Você está na página 1de 23

Universidade de São Paulo

Instituto de Física de São Carlos


Laboratório de Física II

Prática IV:
Ondas Estacionárias

Andressa Colaço - Nº12610389


Rafael Bentes de Sales - Nº12541632
Victória Gabrielle Ferreira Cava de Britto - Nº12541820

São Carlos
2021
Sumário

1 Introdução 2

2 Objetivos 3

3 Materiais 4

4 Métodos Experimentais 4
4.1 Ondas estacionárias em uma corda com extremidades fixas . . . . . . . . . 4
4.2 Ondas sonoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
4.2.1 Tubo de Kundt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5
4.2.2 Tubo de Rubens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 7

5 Resultados e Discussões 8
5.1 Ondas estacionárias . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 8
5.2 Ondas sonoras . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5.2.1 Tubo de Kundt . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 10
5.2.2 Tubo de Rubens . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19

6 Conclusão 20

Referências 22
1 Introdução
A presente prática visa investigar e auxiliar na compreensão dos fenômenos relaci-
onados às ondas estacionárias e suas propriedades em diferentes meios e configurações
iniciais.
Uma maneira de gerar uma onda progressiva é através do pulso periódico de um
extremo de uma corda de densidade linear 𝜇 que é mantida tensa através da aplicação de
uma força constante 𝐹 . A onda deste caso é transversal, já que a pertubação da corda
é perpendicular à direção na qual as ondas se propagam com velocidade 𝑣, dada pela
equação:
√︃
𝐹
𝑣= (1)
𝜇
Outra expressão que pode ser considerada para a determinação da velocidade de pro-
pagação é:

𝜆
𝑣= = 𝜆𝑓 (2)
𝑇
onde 𝜆 é o comprimento de onda e 𝑓 a frequência, dada em Hertz.
Por outro lado, se ambas as extremidades da corda forem fixas e o pulso for dado
em alguma das frequências determinadas, pode-se gerar uma onda estacionária resultante
da superposição de duas ondas viajando em direções opostas (as originadas do pulso e as
reflexões causadas pelo encontro com o extremo fixo). A principal característica desse tipo
de onda é que a pertubação não se propaga (pontos da corda não se movem lateralmente).
Porém, cada parte da corda ainda oscila no sentido vertical com determinada frequência
𝑓.
Os extremos da corda não oscilam e, dessa maneira, correspondem a nós. Esse fator
determina a que comprimentos de onda 𝜆𝑛 os harmônicos da onda ocorrem ("estados"
que a onda pode assumir). A equação que permite calcular os comprimentos de onda
correspondentes a cada um é a seguinte:

𝜆𝑛
𝐿=𝑛 (3)
2
onde 𝐿 é o comprimento da corda e 𝑛 é um número inteiro correspondente ao harmônico
gerado na corda. A velocidade das ondas é constante, o que indica que cada frequência
corresponde a um harmônico diferente.
Note que a existência das ondas estacionárias depende do garantimento de que as
equações 1, 2 e 3 se satisfaçam simultaneamente. Caso contrário, a onda produzida será
uma onda qualquer.
Ondas estacionárias também podem ser sonoras. As ondas sonoras são perturbações
da pressão que se propagam de maneira longitudinal através de um meio material, como

2
o ar. Neste caso, os locais onde a pressão é localmente máxima (em relação à pressão
atmosférica) correspondem às cristas da onda e os locais onde a pressão corresponde a
um mínimo local correspondem aos vales. Além disso, no caso das ondas sonoras, tem-se
definida a velocidade 𝑣 da onda como:
√︃
𝐵
𝑣= (4)
𝜌
Onde 𝐵 é o Módulo de Bulk do gás utilizado para a propagação da onda e 𝜌 é a sua
densidade.
Similarmente ao que acontece na corda, a interferência de ondas sonoras com mesma
amplitude e frequência que viajam em direções opostas em determinada velocidade produz
uma onda estacionária. Pode-se realizar isto experimentalmente com um tubo de ar com
um alto-falante em um extremo e o outro fechado. A onda criada pelo alto-falante reflete
na parede oposta do tubo e é refletida, sobrepondo as ondas que são criadas e gerando
uma onda estacionária no tubo. Há sempre ao menos duas cristas neste caso: uma na
saída do alto-falante e outra no extremo oposto do tubo. Os comprimentos de onda deste
caso também são dados conforme a equação 3, onde 𝐿 é o comprimento do tubo e 𝑛 o
modo de oscilação. Note que também seria possível criar ondas harmônicas em tubos
abertos e semi-abertos, mas os modos de oscilação seriam diferentes.
Essa configuração experimental pode ser utilizada para determinar a velocidade do
som no ar ou em um determinado gás, determinando a frequência e o comprimento de
onda da onda estacionária. Vale lembrar que a velocidade do som depende apenas do
meio no qual se propaga e suas propriedades (temperatura e pressão).

