referir, que modalidades como o skate possuem um
aspecto que está relacionado com suas regras e condutas. De súbito, ao se presenciar o esporte, a
primeira impressão é que as regras são inexistentes, que os atletas podem fazer qualquer tipo de
manobra e tomar qualquer estratégia durante sua performance, no entanto há controvérsias. Assim
como os diversos outros esportes mais tradicionais, esportes radicais também possuem suas
normas e regulamentos, contudo, um elemento que diferencia realmente tais modalidades é a
autonomia que cada um delas detêm, sendo que, no desporto da natureza os praticantes dispõem
de mais liberdade, de mais independência, o que muitas vezes, não acontece nos esportes
convencionais que conservam um sistema rígido de regras e preceitos.
Nesse ponto de vista, fica explícito que em sua essência, as modalidades radicais tornam-se
de certa maneira um modo de contrariar as regras exigidas pelo esporte, “libertando” os praticantes
da constante vigilância comportamental determinada pela sociedade, como nos aponta Foucault
(1999). Ao que tudo indica, as técnicas e manobras realizadas nestes desportos, nos permitem
vislumbrar uma “desconstrução” das tradições esportivas, as quais seguem um sistema de padrões
por vezes limitado por uma consciência regressista.
Em última análise, faz-se importante destacar também algumas expressões que ilustram
muito bem a natureza destes esportes, como “ livre, leve e solto”, “liberdade”, “jogar os braços para
um lado e para o outro”, “brincar com os movimentos”. Todas essas expressões demonstram alguns
dos motivos que levam as pessoas a ingressarem nos esportes radicais, sensações e emoções que
trazem novos significados às práticas esportivas, possibilitando olhares cada vez mais atuais e
preocupados com a realidade dos indivíduos (suas diferenças e particularidades) e do ambiente.

Referências Bibliográficas:
ARMBRUST, Igor; LAURO, Flávio Antônio Ascânio. O Skate e suas possibilidades educacionais. ​Motriz:
Revista de Educação Física​, v. 16, n. 3, p. 799-807, 2010.
BRUHNS, H. T. A Busca pela natureza: turismo e aventura.Barueri, São Paulo: Manole, 2009. 191 p
FOUCAULT​, Michel. Vigiar e Punir, 1999.
MARINHO, Alcyane. Lazer, natureza e aventura: compartilhando emoções e compromissos. ​Revista
Brasileira de Ciências do Esporte​, v. 22, n. 2, 2001.

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