Você está na página 1de 28

!

r'
I
.t
I
Luiz Marques
C,/
;r//

CAPITALISMO E
COLAPSO AMBIENTAL

2'ediçío revistâ e ampliadâ

§a
-rbl7-
UNlvrtt sro,tor EsrÁDUAL DI CeupiNes

Reitor
JosÉ T.e.oruJoncr

Coordenador Geral da Universidade


Arve.no PnNrreoo Cr.ósra

É- n i-il]
irltrtr-Ít
(lonsclho lrlitorial
Prcsi,l. tlre
lttrlrntrr, (,r trt tt, \t s

Ilt.tv'rttN Alrrltt Ott,rtu lrstrtt rs l{tttrtttt;trtls Stl tl


(itrrr'l(itttul)tttttltrl lt tlo( t"rtl IIrtrtt ttNt t'tr
LtttztiHlNr tst ol)t,\r \1,1;tr rr lrlll(l( llllÀl^s( ()
"\r
l(tr trrtro r\u t trnt ,, ',t t,t I Ittr,turr !r r, r r ,,u "EEI-EEE
trr)( I l,rr,r(.,11 \\,,1 t,, rl ,,1t,, I t.. ,tl , t,,r t., ,)/ I ,0|
lrl ( i Ii\ilr,,/.i/ 1l) I '0lr ) )

1.9 O desmatamento e 0s "rios uoad.ores"


Ácua, soLos E TNSEGUT{ANçA ALTMENTAR

142 Cf. Fearnside (ZOt:, p. 30), baseado em Salati (ZOOt, pp. 153- t7Z).
143 cf. <https://wwwyoutube .com/watch?v=cIe sJyZU\x/Ty&list=TLC8.l-v4j0-ywevÍ0n- Zuzl I
\{/rISTll>; PtuloBarteto et al.,Ámazônia e as eleições 2014. Inazon-Ipam-Amigos da Terrl (cnr rcrle),
144 Cf. Fearnside (zooS, pp. 113-t23).
l45 "Mesrnosehouvesse umhipotéticodesmatamentotot:r] daÁmazônia,oscÍcjtgsrroStrtlcsrc,l,,l),ri,, !r1r'r
pequenos" veja-se sua enrrevista en <http://planetasustentavcl.abril.co,.br/roticie/rrrlrir.rrrr /, .rr 1,,.,
nobre -clirra-daqui-meio,seculo-6,172I3.shtml?func= 1&pag- I &firt=I4px>.
1/+6 cf. M.rengo (zooz) e "The FIying Ri'ers project'l <hrtp://riosvoadores.corn.bL/e ,glislr/>.
147 cf . A. D. Nobre, "I1fa,t rur effort de guerre pour reboiser lAm azonic". LM,z4/xt/2014.

1.10 Á grande coalizao do desntataznento no Brasil


1'í8 Cf. Shawn Stokes et al. Delorestation dnd the Brazilian Beef l/alue Chain, esttdo emprecnclidr,
1,,rr , ,r
I)ccli,io quânrirarivo e degradação qualirariva dos recursos hídricos f-o,narn
conlcnda da Environme nta.l Defense Fund (em re.le); Laurence Girard, 'Agroalimentaire : lir (lhirrc r r l,
Brésil en lbrce'l Z M, 3 /YII/ 2015.
tlois aspe ctos indissociáveis cle uma c{as maiores crises ambienrais clo planera.
l'19 "Barrcadaruralistaseriifortalecic{anocongressoNacio.al". cannlRurdl,T/x/2014. I):rra maior econonria expositiva, o prilneiro aspecto o da escasscz
t5o Ci. Castilho (z0tz). - - será
151 Cf. "Brasil estuda irnpacto ambientrl cie plano de dcsenvolvinento na Amazóniir" 25/l/2.01l. t'til,li,,, .lrrilisado nesre capírulo e no câpírulo l0 (itern 10.2, Grandes represas:
uln
Portugal. cÍ. L. N. Fabiola Salvador, 'Anrazônia náo é um srntuário". oESp, 13/rr/200g. "Íato socioambienral roral" do A,rropoceno).
152 ClC.E.Yourg,"EnquantooPACengorda,gastosambient,risest.'roestasnaclos".OEco,l/XI/2011(,,,
o segundo aspecro - o cl. de-
redc). sredaçáo clesses recursos - seráobjero c{os capírulos 3 (item 3.1, Esgotos) e 9
153 Oorçamentodc20llaplovaclopelolegislativopersisriunomesmoR$t,01 bilhao,nrasogovcrnelilrr.r,,l (item 9.2, Eutrofizaçáo, hipóxia e anóxia).
ctn 2012 apenas R$ 8 t 5 milhóes. Em 20I 1, for:rm corrt:ingenciados R$ 398 milhóe s, ccluivalentc a 17,,r, ,1,,
montante prcvisto. F.m 2012 for:rm contingcnciaclos R$ 197 milhóe s, ou 19,5% a mcnos c{o orçr r )(.n r , ,

