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CONFIABILIDADE METROLÓGICA

Prof. Eng. Tobias Roberto Mugge


1 OBJETIVOS DA DISCIPLINA E CRONOGRAMA...............................................................2
2 INTRODUÇÃO À CONFIABILIDADE METROLÓGICA....................................................3
2.1 Metrologia............................................................................................................................3
2.2 Confiabilidade metrológica...................................................................................................3
2.3 Estruturação da metrologia....................................................................................................3
3 VOCABULÁRIO INTERNACIONAL DE METROLOGIA (VIM)........................................5
3.1 Metrologia............................................................................................................................5
3.2 Medição...............................................................................................................................6
3.3 Grandeza..............................................................................................................................6
3.4 Unidade de medição.............................................................................................................6
3.5 Padrão..................................................................................................................................6
3.6 Método de medição..............................................................................................................7
3.7 Resultado da medição...........................................................................................................7
3.8 Instrumento de medição e medida materializada..................................................................7
4 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES (SI)...............................................................8
4.1 Principais unidades do SI......................................................................................................8
4.2 Prefixos das Unidades SI.......................................................................................................9
4.3 Algumas Unidades em uso com o SI, sem restrição de prazo.................................................9
4.4 Algumas Unidades fora do SI, admitidas temporariamente....................................................9
4.5 Conversão de unidades:.......................................................................................................10
5 ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS........................................................................................11
5.1 Os algarismos significativos:...............................................................................................11
5.2 Operações com algarismos significativos ...........................................................................12
5.3 Arredondamento.................................................................................................................13
5.4 Quando o zero à direita, sem vírgula, for AS.......................................................................13
6 TEORIA DOS ERROS.............................................................................................................14
6.1 Erros de medição:................................................................................................................14
6.2 Tipos de Erros:....................................................................................................................14
6.3 Exatidão e Repetitividade....................................................................................................15
6.4 Exemplo de comportamento de um sistema de medição: ....................................................16
6.5 Critério de exclusão:...........................................................................................................18
7 INTRODUÇÃO À INCERTEZA DA MEDIÇÃO..................................................................19
7.1 Fontes de erros....................................................................................................................20
8 CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO......................................................22
9 CÁLCULO DE INCERTEZA DE MEDIÇÃO.......................................................................25
9.1 Determinação da incerteza padrão Tipo A...........................................................................26
9.2 Determinação da incerteza padrão Tipo B...........................................................................27
9.3 Incerteza Padronizada Combinada.......................................................................................29
9.4 Incerteza Expandida............................................................................................................30
9.5 Fator de Abrangência k........................................................................................................30
9.6 Relatando e apresentando os cálculos de incerteza..............................................................31

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1 OBJETIVOS DA DISCIPLINA E CRONOGRAMA

 Aplicar e utilizar princípios de metrologia em calibração de instrumentos e malhas de


controle.
 Cálculo básico de incerteza de medição
 Nomenclatura do VIM
 Algarismos Significativos
 Sistema internacional de Unidades (SI)
 Verificar a confiabilidade metrológica dos instrumentos de medição dentro do sistema da
qualidade.
 Interpretação de certificados de calibração.
 Geração de certificados de calibração.

SEMANA CONTEÚDO
 Sondagem diagnóstica; apresentação do cronograma e formas de avaliação.
1º  Introdução à metrologia.
 Conceitos básicos. Algarismos Significativos.
 VIM – Vocabulário Internacional de Metrologia;
2º  SI – Sistema Internacional de Unidades
 Conversão de Unidades
 Avaliação
 Teoria dos Erros

 Critérios de exclusão
 Introdução a estatística
 Noções de estatística

 Introdução ao cálculo de incerteza para instrumentos de medição
 Cálculo básico da incerteza de medição

 Interpretação de certificado de calibração
 Determinação da incerteza de medição

 Avaliação
7º  Noções de calibração
8º  Prática de calibração
 Elaboração do certificado de calibração
9º  Revisão dos conteúdos
 Fechamento da disciplina

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2 INTRODUÇÃO À CONFIABILIDADE METROLÓGICA

2.1 Metrologia
A ciência que trata das medições é a metrologia. A metrologia abrange todos os aspectos
teóricos e práticos relativos às medições, em quaisquer campos da ciência ou da tecnologia. O
problema central da metrologia é a credibilidade e universalidade dos resultados. Seus principais
desafios são:
 Melhoria do controle do processo;
 Melhoria da qualidade do produto;
 Aumento da produtividade;
 Redução do impacto ambiental;
 Uso de sistema de medição viável técnica e economicamente;

2.2 Confiabilidade metrológica


Confiabilidade metrológica é a capacidade de ter certeza, confiança nos resultados obtidos
através de medições. A confiabilidade metrológica está intimamente relacionado com o Controle
da Qualidade, ou seja, a conformidade de um produto com os requisitos preestabelecidos pela
empresa.
Para isso, é necessário que se trabalhe com procedimentos, rotinas, instruções e métodos de
inspeção específicos.

2.3 Estruturação da metrologia


O tratado do metro, que foi assinado em Paris no dia 20 de maio de 1875 contando com a
presença de 17 países (entre eles o Brasil), estabeleceu o CGPM (Conférence Générale des Poids et
Mesures), o CIPM (Comité International des Poids et Mesures) e o BIPM (Bureau International des
Poids et Mesures). O organograma abaixo demonstra a estruturação, assim como as funções de cada
participante do sistema.

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As pirâmides abaixo demonstram a hierarquia do sistema metrológico. Os padrões
internacionais são de responsabilidade do BIMP (ver figura acima). Os padrões nacionais são de
responsabilidade do Inmetro, no caso do Brasil. O laboratório do Cetemp, credenciado à rede RBC,
conta com padrões calibrados a partir dos padrões do Inmetro, e realiza calibrações de padrões de
empresas, que estão na base da cadeia.

Como a cada calibração a incerteza do padrão utilizado é somada à incerteza da própria


calibração, a incerteza de um nível mais baixo é sempre maior que a incerteza dos níveis que a
precedem (ver figura abaixo).
A incerteza do padrão primário do metro, por exemplo, é de ± 0,0013 m. A incerteza de
calibração de um padrão de comprimento para a indústria (um bloco padrão) já é de ± 0,1 m.

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3 VOCABULÁRIO INTERNACIONAL DE METROLOGIA (VIM)

Objetivos:
 Permitir uma comunicação clara na área de metrologia, e o entendimento dos
conceitos que serão tratados nas próximas aulas.
 Permitir a compreensão quando da leitura de documentos técnicos, como certificados
e procedimentos de calibração, e a correta utilização do vocabulário quando da
escrita desses documentos.

3.1 Metrologia
A ciência que trata das medições é a metrologia. A metrologia abrange todos os aspectos
teóricos e práticos relativos às medições, em quaisquer campos da ciência ou da tecnologia.
Medir, entretanto, é uma atividade mais corriqueira do que parece. Ao olhar no relógio, por
exemplo, você está vendo no mostrador o resultado de uma medição de tempo. Ao tomar um táxi,
comprar um quilograma de carne no açougue ou abastecer o carro no posto de gasolina, você
presencia medições. Mas o que é uma medição?

3.1.1 Metrologia Legal


É o ramo da metrologia que desenvolve atividades para estabelecer e assegurar o
cumprimento das exigências legais referentes aos direitos básicos da sociedade e dos consumidores.
É a "parte da metrologia que trata das unidades de medida, métodos de medição e
instrumentos de medição em relação às exigências técnicas e legais obrigatórias, cujo objetivo é
assegurar uma garantia pública do ponto de vista da segurança e da exatidão das medições".
Quais são os Objetivos da Metrologia Legal e o que envolve: Estabelecer e manter a
Regulamentação Metrológica, através de Leis e Portarias Oficiais, para a fiscalização, o controle, a
supervisão e a Perícia Metrológica, necessárias a proteger o consumidor enquanto comprador de
produtos e serviços e o vendedor enquanto fornecedor destes. Abrange os instrumentos de medir e
medidas materializadas utilizadas nas atividades comerciais, oficiais, produtos pré-medidos,
medições e exames nas áreas da saúde e segurança, que afetam a qualidade de vida das pessoas e do
meio ambiente.

