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Guilherme
Ravache
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Por Guilherme Ravache


Guilherme Ravache é consultor e atua em projetos de jornalismo digital no Brasil e exterior. Nos
últimos anos, especializou-se na cobertura do mercado de mídia

'Harry Potter' precisa de mágica para salvar


HBO, pagar dívida bilionária e vencer
polêmicas
A Warner Bros. Discovery largou na frente da concorrência ao cortar custos
drasticamente; agora, precisa provar que ainda consegue entregar grandes sucessos

14/04/2023 08h54 · Atualizado há 51 minutos


Harry Potter — Foto: Divulgação/Divulgação

Nesta semana, a Warner Bros. Discovery (WBD) anunciou seu novo “super
streaming” que resultará da fusão das plataformas HBO Max e Discovery+ e se
chamará Max. O evento foi morno. O grande destaque foi o lançamento de um
plano para sete temporadas de uma série de Harry Potter, prevista para durar dez
anos. Mas além disso, nenhuma grande novidade.

Se por um lado os fãs de Harry Potter comemoram, a recepção do mercado foi


morna. As ações da WBD fecharam com queda de 5,8% na quarta-feira, dia do
anúncio. Foi um dia ruim no pregão e as donas de plataformas concorrentes
também caíram. A Disney perdeu 2,5% e Netflix 2%. Mesmo assim, a WBD liderou a
queda no segmento.

No final, a sensação é de mais do mesmo. Não ajudou o fato de outro destaque


anunciado pela Warner ser um “spinoff” do sitcom “The Big Bang Theory”, que foi ao
ar de 2007 a 2019.

Recuperar franquias como “Harry Potter” e “The Big Bang Theory” está longe de ser
uma novidade em Hollywood. É mais barato e envolve menos riscos, já que são
conhecidas do grande público e tem uma base fiel de fãs. O problema é que isso
talvez não seja suficiente para a Warner.

Polêmicas de ‘Harry Potter’


Primeiramente, apostar todas as fichas no bruxinho tem seus próprios riscos. J. K.
Rowling, criadora de Harry Potter, se tornou uma figura tóxica e já foi cancelada
diversas vezes. Ela estará na produção da série. Para piorar, ela é vista no mercado
mais como um problema do que solução. Os comentários são de que quanto maior
seu envolvimento, pior o resultado.

Rowling esteve diretamente ligada à produção de Animais Fantásticos, inclusive


como roteirista. A série, prevista para ter cinco filmes, parou no terceiro após a
brusca queda de bilheteria ao longo dos lançamentos. Rowling defendeu, por
exemplo, a escolha de Johnny Depp para viver Gellert Grindelwald em Animais
Fantásticos e Onde Habitam. Depp tinha acabado de ser acusado pela ex-esposa,
Amber Heard, de violência doméstica.

Apostar todas as fichas em Harry Potter faz sentido, a WBD não parece ter muita
margem de erro. Com uma dívida de quase US$ 48,63 bilhões no final de 2022 e as
taxas de juros subindo, a situação da WBD não é nada confortável. O valor de
mercado da companhia é de US$ 34,2 bilhões.

Em 2021, quando David Zaslav era CEO da Discovery e realizou a compra da


WarnerMedia, pagou muito mais do que a propriedade valia. Os tempos eram
diferentes e a premissa de todo o mercado era de que o streaming seguiria
crescendo rapidamente alcançando 1 bilhão de assinantes. Se esse dia chegar, será
em um futuro não muito próximo. A líder Netflix tem pouco mais de 230 milhões de
assinantes e, no ano passado, chegou a perder clientes.
Harry Potter — Foto: Divulgação

De patinho feio a visionária

O crescimento do número de assinantes desacelerou, o valor das ações da Netflix


despencou e o CEO da Disney, Bob Chapek, até perdeu o emprego por causa dos
prejuízos no streaming da companhia.

No último ano, os investidores ao invés de cobrarem por crescimento passaram a


exigir lucros no streaming. Todos os grandes players do setor mudaram de
estratégia, mas a Warner estava na dianteira neste sentido. Agora, tem sido cada vez
mais copiada pelo mercado.
Quando a fusão da Discovery e WarnerMedia foi concluída, Zaslav já na posição de
CEO da WBD chocou o mercado logo no primeiro anúncio de resultados. “Não
estamos tentando vencer a guerra de gastos no streaming”, disse Zaslav em uma
teleconferência com analistas.

Os meses provaram que aquelas não eram apenas frases de efeito de Zaslav. Para
usar benefícios fiscais, a WBD demitiu e cortou custos brutalmente em 2022. Filmes
já prontos como “Batgirl” foram cancelados às vésperas do lançamento; produções
como “Westworld” foram retiradas da HBO Max; e projetos já aprovados, a exemplo
da série “Demimonde” do badalado J.J. Abrams, foram exterminadas.

Zaslav também não teve medo de aumentar os preços. A HBO é uma das
plataformas mais caras do mercado.