previsto para essa pasta. C[. 1). Btrgrn5a. "()r!arrsnto do Ministério do Meio Ânrbiente diminui 1,,r,r
..
rrr.rrr. U Lco, )t ll )olZ.
151+CÍ. Vaslrington Novacs, "N{ais unra lei que náo pegou?'l OES?, 13/yll/zOtZ. 2.1 Declínio dos recursos hídricos
155 Cf."Entrevista:N{angabeiraqucrclesenvolvinrentoparasalvarAnazônia'lReutersBrirsil, )6/y/zlJi,s.
156 OÍ. Agência Brasil, "Incra contesta denÍucia de que é rcsponsáve I por desnatamenro na Amazônir" /.rr i,
c)
/Yll / 2,0 I 7 (em re.lc). Por volra da água em nosso planeta é salina. Dos 2,5% de água doce,
cle 97,5o/o
157 Cf. Fcarnsicle (ZOOS,pp. u3,123). ]ilr
ccrcâ de 70% conservàm-se enl geleirasr. o pnuma sublinha que "o
158 Cf. Fcarnside (2001, pp. 23-38). suprilxellro
159 CÍ. Alvar:ez-Berrtos at tl. (2015): "Cerca de 1680 knr']de lloresta tropical hmida foram destruídos total de águ:i doce utilizávcl pelos ecossisreÍnas e pelos seres humanos é cle
1,c1,, cerca
mineraçáo entrc 2001 e 2013. O desmatarrento foi significativamentc maior: entre 2007 e 20I3, incrcnrcrrr,
de 200 ,ril km., nlenos de 1% dos rec,rsos de água doce do plancta',2.
associado ao aunrento da dernanda global por ouro após a crise financeira internacional. Mais de 90%r tl,, o Í'dice
desmatrtrento ocorreu ern qtatro hotspots naiores: a ccorregião da floresta úmida da Guiana (41%), ,r Falkennrark (Falkenmark Water Stress Indicator) esrabelece três r-ríveis
de es-
ecorrcgiiro d;r lloresta únida do sudoeste da Amazônia (287o), a ecorregiáo da floresta úmida do Taprjr!:,
-Xjngú (11%) e as ccorregióes das florestas úmidas do Vale Magdalena e da floresta cla ruontanhr ,lc
cassez hidrica: (l) "estresse de água" (uater sÍre.;s),
qu,r,do o suprimenro de
lV{agrlalena-Urab,i (9%)" Ina Colômbia]. água renovável situa-se abaixo do limiar de 1.700 n-t3 per ctlpit/tpor
ano; (2)
160 Cf. "Desmatamento cleitorcir-o'l FSP, 27lIX/20I4.
"escassez de água" (uatur st'arcir-7),
161 Ct.FIenaG.Sevillano,"Brasilérespons;ívelpornetirdcdasmortesde quando esse nível é inferior à 1 .000 t11i
anrbientalistas". E/?nis,15/Iy/z0l:. ?et
162 CLAdrianoCl.Chiarello,LudnillaM.de S.Aguiar,ilui Cerqueir:a,FabianoI{.cle Melo,FlávioH.(i. capita e (3) "escassez absoluta de águrr" (,t{tsolute scarcitlt) quando esse r)ívcl
é
Rodrignes, Vera Malia F. cla Siiva, "Mamítêros ame açados de cxtinçáo no Brxil". Liuro llcrnelho d,a Fautt,r
Brasileirn,lncaçada
inferior a 500 m3 per c/lPita por ano. Esse parâmetro inclui as ncccssid.rclcs
de Extinção, MMA, Br:rsília, 2008, p. 685 .
163 Cf.ChrystellcBarbier,"NouvcllcscrueshistoriqucsenArra,orie".LM,Zl/ly/2015. don.réstic:rs, agrícolas, industriais, energéricas e ambienrais.

r32
133
( \l'lI \ll,\t0 I r ilt \t" r, \t.|rI I \l \r I \ '.lrl r)' I I

.ltt/ttt tt/rt , ,1, ,t.r,tr,rl,l,t,l, ,1,, , t))t\//))it) ( r)lll () .1(lll( ( lllr( lllo 1'l,,l,,rl l)l()\'( lll lll( ll()\ tl" rtlrt" lllrr lrlil ( Ill \l t ltt'tis tl:ts
lllll(l.lll(\.1\ rr.r l,i,ltolof i.l ,.ttl''ttl'ts |.t tlt Ls'r 'rltllll'l('l() tlc Flccl
'r,ur(l(\
O aumento da cscassez híc{rica cxplicál-sc n.rcnos pcla cxplosiio l'jt rrt ( 'liri ltlt't'''r'l'r Ptlt' ltttt't '\t'rltttirl ltttft'tt/ i\ltttlrl ltt lttttttrtlttri';ort Project
que pelo maior consu mo ?er capita. de água. A populaçiro mur, c{irl nrrrltl LI\l r\lll)),rr,ri,rciririrvrtliilçi()etrrarigc.tcr{.it,prrctoclrrsurudançasclimáti-
-se por cerca de3,6 no século XX (de 1,65 bilhao em 1900 para cercrr
dc 6 , .,, (:r prrrtir clc cinco nto{clos climáticos) sobfe os fccursos hídricos no planeta6.
em2000),aopassoqtie rlottrcsnlopcríotlooc()nsunl()lrrrrrr.rr,,,r,l,,l,.rl,l, ',( us lcsultà(los irticiais, o primciro de quatro, publicados e1n março deZ0l4'
multiplicou-se por oito, cor11 cl:ira prcpondr-:rârrcirr rr :rgr it rrlrrrr., Prrr:r r( r()il)rur1 l1s Collstataçóes e aclvertências anteriores :