3.1.2 Metrologia Industrial


É o emprego da Metrologia no chão-de-fábrica e laboratorial, visando controlar as
especificações técnicas e/ou o processo de fabricação de um produto, constituindo-se em uma
tecnologia fundamental para a Garantia da Qualidade.
Importância da metrologia industrial: Diz um clássico ditado: "Só o que é mensurável
pode ser melhorado". Melhorar continuamente é o caminho da sobrevivência das empresas,
impulsionado pela necessidade de satisfazer o "cliente", que assume a posição, cada vez mais
determinante, no direcionamento dos mercados e na determinação dos produtos que são
consumidos. O princípio vale para todas as empresas que disputam mercados, cada vez mais
dinâmicos e concorridos, cada qual buscando assegurar sua posição e seu crescimento. Medir torna-
se, portanto, um elemento central nas ações em busca da satisfação do cliente e na conquista de

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espaços maiores no mercado. Medir viabiliza quantificação das grandezas determinantes à geração
de um bem ou serviço, subsidiando com informações o planejamento, a produção e o gerenciamento
dos processos que o produzem.

3.2 Medição
Conjunto de operações que tem por objetivo determinar um valor de uma grandeza.
Medir é comparar uma grandeza com uma outra, de mesma natureza, tomada como padrão.
Existe uma imensa variedade de coisas diferentes que podem ser medidas sob vários aspectos.
Imagine uma lata, dessas que são usadas para refrigerante. Você pode medir a sua altura, pode medir
quanto ela "pesa" e pode medir quanto líqüido ela pode comportar. Cada um desses aspectos
(comprimento, massa, volume) implica numa grandeza física diferente.

3.3 Grandeza
Já deu pra perceber que o conceito de grandeza é fundamental para se efetuar qualquer
medição. Grandeza pode ser definida, resumidamente, como sendo o atributo físico de um
corpo que pode ser qualitativamente distinguido e quantitativamente determinado.
Aqui vamos precisar de mais exemplos: a altura de uma lata de refrigerante é um dos
atributos desse corpo, definido pela grandeza comprimento, que é qualitativamente distinto de
outros atributos (diferente de massa, por exemplo) e quantitativamente determinável (pode ser
expresso por um número).

3.4 Unidade de medição


Para determinar o valor numérico de uma grandeza, é necessário que se disponha de
uma outra grandeza de mesma natureza, definida e adotada por convenção, para fazer a
comparação com a primeira. Para saber a altura daquela lata, por exemplo, é preciso adotar um
comprimento definido para ser usado como unidade. O comprimento definido como unidade de
medida pelo Sistema Internacional de Unidades - SI, é o Metro, seus múltiplos e submúltiplos. O
Metro é definido como sendo o comprimento do trajeto percorrido pela luz no vácuo, durante um
intervalo de tempo de 1/299.792.458 de segundo.

3.5 Padrão
Seria bem complicado medir a altura de uma lata usando apenas a definição do Metro. Para
isso existem os Padrões Metrológicos. Um padrão metrológico é, em resumo, um instrumento
de medir ou uma medida materializada destinado a reproduzir uma unidade de medir para
servir como referência. Medida materializada, instrumento de medição, material de
referencia ou sistema de medição destinado a definir, realizar, conservar ou reproduzir uma
unidade ou um ou mais valores de uma grandeza para servir de referencia.
O padrão (de qualquer grandeza) reconhecido como tendo a mais alta qualidade metrológica
e cujo valor é aceito sem referência a outro padrão, é chamado de Padrão Primário. Um padrão cujo
valor é estabelecido pela comparação direta com o padrão primário é chamado Padrão Secundário, e
assim sucessivamente, criando uma cadeia de padrões onde um padrão de maior qualidade
metrológica é usado como referência para o de menor qualidade metrológica. Pode-se, por exemplo,
a partir de um Padrão de Trabalho, percorrer toda a cadeia de rastreabilidade desse padrão,
chegando ao Padrão Primário.

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3.6 Método de medição
Mesmo na medição mais corriqueira adotamos, de maneira consciente ou inconsciente, um
método de medição e um procedimento de medição. Como no exemplo do tópico anterior, métodos
e procedimentos de medição são adotados em razão da grandeza a ser medida, da exatidão requerida
e de outros condicionantes que envolvem uma série de variáveis.
Vamos supor que você queira determinar o volume de 200ml de óleo comestível. Se você
não necessita grande exatidão e você vai usar o óleo para fazer uma receita culinária o método
escolhido pode ser, simplesmente, verter o óleo em uma medida de volume graduada (uma proveta,
por exemplo). Porém, se o resultado exigir maior exatidão (um ensaio em laboratório), será
necessário utilizar outro método que leve em consideração outras variáveis, como a temperatura
do óleo, sua massa, sua massa específica e por ai vai, uma vez que o volume do óleo varia em
razão da temperatura que este apresenta no momento da medição.

3.7 Resultado da medição


Após medir uma grandeza, devemos enunciar o resultado da medição. Parece coisa simples,
mas não é. Em primeiro lugar, ao realizar uma medição, é impossível determinar um valor
verdadeiro para a grandeza medida.
Vamos supor que você mediu a massa de um corpo em uma balança eletrônica e a indicação
numérica que apareceu no visor foi 251 g. Na verdade, um possível valor verdadeiro da massa
daquele corpo estaria próximo da indicação obtida, embora este seja, por definição, indeterminável.
Os parâmetros dessa aproximação são dados pela incerteza da medição. Como nos exemplos
anteriores, se essa medição destina-se a fins domésticos, não é necessário qualquer rigor ao
expressar o seu resultado. Entretanto, quando se trata de medições para fins científicos ou
tecnológicos, será preciso deixar claro se o resultado apresentado refere-se àquela indicação, ou ao
resultado corrigido, ou ainda à média de várias medições. Deve conter ainda informações sobre a
incerteza de medição, ser expresso utilizando-se o nome e a simbologia da grandeza de forma
correta e levar em consideração os algarismos significativos que compõem o valor numérico.

3.8 Instrumento de medição e medida materializada


Já temos padrões de referência! Agora, antes de fazer qualquer medição, precisamos saber
qual a grandeza que pretendemos medir e o grau de exatidão que pretendemos obter como resultado
dessa medição, para então podermos escolher o instrumento de medir adequado. Além disso, é
necessário que o instrumento ou medida materializada em questão tenha sido calibrado.
Vamos supor que você queira saber quanto você "pesa". A grandeza a ser medida é a massa.
Você não necessita de um resultado com grande exatidão de medição. A balança antropométrica da
drogaria resolve o seu caso. Agora, vamos supor que você trabalhe numa farmácia de manipulação e
precise determinar a massa do componente de um medicamento para aviar uma receita. É
aconselhável que você obtenha um resultado com grande exatidão de medição. Uma balança
analítica compatível com a exatidão requerida é o instrumento mais adequado.

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4 SISTEMA INTERNACIONAL DE UNIDADES (SI)

Objetivos:
 Utilizar, na prática metrológica, unidades internacionalmente reconhecidas.
 Realizar conversão para as unidades do SI, de forma a poder utilizar estas unidades
na prática metrológica.

4.1 Principais unidades do SI

Abaixo são representadas as principais unidades que compõe o Sistema Internacional. Estas
unidades podem ser utilizadas em conjunto com os prefixos, apresentados na tabela seguinte.

