Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Fasciculo #2 Rta
Fasciculo #2 Rta
DEUS E O HOMEM
Nas R.T.As, dá a impressão de que Deus não actua directamente no mundo, já que os
intermediários absorvam as intervenções e que ele permaneça na tenção entre os dois
mundos, gerando-se uma indiferença, recíproca entre Deus e o homem.
Por outro lado, a agricultura modificou a “economia do sagrado” por que foram
adquirindo primazia com outras forças: fecundidade, sexualidade, mitologia da mulher e
terra, que se apresentavam mais dinâmicas, concretas, acessíveis e próximos do homem,
suplantando, o distante Deus.
CULTO A DEUS
A ORAÇÃO
A oração africana é um grito do homem na sua luta pela vida; é a acção de graças e é
louvor. Situa-se no interior da verdadeira luta pela vida.
A necessidade da oração surgi sempre que há uma circustancia especial tal como:
doenças, ou mortes, angustias e medo, necessidades de invocar ou aplacar os
antepassados, aumento de feitiçaria, nascimento, óbitos, iniciações, casamentos,
investidura do chefe, inauguração da aldeia, esterelidade etc.
GENIOS
FORÇAS TELURICAS
A MORTE
CBA
CONVENÇÃO BAPTISTA DE ANGOLA
2
RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS 2016
CURSO MÉDIO E BACHAREL EM TEOLOGIA
DISCIPLINA: RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS
FASCÍCULO Nº 3
PROFESSOR: FREDERICO CHIAMBO LOPES
DEUS E O HOMEM
Quem não aprofundou a vida banto ou não está dentro da sua religiosidade,
encontra uma das maiores dificuldades em entender a religião tradicional quando aborda
a relação Deus-homem. “ O Deus da cultura africana apresenta-se aos ocidentais como a
grande incógnita” (Leopold Senghor).
Poder-se-ia suspeitar que o banto não resolve com nitidez a presença de Deus na
vida. Embora ele tenha criado e conheça tudo, a sua intervenção no mundo apresentar-
se-ia duvidosa e a relação pessoal com ele correria perigo. Precisamos de classificar a
tensão entre a participação vital e o monoteísmo nítido. Por um lado, o banto deve
atender primordialmente a interacção. Por outro lado reconhecer a supremacia divina e
atende a sua presença na vida. Sem esclarecer este dilema não se consegue entender a
sua religiosidade.
Diante do monoteísmo professado, levanta-se a presença omnímoda (algo total
completa abrangente, integrada, abraçando, adjectivo da palavra: que abraça e
entende tudo) da magia, há momentos em que parece que o banto dá a primazia absoluta
a Deus chamando-o inclusivemente com nomes tão profundos eterno como “Pai”. Os
comportamentos habituais porém parecem dar a entender que a magia, os intermediários
ofuscam Deus de tal maneira que o relegam para um segundo plano, com uma vida
pessoal sem relação nenhuma com os homens. Dá a impressão de que Deus não actua
directamente no mundo, já que os intermediários absorvem as intervenções e que ele
permanece neutro na tensão entre os dois mundos gerando-se uma indiferença recíproca
entre Deus e os homens.
Este apontamento divino não se devia somente a uma espécie de cansaço pós
criativo que obrigou Deus a retirar-se depois de decidir entregar o mundo a outros seres
para que o completassem e governassem, nem a sua grandeza imensa incompatível com
qualquer preocupação pelos assuntos ordinários dos homens” o afastamento divino
traduz na realidade o crescente interesse do homem pelas suas próprias descobertas
religiosas, culturais e ecuménicas. A força de se interessar pelas hierofanias da vida, de
descobrir o sagrado da fecundidade terrestre e de assistir solicitado por experiencias
religiosas mais concretas (mais carnais, inclusive orgias), o homem “primitivo” afasta-
se do Deus transcendente e celeste.
A sacralidade pela vida obcecou o homem e arrastou-o a apoiar-se nas
hierofanias vitais. Por isso abandonou a “sacralidade que transcendia as suas
necessidades imediatas e quotidianas.” Como desconhecem a revelação e o Deus de
Jesus Cristo não podem encontrar em Deus o gozo da filiação em Cristo, nem o
descanso definitivo e feliz, embora estas duas realidades estejam latentes como
aspiração suprema na medula da religião tradicional.
4
RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS 2016
Parece-nos que a sua vivencia religiosa torna patente o “ existencial sobrenatural” a
sede do infinito “ e o desejo natural de ver a Deus,” embora se debatam na tremenda que
a interacção lhes apresenta.
