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UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CARLOS ALBERTO

REYES MALDONADO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTA


FLORESTA CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

SAMARA ALVES LOPES DA SILVA


STEFANI FERNANDA DE LIMA ALMEIDA
TIAGO DE LIMA PEREIRA

PRESERVATIVOS OLEOSSOLÚVEIS E HIDROSSOLÚVEIS

ALTA FLORESTA-MT
2019/2
UNIVERSIDADE DO ESTADO DE MATO GROSSO CARLOS ALBERTO
REYES MALDONADO CAMPUS UNIVERSITÁRIO DE ALTA
FLORESTA CURSO DE ENGENHARIA FLORESTAL

SAMARA ALVES LOPES DA SILVA


STEFANI FERNANDA DE LIMA ALMEIDA
TIAGO LIMA PEREIRA

PRESERVATIVOS OLEOSSOLÚVEIS E HIDROSSOLÚVEIS

Monografia apresentado para a disciplina de


Preservação da madeira, sob orientação do
professor Dr. Wescley viana evangelista

ALTA FLORESTA-MT
2019/2
INTRODUÇÃO

A madeira é um material bem versátil de se trabalhar, tendo e, vista seu valor econômico e
suas características físicas e mecânicas. Após seu corte ela fica mais vulnerável a ação de
agentes deterioradores, sendo duas categorias: Não xilófagos e xilófagos, embora os não
xilófagos causem danos a madeira, os xilófagos têm maior efeito nocivo e seus efeitos podem
ser tratados através de produtos químicos.

Embora a madeira tenha resistência natural, ela fica vulnerável a ação de agente xilófagos,
isso faz com que o uso de produtos preservativos seja cada vez mais viável, mesmo tendo o
decreto da Lei n° 4.797, de 20 de outubro de 1965, Art. 1º

Passa a ser de uso obrigatório em todo o território nacional, em


serviços de utilidade pública explorados por empresas estatais,
paraestatais e privadas, destinadas aos transportes ferroviário e
rodoviário, serviços telegráficos, telefônicos e de fornecimento de
eletricidade, o emprego de madeiras preservadas, especialmente
preparadas e trabalhadas para esse fim.
Todavia, é necessário que o produto apresente uma boa eficiência (alta fixação na madeira e
não alterar as características da madeira), consequentemente uma alta absorção do
preservativo, realizado pelo alburno já que este apresente vasos condutores que ficam
impregnados pela matéria, diferente do cerne que é constituído de células mortas, por
conseguinte, apresenta resistência a agentes xilógrafos e difícil absorção de preservativos, o
que o torna dificultoso e até mesmo desvantajoso financeiramente o seu tratamento.

É evidente que a produção madeireira vem aumentando cada vez mais no Brasil, em
decorrência da forte utilização no mercado, ganhando destaque na construção civil, mas
principalmente em nossa região na produção de mourão de cercas, tendo isso em vista é
viável a busca pelo aumento de vida útil desse material e melhores condições da peça, logo a
utilização de peças com tratamento cresceu bastante e com isso a variedades do mesmo,
ademais, a impregnação do material irá variar de acordo com a espécie a ser tratada, suas
condições (roliça ou serrada) e sua finalidade, portanto cabe ressaltar suas características e
distinções.

Os preservativos são classificados em oleosos, oleossolúveis e hidrossolúveis, apesar disso


apenas dois tipos serão abordados, são eles: oleossolúveis: São dissolvidos em algum tipo de
solvente orgânico (COSTA 2003) e hidrossolúveis: àquele que é dissolvido em água.
REVISÃO DE LITERATURA

PRESERVATIVOS OLEOSSOLÚVEIS

Os produtos preservativos ditos oleossolúveis são aqueles que são formados por um
solvente que contém uma mistura de óleo, tendo como características a cor escura e um odor
característico além de uma viscosidade alta em temperatura ambiente. A maioria é resistente à
lixiviação e ótimos inseticidas e fungicidas. Para o tratamento de madeiras em contato direto
com o solo, os preservativos oleossolúveis mais importantes são o creosoto e o
pentaclorofenol.
Atualmente, o pouco de produto disponível no Brasil e importado e tem um custo
elevado. Este fato, aliado a agressividade do produto ao ser humano e a legislação que impõe
crescentes restrições ao uso de biocidas organo-clorados, tem desestimulado o uso deste
preservativo, embora seja um dos mais eficientes na proteção da madeira.
O pentaclorofenol, é um fenol clorado, que e normalmente utilizado em soluções
oleosas a 5% de concentração em peso. Os solventes poderão ser o óleo diesel, que
praticamente não altera a cor das peças, o óleo queimado de cárter e óleo de caldeira.