Grandeza Nome Plural Símbolo


comprimento metro metros m
área metro quadrado metros quadrados m²
volume metro cúbico metros cúbicos m³
ângulo plano radiano radianos rad
tempo segundo segundos s
freqüência hertz hertz Hz
velocidade metro por segundo metros por segundo m/s
metro por segundo metros por segundo
aceleração m/s²
por segundo por segundo
massa quilograma quilogramas kg
quilograma por quilogramas por
massa específica kg/m³
metro cúbico metro cúbico
metro cúbico metros cúbicos
vazão m³/s
por segundo por segundo
quantidade de matéria mol mols mol
força newton newtons N
pressão pascal pascals Pa
trabalho, energia
joule joules J
quantidade de calor
potência, fluxo de energia watt watts W
corrente elétrica ampère ampères A
carga elétrica coulomb coulombs C
tensão elétrica volt volts V
resistência elétrica ohm ohms 
condutância siemens siemens S
capacitância farad farads F
temperatura Celsius grau Celsius graus Celsius ºC
temp. termodinâmica kelvin kelvins K
intensidade luminosa candela candelas cd
fluxo luminoso lúmen lúmens lm
iluminamento lux lux lx
Tabela 1 - retirada do site http://www.inmetro.gov.br/

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4.2 Prefixos das Unidades SI

Nome Símbolo Fator de multiplicação da unidade


yotta Y 1024 = 1 000 000 000 000 000 000 000 000
zetta Z 1021 = 1 000 000 000 000 000 000 000
exa E 1018 = 1 000 000 000 000 000 000
peta P 1015 = 1 000 000 000 000 000
tera T 1012 = 1 000 000 000 000
giga G 109 = 1 000 000 000
mega M 106 = 1 000 000
quilo k 10³ = 1 000
hecto h 10² = 100
deca da 10
deci d 10-1 = 0,1
centi c 10-2 = 0,01
mili m 10-3 = 0,001
micro µ 10-6 = 0,000 001
nano n 10-9 = 0,000 000 001
pico p 10-12 = 0,000 000 000 001
femto f 10-15 = 0,000 000 000 000 001
atto a 10-18 = 0,000 000 000 000 000 001
zepto z 10-21 = 0,000 000 000 000 000 000 001
yocto y 10-24 = 0,000 000 000 000 000 000 000 001
Tabela 2 - retirada do site http://www.inmetro.gov.br/

4.3 Algumas Unidades em uso com o SI, sem restrição de prazo

Grandeza Nome Plural Símbolo Equivalência


volume litro litros l ou L 0,001 m³
ângulo plano grau graus º /180 rad
ângulo plano minuto minutos ´ /10 800 rad
ângulo plano segundo segundos ´´ /648 000 rad
massa tonelada toneladas t 1 000 kg
tempo minuto minutos min 60 s
tempo hora horas h 3 600 s
velocidade rotação rotações
rpm /30 rad/s
angular por minuto por minuto
Tabela 3 - retirada do site http://www.inmetro.gov.br/

4.4 Algumas Unidades fora do SI, admitidas temporariamente

Grandeza Nome Plural Símbolo Equivalência


pressão atmosfera atmosferas atm 101 325 Pa
pressão bar bars bar 105 Pa
milímetro milímetros 133,322 Pa
pressão mmHg
de mercúrio de mercúrio aprox.
quantidade de calor caloria calorias cal 4,186 8 J
área hectare hectares ha 104 m²
força quilograma-força quilogramas-força kgf 9,806 65 N
milha milhas
comprimento 1 852 m
marítima marítimas
velocidade nó nós (1852/3600)m/s
Tabela 4 - retirada do site http://www.inmetro.gov.br/

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4.5 Conversão de unidades:

Para realizar a conversão de uma unidade qualquer para o SI recomenda-se a utilização do


método descrito abaixo, que utiliza a regra-de-três. Como exemplo, será utilizada a conversão de 67
mmHg para a unidade de pressão do SI, o Pascal.

1. Encontrar o fator de conversão entre as unidades:

1 mmHg = 133,322 Pa

2. Iniciar a montagem de uma regra-de-três, reescrevendo a linha acima como


sendo a primeira linha da regra.

1 mmHg 133,322 Pa

3. Completar a regra-de-três com o valor da grandeza de unidade conhecida abaixo


da mesma unidade que já está na primeira linha e um 'x' abaixo da unidade que
se deseja obter:

1 mmHg 133,322 Pa
67 mm Hg x Pa

4. Resolver a regra-de-três descobrindo 'x':

1 · x = 133,322 · 67
x = 8932,574 Pa

Converta 28 psi para a unidade do SI:

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5 ALGARISMOS SIGNIFICATIVOS

Objetivos:
 Utilizar a teoria dos Algarismos Significativos para expressar o valor de uma medição
e para realizar cálculos com estes valores.
 Reconhecer, a partir desta teoria, a exatidão de uma medida realizada por outro
técnico.

5.1 Os algarismos significativos:


O resultado de uma medição deve, além de expressar um valor, deve expressar também a
exatidão dessa medida. Exemplo: realizando a medida do comprimento de um lápis utilizando uma
régua temos o seguinte:

Comprimento: 9,2 cm

É muito importante que se consiga distinguir a partir de um valor numérico quais são
algarismos corretos e qual é o algarismo duvidoso resultantes da medição. A medida de
comprimento do lápis está entre 9,2 e 9,3 cm.
No exemplo acima temos como algarismo correto o “9”. Afinal, ele está na escala da régua.
O “2” já é uma subdivisão imaginária da escala da régua. Ele não carrega a mesma certeza que o
“9”. Por essa razão o 9 é considerado o algarismo correto, e o 2 é o algarismo duvidoso.
Dizer que o lápis tem um comprimento de 9,25 cm beira o absurdo, já que nenhum olho
humano consegue divir uma escala de 1 mm em 100 subdivisões, apenas no olho. O “5”, desta
forma, não tem significado algum, não sendo considerado um algarismo significativo. Desta forma
uma medida deve ser expressa utilizando os algarismos corretos e apenas UM algarismo duvidoso,
expressando a exatidão da medida.
Se for necessário realizar uma transformação de unidade, de forma a expressar a medida em
metros, o resultado seria 0,092 m. E em micrometros, 92000 m. Sabemos que esta medida tem
dois algarismos significativos: o “9”, que é o correto, e o “2”, que é o duvidoso. Mesmo realizando
a conversão de unidades são esses os algarismos significativos provenientes da medição. Vejamos
então as regras que expressam quantos algarismos significativos têm uma medida, e qual é o
duvidoso:

5.1.1 Algarismo MAIS significativo


É o algarismo significativo que mais interfere no valor da medição. A regra para encontrá-lo
é simples: O algarismo mais significativo é o primeiro algarismo à esquerda diferente de zero.

Exemplos: 9,2 cm 0,092 m 92 000 m

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5.1.2 Algarismo MENOS significativo
É o algarismo significativo que menos influencia na medida. É também o algarismo
duvidoso no valor de uma medida. Sabemos que para 9,2 cm; 0,092 m e 92 000 m o algarismo
duvidoso é o “2”. Por isso existem duas regras para determinar qual é o algarismo menos
significativo de uma medida.
Quando a medida não possui vírgula, o algarismo menos significativo é o ultimo algarismo à
direita diferente de zero. Exemplos: 92 000 m 125 000 Pa
Quando a medida possui vírgula é o ultimo algarismo à direita. Mesmo que este for zero.
Exemplos: 0,092 m 0,0320 Pa 890,670 m/s.

5.1.3 Número de algarismos significativos


Para saber quantos algarismos significativos uma medida possui basta contar todos
algarismos partindo do mais significativo até o menos significativo, inclusive estes:

0,092 m (2 A.S.) 890,670 m/s (6 A.S.)