O CULTO A DEUS
CBA
CONVENÇÃO BAPTISTA DE ANGOLA
5
RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS 2016
CURSO MÉDIO E BACHAREL EM TEOLOGIA
DISCIPLINA: RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS
FASCÍCULO Nº 4
PROFESSOR: FREDERICO CHIAMBO LOPES
A ORAÇÃO
DIALOGO ORAÇAO
O CONCEITO
AS FÓRMULAS
6
RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS 2016
costumam recitar-se com grande aparato musical e danças. A maioria conserva um
sabor arcaico.
Os tambores quase nunca faltam. No culto comunitário. O canto musica e dança
as expressões mais genuínas e vitais do banto preparam, acompanham tornam o culto
fervoroso transportam facilmente o fiel a comunhão religiosa e consolidam a fé
comunitária. Estas orações são fórmulas fixas as tradicionais inerentes à herança
literária do clã não são fruto da inspiração individual ou da improvisão.
A confusão da terminologia
A terminologia usada pelos outros frequentemente confunde e falsifica. Empregam-se
sem aquilatar a sua realidade e o seu conteúdo, expressões como “ deuses” semi deuses”
espíritos dos antepassados” “mansos” espíritos da natureza” que desfiguram a crença
banto.
O CONCEITO
Deus quis hierarquizar sob a sua autoridade o poder vital e a interacção para
manter a ordem harmónica do universo, sem os privar da liberdade, cujo abuso introduz
o mal no mundo invisível está povoado de espíritos génios e antepassados com
diferentes modalidades. Por não esclarecer a sua identidade, cometeram-se erros ao
descreve-los ou arbitrariamente estabeleceram diversas estratificações e panteões.
Todavia a pirâmide vital e o monoteísmo banto evitam qualquer confusão. Deus,
único e criador, permanece num âmbito superior qualitativamente diferente.
Nunca usurpam o lugar de Deus mesmo que pela participação um lugar
preponderante. O banto situa-os como intermediários entre a divindade e os vivos
Há muitas expressões que lhe atribuem esta mediação. Medir o grau de liberdade
e independência na sua gerência poderosa, apresenta-se como um dos pontos menos
claros da religião tradicional. Esta mediação ainda não analisou devidamente e leva-nos
a contradições. Embora apareçam como intermediários, gozam de tal poder que, as
vezes parecem que ofuscam a presença divina. A polarização por estes seres da maior
parte do culto religioso, exige, alem disso, outra explicação. O banto, que desconhece o
Deus de Jesus Cristo, deseja apenas uma felicidade natural; a sua esperança termina
numa comunhão vital comunitária agora e depois da morte. Como sabe que pode
adquirir esta felicidade com a ajuda destes seres, a eles se dirige, neles confia e a eles
teme. Não espera uma ordem nova. O banto desconhecedor das leis naturais e submerso
na casualidade mística, caminha por um meio desconhecido, misterioso e por um meio
desconhecido preocupante povoado de forças estranhas e sente-se inseguro e ameaçado;
busca protecção e amparo.
Por isso, ocupam um lugar eminente na vida religiosa, embora a não totalizem
como frequentemente se julgam. Não se encontram entre os bantos muitos originantes
7
RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS 2016
em que intervenham elementos femininos deificados como a terra esposa de Deus ou
deusa lua.
CBA
CONVENÇÃO BAPTISTA DE ANGOLA
8
RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS 2016
CURSO MÉDIO E BACHAREL EM TEOLOGIA
DISCIPLINA: RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS
FASCÍCULO Nº 5
PROFESSOR: FREDERICO CHIAMBO LOPES
Em quase toda África negra se conservam mitos que narram como o homem foi
criado para não passar pela morte. Esta chegou como consequência de faltas originais
que separaram o homem de Deus, ou como castigo pelo comportamento desordenado do
homem que tratou mal o mensageiro da imortalidade ou por que este não conseguiu
cumprir a sua missão segundo (Jhon Mbiti).
Alguns mitos são ocasião de falar da verdadeira queda “. Quase em nenhuma
parte se julga natural a morte tal como exixte na actualidade e não se pensa que tenha
existido sempre. As explicações que se dão não conicidem” (Kagame).