Yamente irrigadal. O descornpasso erltfe popullciro c c()nsrnn() nurr(lr.u,


faz senáo aLrmentar: entre 1990 e 2010, apopuiaçrro prrss()u tlr. 5, l lrrllr,,, I Ioje ctn muitos países a escassez de água prejuclicir gravemente a segtrrança
ali-
no
6,8bill-roesdepessoas,urncrescimentodemenoscle20%,ir()[)irss()(lr,,, ilr(.ntllt.c aprospericllde econômica. As lrud:rnças populaciol-rais que se ptoje tam
,l.o rlumenraráo, er, muitos países, mas tambérn globalmentc, a pressão sobre
os
sumo humano de água aumentou 700o/oa.Esse incremcnt. II
ti, ( ( )r l\ r r ||| (, (
I r

rL r 1r'sos hídricos. Do lado cla ofêrta, os fecursos hídricos


renováveis scráo afetados
cado por uma excepcio.al desigualdade. A listage.r abaix. .r()sr r.r ( )\
ternperatura e outras variá-
l,,s r-rrudanças proje tad;rs nos padróes de precipitaçáo,
tes no consun-ro de água entre diversos paíscs: 1,,
exacerbem
,,.is clintáticas. [...] Mostramos ser provável que as rnudauças clin-ráticas
, ,,rrsicleravelmente a escassez hídrica em escala regional e global'
Consumo de água em litros per copita por dia

Estados Unidos 575


L .rvrrnçam as seguintes projeçÓes:
Noruega 301

(l
..] um aquecirnento global clc 2" C ent relação rro Prcscntc (2';'' cm relaçio
Suécia 195 ao

Brasil a cluc r.nais 15% c{a populaçáo mundiiri;rasse a sofi'er


1 s0 (201 1 )+
lrcr.íoclo pré-i,..,clrstri,rl) Ievará
Rio de Janeiro 1 89 (201 1 )x ,,,,, g.,,u. ,i..réscinro cie rccursos h íclricos e aurnentará cm 40% o númcro de pcssoas
Mato Grosso 1 68 (201 1 )" IiVcnclo em conclições cle cscassez híclrica absoluta (<500 rnr por ano), senclo que
São Paulo 177 (201 1)* '.grurdo outros tnodclos esse aLllnel)to será de 100%'

Reino Unido 149


( lor.ncntanclo esses resultatlos na revista Natttre,Quirin Shiermeier considera
China 86
,1tre, de fâro, "mesmo mode sras rnlldançâ1s climáticas podem alterar
drastica-
Nigéria 36
c1e vida de bllhOes c1e pessoirs, seja por escassez cle água, seja
nrenre as condiçóes
Etiópia 15
seja por distúrbios extremos do clima'. F. sublinha
Moçambique Por clitninuiçóe s cle colheitas,
4
(lLle "a água é à maior dc toclas as PreocuPaçóes"s'
Fonte: <http:/ /ah medb.hubpages.com/ 'hr-rb/\Vatcr-scarcity-an d -r,:rrer-saving-rneasurcs >,
do declír'rio dos recr.rrscls hídricos é tnaior que a prevista pelas
.l
tiÍ de dados da data360.nrg <l-rttp:/
riir.ebc.com.br/;rgenci:rbras il/
m emo n oticil/20 I l-09 I
A acelcraçáo
consumo -de-agu:r-;,or- habit;rnte-no-b rasil-e-esrlvel > projeçóes. Em 200(r, o relâtório do Internationâl \trater Management
Institute
(I§(/MI) aÍirmava: "um rerço d:r populaçáo rnur-rdial sofre de cstrcsse c1e água
Murlanças climriticas e /tc€leraÇão da escassez (uater stress), ulna siru.1çio que 11ào sc Previa clue viesse a ocorl'cf illltes
o de
tle 2025"e. c) nível segllinte ao de "estresse cle água" na escala Firlkcnnr,rrk,
um;r das mais graves consequências das mudanças clirnáticas é a esclsscz cscassez c1e águ,r" (utater scarcitlt),já atinge hoje un-r décin-ro cla popul;rçi<l
hídric:r. "Muitos estudiosos do clima pensam quc nossos grandes problcrrr.rs rr-rundial, e dentro cle tlez anos, e,,l 2025, c,-rando a Populaçáo for tlc
oito bilhircs