9,2 cm (2 A.S.) 125 000 Pa (3 A.S.)
92 000 m (2 A.S.) 0,0320 Pa (3 A.S.)

5.2 Operações com algarismos significativos

5.2.1 Soma (adição ou subtração)


Se tivermos uma malha de controle onde precisamos, para realizar determinado controle,
somar a leitura de três instrumentos de medição de pressão diferentes, um com resolução decimal,
outro centesimal e outro milesimal, qual deve ser a “resolução” do resultado da soma? O cálculo é
facil de ser realizado, como explicitado abaixo:

25,4 Pa + 49,89 Pa + 67,001 Pa = 142,291 Pa

Mas para o primeiro instrumento de medição o algarismo duvidoso está na casa dos
décimos. Para o segundo, na casa dos centésimos. E para o último, na dos milésimos. Sublinhando
os duvidosos de cada medida e repassando cada um deles para o resultado da soma temos:
25,4 Pa + 49,89 Pa + 67,001 Pa = 142,291 Pa

Nossa soma, portanto, possui neste momento três algarismos duvidosos. Só poderia ter um.
Para que reste só um precisamos arredondar o resultado de forma a possuir somente a casa decimal,
a menor resolução dos instrumentos que utilizamos:

25,4 Pa + 49,89 Pa + 67,001 Pa = 142,3 Pa

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5.2.2 Multiplicação e divisão
Se necessitarmos multiplicar ou dividir o resultado de duas medições a fim de encontrar um
resultado precisamos considerar, da mesma forma, a teoria dos algarismos significativos. Exemplo:
deseja-se encontrar qual é o volume de um determinado fluído que passou pela tubulação em
determinado tempo, como em uma bomba de posto de gasolina. Para isso mede-se tempo e fluxo,
multiplicando-se os valores encontrados:

34,56 m3/s · 22,2 s = 767,232 m3

A regra para a multiplicação e divisão é a seguinte: o resultado precisa ter número de


algarismos significativos do número da sentença que tiver o menor número de A.S.
No exemplo, a medida de fluxo apresenta 4 A.S. e a medida de tempo, 3 A.S. O resultado,
portando, necessita ter 3 A.S.

34,56 m3/s · 22,2 s = 767 m3


(4A.S.) (3A.S.) (3A.S.)

5.3 Arredondamento
Em muitos momentos quando se trabalha com algarismos significativos é necessário realizar
o arredondamento de casas decimais. Se tivermos uma medida de 26,68 (4 AS) e tivermos que
arredondar para 3AS, teremos 26,7.
O problema reside quando temos que arredondar um numero terminado em “5”, “50”,
“500”.... Como 28,65. Para ficar com 3 AS, arredonda-se para mais ou para menos? Neste caso a
regra é clara: arredonda-se para o valor positivo. Ficaria 28,6. Da mesma forma, 47,875 se
arredondado para 4 AS ficaria 47,88.

5.4 Quando o zero à direita, sem vírgula, for AS


Utilizando-se um manômetro foi encontrada uma medida de 4 600 Pa. Pela teoria dos
algarismos significativos, o algarismo duvidoso é o “6”, podendo a medida variar de 4 500 Pa a 4
700 Pa. Mas o operador do manômetro sabe que na realidade o algarismo duvidoso é o último zero.
De forma a possibilitar que teoria e prática ofereçam o mesmo resultado temos que alterar a forma
de representar esta medida com algarismos significativos. A solução é utilizar a notação científica:
4,600 · 103 Pa. O algarismo menos significativo está sublinhado.

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6 TEORIA DOS ERROS

Objetivos:
Responder as seguintes questões:
 Qual é a melhor forma de expressar o resultado de uma medição?
 Quais são os tipos de erros envolvidos em uma medição?
 Como cada um destes erros afeta a medição?
 O que é exatidão e o que é repetitividade?

6.1 Erros de medição:

Por diversas razões, que serão discutidas a seguir, todas as medidas estão afetadas por um
erro, que trataremos como E. Este erro relativo a uma medida M pode ser sintetizado pela
expressão:
E = M – VV
Onde VV é o valor verdadeiro que teria de ser representado por um padrão de valor
perfeitamente conhecido ou por um sistema de medição livre de erros. Na prática esta situação é
impossível, por esta razão o erro E é calculado por:
E = M – VVC
VVC significa valor verdadeiro convencional, que contém um erro desprezível em relação ao
erro do sistema de medição analisado (ideal menor que 1/10). Utilizamos, como Valores
Verdadeiros Convencionais, os padrões metrológicos.

6.2 Tipos de Erros:

6.2.1 Grosseiros
Falta de cuidado ou maus hábitos do operador. Causas: Erros de leitura , anotação errada,
operação indevida, ajuste incorreto do instrumento de medição, escolha errada de escalas. Podem
ser evitados pela repetição cuidadosa das medições. Não podem ocorrer. Inadmissíveis na prática
metrológica. Os procedimentos de medição, quando bem elaborados, contribuem para impossibilitar
o ocorrência dos erros grosseiros.

6.2.2 Sistemáticos
São erros provenientes do sistema de medição utilizado. Propiciam medidas
consistentemente acima ou abaixo do valor real, prejudicando a exatidão da medida. Sendo
identificados podem ser eliminados ou compensados. Causas: método de medição, paralaxe, efeitos
ambientais, simplificações do modelo teórico utilizado.
Exemplo: Em dada balança o método de medição de massa é indireto, utilizando uma
medida de força para estabelecer a medida de massa através do modelo físico F = m . g, sendo “F”

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a força medida pela balança a partir de stringages, “m” a massa do objeto e “g” a aceleração da
gravidade. O fabricante estipulou que a aceleração da gravidade utilizada para calcular a massa é
9,8 m/s 2. Acontece que o valor da aceleração da gravidade varia de acordo com a longitude e a
altitude do local onde está sendo realizada a medição. Desta forma, se a balança for utilizada em um
local com aceleração da gravidade diferente de 9,8 m/s2, todas as medidas apresentarão um desvio
em relação ao valor real. A boa notícia é que, identificada esta fonte de erro sistemático, ela pode
ser compensada, bastando medir a aceleração da gravidade local e realizar um cálculo simples de
correção. Caso se deseje pode-se eliminar o erro, alterando o método de medição e utilizando uma
balança de comparação.

6.2.3 Aleatórios
São causados por fatores imprevisíveis e aleatórios, tais como vibrações, atritos e folgas do
instrumento de medição. Tais fatores não podem ser identificados. Mas pode-se ter uma avaliação
quantitativa deles pois são os erros aleatórios que impossibilitam que, em uma série de medição,
uma medida seja igual a outra. Sua quantificação é realizada para cada medida, sendo a diferença
entre cada medida e a média de um número infinito de medições em condições de repetitividade
(mesmo operador, mesmo método de medição, mantendo as mesmas condições ambientais). A idéia
de se ter 'condições de repetitividade' é que a única váriável no sistema de medição seja a grandeza
a ser medida, de forma que grandezas de influência permaneçam constantes.

6.3 Exatidão e Repetitividade


Exatidão é a aptidão de um instrumento de medição para dar respostas próximas a um valor
verdadeiro, sendo um conceito qualitativo.
Repetitividade é a aptidão de um instrumento de medição em fornecer indicações muito
próximas, em repetidas aplicações do mesmo mensurando, sob as mesmas condições de medição.
Pode ser expressa quantitativamente em termos das características da dispersão das indicações.

Exato, mas pouco repetitivo. Repetitivo, mas pouco exato.

O instrumento de medição ideal apresenta ótima exatidão e ótima repetitividade. O gráfico


abaixo apresenta estes conceitos de forma técnica, sendo sua correta interpretação necessária para a
continuidade dos estudos. Ele demonstra os valores das medidas encontrados a partir da calibração
de um instrumento de medição. Para esta explicação podemos definir que está sendo calibrado um
Micrômetro, utilizando um bloco padrão de 50 mm como padrão.