Pentaclorofenol ( PCP )
O pentaclorofenol foi um produto químico considerado de alta eficiência para a
proteção da madeira à maioria dos agentes xilófagos. Este produto é obtido pela cloração
direta do fenol, é insolúvel em água e tem caráter ácido. O pentaclorofenol é um produto
organoclorado, obtido pela reação entre o fenol e o cloro (C6Cl5OH) até a completa
substituição de todos os átomos de hidrogênio por átomos de cloro. É um produto insolúvel
em água, mas solúvel em solventes orgânicos, apresentando excelente ação fungicida e uma
boa ação inseticida.
Sob a ação de hidróxido de sódio, origina o pentaclorofenato de sódio, que é solúvel
em água. Sua fórmula comercial contém 85% de pentaclorofeno, 6% de tetraclorofenóis, 6%
de outros fenóis clorados e 3% de substâncias inertes. A sua importância como preservativo
de madeira se deve, principalmente, à alta toxidez aos agentes xilófagos e grande resistência à
lixiviação, por ser praticamente insolúvel em água, à temperatura ambiente.
É encontrado comercialmente na forma de pequenas escamas,na forma cristalina
podendo ser dissolvido em muitas substâncias orgânicas, como: álcool metílico(CH3OH),
álcool etílico (CH3CH2OH ou C2H6O), éter, acetona (C3H6O), querosene, aguarrás, varsol,
óleo de linhaça, óleo de pinho, óleo de soja, óleo diesel, óleo de caldeira, óleo queimado,
creosoto etc. Se o pentaclorofenol se encontrasse cristalizado na superfície da madeira, além
de torná-la inadequada para muitos usos pela maior nocividade ao homem e animais que
entrassem em contato com o material tratado, seria facilmente removido pela incidência de
chuvas e/ou por erosão eólica, bem como deteriorado pela ação de raios ultravioletas.

Para preservativos oleossolúveis, normalmente usava-se um solvente aromático médio


(solventes que contém compostos de benzeno); no entanto outros tipos de solventes também
eram utilizados. Além da maior permanência na madeira, os solventes aromáticos
apresentavam um certo grau de toxidez a agentes biológicos, devido à presença de anéis de
benzeno.
O pentaclorofenol é proibido em muitos países, inclusive no Brasil; somente o seu sal
sódico (pentaclorofenato de sódio) ainda é usado na prevenção de fungos manchadores em
madeira recém-abatida ou recém-desdobrada.

Tribromofenol (TBP)
O produto tribromofenol, é composto por 3 moléculas de bromo (Br) e uma de fenol,
de cor branca e cristalizado na forma de agulhas ou flocos, é solúvel em etanol CH3CH2OH ou
C2H6O), clorofórmio (CHCl3), éter etílico [(C2H5)2O] e soluções cáusticas, mas praticamente
não solúvel em água.

O seu sal hidrossolúvel tribromofenato de sódio começaram a ser utilizados no Brasil


desde o ano de 1985 aproximadamente como produtos alternativos pentaclorofenol e ao
pentaclorofenato de sódio, este último até então amplamente usado de forma eficaz na
proteção da madeira recém serrada contra fungos manchadores e emboloradores.

Contudo, em termos comparativos com o pentaclorofenato de sódio o desempenho do


tribromofenato de sódio deixa a desejar, provavelmente pelo fato que os fatores climáticos
contribuem para desocupar com maior rapidez o produto da madeira e/ou deteriora-lo, bem
como não controlam de forma eficaz o desenvolvimento de outros agentes biológicos, alguns
autores alegam que isso ocorre em recorrência a fatores climáticos

Creosoto

É um produto destilado do alcatrão (fração pesada da destilação do carvão vegetal ou


mineral que se compõe de vários hidrocarbonetos aromáticos), composto por muitos
hidrocarbonetos aromáticos. A carbonização do alcatrão gera:
A) Creosoto secundário ou de alta temperatura, em que a temperatura de carbonização
da hulha é superior a 900°C;
B) Creosoto primário ou de baixa temperatura, em que a temperatura de carbonização
da hulha é mantida abaixo de 700°C.
Hullha é ou carvão betuminoso “ é um tipo de carvão mineral que contém betume.
Dependendo do teor de carbono, o carvão mineral é classificado como linhito,
hulha e antracito” (CANO 2008)

Normalmente o Creosoto é adicionado a outros produtos para ter uma maior


eficiência. Além do mais a inúmeros produtos que são oleossoluveis, são eles:

 Aldrin (Não fitotóxico quando usados dentro das recomendações), Dieldrin (Não
fitotóxico quando usados dentro das recomendações), Endrin, Clordane, Heptacloro.