2 Objetivos
O objetivo principal da presente prática é investigar o comportamento de ondas trans-
versais estacionárias em cordas e em colunas de ar. Para tal, tem-se os seguintes objetivos
específicos:

• Encontrar a frequência, os modos normais de vibração e determinar a velocidade de


propagação de uma onda em uma corda;

• Determinar a densidade linear da corda através da velocidade encontrada e através


da massa e comprimento desta;

• Determinar as características de ondas em um Tubo de Kundt para os modos nor-


mais com comprimento constante e variável do tubo;

• Determinar as propriedades das ondas correspondentes ao primeiro harmônico de


um gás desconhecido e determinar qual é o gás a partir delas;

3
• Utilizar o Tubo de Rubens para comparar os resultados obtidos com o Tubo de
Kundt;

• Discutir os resultados obtidos e comparar os diferentes métodos utilizados para a


determinação de uma mesma propriedade.

3 Materiais
• Oscilador de frequência controlável • Tubo de Rubens;
(com leitor)
• Gás GLP quente;
• Balança digital;

• Régua; • Massa;

• Tubo de Kundt; • Corda.

4 Métodos Experimentais
4.1 Ondas estacionárias em uma corda com extremidades fixas
A primeira parte do experimento é realizada utilizando um oscilador (de amplitude
baixa), utilizado para vibrar uma corda presa a ele e tensionada por um peso em torno
de uma polia, conforme ilustra a figura 1 abaixo:

Figura 1: Montagem do primeiro experimento da prática.

AZEVEDO, 2020.

Nesse cenário, sabendo que a velocidade da onda depende somente das propriedades
do meio, isto é, a densidade linear da corda e a tensão a que é submetida. Assim, mede-se
o comprimento total da corda com precisão de 0, 01 𝑚 e sua massa com uma balança
digital de precisão 0, 01 𝑔, e calcula-se sua densidade linear, tal que:

𝑚
𝜇= (5)
𝐿
4
Além disso, mede-se, com a mesma balança, o peso utilizado para tensionar a corda.
O experimento consiste, basicamente, em aumentar a frequência do oscilador até que
os modos normais de vibração sejam devidamente caracterizados, o que pode ser validado
visualmente pelo operador. Assim, quando um modo normal de vibração for alcançado,
a frequência e o 𝑛 que caracterizam esse modo serão anotados. O procedimento será
realizado até o quinto harmônico, e os pares de valores serão operados, de modo a formar
uma tabela relacionando o valor do índice 𝑛 do harmônico com o número de nós, o
comprimento de onda e a frequência de vibração do oscilador. Para tanto, é medido, com
precisão de 0, 01 𝑚, o tamanho 𝐿 do fio que sofre oscilação da onda.
A partir dos valores dessa tabela, o valor da velocidade da onda, com sua incerteza,
será calculado. Tendo em vista a equação 1, espera-se que a velocidade seja a mesma para
todas as frequências utilizadas, o que deverá ser verificado.
Afinal, com a velocidade medida e sabendo o peso da massa suspensa, pode-se calcular
o valor da densidade linear da corda, tal que:

𝐹
𝜇= (6)
𝑣2
O resultado obtido por meio da equação 6 será comparado com o obtido por meio da
equação 5.

4.2 Ondas sonoras


4.2.1 Tubo de Kundt

A segunda parte do experimento é realizada utilizando uma montagem chamada Tubo


de Kundt, ilustrada pela figura abaixo:

Figura 2: Representação ilustrativa do Tubo de Kundt.

AZEVEDO, 2020.

Essa montagem experimental, quando devidamente organizada no laboratório, foi fo-


tografada e é mostrada na figura 3 abaixo:

5
Figura 3: Fotografia da montagem experimental do Tubo de Kundt.

AZEVEDO, 2020.

Nesse experimento, uma onda sonora é emitida pelo alto-falante, à esquerda, e é


captada pelo microfone, à direita, no pistão móvel. No caso do Tubo de Kundt, que é um
tubo sonoro fechado, as paredes (isto é, a superfície do pistão móvel e do alto-falante) são
anti-nós, ou seja, neles, a amplitude sonora deve ser máxima, assim, quando o microfone,
a uma distância 𝐿 > 0 do alto-falante, indicar uma maximização na intensidade do som,
significa que um modo normal de vibração foi alcançado. Dessa forma, as frequências em
que isso ocorrer serão anotadas, pois indicarão um modo normal de vibração. Note, no
entanto, que a velocidade 𝑣 do som no gás dentro do tubo deve ser constante, assim, com
base nas equações 2 e 3:

𝑣
𝑣 = 𝜆𝑓 =⇒ 𝜆 =
𝑓
𝜆 𝑛𝑣
𝐿 = 𝑛 =⇒ 𝐿 =
2 2𝑓

Assim, se 𝐿 e a temperatura 𝑇 = 25°𝐶 forem mantidos constantes, a equação 7 pode


𝑛
ser interpretada como uma reta de 𝑓 𝑣𝑠. 2𝐿 , em que 𝑣 é o coeficiente angular.