134 135
\, I \ ,irl|, I lrl,lr.l lr \ll( \ \ll\lllll \lr

,1, I' ,l r .1 ,"( .rl,',,,11 l,t


"( lt ,,1 lil,t\t,ilr) , l,' nos cstlclos tlo ocstc:, conlo ír Califbrnia, c do sul, como o'li:xas c a Flórida), no Pa-
lt:l cscalIjalkcnnrark \( l.t () lotc . l.'l,illr ,t(, ,l l)( t\ () .t\ t) t, sci ,t quistáo (l2t) rrrillroc,s, tlos quais 85%o estáo na bacier do Inclo), na Nigéria (t to milhóes)
popul;rçáo 0 Scgundo () cluin [() Water Workl Dcueloput t, c no México (ltl rnilhOes).
da C) NU
p Lr [rl ice,J,, c|llt março tle l0 I 4
[) r'( ), C lil
-sc (l U(' ttr:ris ,1.' t0 ,l.r
puiaçáo glob al viverá até 2o 50 elll areas clc ilvc (lomo pam Quirin Shiermeier,
lIf cs tl'e s sc ric agua (.', ,',',, acirr.ra citado, também para Arjen Y. Hoeks-
stress ). Essa
pro cho cons ervarlora se cornp,ir,rtla col)l ll clu "Iwente, na Holanda,
declaraçâo lr rr.,l r rl, cirr Universidade "se você oll-ra os problelnas alnbientais,
do encontro 'Água no Antropoceno Tlte
lJonn Detlaratiott 0tu (i/ol,,r/ ll rr, t
ir cscâ1ssez de água é certamente o problema maior (top problent)"t".
SecuriÍyt ):
As rcgióes mais populosas do globo já soÍrem de níveis diversos de escassez
híclrica. O Projeto Aquecluct do \Morlcl Rcsourccs Institute (Wru) lista 36 paí-
Nobrevei'tervalodeutnaottcluasgeraçóes,amaioriirclos'rovcbilh.cs,1,
l,.r scs clue enfrentam níveis "extremamente elevados" de estresse hídrico. Trata-se
bitantes da Tcrra cstaráo viventro a adversicrade cle ru,n:r gÍave csc..sscz dc rigrr.r. J l
tle países nos cluais mais dc B0% da água, em relaçáo à capacidade de clisponi-
Os cientistas da água cstáo m;ris que nunca
conve'ciclos cle que os sistc,r:rs rlt. .i1irr., bilizaçáo anual, é rctiràda anualmente para uso agrícola, clornéstico e industrial,
doce crn toclo o pla.era csrào cr-n cstado
precário. [...] Diant. .r"...orh" cr)r.t. .i1,11.1
cleixando os negócios, a atividade agropecuáriir e as comuniclades vulneráveis
Pâra um ganho e cor-rômico de curto prazo e água pirra a saúde dos
ecossiste .r:rs :r(
ticos, a sociedade em geral escorhc o crescnv.rvin-rcnto, lr,r à escassez.Um trabalho publicaclo em rnarço de 2014 na Pnas avirlia o agrava-
Í:r.equentemente co,r (.().\(
quô^cias cleletérias ftrcnto da escassez hídrice por regiócs c mostra "um provável incremento na
os próprios sister-nus
Para aq,áticos q,e Íornecem esse rc(rr\r,
[...] O atual au[re nro do uso clc águ:r e os .irr-,,rr ,.,o. rirr.,r*r .,qu,irl._or gravidade global da seca ao final do século XXI, com hots?ot-ç regionais incluir-rdo
r) r il r.r
traje tória insustent:ível. Entre tanto,
o atual conhccime nro .i.,tífi.o "r"r]çaI) a An-rérica do Sul e a Europa Ocidental e Cer-rtral, regiÕes nas quais a frequên-
não potrc Prr.
.lizcr cx,tr.Urrcntc corn o ou precisamente cia de secas aulnenta tnais cle 2\o/o"1t.
quando se ultrapassar:á, em escala plarrt.r.i
ria, o limite . A *ltrapassage m cre sse ponto
crítico pode crisparar ur.na m.crançrr ir.r t. Como afirmaJan Eliasson, vice-secretário-geral das NaçÕes Unidas, "a falta
versível com consequências potencirrLnentc de acesso i\ ligua pocle alimentar conflitos e meslno ameâçâr apaz e a estabili-
catasrróficas.
d,rde"r('. Em 28 de novcmbro de 2012, o entáo diretor do IPCC, Ragendra K.
Nlas tarnbém esse prognóstico revela-se Pacl-rauri, resumiu algr,rrnas projeçóes da quarta avaliaçáo, de 2007, desse cole-
agora conservacror e'r face cre n.v,,,
dados public:rdos por Mesfin M. Mekonnen y. tivo de cientistas: "no que diz respeito África, o relatório :rÍirma que por volta
e Arjen Hoeksrra em fevercir.,r à
cle 2016 na scie,ce Áduanccs. seus "resurtacros 2020, prevê-se que entre 75 mill-róes e 250 milhóes de pessoas estarào expos-
mosrra, que a situação global r.I,r c1e

água é muito pior clo que sugeriam os estucros;rrecedentes, tas a crescente falta de água em decorrência das rnudanças clirnáticas"Lt.
que estirnavaln q,c
tal escassez atingia entre 1,7 bilhao e 3,1 bilhoes
d. p"rro"r,;,,,

As irvali:rções ;rrecedente s de escirsse z hídrica 2.2 Rios,lagos e reservatórios


grobar, ,redicra por ano, subcstinra,
varn-na ao não caPcurar as 1lutuações
s;rzonais de consurno e disponibilidade cle ágr_ra.
Avalia,.ros a escassez de água crocc corn arta Pirra recordar que "a terra permanece para sempre" e que "niio há nada de uovo
resorução espaciar rnês a mês.
cobri,.ros q.c cercà de 7 1o/o da popuração [...] Des,
grobar (4,: bilrroes cre pe ssoas)
viverl cor. sob o sol", o Eclesiastes (t,Z) lnicia-se com os yersos mais célebres do Livros
escassez de tigua, cle modcracla a
gravc (ws > r),
ao mcnos um ,rês por a,o. por vorta sapienciais do Antigo Têstarnento: "Todos os rios corrcrn p;Ira o rnirr e, contudo,
de 66Yo (+ bilhoes cle pessoas) vive m com
escassez gra'e (\{rs > 2) aomeros urn o mar náo transborcla: embora chegados ao fim de seu percurso, os rios voltam
mês
por ano' Desse 4 bilhões, 1 bilhão vive n,r Í^.lia
c ourros 900 ,ilhocs vivem na China. a correr". Como faz notar Kader Asmal, tais "palavras sáo belas, assourtrrosas
Populaçóes significativas que e,frentam
grave escassez cre água crurante ao firenos
partc do a,o vivem er'Ba,gracresh (t:o
e, subitamente, anacrônicas"18. Arjen Hoekstra e os coautores de uur trab,rll.ro
mirhocs), r.ua (r:o ,.riil-roes, sobretudo
^os publicaclo en.r 20l2re mostrarn que há, de fato, algo de novo sob o sol:

136
r37
( \r'tt\tl,Âto|'"l \l,,rr \rJI| |\l \r lr \ Í

)' zJ ;\" tt1'1t" " l'rtlt"'it 'li"'