O primeiro grupo de mitos explica a morte como a separação do homem de
Deus. Os culpados são o homem e a mulher inevitavelmente. A imortalidade física foi
alterada. Certos animais mensageiros da morte ou da vida. Quase sempre aparecem o
camaleão, o lagarto, o cão, o bode, morcego e a serpente que protagoniza a imortalidade
por que muda de pele.
CARACTERIZAÇÃO
SIGNIFICADO DA MORTE
9
RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS 2016
“ Sempre ouvi dizer aos velhos que o próprio homem continuava a existir, ele
mesmo, o pequeno homem que se oculta por detrás da forma que se percebe de fora,
o Muntu que se ve entre os vivos. Daí, que pensam que o muntu não se pode traduzir
pelas nossas expressões. O muntu tem naturalmente um corpo visível, mas este não é
próprio muntu.
Um negro culto dizia-me em certa ocasião: com muntu nós queremos significar
não tanto o que em francês chamais homem, mas pessoa” (Estermann).
CAUSAS DA MORTE
O banto tem a noção de que todos temos que morrer. Entretanto, a pergunta
que ele deixa no ar é: porque devo morrer agora? Quando esta morte for violenta,
provocada por um agente físico, aceitam-na por vezes como originada por uma causa
segundo. Assim as mortes nas guerras ou as ocasionadas por raios, inundações,
incêndios ou acidentes. Outras vezes vêem aí a mão justiceira de Deus ou a acção
malévola dum agente pessoal. Raramente a atribuem a Deus. Ele pode tirar a vida que
deu. Atribuem-lhe em casos inexplicáveis e, então, emude um por que a sua vontade é
inapelável; aceitam-na com resignação.
OS SUPEITOS DA MAGIA
10
RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS 2016
Geralmente acusam os misantropos, apáticos, defeituosos, irascíveis, a quem
os familiares ou o adivinho odeiam, e os mais ricos da comunidade.
A morte feliz patenteia a harmonia vital que a pessoa consegue com os dois
mundos, o seu recto comportamento ético e a sua fé religiosa concretizada em obras.
Por isso a morte infame ou desgraçada converte-se no maior opróbrio.
A crença banto numa vida futura aparece clara e firme. Vivem dependentes do
mundo invisível e têm de se comportar com rectidão para ganhar a companhia dos
antepassados.
Erradamente, lançou-se a hipótese de que esta crença seria devida à influência
árabe ou cristã. Sem convicção da sobrevivência depois da morte ficariam
desmoronados os pilares da cultura banto. Nos túmulos pré-históricos encontram-se
restos de oferendas e de sacrifícios oferecidos aos antepassados. O monoteísmo e esta
crença constituem os dois pilares mais excelentes da religião tradicional.
Não esperam encontra-se com Deus. Por isso não anseiam por um céu como
também não tem o inferno. O mais além explica-se embora confusamente e com
divergências em termos puramente naturais, isto é, o homem viverá uma vida mais
poderosa.
CBA
CONVENÇÃO BAPTISTA DE ANGOLA
11
RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS 2016
CURSO MÉDIO E BACHAREL EM TEOLOGIA
DISCIPLINA: RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS
FASCÍCULO Nº 6
PROFESSOR: FREDERICO CHIAMBO LOPES
O MEDO
A REPARAÇÃO DO MAL
12
RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS 2016
A transgressão duma regra religiosa ou social acarreta a culpabilidade pessoal,
desencadeia a acção vindicativa dos guardiões do grupo. Ao culpado só lhe resta
confessar a sua culpa e purifica-la pela reparação.
Esta cadeia suspeita-acusação-castigo, dum membro da comunidade, a que
corresponde identifica dinâmica vingativa dos outros membros destroca a solidariedade
horizontal e origina um caudal subterrâneo de ódio, medos e mortes. O observador
superficial não o detecta, pelo contrário, admira-se da fraternidade e hospitalidade que
aparecem exteriormente.
Na realidade correspondem à instituição e normas sociais e ás aspirações do
banto. Casualidade mística deturpa e empobrece, tornando os “ africanos brutais, cruéis,
demolidores e hostis os bantos, como todos os homens, são capazes do bem e do mal.
Mas é pena que a causalidade mística e o poder ominimoda da magia impossibilitem de
concretizar as aspirações de harmonia-paz que a cultura banto persegue como valor
mais precioso.
A LITURGIA BANTO
13
RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS 2016
da sua vitalidade, a que o padre Aupiais chama de “o cerimonialismo dos grupos
negros.”
14
RELIGIÕES TRADICIONAIS AFRICANAS 2016