𝑛
𝑓= 𝑣 (7)
2𝐿
Assim, o experimento consiste em aumentar a frequência de oscilação até que sejam
alcançados os modos normais de vibração (𝑛 = 1, 2, 3...). Com os valores anotados (a
frequência pode ser observada no controlador de frequência, conforme mostrado na figura
𝑛
3), será montada uma tabela relacionando 𝑛 aos seus respectivos valores de 2𝐿 e 𝑓 , e, com
base nessa tabela, será realizado um gráfico, a partir do qual será extraído o coeficiente
angular, que deve indicar justamente a velocidade do som no ar, logo, o resultado obtido
será comparado ao esperado.
Após isso, o procedimento experimental será repetido, mas, dessa vez, mantendo cons-
tante a frequência 𝑓 e a temperatura 𝑇 = 25°𝐶 e variando, até alcançar-se os modos nor-
6
mais, o comprimento 𝐿 do tubo por meio do pistão móvel. O experimento será realizado
com base na equação 8 abaixo:

𝑛𝜆
𝐿= (8)
2
A partir da qual se observa que, analogamente, relacionando 𝐿 a 𝑛, a relação é linear,
e o coeficiente angular é a o 2 . Assim, os comprimentos serão aumentados e medidos com
uma régua de precisão de 0, 1 𝑐𝑚 até alcançar-se os modos de vibração, e cada ponto
será anotado. Os resultados serão organizados em uma tabela relacionando o índice do
harmônico (𝑛 = 1, 2, 3...) ao comprimento 𝐿 do tubo e ao valor de 𝑛, e, a partir dessa
tabela, será montado um gráfico de uma reta, cujo coeficiente angular deve ser calculado
e operado para resultar na velocidade do som a partir da equação 2. O resultado será
comparado ao valor obtido anteriormente e ao valor esperado.
Enfim, para finalizar a segunda parte do experimento, o procedimento será realizado
novamente, mas, dessa vez, ao invés de estar cheio de ar, o tubo é preenchido com um gás
desconhecido até observar-se a maximização da amplitude do som captado pelo microfone.
No entanto, dessa vez, apenas o primeiro harmônico será considerado, e a temperatura
𝑇 = 25°𝐶 continuará constante. Assim, os valores da frequência e do comprimento 𝐿
em que ocorre o primeiro harmônico ocorre serão anotados e utilizados para calcular a
velocidade 𝑣 do som nesse gás com base na seguinte equação, baseada na 7:

𝑣 = 2𝐿𝑓1 (9)

Com a velocidade do som nesse gás a essa temperatura, é possível, por meio de consulta
no CRC Handbook of Chemistry and Physics (2017) [1], descobrir qual o gás utilizado,
pois os valores dessas grandezas são tabelados.

4.2.2 Tubo de Rubens

O terceiro e último experimento dessa prática consiste na montagem experimental do


Tubo de Rubens, conforme ilustrado pela figura 4 abaixo:

Figura 4: Fotografia da montagem experimental do Tubo de Rubens.

AZEVEDO, 2020.
7
Na fotografia, observa-se que a onda é formada por "jatos"de fogo. Isso ocorre porque
o Tubo de Rubens consiste, basicamente, em um tubo preenchido com um gás inflamável
(no caso, gás GLP quente), que possui pequenos furos sucessivos em sua parte superior.
Assim, quando uma onda sonora alcança seu modo normal de vibração dentro desse tubo,
alguns pontos apresentam máximos de pressão e outros mínimos. Já que a pressão fora do
tubo é a mesma em todos os orifícios, a diferença de pressão é maior em alguns pontos que
em outros, fazendo com que os máximos de pressão impliquem em jatos mais fortes desse
gás que nos pontos de mínima pressão. Assim, quando o gás é aceso com fogo, observa-
se bem o formato da onda sonora, ou seja, medindo o tamanho 𝐿 do tubo e regulando
a frequência até que se observe a formação das ondas estacionárias com determinados
harmônicos de índices 𝑛 = 1, 2, 3..., é possível organizar dados em uma tabela e, após
isso, montar um gráfico análogo à primeira parte do segundo experimento (quando 𝐿 é
𝑛
constante), de 𝑓 𝑣𝑠. 2𝐿 , em que o coeficiente angular é a velocidade 𝑣 do som no gás.

5 Resultados e Discussões
5.1 Ondas estacionárias
Inicialmente, mede-se o comprimento total de uma corda como 𝐿𝑐𝑜𝑟𝑑𝑎 = (22, 97 ±
0, 01)𝑚 e massa 𝑚𝑐𝑜𝑟𝑑𝑎 = (5, 52 ± 0, 01)𝑔. Após isso, a corda é cortada e o experimento
é montado, com uma massa suspensa de magnitude 𝑚 = (60, 69 ± 0, 01) 𝑔. Além disso,
mede-se o comprimento do fio que sofre oscilação como 𝐿 = (1, 36 ± 0, 01) 𝑚. Com os
dois primeiros valores, é possível calcular a densidade linear 𝜇 com a equação 5, tal que:

(5, 52 ± 0, 01).10−3
𝜇= = (0, 2403 ± 0, 0005) 𝑔/𝑚
(22, 97 ± 0, 01)
Então, o experimento foi realizado e as frequências anotadas. Utilizando a equação 3,
calculou-se os comprimentos de onda de cada harmônico, tal que 𝜆𝑛 = 2𝐿 𝑛
, e montou-se a
tabela 1

Tabela 1: Tabela relacionando o valor do índice 𝑛 do harmônico com o número de nós, o


comprimento de onda e a frequência de vibração do oscilador.

