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Nessa lógica, Armbrust e Lauro (2010), destacaram como os sujeitos praticantes dos
esportes na natureza saibam aproveitar muito bem seu espaço de prática, ainda que, justamente por
“transgredirem” alguns valores tradicionais, enfrentam grandes discussões e preconceitos devido à
sua ação. Tal asserção fica nítida, ao se observar como os praticantes de skate por exemplo, utilizam
dos ambientes urbanos de maneira dinâmica, empregando suas manobras sobre os monumentos da
cidade, nos bancos das praças ou em corrimãos das escadas, revelando sua originalidade e
criatividade.
Além de tudo o que foi dito, é de referir, que modalidades como o skate possuem um
aspecto que está relacionado com suas regras e condutas. De súbito, ao se presenciar o esporte, a
primeira impressão é que as regras são inexistentes, que os atletas podem fazer qualquer tipo de
manobra e tomar qualquer estratégia durante sua performance, no entanto há controvérsias. Assim
como os diversos outros esportes mais tradicionais, esportes radicais também possuem suas
normas e regulamentos, contudo, um elemento que diferencia realmente tais modalidades é a
autonomia que cada um delas detêm, sendo que, no desporto da natureza os praticantes dispõem
de mais liberdade, de mais independência, o que muitas vezes, não acontece nos esportes
convencionais que conservam um sistema rígido de regras e preceitos.
Nesse ponto de vista, fica explícito que em sua essência, as modalidades radicais tornam-se
de certa maneira um modo de contrariar as regras exigidas pelo esporte, “libertando” os praticantes
da constante vigilância comportamental determinada pela sociedade, como nos aponta Foucault
(1999). Ao que tudo indica, as técnicas e manobras realizadas nestes desportos, nos permitem
vislumbrar uma “desconstrução” das tradições esportivas, as quais seguem um sistema de padrões
por vezes limitado por uma consciência regressista.
Em última análise, faz-se importante destacar também algumas expressões que ilustram
muito bem a natureza destes esportes, como “ livre, leve e solto”, “liberdade”, “jogar os braços para
um lado e para o outro”, “brincar com os movimentos”. Todas essas expressões demonstram alguns
dos motivos que levam as pessoas a ingressarem nos esportes radicais, sensações e emoções que
trazem novos significados às práticas esportivas, possibilitando olhares cada vez mais atuais e
preocupados com a realidade dos indivíduos (suas diferenças e particularidades) e do ambiente.
Referências Bibliográficas:
ARMBRUST, Igor; LAURO, Flávio Antônio Ascânio. O Skate e suas possibilidades educacionais. Motriz:
Revista de Educação Física, v. 16, n. 3, p. 799-807, 2010.
BRUHNS, H. T. A Busca pela natureza: turismo e aventura.Barueri, São Paulo: Manole, 2009. 191 p
FOUCAULT, Michel. Vigiar e Punir, 1999.
MARINHO, Alcyane. Lazer, natureza e aventura: compartilhando emoções e compromissos. Revista
Brasileira de Ciências do Esporte, v. 22, n. 2, 2001.