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A linha abaixo de “Valor de referência” indica o valor da grandeza do padrão que está sendo
utilizado como Valor Verdadeiro Convencional. Seria, no exemplo, a medida de 50 mm do bloco-
padrão.
A linha curva é a curva de dispersão dos resultados encontrados na medição, sendo uma
curva de Gauss, indicando no eixo x o valor da medida (50,12 mm; 50,17 mm; 50,10 mm) e no eixo
y a ocorrência para este valor durante a série de medições. Esta curva de dispersão será explicada
em detalhes mais adiante, no estudo de incerteza.
A linha abaixo de “Média” indica a média dos resultados encontrados.
A distância entre a média da série de medições e o valor de referência indica o grau de
exatidão do instrumento, que tem origem no seus erros sistemáticos. Como já estudado esses erros
podem ser identificados e então compensados ou corrigidos.
A abertura da curva de Gauss indica a repetitividade do instrumento. Quanto mais aberta
esta curva (no eixo x) maior foi a disperção entre os valores encontrados na série de medições.
Quanto mais fechada, menor foi esta dispersão, estando cada medida mais próxima da média. A
repetitividade, portando, está relacionada aos erros aleatórios ocorridos durante a medição, visto
que o erro aleatório de cada medida é “a diferença entre cada medida e a média de um número
infinito de medições em condições de repetitividade”.
Para expressar o valor de um mensurando, portanto, precisamos inicialmente realizar uma
série de medições. Apenas desta forma poderemos ter uma idéia da repetitividade e da exatidão
dessa medição. Note que se realizássemos apenas uma medição não conseguiríamos determinar a
curva de distribuição, tampouco teríamos uma média.

6.4 Exemplo de comportamento de um sistema de medição:

Para exemplificar tem-se o exemplo da balança eletromecânica digital a seguir. Para saber
qual o erro que a balança comete ao medir uma massa de 1 kg, coloca-se sobre a mesma uma massa
padrão de erro desprezível em relação ao que pode ocorrer na balança.
Caso a experiência de determinação do erro venha a ser repetida, possivelmente a medida,
correspondente a mesma massa padrão, seja um pouco diferente da anterior, fato que também
ocorrerá também às medidas subseqüentes. Este comportamento dos sistemas de medição é
denominado repetitividade.

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a) Primeira medição:
L= 1015g
M = L.l
M = 1015 g
E = 1015 - 1000 = +15 g

b) Comportamento observado em medições subsequentes


Medid E Td Ea
a
1015 15 15 0
1014 14 15 -1
1018 18 15 +3
1015 15 15 0
1013 13 15 -2
1016 16 15 +1
1017 17 15 +2
1014 14 15 -1
1015 15 15 0
1016 16 15 +1
1012 12 15 -3
1015 15 15 0
Média 1015 15 15 0

c) Análise da distribuição:

Se para um mesmo valor da grandeza a medir obtém-se diferenças nas medidas, o erro de
uma medição não é constante. Pode-se caracterizar o erro como sendo a composição das seguintes
parcelas:
E = Es + Ea + Eg

O erro sistemático (Es) ou Tendência (Td): é a parcela de erro da medição que se mantém
constante (em sinal e valor) ou varia de uma forma previsível, quando se efetuam várias medições
da mesma grandeza. Os erros sistemáticos e suas causas podem ser conhecidos e desconhecidos.

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Como o erro sistemático é referente à série de medições ele é igual para todas as medidas
(ver tabela acima). O erro sistemático é dado por:

Es = Td = MM –VVC, onde: MM = média das medidas


VVC = valor verdadeiro convencional

O erro aleatório (Ea): é a parcela de erro que surge em, função de fatores aleatórios:

Ea = M - MM

O erro grosseiro (Eg): é uma parcela que pode ocorrer em função de leitura errônea,
operação indevida ou dano do sistema de medição. Seu valor é totalmente imprevisível, podendo
sua aparição suprimida a casos intuito esporádicos, desde que o trabalho de medição seja feito com
atenção e coincidentemente. Esta parcela de erro não será considerada nos estudos a seguir.
No exemplo da balança, mostrado anteriormente, como foi aplicado um massa padrão de 1
kg, pode-se afirmar que esta balança, sistematicamente apresenta um erro de +15 g, isto é, 15 g
acima do valor esperado. O erro aleatório como falado e definido é imprevisível. Apenas pode-se
supor a partir deste experimento que ele ocorrerá dentro de uma faixa de ± 3 g (ver gráfico de
distribuição)
Se não fosse conhecido o valor da massa aplicada a tendência de um leigo seria afirmar:

m = 1015 ± 3 g

Como já é possível observar, ao fazer isto um grave erro será cometido, por simplesmente
ter esquecido do erro sistemático. A determinação do resultado será motivo de uma discussão mais
detalhada em itens a seguir.

6.5 Critério de exclusão:


Em uma série de medições pode acontecer de n Rc n Rc
algumas das medidas não estarem condizentes com as 2 1,15 14 2,10
demais, geralmente devido a algum erro grosseiro. Mas
como saber quando uma medida deve ser excluida das 3 1,38 15 2,13
demais? Utiliza-se algum critério de exclusão. A seguir 4 1,53 16 2,15
está apresentado o critério de Chauvenet. 5 1,64 17 2,18
O critério de exclusão de Chauvenet compara o 6 1,73 18 2,20
número de desvios-padrão “r” que a medida “xi” difere
da média com um critério de rejeição pré-estabelecido 7 1,80 19 2,22
(probabilidade de 95 %). Caso “r” seja maior do que Rc 8 1,86 20 2,24
a medida em questão está fora da faixa de probabilidades 9 1,91 21 2,26
e deve ser excluída da série.
10 1,96 22 2,28
xi − x 11 2,00 23 2,30
r= 12 2,04 24 2,31
S 13 2,07 25 2,33

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7 INTRODUÇÃO À INCERTEZA DA MEDIÇÃO

Fazendo-se uma análise da distribuição dos valores medidos normalmente constata-se que,
quanto à repetitividade das leituras/medidas, os sistemas de medição apresentam uma distribuição
aproximadamente Gaussiana dos valores. Pode-se, então, utilizar os recursos de estatística para
avaliar a faixa dentro da qual ocorrerão os erros aleatórios. Esta faixa é denominada dispersão da
medida (DM) ou repetitividade (Re) e seu valor pode ser calculado como sendo:

DM(P) = Re = ± t.S
Onde: DM(P) – dispersão da medida enquadrando P% dos valores.
Re – repetitividade
P – probabilidade de enquadramento
t – fator de Student.
S – desvio padrão calculado para n medidas.