Índice (𝑛) Número de nós 𝜆𝑛 (𝑚) 𝑓𝑛 (𝐻𝑧) ±0, 1 𝐻𝑧


1 2 2,72 18,0
2 3 1,36 36,4
3 4 0,91 54,8
4 5 0,68 73,2
5 6 0,54 91,4
Fonte: Autoria própria.

8
Visando verificar a conservação da velocidade com a variação da frequência, calcula-se,
com a equação 2, a velocidade de onda em casa modo de vibração, e obtém-se os valores
a seguir:

𝑣 = 𝜆𝑛 𝑓𝑛

Tabela 2: Tabela relacionando o índice 𝑛 de harmônico com a velocidade da onda

Índice (𝑛) Velocidade da onda (𝑚/𝑠)


1 48,960
2 49,504
3 49,868
4 49,776
5 49,356
Fonte: Autoria própria.

Observe que se espera que os valores se mantenham constantes, e, de fato, todos


apresentam proximidade muito grande (com exceção da primeira amostra). Eventuais
divergências podem ter sido causadas por imprecisão do operador ao regular a frequência
do oscilador, visto que o argumento utilizado para determinação dos modos é puramente
visual, ou por imprecisão do próprio controlador. No entanto, os resultados obtidos apre-
sentam coerência satisfatória com a realidade. Assim, é possível calcular o valor médio
da velocidade da onda, tal que 𝑣 = 𝑣¯ ± Δ𝑣:

𝑣 = (49, 5 ± 0, 3) 𝑚/𝑠

Agora, para calcular a velocidade por meio da equação 1, deve-se medir a intensidade
da força 𝐹 a que a corda é submetida. Desconsiderando o atrito realizado entre a corda
e a roldana, considerando a aceleração da gravidade como 𝑔 = 9, 81𝑚/𝑠2 e desprezando a
massa da corda em relação à massa suspensa, temos que:

𝐹 = 𝑚𝑔 = (𝑚𝑐𝑜𝑟𝑑𝑎 + 𝑚𝑠𝑢𝑠𝑝𝑒𝑛𝑠𝑎 ).𝑔


𝐹 = (0, 06069 ± 0, 00001)9, 81
𝐹 = (0, 5954 ± 0, 0001)𝑁

Com isso e com a equação 6, é possível determinar a densidade linear da corda:

9
(0, 5954 ± 0, 0001)
𝜇=
(49, 5 ± 0, 3)2
𝜇 = (2, 43 ± 0, 03).10−4 𝑘𝑔/𝑚 = (0, 243 ± 0, 003) 𝑔/𝑚

Para comparar o resultado obtido agora com o obtido anteriormente, serão utilizadas
as seguintes relações:

|𝑥1 − 𝑥2 | < 2(𝜎1 + 𝜎2 )


|0, 2403 − 0, 243| < 2(0, 0005 + 0, 0030)
0, 0027 < 0, 0070
|𝑥1 − 𝑥2 | > 3(𝜎1 + 𝜎2 )
|0, 2403 − 0, 243| > 3(0, 0005 + 0, 0030)
0, 0027 > 0, 0105

Visto que somente a primeira relação é verdadeira, pode-se dizer que os dois resulta-
dos medidos são matematicamente equivalentes, o que indica que os resultados obtidos
apresentam coerência entre si.

5.2 Ondas sonoras


5.2.1 Tubo de Kundt

Comprimento constante
Na primeira parte do experimento, o comprimento é mantido constante e vale 𝐿 =
(11, 1 ± 0, 1) 𝑐𝑚, e a temperatura é mantida a 𝑇 = 25°𝐶. Já que o tubo é fechado, cabe
𝑛
utilizarmos a equação 𝑓 = 2𝐿 𝑣.
Assim, o experimento é realizado, e as frequências de cada modo normal de vibração
são anotadas e operadas conforme o método experimental, resultando na tabela 3:
𝑛
Tabela 3: Tabela relacionando a frequência da onda aos modos normais e a 2𝐿 .

𝑛 1
Índice (𝑛) ( )
2𝐿 𝑚
(𝑓 ± 0, 0001) ·103 𝐻𝑧
1 4,505 1,5634
2 9,009 3,0625
3 13,514 4,5150
4 18,018 6,0410
5 22,523 7,5049

Fonte: Autoria própria.

10
A partir dessa tabela, os valores foram utilizados para a organização do gráfico abaixo,
representado pela figura 5:
𝑛
Figura 5: Gráfico da Frequência (𝑘𝐻𝑧) em função de 2𝐿 .