Para piorar, os já frustrados fãs receberam a notícia de que a marca HBO iria
desaparecer no streaming. A decisão foi posteriormente revertida, e apesar da
existência do Max, as plataformas Discovery+ e HBO devem seguir vivas para evitar
perder assinantes que não estejam dispostos a pagar mais (o Max ainda não tem
previsão de lançamento no Brasil).

Lord Voldemort de Hollywood

Zaslav se tornou uma espécie de Lord Voldemort do mundo da mídia. Apenas com
custos de cortes de conteúdo e demissões a WBD gastou US$ 5,3 bilhões em 2022.
Temido por oponentes, mas com seguidores poderosos. Disney, Paramount e até a
Netflix copiaram diversas estratégias de Zaslav.

Os estúdios voltaram a lançar os filmes nos cinemas e não diretamente no


streaming, orçamentos foram reduzidos e demissões passaram a acontecer em
todas as empresas de streaming. Mesmo a fusão de plataformas se tornou uma
ideia popular. A Paramount em breve irá fundir a Paramount+ com o Showtime para
cortar custos.
Até a venda de conteúdo para plataformas concorrentes da HBO Max a WBD adotou
para melhorar o caixa. Meses depois, a Disney anunciou o mesmo plano. As ações
da WBD já subiram quase 50% neste ano, apesar de estarem ainda 43% abaixo do
valor de um ano atrás.

O problema para Zaslav é que, após sua decisão correta de cortar custos
drasticamente e apostar na eficiência, sua cartilha vem sendo copiada e sua
vantagem foi consideravelmente reduzida.

No quarto trimestre de 2022, a receita da WBD caiu 11%, o Ebitda caiu 5% e o caixa
disponível caiu 22% ano a ano para apenas US$ 2,42 bilhões, enquanto a dívida de
longo prazo ainda está em US$ 48,63 bilhões. Para piorar, a meta de cortar US$ 4
bilhões em custos não foi alcançada.

Durante o anúncio do Max, a expectativa era que ele apresentasse uma nova mágica
para dar esperança para as finanças da WBD, o que não aconteceu já que “Harry
Potter” oferece riscos e o mercado já previa o anúncio há meses.

Aposta no streaming como TV

Mas é cedo para descartar Zaslav e a WBD. Se por um lado o anúncio não foi
inspirador e desapontou fãs da HBO, a estratégia parece consistente. O plano parece
ser transformar o Max em uma grande TV no streaming e preservar a HBO para dias
melhores.
Os próximos lançamentos produzidos no Brasil para o Max dão uma ideia da direção
da plataforma. Nesta semana foram anunciadas as versões brasileiras de Quilos
Mortais, Muquiranas e Largados e Pelados (terceira temporada), formatos originais
WBD.

“Reality shows” oferecem um ótimo custo benefício, porque são baratos de produzir
e o público adora. São o segredo para o sucesso do Discovery+. Entre as grandes
plataformas de streaming, apenas a Netflix e o Discovery+ não operam no prejuízo.

Ou seja, o Max terá muito conteúdo barato que gera alto engajamento (reality show)
e vez por outra atrações imperdíveis como a série de Harry Potter e grandes
blockbusters dos estúdios Warner.

Tirar o HBO do nome também populariza o Max. “Quando você tem uma marca
ousada e criadora de tendências, você não vai atrair 100% das pessoas”, disse JB
Perrette, chefe de streaming da WBD, na quarta-feira. “Algumas pessoas dizem: 'Isso
não é para mim'.”

“Tirar HBO do nome protege a marca HBO em um serviço que incluirá também
‘Pelados e Largados’, para citar apenas um título”, afirmou Manuel Urrutia, que até o
ano passado foi vice-presidente sênior de estratégia e operações de expansão global
do HBO Max e chefe de marketing do HBO Max EMEA, em um post no LinkedIn.
“Max é um recipiente vazio com percepção favorável e atributos de marca”,
completou.
A estratégia também deixa aberta a porta para um futuro “spin-off” ou venda da
HBO. Para muitos, o real plano de Zaslav é arrumar a casa e negociar a WBD com
uma gigante mais capitalizada como a Apple.

Mas enquanto o dia da venda não chega, os investidores só vão ver valor na WBD se
a empresa conseguir provar que, mesmo cortando custos, consegue produzir
grandes sucessos e atrair a audiência. No último trimestre de 2022, a HBO Max foi a
plataforma de streaming que menos cresceu entre as gigantes, adicionando
somente 1,1 milhão de assinantes.

Além disso, sucessos como “The Last of Us” e “A Casa do Dragão” começaram anos
atrás, muito antes de Discovery chegar. Parte relevante da equipe responsável por
esses sucessos deixou a empresa.

Se Zaslav conseguir produzir blockbusters, domar a dívida bilionária e estabelecer


Harry Potter como um fenômeno mundial para novas geracões, salvará a WBD e se
tornará o herói da saga do streaming.

E se tudo falhar para a HBO e WBD, como disse Dumbledore, “para a mente bem
organizada, a morte é apenas a próxima grande aventura”.

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