∑(M − MM )
2
i
i =1
S=
n −1
A dispersão avaliada desta forma, enquadra praticamente P% dos valores possíveis do erro
aleatório. O fator t (coeficiente de Student) para comportamentos Gaussianos pode ser determinado
a partir de tabelas como a mostrada a seguir em função de P e n (tabela abaixo).
A balança mostrada anteriormente pode então ser caracterizada quanto ao seu
comportamento metrológico pelos valores dos parâmetros:
 ES ou Td informando a parcela de erro sempre presente;
 DM(P) ou Re informando que a parcela de erro aleatório em P% dos casos não supera o
valor ± DM. Para este caso então teríamos:

Td = Es = 15 g

Sendo o desvio padrão S = 1,65 g


Para: P = 100% — DM(l00) = 4,0.1,65 = ± 6,6 g
P = 95% — DM(95) = 2,3.1,65 = ± 3,8 g
P = 68% — DM(68) = l,05.1,65 = ± 1,7 g

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Valores de t e para vários níveis de probabilidade P

7.1 Fontes de erros

Toda medida esta afetada por um erro. Este erro é provocado pelo sistema de medição e
operador, sendo inúmeras as possíveis causas. 0 comportamento metrológico do SM é influenciado
por perturbações externas e internas, bem como efeitos de retroação do SM sobre a grandeza a
medir e retroação do receptor da medida sobre o SM (esquematizado na figura abaixo).
As perturbações externas podem provocar erros alterando diretamente o comportamento do
SM ou agindo diretamente sobre a grandeza a medir. 0 elemento perturbador mais crítico, de modo
geral é a variação de temperatura ambiente. A variação de temperatura provoca, por exemplo,
dilatação das escalas dos SM para medição de comprimentos, da mesma forma que age sobre a
grandeza a medir, por exemplo, o comprimento a medir de uma peça.
A variação de temperatura pode também ser uma perturbação interna. Exemplo típico é a
não estabilidade dos sistemas elétricos de medição, por determinado espaço de tempo, após terem
sido ligados. Em função da liberação de calor nos circuitos elétricos/eletrônicos pode haver uma
variação das características elétricas de alguns componentes e assim do SM. Há necessidade de
aguardar uma estabilização térmica, a que minimizará os efeitos da temperatura.
A retroação do SM sobre o processo, ou seja, sobre a GM pode ter diversas causas. Por
exemplo, na metrologia dimensional, a dimensão da peça modifica-se em função da forca de
medição aplicada.
A retroação do receptor acontece, por exemplo, na conexão indevida de registradores de
sinal.
Para a operação o fabricante fixa condições limitantes aos fatores que influem sobre o
comportamento do SM. Somente dentro destas faixas é que são garantidas as especificações
metrológicas dos SM.

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Fontes de erros de medição

Finalmente existem uma série de outros fatores que influem nos erros, que não se pode
quantificar através de formulações. Estes fatores não são objeto de estudos de técnicas em
metrologia. São fatores relacionados com os erros grosseiros, mas que sem dúvida são necessários
de se conhecer, para que através do treinamento no trabalho seja possível evitá-los. Entre estes
fatores pode-se citar:
 Falhas causadas por cansaço;
 Falhas causadas por leitura distorcida (paralaxe);
 Falhas causadas por manipulação errada;
 Falhas causadas por falta de atenção.

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8 CARACTERÍSTICAS DOS SISTEMAS DE MEDIÇÃO

O comportamento funcional de um sistema de medição é descrito pelas suas características


(parâmetros) operacionais e metrológicas. Aqui é definida e analisada uma série destes parâmetros
para o uso correto da terminologia e uma melhor caracterização dos sistemas de medição.

Faixa de indicação (FI): A FI é o intervalo entre o menor e o maior valor que o indicador
do SM teria condições de apresentar como leitura (medida). Nos SMs de indicação analógica a Fl
corresponde ao intervalo entre o menor e o maior valor da escala.
Exemplos:
-Fl manômetro: 0 a 20 bar;
-FI termômetro: 700 a 12000C;

Faixa de medição ou faixa de operação (FO): É o intervalo entre o menor e o maior valor
da GM entre o qual o SM opera segundo as especificações metrológicas estabelecidas.
Exemplos:
- termômetro: FO: -50 a 2800C;
- medidor de deslocamento: FO: -0,050 a +0,050 mm;
A FO é menor ou, no máximo, igual a FI. A FO pode ser obtida através do manual de
utilização do SM, de sinais gravados sobre a escala, de especificações de normas técnicas ou de
relatórios de calibração.

Divisão de escala (DE): Característica de SM analógicos em que as leituras são em geral


obtidas a partir da posição de um elemento de referencia (ponteiro, coluna de líquido, etc.) em
relação a uma escala. 0 parâmetro DE corresponde ao valor nominal de variação da leitura entre
dois traços adjacentes da escala. Exemplos:
- manômetro: DE = 0,2 bar;
- termômetro: DE = 5 K;
- escala mecânica: DE = 1 mm.

Incremento digital (ID): Característica observada em SMs digitais e é o valor do


incremento digital. Deve-se tomar cuidado na definição deste parâmetro já que nem sempre a
variação do último dígito é unitária. Esta variação pode também ser de dois em dois ou de cinco
unidades.

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Resolução (R): Resolução é a menor variação da grandeza a medir que pode ser
indicada/registrada pelo sistema de medição. A avaliação de resolução é feita em função do tipo de
instrumento:
 nos sistemas de medição de indicação ou registro digital, a resolução corresponde ao
incremento digital.
 nos sistemas de medição de indicação analógica, a resolução teórica é zero; no entanto,
em função das limitações do executor da leitura, da qualidade do indicador e da própria
necessidade de leituras mais ou menos criteriosas, a resolução a adotar no problema
específico pode ser:
• R=DE quando a grandeza a medir apresentar flutuações superiores a própria DE;
• R=DE/2 quando tratar-se de SM de qualidade regular ou inferior e/ou a GM apresentar
flutuações significativas ou tolerâncias de leitura grandes.
• R=DE/5 quando tratar-se de SM de boa qualidade (traços e ponteiros finos, etc.) e a
medição em questão tiver de ser feita criteriosamente.
• R=DE/10 quando o SM for de qualidade e a medição for altamente critica quanto a
erros de medição.

Erro sistemático (Es) ou Tendência (Td): É a parcela de erro que se mantém constante
(em sinal e valor) ou varia da forma previsível, quando se efetuam várias medições da mesma
grandeza.
Os erros sistemáticos (tendências) e suas causas podem ser conhecidos ou desconhecidos.

Dispersão da medição (DM) ou Repetitividade (Re): Especifica a faixa de valores dentro


da qual, com uma probabilidade estatística definida, se situará o erro aleatório de uma medição.
Normalmente especifica-se a DM de modo a abranger 95% dos erros aleatórios.
A utilização de outras probabilidades de enquadramento dos erros aleatórios depende da
aplicação e obedece tradições, determinações de norma ou desejo do usuário.

Função de transferência nominal (FTn) e real (FTr): No caso da balança anterior se


aplicarmos uma massa de 2 kg, o valor da tendência e da repetitividade certamente serão diferentes
de 15 g. Através de sucessivas experiências, com valores de GM distintos, pode-se determinar o
comportamento do SM em toda a sua faixa de operação (ou de interesse).
Esta operação de determinação do comportamento, pela aplicação de valores conhecidos, é

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denominada calibração.
A função de transferência real difere da nominal em função dos SM apresentar erro
sistemático e aleatório, podendo notar esta diferença quando estas funções são apresentas em
gráficos, onde a FTr é um conjunto de curvas, onde existe uma linha media e uma faixa de
dispersão associada.

Curva de erro: Os gráficos FTr e FTn, em especial para instrumentos de qualidade, em


geral não oferecem boas condições para visualização do comportamento do SM, tendo em vista que
Os erros são pequenos frente ao valor da medida. Isto faz que este gráfico dê lugar as curvas de erro
(CE).
No gráfico CE, os erros são apresentados em função do valor indicado (leitura ou medida).
Este gráfico é bastante explicito sobre o comportamento do SM e muito prático para determinação
do resultado da medição (RM). Neste mesmo gráfico associa-se a curva de tendências os valores de
dispersão da medição (DM) em cada ponto, de modo a dar noção da faixa de erros total. A curva de
erro pode também apresentar a tendência com a incerteza expandida.

Correção (C): Sabendo-se que determinada leitura contém um erro sistemático de valor
conhecido, pode-se então eliminar este erro. Isto é feito através da correção (C), que é adicionada à
leitura: Lc = L + C, onde: Lc é a leitura corrigida.
O valor da correção é a tendência (Td) com o sinal trocado.

Sensibilidade (Sb): É a variação de sinal de saída (leitura) correspondente a uma variação


unitária da grandeza a medir.