Ar.ralisanros /r05 lracias hiclrográficm rro pcr.Í.r1, l()16 2(x)5, ljrrr 20 I r.t, r.r',
I , \ttt.tzoltt.t 1rt;.t "' t)'f )'t tl ( lll l' \tt 't: t 'rtrtlt
2,62 bilhoes cle habita,res, há escassez híclrica rrgrrtla a. ,rcllos u,r
urôs l)')t .1,,r\tl,rlrlt(r),.n(l( \l\(llr 1""'tl'rPt'1rrrl'l('l()tlll''tt''ttlt'1r'rís'tltttlrr'lllttt:ts]()ir
consequências ecológicas e econômicas de graus crescertes de escassc r tlt l-r .rtlt,r,lctlilliot"() 'l//'tiio 'lltts- il[
,l,r ,lislrrrrriIrili,l.r,l, l,r,lrrt.r,.rt1U.tLc\t.itlll
como evidenciado pelas bacias do Rio Grande (Rio Bravo), do Indo c ,1, , rrunicípios brasilciros
tl,. . r,qtr,ttlc 20 1 l infi)l'nrrr qrrc 55%
dos
t, , rttt,',nr,t Lh.lt,rtt0
-Darling podem incluir secagem completa durante as estações secas,
- starho sujeitos à Í:ilta cle água no prtixitlo clecênior6'
da biodiversidade aquática e substancial crise econômica.
i i(){r c.lrr dcrtr,rntl,r) e

SOS Mata Atiântica er-n 201 1 mostra que


LJnt levrrntame nto realizailo pelo
:1meaçados, senclo q.ue 21,5o/o rleles
apre-
l,) r.ios em 11 estaclos brasileiros esrão
Ern20 l0,arevisrrr l'laturepoblicouun.rfascículointituiaclo ll)r/t,t ttt esgotos, e netrhutr]
poluição por agrotóxicos, fertilizantes
C
com cJcstaclue p.1rà un-r'.rpcsquis:r sobre os rios. Seus autorcs aÍ]rrnenr',,, ,(.Ittlltll alto grau cle
ou boa, segr-rnclo o Í'-tdict de Qua-
cla populaçiro rnu.c{ial está exposta
,,(.cltcoltrra e..r situaçáo cor.rsiderada ótimir
a altos níveis cre amcaçir à segurrr.ç:r cle lvleio Ambiente (Cona[r'r)'
l,,lacle c1a Águ" (tq,t) clo Conselho Nacional
perdcrvoluue2''Ocaso
htquistao e Índia Isscsrios,outroraprotegiclosporfloresttrs'tencleurT
uso excessivo cla água para
,i,r Siro Fr:rncisco e en-rblemáticor clesmatamellto,
O Pacluistho esrá em pleno colapso híclrico. Os níveis dos resc rrr'igacáo,lricirelétricas,den-ranclacrescentedapopr.rlaçiroCsecastnaioresleva-
estiro táo b.ix.s, c}re corres clc eletricidaclc de aré l g horas por dia to l:tlllaumàdinrirruiçáodesuavazãodirordemde35%nosítltinros50anosrs.
desde o início clas rnecliçóes há 83
rotina. Segundo o Asi:rr.r Developr-ncr-rt Bar-rk: "o pacprisráo é um clos paíst.s lr,'r outubro de 2014, sua vrrzio ere a pior.
(no Parque da Serra da
tnaior estresse de água n. ,runclo [. ]. Ar r,uda,ças cli,ráricas estir.o ,r11os esua nasce nte, em Sáo Roque de Minas
Prir-rcipal
que a forrrrarrr cleixado
o fluxo do rio I.do, ()art-iastra), havia secado, terrdo os peqtlenos aflucrites
o maior prove dor de água"2r. obrigada a usar água srrhr,,r
aceleraram o PI-occsso' inclusive çror-
fane a salobr;r, a populaçácr nt als pobrc de Karachi, uma r"nctrópole ,le existir. Os ir-rcênclios de julho cle 2011+
de 1 8 milhó es em constante inch:rmen to eI1I
c'le pe ssoas qucaáguaÍenlanescclltefbiusadapar"rcomll:rtê-los2e'Jáem2012'av:rziroclo
Pafte por ciltIs,t ,1, t-t-rineraçáo, recluzia.se a unr terço
d,.r
migrações das tribos do norte que fogem aos bombardeios de drones rr.r r, l{io Doce (sl: k,.I]), hoje destruíclo pela
-americanos), revolta-se, exigir-rdo o ab;rstecimento de água por caminh.t.s originalrl).
,r,,
m clf os uma ve z Por: senlanr. Suas malores fbntes de a baste cirnento de lít] r r,r tt
de rios ( ndscertte'r de S'to Paulo
qu/lntittltiuo e qudlitatiuo
,

rlo Indo a rcpres:r Hub a náo S ao mals câPazcs de supri-la O rleclínio


a cfesccl) t(
cassez atrain, col.o
era cle se esperar, o crime organizerdor2. o núrnero dt.
clclinidos conro "poluídos" n,r Índia mais que dobrou nos últirnos cirlco err,,r, Emagostod'eXll1nsvazóesdossetetnaioresrioscluebanhanroestaclode
passando cle 121 para 275. "TLncJo em vista o aumenro da população, a SáoPaulo-Tietê,Mogi-Guaçu'Grar-rcle'P''rraíbadoSul'Piracicaba'Capivari
dern:rr r. l.r
níveis históricos31. Estrutural-
por água para todos os Llsos será inadministrável'] decrarou uma avaliaçã. eJundiaí _ haviam.rào "o, seus mais baixos
rl, por Lili;rn Casatti e por outros
comitê central de controle da poluiçáo do governo indiano23. rnente, o da.lo mais;rl;rrtrlentc ú'forneci'-lo
cle 5'i nascentcs do estado de São
Paulo
pesqr-risadores da Uncsp de Rio Preto:
nlenos da t-netac{e do volume de llgua
e
Brasi.l avaliad,rs ellr 2003, 31+ tir-rhatn ern 2014
disso, em B l% dos casos trvtrliatl0s' pcrda
2g estavam secas. consràrilvà-se, além
sc-
se agravor-l ainda mais' sucessivautente'
Malgrado possuir gig:rntescos rios e aquíferos (o siste.ra Guarani, o Altt.r cle qualidade cla águe, situeçáo que
cle ctlí-
as secas têm sido a ciltlsrl clcssc
cháo e o aquífcro Amazônia2'i), o Brasil sofre diferentes r-ríveis de esrrcsr,
c'lo gundo avaliação cll Strbcsprr' Náo apenas
das tnatas ciiiaresrr' A tt.rrtior
hídrico que afctarn traclicionalmenre o Nordeste e agora tambénr o sudesr. ,. nio, mas t:rmbént c s,tl,rctu.lo o ciesmat,rurento
voiumes cle água, causanclo hi1-rtixia'
concentraçáo dc polrrcrrrcs em l-nenores