PRESERVATIVOS HIDROSSOLÚVEIS
Os hidrossolúveis são constituídos pela associação de vários sais, sulfato de
cobre(CuSO4), bicromato de potássio (K2Cr2O7) ou sódio(Na2Cr2O7), sulfato de zinco(ZnSO₄),
ácido crômico(H2CrO4), ácido arsênico (H3AsO4), ácido bórico (H3BO3) e outros compostos
podem fazer parte das suas formulas.
Os produtos comercializados no mercado brasileiro são:
a) CCA [a base de cromo (Cr), cobre (Cu) e arsênio (Ar)], com as denominações de
CCA Carbo e Osmose K-33;
O CCA pode ser classificado em três tipos como mostra a tabela abaixo, de acordo com sua
composição em porcentagem (%):
COMPONENTE TIPO A TIPO B TIPO C
Cromo CrO3 65,5 35,3 47,5
Cobre CuO 18,1 19,6 18,5
Arsênio As2O5 16,4 45,1 34,0

O cobre é um excelente fungicida em combinação com outros materiais, o Cromo te,


como função fixar os elementos na madeira e o arsênio exerce função nos agentes xilófagos.
Esse produto é utilizado no processo pressão, com auxílio da autoclave sob pressão, quando
as fibras da madeira estão secas, permitindo uma maior absorção do alburno, desse modo
raramente ocorrera lixiviação, já que o produto está impregnado. Assim como no CCB o
processo de secagem dependerá da temperatura e tipo da madeira, além do mais o local de
acomodação exerce forte influência nesse processo.

A madeira tratada com CCA pode ser usado tanto em ambiente internos quanto
externos, apresenta baixa corrosividade e condutividade, não há perda de resistência mecânica
e tem um desempenho provado por mais de 55 anos, segundo a empresa MONTANA
Química S.A. Os principais usos da madeira tratada com CCA são: Moirões de cerca, postes
de madeira, dormentes, projetos arquitetônicos entre outros.

Cabe ressaltar que o CCA é de uso exclusivamente industrial, cabe ressaltar qye
atualmente usa-se mais o tipo C comercialmente, contudo nos últimos tempo o uso desse
preservativo vem caindo em função de debates sobre o risco da utilização da madeiras
tratadas com CCA em ambiente domésticos, visto isso criou-se um produto semelhante, de
rendimento inferior porem um possível substitutivo, o CCB como mostra o exemplo abaixo.

b) CCB [Cromo (Cu), Cobre (Cu) e Boro (B)], com as denominações comerciais de
CCB Carbo, Osmose CCB, Jimo Sal CCB e Wolmanit CB;
A tabela abaixo mostra a composição do CCB em porcentagem (%):
COMPOSTOS PORCENTAGEM (%)
CuSO4 . 5H2O 35,8
H3BO3 22,4
K2Cr2O7 38,5
NaHSO4 2,1

O CCB é um produto alternativo ao CCA, e o Boro (B) veio como substituto ao


Arsênio (As), seus elementos químicos tem a mesma função do CCA, o que difere é o Boro
com ação inseticida. Diferente do CCA o CBB pode ser utilizado em métodos sem pressão e
com pressão, no entanto ele apresenta maior perda por lixiviação quando em contato continuo
com a água e o solo.