Fonte: Autoria própria

Utilizando o método dos mínimos quadrados, encontrou-se o coeficiente angular ≡


(0, 330±0, 001) e equação 𝑓 = 0, 330𝑥+0, 78, sendo a frequência dada em 𝑘𝐻𝑧. Ajustando
os valores para as unidades do SI, tem-se que a velocidade do som no tubo, dada pelo
coeficiente angular da equação, equivale a 𝑣 = (330 ± 1) 𝑚/𝑠.
Para comparar o resultado obtido ao esperado, deve-se, inicialmente, estimar quanto
deve valer a velocidade do som nas condições do experimento (25°𝐶). Para tanto, será
utilizado o método da equação 4, que usa o módulo de Bulk 𝐵:
√︃
𝐵
𝑣=
𝜌
Onde 𝜌 é a densidade do meio. Nas condições adotadas, a velocidade do ar vale apro-
ximadamente 331, 4 𝑚/𝑠, visto que o valor do seu módulo de Bulk vale, com aproximação
√︁
razoável, 142 𝑘𝑃 𝑎 e a sua densidade 1, 293 𝑘𝑔/𝑚3 ( 142000
1,293
= 331, 4 𝑚/𝑠). Para corrigir
esse valor à temperatura do experimento (25°𝐶), utiliza-se a seguinte equação:
√︃
𝑇
𝑣 = 331, 4 (10)
𝑇0
Onde o resultado será calculado em 𝑚/𝑠, a temperatura 𝑇 deve estar em 𝐾 e 𝑇0 =
273, 15 𝐾. Assim:
11
√︃
298, 15
𝑣 = 331, 4
273, 15

∴ 𝑣 = 346, 2 𝑚/𝑠

No livro CRC Handbook of Chemistry and Physics (2017) [1], encontra-se que o va-
lor dessa velocidade, nas condições adotadas, é 𝑣 = 346, 3 𝑚/𝑠, extremamente similar
ao determinado com a constante de Bulk, indicando que as estimativas apresentam co-
erência com o esperado teoricamente. Para o experimento, o valor utilizado será o de
𝑣 = 364, 2 𝑚/𝑠, calculado indiretamente.
Para verificar se o experimento produziu um resultado compatível com o estimado
teoricamente, utiliza-se as expressões de comparação já conhecidas:

|𝑥1 − 𝑥2 | < 2(𝜎1 + 𝜎2 )

|346, 2 − 330| < 2(0 + 1)

16, 2 < 2

|𝑥1 − 𝑥2 | > 3(𝜎1 + 𝜎2 )

|346, 2 − 330| > 3(0 + 1)

16, 2 > 3

Dessa maneira, pode-se notar que os valores experimentais claramente não coincidiram
com os estimados por meio do módulo de Bulk, visto que somente a segunda relação é
verdadeira. Isso provavelmente ocorreu devido ao método pouco preciso para verificação
da ocorrência de modos normais, em que a regulação era feita manualmente pelo opera-
dor e a maximização da amplitude visualmente verificada. Essas imprecisões geram uma
incerteza imensurável grande muito maior que a precisão ilustrada pelo leitor de frequên-
cias, e podem ser observadas nos próprios valores anotados: observe que, na tabela 3, as
frequências deveriam apresentar uma proporção clara e bem definida, isto é, se dividir-
mos a segunda frequência pela primeira, o resultado deve ser aproximadamente igual a
dois. No entanto, ao dividir as frequências 𝑓𝑛 (n=2,3,4 ou 5) por 𝑓1 , obtém-se os valores
representados na tabela 4 abaixo:

12
Tabela 4: Relação entre os índices 𝑛 = 2, 3, 4, 5 com a razão 𝑓𝑛 /𝑓1 e o percentual do quanto o
valor obtido representa do quanto deveria valer.

𝑓𝑛 /𝑓1
𝑛 𝑓𝑛 /𝑓1 𝑛
· 100 (%)
2 1,96 97,94
3 2,89 96,26
4 3,86 96,60
5 4,80 96,01

Fonte: Autoria própria.

Note, na tabela, que todos os valores, inclusive a segunda frequência, estão abaixo
do que deveriam estar, no entanto, a proporção dessa diferença é cada vez maior, ou
seja, a angulação da reta calculada com esses pontos será menor que a angulação da
reta que representaria corretamente as frequências de vibração normal, e, tendo em vista
que a tangente dessa angulação seria exatamente a velocidade 𝑣 do som, implica que
𝑣𝑜𝑏𝑡𝑖𝑑𝑜 < 𝑣𝑟𝑒𝑎𝑙 , conforme realmente ocorreu no nosso experimento. Porém, cabe apontar
que, apesar de mais acurado que o experimento realizado, o método que utiliza o módulo
de Bulk também não é tão preciso, pois se utiliza de valores estimados para condições
padrão, que não necessariamente condizem perfeitamente com as condições do laboratório,
isto é, a pressão atmosférica em São Carlos não necessariamente vale 1 𝑎𝑡𝑚, a densidade
do ar pode variar de acordo com a umidade relativa do ar do dia e a região do planeta
em que foi calculada, e o módulo de Bulk do ar não é constante, pois ele não pode ser
aproximado com satisfação suficiente a um gás ideal.
Sabe-se que não existe a possibilidade do erro ter sido gerado por erros ao anotar
qual harmônico está ocorrendo em cada momento pois assegurou-se que, partindo de um
comprimento 𝐿 muito pequeno (quase nulo), quando está ocorrendo uma maximização
na amplitude, o próximo momento em que ela ocorrer novamente deve corresponder ao
primeiro harmônico. Assim, para o modo fundamental, a frequência 𝑓1 esperada vale:

𝑛𝑣
𝑓=
2𝐿
346, 2
𝑓= = 1, 559 𝑘𝐻𝑧
2 · 0, 111
330
𝑓= = 1, 486 𝑘𝐻𝑧
2 · 0, 111

Observe que se calculado utilizando a velocidade obtida por meio do gráfico, o resultado
esperado para o primeiro harmônico não apresenta coerência com o resultado medido, pois
eles são muito diferentes. Isso é mais um indicativo de que a medição realizada foi muito
imprecisa, resultando em uma discrepância considerável nos resultados.