r38 t39 li111


\i t\ irli',lll Ir,lrlr\llr \ \ll\lllll\lr

.llr()\i.l ()u iltl(,\l(.t(\.t(,,,1t r,.tt,.r,1,.,,1, ,()l , t,t1.r lllrlt t,ttt1l,t(l(


'1 rr r glrlr rlr l)l()l(t.lnril|r.l r0n.,t.il1t,,1rr,,l.rll.]l)lr'(t1rrt.tq.tolll(ll()\(\'.ll)()tl.tttslrit.tç.1,,,
xcs, ( ()níi)r rrr.. ,lrvrrIg.r,l,,
1r..l,r S,rL,.sy,,, l) l ,,ur',r l.r, t,,, llttro Íirr:rl tlc.iutt:t lt:t tttt,t' ltvlttttl()' [)()l cxcl))Plo, a tttrl
() stst(:nta C antareira .15 (lr rc it [rastccc .I l(llr.t() Iltctro,l) ,,li t.ill .t ,1,' s .l( ) l',rrrl,, tl... lírrr,, ,l,r ri,r (.,,lorarlo, c()n) illrp()rtlrntcs c()ltscLlttôltcirrs soci.ris c (co-
e 62 lltLttltclt)l OS clo cstlcJo, cn If()tl CIII colapso ll()
I C gundo s('t)lcstt-(' , l,' Itigicas".
Des de finais de 20 I 5, o s istcrna reto[IloU ll() vo.ltrr
n c útil c VC III sc I'(' Ctll)( t.tII(l,' (2) Sar-rJoacluirn nà Califórnia cenrral: "m:}is de principal
160 km do seu curso
supostamente graças, ao nlenos ern parte, ao firrte
El Niiro ricssc.rr,. Nr.r,, , csrá seco há mais de 50 anos e desvios de água eln sells tributários retirarn
situaçáo permanece precária, pois sáo paulo i,clui-se
enrre os 25% rl:rs gr ,rrr, r, .,
mais de 7Oo/o do seu fuxo narural. As populaçóes de salnáo e da rrura-arco-
cidades do mundos. que já enfre,tam escassez estrutural
c{e nigu:r, rr. )ir
[)( )r(
(.r r -íris (Oncorbynchus tnltkiss) estiro à beira da extinçáo".
tagem que náo cessa de aumentar nurn rnundo en1
crescente hipe rrrr-[rarr i2.r1,,,
'
(:) Os r-ríveis do alto Mississipi e do Missouri esriveram ern 2013 próxin.ros dos
(veja-se, inJia, ocapítulo 7, item Z).
rnais baixos de seus registros históricos'1.
(a) o Rio Gila, no estado do Novo México, um tributário do colorado, esrá cri-
Os rios do México e dos Estados (Jnidos
ricalnenre ameaçado por Lrm projeto de desvio para irrigaçáo da Interstate
Srream Cornmission (tSC), um grupo de grandes fazendeiros e corpor.rçócs.
A disponibilidade de água no México decrinaiT. A região
norre d.,;1i., (5) O Rio Edisto, na Carolina do Sul, tem 35% de seu fuxo sequestrado pelo
utiliza hoje rnais de 40%o da disponibilidade hídrica natur"l.,ie&",
p,r.ce^ru*(.rr agronegócio, nível considerado pclo American l{ivers como insustentável.
definid:r pela oNU con-ro "forte pressáo sobre os recursos
hídricos,l A bacirr ,r,, (6) O §fhite lLivers, no estado do Colorado, está ameaçado por projetos de
rio Yaqui, o rnaior rio do noroesre do México, ourrora
babitatdo crocorrir,, rnais 15 mil novos poços de petróleo e de gás por hidrofiacionantento, que
anrericano (cr,codTlus acutus),está secanclo ilevido
ao uso intensiyo parir ir.r.r devem, segundo o American Rivers, "arruinar a Pureza de suas águas e o
gaçiro, à sucessão cle represamentos e ao crescimento
urbano. o Rio Grarrtr.. ltabitat da vida aquática".
(Rio Bravo), que separa o NIéxico do Têxas,
está re<Iuzido hoje a um quinr. rrt.
seu fluxo quando cleságua no Golf-o do México. lMhite Rivers
Ern 200r, pela primeira vcz Muitos ourros rios estáo seriamenre ameaçados nos EUA - o
na história, ele
se cou antes de aringir sua foz e
sua secagern ocorreu desde ent:r,r do estado de lVashington, o Flint (Geórgia), o San Saba (Texas), o Caawba
várias vezes.
(estados da Carolina do Norte e do Sul) etc' -, seja por perda de vazáo, seiapor
Muitos dos mais de 250 mir rios dos Estados u,idos estáo
ameaçad.os. () piora da qualidade biológica de suas águas, como mosrra a "Ayaliaçáo Nacional
últinro relatório anual do American Rivers 20 r Ámerica!
4 Most - Entrangertr/ de Rios e Córregos" (NnSa) da EPA, que examinoI l.924 sítios de rios e cór-
Riuers - destaca alguns dos mais comprometidos3s:
regos nesse paisaz. Os resultados desse levantamento serão discutidos, como
acima afirmado, no capítulo 9 (item 9.2,Ettrofrzaçáo, hipóxia e anóxia).
(t) o rio colorado é víri,ra de uma lenta catástr ofe (a.;lower-lturruing catas-
trophese) que já dura r 6 anos e hoje rara,.rente
atinge seu delta no Golfo cia Oriente Médi.o
califórnia. o relatório de 2r03 da American Rivers já considerava
o co-
Iorado o mais ameaçado dos rios norte-americanos.
Artéria funclame.tal No século XVI, Camóes lamenta em sell poema (Lus. 1,8) que outro Povo
do sudoeste dos .uA, ele fornece água para 40
mirhoes cre pessoas em sete que náo o cristáo "inda bebe o licor do Santo Rio". No sécr-rlo XXl, apenas l0%
esrados, susrenra l5% daproduçáo alimentar
do país . é forrt. de duas da água doJordáo clesemboca no Mar Morto e cle se tonrou um Íilete de água
das r.r-raiores reservas de água dos EUA. "
u,-r trabalho pubiicado emz0r2 poluída da qual ninguém poc{e beber. Náo sendo mais alinrcntarlo por ele, o
c,cluii(': '.A respeito de todo o sudoeste norte-arrericano, os modelos Mar Morto baixott 29 metros dcsde i960 e sua área restringitt-sc ll() lllcslllo