Flutuação da sensibilidade (FS): Em função da variação das condições ambientais e de


outros fatores no decorrer do tempo, a função de transferência real do SM pode apresentar
mudanças em relação a função de transferência nominal. Como exemplo pode-se citar a variação da
Sb de um dinamômetro em função da temperatura que afeta o módulo de elasticidade do material.

Histerese (H): Diferença entre leitura/medida (L/M) para um dado valor da GM quando
esta foi atingida por valores crescentes e a L/M quando atingida por valores decrescentes da GM. A
histerese é um fenômeno bastante típico em SMs mecânicos devido a folgas e deformações
associados ao atrito.

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9 CÁLCULO DE INCERTEZA DE MEDIÇÃO

Quando se relata o resultado de uma medição de uma grandeza física, é obrigatório que seja
dada uma indicação quantitativa da qualidade do resultado de forma tal que aqueles que o utilizam

possam avaliar sua faixa de dúvidas. Sem esta indicação, resultados das medições não
podem ser comparados, seja entre eles mesmos ou com valores de referência dados numa
especificação ou numa norma. É, portanto, necessário que haja um procedimento prontamente
implementado, facilmente compreendido e de aceitação geral para caracterizar a qualidade de um
resultado de uma medição, isto é, para avaliar e expressar sua incerteza. O procedimento
apresentado a seguir é baseado no ISO-GUM, Guia para determinação da Incerteza de Medição.

Quando se relata o resultado de uma medição de uma grandeza física, é obrigatório que seja
dada uma indicação quantitativa da qualidade do resultado de forma tal que aqueles que o utilizam
possam avaliar sua faixa de dúvidas. Sem esta indicação, resultados das medições não podem ser
comparados, seja entre eles mesmos ou com valores de referência dados numa especificação ou
numa norma. É, portanto, necessário que haja um procedimento prontamente implementado,
facilmente compreendido e de aceitação geral para caracterizar a qualidade de um resultado de uma
medição, isto é, para avaliar e expressar sua incerteza.

O Guia para a Expressão da Incerteza de medição adotou a abordagem de combinação de


componenetes de incerteza em duas categorias baseadas em seus métodos de avaliação:

 Avaliação tipo A - método de avaliação da incerteza pela análise estatística de uma


série de observações.

 Avaliação tipo B - método de avaliação da incerteza por outros meios que não a
análise estatística de uma série de observações.

A incerteza padronizada ou padrão de uma fonte de erro é a faixa de dispersão em torno


do valor central equivalente a um desvio padrão.

A avaliação da incerteza padronizada pode ser classificada em Tipo A e Tipo B. O propósito


de classificação Tipo A e Tipo B é de indicar as duas maneiras diferentes de avaliar as componentes
da incerteza e serve apenas para discussão, a classificação não se propõe a indicar que haja qualquer
diferença na natureza dos componentes resultando dois tipos de avaliação. Ambos os tipos de
avaliação são baseados em distribuições de probabilidade e os componentes de incerteza resultantes

de cada tipo são quantificados por variâncias ou desvios padrão.

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Passos para a determinação da Incerteza de Medição:

 Determinar a fonte de incerteza padrão Tipo A


 Determinar as fontes de incerteza padrão Tipo B
 Calcular a Incerteza Combinada
 Determinar o Fator de Abrangência
 Calcular a Incerteza Expandida
 Relatar o valor da medição e a incerteza deste

9.1 Determinação da incerteza padrão Tipo A


Este tipo de avaliação será normalmente utilizado para obter um valor para a repetitividade
ou aleatoriedade de um processo de medição apresentado em uma ocasião particular.

A dispersãos dos resultados indica a repetitividade do processo de medição e depende dos


equipamentos utilizados, do método, e algumas vezes do técnico que está efetuando a medição. A
função estatística utilizada para caracterizar a dispersão nos resultados é o desvio padrão amostral,
lido como:

∑(x
i =1
i − µ)2
S=
n −1
Neste caso, a incerteza padrão será caracterizada pelo desvio padrão experimental da média:

s
s ( xi ) =
n
Nos casos onde o desvio padrão amostral for igual a zero, ou bastante pequeno, como
acontece nos processos de calibração de micrômetros, paquímetros, poderá ser assumido que há um
intervalo dentro do qual existe a possibilidade de se encontrar o valor da grandeza xi. Este intervalo
será ± a divisão da escala do instrumento (± a resolução). Como esta distribuição de probabilidade é
uniforme retangular, deverá ser transformada em normal. Para isso , a seguinte condição
matemática deverá ser satisfeita:

_
resol. s ( xi )
s ( xi ) = , então assume-se que s ( x) =
2 3
CONFIABILIDADE METROLOGICA :: Prof Eng Tobias Roberto Mugge :: 26
9.2 Determinação da incerteza padrão Tipo B

Se um laboratório de medição tivesse recursos e tempo ilimitados, ele poderia conduzir uma
investigação estatística exaustiva de cada causa concebível de incerteza, por exemplo, utilizando
vários instrumentos de feitios e tipos diferentes, métodos diferentes de medição, aplicações
diferentes do método e diferentes aproximações em seus modelos teóricos de medição. As
incertezas associadas à todas estas causas poderiam então ser avaliadas pela análise estatística da
série de observações e a incerteza de cada causa seria caracterizada por um desvio padrão avaliado
estatisticamente. Em outras palavras, todos os componentes de incerteza seriam obtidos de
avaliações do Tipo A. À medida que tal investigação não é uma prática econômica, muitos dos
componentes de incerteza precisam ser avaliados por quaisquer outros meios que sejam práticos, ou
seja, a incerteza padronizada é avaliada através de um julgamento científico baseado em todas as
informações disponíveis sobre a variabilidade possível de uma grandeza de entrada.
O conjunto de informações pode incluir:
 Experiência com ou conhecimento geral do comportamento e propriedades de
materiais relevantes e instrumentos;
 Dados fornecidos em certificados de calibrações e outros certificados;

 Incertezas especificadas para dados de referência tomados de manuais;


 Correções a serem feitas;
 Dados de medições anteriores. Por exemplo, histórico em gráficos podem ser
construídos e podem fornecer informações úteis sobre mudanças em função do
tempo;
 Experiência ou conhecimento geral do comportamento e propriedades de materiais
similares e equipamentos;
 Valores aceitos de constantes associadas com materiais e grandezas;
 Especificações de fabricantes;
 Qualquer outra informação relevante.

O uso apropriado do conjunto de informações disponíveis para a avaliação do tipo B de


incerteza padronizada pede um discernimento baseado na experiência e no conhecimento geral, e é
uma habilidade que pode ser apreendida com a prática. Deveria ser reconhecido que uma avaliação
do tipo B de incerteza padronizada pode ser tão confiável quanto uma avaliação tipo A,
especialmente em situações de medição onde uma avaliação tipo A é baseada em um número
comparativamente menor de observações estatisticamente independentes.

As incertezas individuais avaliadas pelo método apropriado serão denominadas


individualmente como uma incerteza padronizada.

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Como o potencial para erros em um estágio posterior da avaliação deve ser minimizado
expressaremos todas as componentes de incerteza como um desvio padrão. Este método requer o
ajuste de alguns valores de incerteza, tais como aqueles obtidos de certificados de calibrações e
outras fontes, que freqüentemente serão expressos com um alto nível de confiança, implicando em
um múltiplo do desvio padrão.

Como a incerteza padronizada é derivada da incerteza da grandeza de entrada, tal ajuste é


obtido dividindo-se a grandeza de entrada por um número associado com a distribuição de
probabilidade assumida. Os divisores para as distribuições comumente encontrados são os que
seguem:

Normal (k=x) x

Retangular 3

Triangular 6

Em forma de U 2
Alguns exemplos das fontes mais comuns de incerteza tipo B e sua transformação para
incerteza padronizada serão apresentadas à seguir.