13
Frequência constante
Na segunda parte do experimento, a frequência é mantida constante a 𝑓 = 2 𝑘𝐻𝑧, a
temperatura é, novamente, 𝑇 = 25°𝐶 e o mesmo tubo é utilizado. Realizando o experi-
mento com a variação do comprimento 𝐿 (medido com uma régua), obtém-se os resultados
que resultaram na tabela 5 abaixo:

Tabela 5: Comprimento do tubo para cada modo normal, à frequência de 2 𝑘𝐻𝑧.

Índice (𝑛) 𝐿 (𝑚)


1 0,078
2 0,165
3 0,252
4 0,338
5 0,426

Fonte: Autoria própria.

Com os valores da tabela, foi montado o gráfico da figura 6 abaixo, com base na
equação 8, que é valida para os modos normais de vibração:

𝑛𝜆
𝐿=
2

Figura 6: Gráfico do Comprimento (𝑚) em função do índice de harmônicos 𝑛.

Fonte: Autoria própria

14
Em que o coeficiente angular ≡ 𝜆2 . Utilizando o método dos mínimos quadrados,
encontrou-se o coeficiente angular igual a (0, 0869 ± 0, 0002) e equação 𝑓 = 0, 0869𝑥 −
0, 0091. Este valor, portanto, corresponde a um comprimento de onda igual a:

𝜆 = 2 · (0, 0869 ± 0, 0002)


𝜆 = (0, 1738 ± 0, 0004) 𝑚

Portanto, utilizando a equação 2, conclui-se que a velocidade do som é:

𝑣 = 𝜆𝑓 𝑣 = (0, 1738 ± 0, 0004) · 2000𝑣 = (347, 6 ± 0, 8) 𝑚/𝑠

Note, também, que os resultados obtidos apresentam coerência satisfatória com o que
se espera no quesito proporção, pois as diferenças sucessivas de comprimento 𝐿𝑛+1 − 𝐿
resultam em:
Tabela 6: Diferenças sucessivas 𝐿𝑛+1 − 𝐿 em relação ao índice 𝑛, onde 𝑛 = 2, 3, 4, 5.

Índice (𝑛) 𝐿 (𝑚)


2 0,087
3 0,087
4 0,086
5 0,088

Fonte: Autoria própria.

Ou seja, as diferenças sucessivas, conforme se esperava teoricamente, são iguais. Vi-


sando verificar a consistência dos resultados, é realizada a comparação do valor encontrado
com a velocidade do som no ar encontrada com o módulo de Bulk. Desta maneira, tem-se:

|𝑥1 − 𝑥2 | < 2(𝜎1 + 𝜎2 )

|346, 2 − 347, 6| < 2(0 + 0, 8)

1, 4 < 1, 6

|𝑥1 − 𝑥2 | > 3(𝜎1 + 𝜎2 )

|346, 2 − 347, 6| > 3(0 + 0, 8)

1, 4 > 2, 4

Tendo em vista que apenas a primeira relação é verdadeira, pode-se concluir que os
15
resultados obtidos são equivalentes e apresentam coerência entre si.
Por fim, comparando ambas velocidades obtidas a comprimento constante e a frequên-
cia constante, temos:

|𝑥1 − 𝑥2 | < 2(𝜎1 + 𝜎2 )

|330 − 347, 6| < 2(1 + 0, 8)

17, 6 < 3, 6

|𝑥1 − 𝑥2 | > 3(𝜎1 + 𝜎2 )

|330 − 347, 6| > 3(1 + 0, 8)

17, 6 > 3, 6

As equações demonstram que as velocidades encontradas não coincidem entre si, con-
forme já se esperava, visto que o primeiro experimento apresentou muita inconsistência e
incertezas imensuráveis.

Determinação de gás desconhecido


As condições da terceira parte do experimento foram determinadas como: 25°𝐶, com-
primento do tubo 𝐿 = (23, 0 ± 0, 1) 𝑐𝑚 e frequência 𝑓1 = (2, 0080 ± 0, 0001) 𝑘𝐻𝑧. Para
encontrar a velocidade do som no gás desconhecido, utilizou-se a equação 9:

𝑣 = 2𝐿𝑓1

Utilizando os valores já descritos das determinações, temos:

𝑣 = 2(0, 231 ± 0, 001)(2, 0080 ± 0, 0001) · 103

𝑚
𝑣 = (928 ± 4)
𝑠
Segundo o CRC Handbook of Chemistry and Physics (2017) [1], na seção 14-46 Speed
of Sound in Various Media, a velocidade do som em gás Hélio, a 0°𝐶, é 973𝑚/𝑠:

16
Tabela 7: Velocidade do som em alguns gases nobres, segundo o CRC Handbook of Chemistry
and Physics [1].

Gás (1atm) Temperatura (°𝐶) Velocidade do som ( 𝑚𝑠 )


Ar 25 346
Argônio 27 323
Deutério 0 888
Hélio 0 973
Hidrogênio 27 1320
Neônio 0 433
Nitrogênio 27 353
Oxigênio 27 330

Fonte: Adaptado de CRC Handbook of Chemistry and Physics.