140 r41
I r"Àttr I í lrt \l,,tr \Illlll l\t \r.l \ ,rl,r I lll li I lr \r \ \ll\ll ll\lr
'

PCriorlo tlr '/ro I.rrr'.r (, i Lrrr . Strr nir', 1 .rl,,rrr.r 1,, rrrt,lr() I)()r .ur().rl)rl)\r1.r ()t.r',,,,1,, l(t,, i\ttt.tt,1,, (I Irr,rlrr', I I, ) ,,'lit,, Nl,r, ,1,,l(()(l.l,trtliz.tç.t,,
tl,ltttcltL.. Isr':ttl t :r.fttr-tlirrirr, ('nl li)r'tc e\l).lns.l(),lt rn,rgr.rilit.r, r(.[)r(.\.11 ,r,, I,.1 .lrtrt,r.,,,,trrl,lttrr,itt,,,.ll, ltttl',r1,",,,1,t,1(ll,l',(l.l('lrirr.r,,tlittt,tt(,tll')ôtlc
rilgclls c{os ,rHttct-ttcs tlo.Jortlão, ali'nr clc rctirrir clir-ctrrrrr.:rrtc cr)()nrr( s (lr,.urr r \Uit l)()[)Ul.rç.r,r, Llrr l') .l .1,. r,,,,rr t orrrlrlr t.rttr( ttl( .tllt(s,lc c'llcgltr i1() l)lllf c
datles c'le :igua do lràr pare a explorirç,ro clc potássio e rnagnósio. ( ) pr. jr r, r l, ,l.s,lc.lrt,r,,tcnls((.t,l,,,ytt.tr,.t,ttt.tll,,.. ltt,.l:lrr 199--,sc(:otl 1)or236c1iasnurna
Lrnl canal de 180 km que ll"ie
permita rece ber 100 milhircs de rrrcr r.os t.r'rlri, r,r ,1, crrcrrsio.1c,.'cr'.-rr tlt'7(X) t.1triliirrrctros c,r c,tr.lrI sccrrrgcrltl tttiris cle l'í0 rnill-róes de
água por ano do Mar Vermelho é considerado c{e alto risco rrrn[.,icrrr.rl..,,r, 7,i r»il Iinr' rle tcrra rrgricultável siro,rfetaclas. Para evitar
[)cssoirs rrurrrrr :ile u r]c
potenci:rl forll.raçho de algas vermelhas, formaçáo de gipsira e alrcrrrçrr. (lrIrI rr r, ,r a clcÍinitive sccrigcln tlo rio, cste é rrlitttentir.lo;relo "Projeto de Ti'ar.rsl-rosiç.ltr
dessc ecossistema í1nico. Essc canal representaria, em todo o c;lso, epcnls ro,,,, .1. Água Sul-Norte", quc leva água do Yangtzé para os rios Alnarelo e Hai,
do aporte ourrora recebido do rioJordáo'í3. itrravés de três r-nil cluilômetros cle túncis e canrtis. Trata-se de um,r tclltJtivrl
No Irá, o legendário rio Zayar-rdeh-rucl ("doador de vida"), arrâvcssrrl. clesastrosa de rernediar ess:r situaçiro, claclos sct-ts impactos na hiclrologia' u:r
1r,r
Pontes bclíssimas e o grande responsável pelas civilizaçoes pré-hisróricrrs .. lr r biocliversidadc e navida cle 330 nril pessoas cleslocadas pelas obras de cngcrtl.ra-
tóricas do planalto cetttral ir:rniano, estava substancialmer.rte intacto até os :u rr,., ria. Alénr da cscassez, a poluição c-lo Rio Atnirrelo é cxtreml. Em 2007, a Co-
I960. Secou completamente em 2010, após anos de secagens parciais. C.rrr .r ntissáo p:1ra a Conservirçiro clo Rio Anlarelo, ur-na agência govcrnatnental,
secagem de seu m:1ior rio, e com a rápida dininuiçáo de suas represas,. lr.r inspecionou l3 mil quilôrnetros dc seu curso e dos cle seus tributários e c«'rncluitt
está, como alerta Ghaz:rl Golsl-riri, "sob a ameaça de se rornar um irnenso ,1,. que um terço das águiis é inapropriaclo até lncsrno p.rre iI irrig.içrio agrícola.
serto"4'. o Rio Amu I)ária (Dária significa mar) ou Jayhoun, ourrora c()r)sr lsso porque cluatro mil indírstrias petroquírnicas fbrarn constmícl'.rs eln stlas
derado utn dos quatro rios do Paraíso terrestre, corre pela Ásia central, fi>mrin,l, , rnargens e apenas cerca de 40% da água usacla na indústriir chinesa é reciclacla.
as fronteiras do Afeganistáo com o Tajiquistão e, depois, com o Tilrcor-nenisrrr,, alén-r dos cadávercs
Além disso, o rio é vítin-ra cle fêrtilizantes e àgrotóxicos,