c) FCAP (flúor (F), cromo (Cr), arsênio (Ar) e fenois), com os nomes comerciais de
Osmose MR Sal, Osmosar e Wolmanit URT.
Outros metais e ânions conhecidos como tóxicos a organismos xilófagos, tais como o
mercúrio, níquel, tálio e o cianeto, não são usados devido a razões econômicas (relação
custo/benefício), por ineficiência ou pela alta agressividade ao homem e/ ou ao meio
ambiente.
Abaixo estão outros preservativos que não são tão comercializados e usados no Brasil.
Arsenato de Cobre Amoniacal ( ACA ) – CHEMONITE
Surgiu em 1934, sendo tóxico a um grande número de agentes xilófagos e seu tratamento é
feito por impregnação, quando o hidróxido de amônio (NH4OH) abre as estruturas da parece
celular, permitindo a difusão dos ingredientes ativos na madeira. Após isso o amônio evapora
quando a madeira seca, já que ele é volátil, desse modo ocorre a precipitação dos elementos
Cobre (Cu) e arsênio (Ar) na forma de Arsenito de cobre. O AmÒnio tem como objetivo:
I. Evitar a formação do precipitado de Arsenito de cobre e a parcial solubilização
do Sulfato de Cobre (CuSO4).;
II. Formação do complexo de Cobre (Cu) produzindo a redução do efeito
corrosivo em metais que estarão em contato com a madeira.
A tabela abaixo mostra a formula comum do arsenato de cobre amoniacal (ACA)
COMPOSTOS MASSA
Cu (OH)2 835 g
NH3 590 g
NH3 127 5
CH3COOH 23 g
H2O Até completar ----------- 45 Litros

A retenção mínima recomendada é de 8 kg/m 3, já em madeiras que estão em contato


com o solo o recomendado é de 5 Kg/m3
Abaixo estão outros produtos nos quais não são tão utilizados no Brasil.

Cloreto de Zinco Cromatado ( CZC )


Talvez um dos produtos preservativos mais antigos, desenvolvido para controlar a
lixiviação e efeito corrosivo. O seu uso tem tido um grande declínio, sendo utilizado bem
raramente.

FCAP (flúor-cromo-arsenico-fenol)
Conhecido por apresentar dois tipos (A e B), devido a dificuldade do fluoreto de sódio
se solubilizar, esse produto praticamente caiu em declínio, tendo o tipo A como o escolhido
na utilização, no entanto este produto se encontra praticamente em desuso.
Compostos de Boro
São eficientes para o controle de fungos manchadores, especialmente a alto pH, o que
torna o tetraborato de sódio puro mais eficiente que o ácido bórico ou a mistura de ambos.
Embora o tetraborato de sódio seja eficiente na proteção da madeira contra fungos
manchadores, ele é ineficiente contra os bolores.
Normalmente é muito usado em associação com outros preservativos para aumentar
sua eficiência.
Na tabela abaixo estão os produtos registrados no IBAMA (Instituto Brasileiro do
Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis).
CONCLUSÃO
É importante destacar que todos os produtos utilizados na preservação da madeira
devem ser tóxicos aos organismos biológicos que degradam a madeira; por consequência,
podem ser tóxicos ao homem e animais. Usá-los sem os cuidados devidos é arriscar a própria
vida e contaminar o ambiente.

A área do conhecimento que estuda a preservação da madeira é das mais dinâmicas e


tem procurado insistentemente novos produtos que atendam às propriedades mencionadas no
corpo deste trabalho.

Os preservativos oleossoluveis tem uma menor eficiência em comparação com os


preservativos hidrossolúveis em diferentes usos esperados para proteção da madeira. Os
preservativos hidrossolúveis vêm assumindo uma importância cada vez maior no cenário da
preservação da madeira, tendo uma maior procurar de seus produtos em relação aos
oleossoluveis.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
JANKOWSKY. Ivaldo. FUNDAMENTOS DE PRESERVAÇÃO DE MADEIRAS. 1990.
Disponível em https://www.ipef.br/publicacoes/docflorestais/cap11.pdf. Acesso em 09 de
novembro de 2019.
JANKOWSKY. Ivaldo. OS CREOSOTOS NA PRESERVAÇÃO DE MADEIRAS. 1986.
Disponível em https://www.ipef.br/publicacoes/scientia/nr34/cap01.pdf. Acesso em 09 de
novembro de 2019.

MORESCHI. João. PRODUTOS PRESERVANTES DE MADEIRA. 2001. Disponível em


www.floresta.ufpr.br › pos-graduacao. Acesso em 05 de novembro de 2019.
PRESERVATIVOS DE MADEIRA. Disponível em https://ibama.gov.br/. Acesso em 08 de
novembro de 2019

SOUZA. Rodrigo; DEMENIGHI Alexandra. TRATAMENTOS PRESERVANTES


NATURAIS DE MADEIRAS DE FLORESTA PLANTADA PARA A CONSTRUÇÃO
CIVIL. 2017. Disponível em http://www.nexos.ufsc.br. Acesso em 09 de novembro de 2019

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