9.2.1 Resolução e divisão de escala de um instrumento de medição:


A resolução de um instrumento de medição digital ou a divisão de escala de um instrumento
de medição analógico, assim como a capacidade de interpolação do operador causam uma
componente de incerteza matematicamente expressa como:

d
uR = , onde “d” é a resolução ou capacidade de interpolação do operador
2 3

9.2.2 Histerese:
A histerese “h” na indicação de um instrumento de medição deve ser tratada como uma
incerteza simétrica em relação a média das duas indicações (avanço/retorno) que formam a
histerese. A componente de incerteza atribuída a histerese terá como incerteza padronizada:

h
uh = , onde “h” é a histerese do instrumento de medição.
2 3

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9.2.3 Certificados de calibração (incerteza herdada):
Certificados de calibração apresentam valores medidos de características metrológicas e
suas respectivas incertezas de medição. Quando um instrumento calibrado é utilizado, as incertezas
padronizadas oriundas do certificado de calibração são as apresentadas à seguir, porém não se
limitam a estas:

Incerteza herdada da calibração do instrumento de medição:

U
uc = , onde
k
U: Incerteza expandida expressa no certificado de calibração;
k: Fator de abrangência expresso no certificado de calibração.

Erro de indicação do instrumento de medição:

E
uE = , onde
3
E: Erro de indicação expresso no certificado de calibração;

9.3 Incerteza Padronizada Combinada


Uma vez que as contribuições associadas com o processo de medição forem identificadas e
quantificadas, será necessário combiná-las da mesma maneira a fim de prover um único valor de
incerteza que poderá ser associado com o resultado de medição. Então, as incertezas padronizadas
individuais são combinadas para produzir um valor total de incerteza, denominada como incerteza
padronizada combinada.

Utilizando um conjunto de convenções predeterminadas, os órgãos de credenciamento, os


laboratórios e sues clientes estarão aptos a comparar resultados de diferentes fontes da mesma
maneira, sendo que as incertezas herdadas dos padrões nacionais aos usuários finais,
freqüentemente através de uma cadeia de muitos laboratórios, também serão tratadas de maneira
consistente e da mesma maneira a cada passo do processo.

As componentes de incerteza tem que ser combinadas para produzir uma incerteza total. Na
maioria dos casos, isto é reduzido a aplicar a raiz quadrada da soma dos quadrados das incertezas

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padronizadas. Todavia, alguns componentes podem ser interdependentes e podem, por exemplo,
cancelar ou reforçar umas às outras. Em muitos casos isto é facilmente visto e os componentes
interdependentes podem ser adicionados algébricamente para obter um valor líquido. Todavia, em
casos mais complexos, métodos matemáticos mais rigorosos devem ser utilizados para tais
componentes correlacionadas.

N N
u c ( y) = ∑c u ( x )
i
2 2
i ≡ ∑ u ( y)
2
i
i =1 i =1

9.4 Incerteza Expandida


É usualmente requerida para reunir as necessidades de muitas aplicações, especialmente
onde segurança interessa. Ela intenciona fornecer um intervalo maior do que a incerteza padrão
sobre o resultado de uma medição, consequentemente, uma alta probabilidade de que o valor
verdadeiro do mensurando esteja contido neste intervalo. Isto é obtido através da multiplicação da
incerteza padrão combinada por um fator de abrangência, k.

Para muitas finalidades um valor de 2 é usado para k, fornecendo um nível de confiança de


aproximadamente 95%.

9.5 Fator de Abrangência k


Na maioria dos casos, será possível avaliar incertezas do tipo B com alta confiabilidade.
Além disso, se o procedimento apresentado para fazer as medições é bem estabelecido e as
avaliações do tipo A são obtidas de um número suficiente de observações, então o uso do fator de
abrangência de k=2 significará que a incerteza expandida, U, fornecerá um intervalo com um nível
de confiança de 95%.

Todavia, na maioria dos casos, não é prático basear a avaliação tipo A em um grande
número de leituras, o que poderá resultar em um nível de confiança menor do que 95% se o fator de
abrangência de k=2 for utilizado. Nestas situações o valor de k, ou mais estritamente kp, onde p é a
probabilidade de confiança em termos percentuais, por exemplo 95, deve ser baseada na
distribuição t-student e não na distribuição normal.

Para a obtenção de um valor para kp será necessário obter uma estimativa dos graus efetivos
de liberdade, veff, da incerteza padronizada combinada uc(y). O Guide recomenda que a equação de

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Welch-Satterwaite seja utilizada para calcular o valor de v eff, baseado nos graus de liberdade, vi, das
contribuições individuais de incerteza ui(y). Logo:

uc4 ( y )
veff = N 4
ui ( y )
∑ v
i =1 i

Nota 1: Os graus de liberdade, vi, para contribuições obtidas de avaliações tipo A é n-1.

Nota 2: Os graus de liberdade, vi, para contribuições obtidas de avaliações tipo B com
distribuições de probabilidade retangulares, triangulares ou em forma de U é .

Nota 3: Os graus de liberdade, vi, para a incerteza herdada da calibração de um instrumento


de medição é o veff apresentado no certificado de calibração do instrumento.

Tendo obtido um valor para veff , a tabele t-student será utilizada para encontrar um valor de
tp(v). A tabela abaixo apresenta alguns valores para t95,45(v); Valores para outros níveis de confiança
podem ser encontrados no Guide.

veff 1 2 3 4 5 6 7 8 10 12 14 16
t(v) 13,9 4,53 3,31 2,87 2,65 2,52 2,43 2,37 2,28 2,23 2,20 2,17

veff 18 20 25 30 35 40 45 50 60 80 100 
t(v) 2,15 2,13 2,11 2,09 2,07 2,06 2,06 2,05 2,04 2,03 2,02 2,00

Nota: Se o valor de veff obtido da equação não é um número inteiro, que será geralmente o
caso na prática, o valor correspondente de t p poderá ser interpolado ou truncado para o próximo
número inteiro mais baixo. O valor obtido para t 95,45(v) é o valor de k95,45 requerido para calcular a
incerteza expandida U95,45.

9.6 Relatando e apresentando os cálculos de incerteza


Para apresentar os dados e cálculos de uma forma na qual seja facilmente entendida, é
sugerida a construção de uma tabela a qual apresenta as grandezas de entrada e saída, as
distribuições de probabilidade associadas e os respectivos divisores. Um layout sugestivo é
apresentado na página seguinte e é similar ao usado no apêndice G da NIS3003, edição 8.

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Deve ser relembrado que a incerteza total é somente uma estimação e por esta razão, não
existe a necessidade para precisões inadequadas na apresentação dos resultados. Se a incerteza
expandida é calculada como sendo, por exemplo, ± 0,388 unidades, esta poderá ser arredondada
para ± 0,39 ou até ± 0,4 unidades.

Sugestão de tabela para cálculos de incerteza:

Fonte de Incerteza Esti Ince Distribuiç Coefici Contrib Gra


Xi mati rteza ão de ente de uição us
va Padr Probabilid Sensibi para de
δ (xi) ão ade/ fator lidade Incertez libe
u(xi divisor a ui(y) rda
) de
νi e
ν eff
x1
x2
.....

xn
uc(y)
U(y)

O resultado de uma medição deve reportado na forma y ± U. Esta condição não estaria
completa sem a menção ao fator de abrangência usado para obter a incerteza expandida. Uma
indicação do nível de confiança obtido deverá ser incluído. Uma sugestão para fornecer uma
informação completa acerca da incerteza de medição poderá ser a seguinte:

“A incerteza declarada é baseada em uma incerteza padronizada combinada


multiplicada por um fator de abrangência k=2, fornecendo um nível de confiança de
aproximadamente 95%.”

Os valores de k e para o nível de confiança serão, todavia, modificados quando usados


outros, que não este apresentado no exemplo.

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