Este é o valor mais próximo encontrado para um gás nobre de obtenção razoavelmente
fácil, que é o tipo de gás desconhecido procurado. Assim, assume-se que o gás desconhecido
no tubo seja Hélio. Para verificar se os valores coincidem, utiliza-se a comparação do valor
encontrado com o valor tabelado:

|𝑥1 − 𝑥2 | < 2(𝜎1 + 𝜎2 )

|928 − 973| < 2(0 + 4)

45 < 8

|𝑥1 − 𝑥2 | > 3(𝜎1 + 𝜎2 )

|928 − 973| > 3(0 + 4)

45 > 12

O que mostra que eles não são equivalentes e, possivelmente, alguma condição do
experimento ocasionou esta diferença. Vale lembrar que a comparação não é exatamente
correta, pois no valor tabelado, o hélio se apresenta a 0°𝐶. Porém, assume-se que a 25°𝐶
essa diferença seria ainda maior e a conclusão continuaria a mesma. Para ter uma ideia,
seguindo a equação utilizada anteriormente para o ar:
√︃
298, 15
𝑣 = 973
273, 15

𝑣 = 1016, 6𝑚/𝑠

Valor que indica uma diferença muito grande entre o experimento e o valor obtido a
17
partir do livro. Porém, analisando os valores tabelados para outros meios, nota-se que a
única substância provável é o hélio. A única outra substância, de acordo com os dados
conhecidos pelo livro que poderia chegar a uma velocidade tão alta quanto a calculada
seria o Deutério (tabela 7), cuja velocidade a 0°𝐶 é 𝑣 = 888 𝑚/𝑠. À temperatura de
25°𝐶, tem-se, para o Deutério:

√︃
298, 15
𝑣 = 888
273, 15
𝑣 = 927, 7 𝑚/𝑠

Observe que o resultado obtido condiz muito bem com o calculado (928 𝑚/𝑠), ou seja,
o gás utilizado, em tese, poderia ser o Deutério. No entanto, por questão de bom senso,
imagina-se que isso seja apenas coincidência e que este gás jamais seria utilizado para este
experimento, visto que sua obtenção é extremamente difícil, e é usado majoritariamente
para processos mais complexos, que envolvem fusão nuclear. Além disso, o gás Deutério
não é nobre, e sabe-se, previamente, que o gás desconhecido faz parte dessa família.
Assim, acredita-se que seja mais provável que tenha ocorrido uma mistura gasosa entre
o gás Hélio (de mais fácil obtenção) e o ar utilizado, fazendo com que a velocidade do som
esteja entre 346, 2 𝑚/𝑠, caso em que o gás utilizado é simplesmente o ar, e 1016, 6 𝑚/𝑠,
caso em que o gás contido no tubo seria Hélio puro.
Outra possibilidade é que, devido às incertezas imensuráveis associadas ao experimento
(o operador deve regular e verificar as maximizações manual e visualmente), os resultados
apresentem inconsistência entre si, ou seja, talvez o gás contido no tubo realmente seja
apenas o Hélio puro, mas, devido a essas incertezas, o resultado obtido foi menor que o
esperado.
Partindo para a próxima determinação, o comprimento de onda do primeiro harmônico
é dado pela equação:

𝑣
𝜆=
𝑓
A qual, colocando os valores encontrados, resulta em:

(928 ± 4)
𝜆=
(2, 0080 ± 0, 0001) · 103

𝜆 = (0, 46 ± 0, 02) 𝑚

Portanto, o comprimento de onda do primeiro harmônico é 𝜆 = (0, 46 ± 0, 02) 𝑚. A


fins de comparação, utilizando a velocidade calculada indiretamente, tem-se:

18
1016, 6
𝜆=
(2, 0080 ± 0, 0001) · 103

𝜆 = (0, 50626 ± 0, 00003) 𝑚

O que resulta em uma diferença de 10%, entre si, igual à diferença percentual entre a
velocidade calculada e a obtida.
As discrepâncias encontradas podem ser pelos mesmos motivos citados nos exemplos
anteriores do tubo de Kundt: as incertezas do experimento são maiores do que as con-
sideradas, porém não se pode medi-las. Além disso, uma mistura gasosa ou o próprio
equipamento podem auxiliar no aumento do erro que foi observado.

5.2.2 Tubo de Rubens

Em um tubo fechado – com exceção dos pequenos furos para a vazão do gás – de
comprimento 𝐿 = (1, 45 ± 0, 01) 𝑚, é possível observar as características de ondas esta-
cionárias de pressão para esse sistema, como por exemplo o número de harmônicos igual
ao número de nós. Os dados experimentais que mostram esse ponto foram organizados
na Tabela 8, quais contam também com o comprimento de onda obtido por: 𝜆𝑛 = 2𝐿 𝑛
.

Tabela 8: Número de nós, comprimento de onda e frequência relacionados aos modos normais

Índice (𝑛) Número 𝑛


2𝐿
(𝑚−1 ) 𝑓𝑛 (𝐻𝑧)
de nós ±0, 02 ±0, 01
1 1 0,34 94,81
2 2 0,69 193,20
3 3 1,03 293,62
4 4 1,38 387,27
5 5 1,72 474,25

Fonte: Autoria própria.

Esses dados foram utilizados na organização de um gráfico, presente na figura 7, para


melhor visualização da relação linear entre a frequência e o comprimento de onda, e para
a obtenção do melhor coeficiente coeficiente angular para essa reta, por meio do método
dos mínimos quadrados.

19
Figura 7: Gráfico da frequência 𝑓𝑛 (𝐻𝑧) em função do comprimento de onda 𝑛 −1
2𝐿 (𝑚 )

Fonte: Autoria própria.

Então, para o cálculo da velocidade 𝑣, é utilizado o método dos mínimos quadrados.


Tem-se que o coeficiente angular 𝑎 = (276±4) e já que 𝑎 ≡ 𝑣, 𝑣 = (276±4)𝑚/𝑠. Esse valor
é esperado, já que o gás liquefeito de petróleo (GLP) é mais denso que o ar, dificultando
a propagação da onda no meio, o que, por consequência, diminui a velocidade da onda.

6 Conclusão
Nessa prática, foi possível compreender e lidar com, de maneira mais aprofundada,
os conceitos que englobam as ondas estacionárias, que ocorrem devido à interferência de
ondas iguais em sentidos contrários, seus modos normais de vibração e suas características.
Para os resultados numéricos, obtivemos, na primeira parte do experimento (corda
fixa), uma densidade linear da corda igual a 𝜇 = (0, 243 ± 0, 003) 𝑔/𝑚, coerente e ma-
tematicamente equivalente ao valor de 𝜇 = (0, 2403 ± 0, 0005) 𝑔/𝑚 obtido por meio do
cálculo que envolve as grandezas medidas diretamente. Isso indica que a primeira parte
do experimento foi realizada com precisão satisfatória, pois os resultados apresentam con-
sistência nítida entre si. No entanto, na segunda parte do experimento (Tubo de Kundt),
nem todos os resultados obtidos foram satisfatórios. Inicialmente, calculou-se a veloci-
dade do som no ar quando o comprimento 𝐿 era mantido constante, o que resultou em
𝑣 = (330 ± 1) 𝑚/𝑠, bem diferente do que se esperava teoricamente (calculado por meio de
estimativas, o esperado teórico seria 𝑣 = 346, 2 𝑚/𝑠). Após isso, a velocidade foi calcu-
lada por meio do comprimento de onda obtido com o gráfico organizado, resultando em
20
𝑣 = (347, 6 ± 0, 8) 𝑚/𝑠, resultado que apresentou boa coerência com o esperado teorica-
mente. Por fim, na tentativa de determinar um gás desconhecido por meio da velocidade
do som nele, obtivemos inconsistências com o que se esperava: sabia-se que o gás fazia
parte da família dos gases nobres, no entanto, a velocidade calculada não condisse os
valores tabelados da velocidade, e foi realizada uma discussão sobre que gás pode ter sido
utilizado (provavelmente gás Hélio não puro). Quanto, determinou-se a velocidade de
propagação da onda no gás GLP 𝑣 = (276 ± 4) 𝑚/𝑠, valor menor que a velocidade de
propagação do som no ar, já que o GLP é mais denso que que o ar.
Assim, conclui-se que o primeiro experimento foi realizado bem, pois não apresentou
discrepâncias em relação ao esperado teoricamente. Já o segundo demonstrou muita incer-
teza em boa parte dele, o que provavelmente ocorreu devido ao método de determinação
das grandezas adotados, que depende muito de observações imprecisas do operador, isto é,
apesar de causadas pelo operador, as incertezas derivam de erros aleatórios, e não de erros
grosseiros relacionados à imperícia do operador. Sugere-se, para esse experimento, que
uma forma mais precisa de determinação dos máximos de amplitude seja adotada. Por
fim, o terceiro experimento também demonstrou coerência com o esperado teoricamente,
pois não ocorreram discrepâncias notáveis.
No entanto, conclui-se, desta maneira, que, apesar de algumas imprecisões, os expe-
rimentos realizados proveram uma boa perspectiva acerca dos métodos utilizados para
tais determinações e fica evidente a necessidade de conhecê-los e realizar boas avaliações
acerca dos resultados obtidos em cada experimento, pois ainda assim foi possível observar
a ocorrência dos modos normais de vibração, a maximização da amplitude das ondas neles
e, no caso do experimento do tubo de Rubens, o próprio formato delas.

21
Referências

[1] HAYNES, W. M. et tal. CRC Handbook of Chemistry and Physics 97. ed.
Boca Raton: CRC Press, 2017.

[2] NUSSENZVEIG, H. Moysés. Curso de Física Básica, 2: Fluidos; Oscilações e


Ondas; Calor. 5ª ed. São Paulo: Blucher, 2013.

[3] RESNICK, R.; HALLIDAY, D. Física. Rio de Janeiro: Livro Técnico S. A., 1973. v. 1.

[4] SCHNEIDER, José F.; AZEVEDO, Eduardo R. Laboratório de Física II: livro
de práticas.

[5] TIPLER, P. A. Física. Rio de Janeiro: Editora Guanabara Dois, 1978.v. 1. São Carlos:
Instituto de Física de São Carlos, 2013.

22

Você também pode gostar