eo uzbequisráo. Hoje, ele r.norre ce rca de 1r0 quilôme tros anres dc atingir ,, hur.nanos que boiarn en1 sLIas ágr-ras. En.r finais cle 2012, a ir-nprensa chinesa
ex-Mar de Aral. Boa parre da bacia hidrográÍica de Bangladesh, alin.renr,rd.r noticiorl a descoberta cle 300 cadávcres httmanos boiando no Rio Auarclo, na
pel:rs geleiras do Himalaia, está compromerida, a começar pelo Brahmapurr.,r akurir d,r ciclade cle Lanzl-rou. Trata-se clas últirnars vítimas dos cerc,r de clez rt-ril
e por seu afluente, o rio Tista, já parcial-nente seco. polícia) achadtts no rio clcscle os
cacláveres (ern sua maioria suicidas, segundo a
anos 1960.
China Também os rios Hai, Huai, Tarim r-ra Chir-rri aprescntànl [fralrs
e Jiapingt:rng
variaclos cie poluiçáo e csvaimento. O rio Huai, na China ccntral, irPrcsenta
A situ.çáo dos rios da chinaé crítica, sobret,do no norre, região que sof'c nívcis elevados de arsênio16. Etn março dc 2013, o rioJiapingtang (e seu tribu-
hoje de "escasscz absoluta" (absolute scarcity) de água, segundo o acima mc, rário, o Huangpu), clue abastece os 23 nrill-rócs de l.rrbitantes de Xang:ri, foi
ciorrado Irrdicaclor Falkenmark (consurlo inÍàrior a 500 rni per capitd por arto). errvcnenado por 16 rnil cacláveres dc porcos e por mil c:rcliweres de patos'i7. Cerca
"O número de rios com áreas significativas de influência caiu de rnais
de 50 6il, de 500 carcaças de 1:,orcos slo recuperadas por mês nessas águls'8.
nos anos 1950, para âpenâs 23 mil hoje" lzot:]'it. porranro, rnais da nrerade clos Durante quatro clos tlcz veróes dc 2003 aZ0lZ, n-rais da metade dos 1.200
rios da china haviam sirnplesrlentc desapareciclo em 2013, levados pela irri- quilômetros do Ilio'lirrinr, no lroroeste da Cl-rir-ra, sccou. Segunclo Niels Thevs,
gação c pelo uso inclustrial da água. E rnuito do resrante de seus recursos l-rídri- da Universida.lc .lc ( ircifsri,rlcl, os fazencleiros cle algodáo que irrigarn as plan-
cos está afe tado pela poluiçáo. song Lanhe, engcnheiro-cl-refe do serviço dc taçóes corrr suirs riurns rrrrge nr, multiplicar-rdo e ,rproftrnclar-rdo a pe rfuraçiro c{e
monirorarncrrto da quirliclade da água urbana clo Ministério do Interior da poços, o cluc ,r.:clct.ir () csgotrtl.ncuto dos acluífêros ftisseis da região. Adernais,
Cl-rinri, clcclarou quc:rpenas n-retac{e das fontes cJe águanas cidades épotável. o Rio Tarint rccr.b.. i0',[, ilc suas águas do clegelo sazonal e a contraçio tros

142 113
r \l'lI \ll ,Àl'r I i'l \1,.,'r \irtliltI I \l l, r \ l I l,.l 11 \ \ \llill'il \lr
' ",,lo '

últirnos 40 anos cle 8% do volumc e de7% clr itrcu clrs cobcrturas glrrciais que Ilalkhrrsh potlc rcl tlcsdo[rrlttrcl'ltos comparáveis i\ tragéditl do Mar de Aral'i
o alimentam agrava ainda mais sua situaçãoae. No clue se refcre à bacia do rlo De fato, continuil .r rlocutncntosj:
Hai, um estudo do Banco Mundial mosrra um decréscimo por ano de 4tl bilhÕcl
de toneladas de água. 1...I ,lc:;.1., |96(), os rrír,cis iÍo Lago Ballihrisli tôrrr tlcclirrarlo, sobrctuclo clcviclo à evrr-

l)()r:rçao c iro scLr rrso crcsccntc i..rr.r .t ilriS:rç.ro .i.r lotrgo dos rios Ili c li:rratal. [...] O
Degradaç,io e desaparecintento dos lagos Lago llalkl'Iash dcscm;rer-rha urn,i lr-rnçao itrpoltrtrtc n.r tlllnurcrlçeo do bllanço
nirrural c clinrritico cla rcgiáo. A degraciaçáo graclu,il dos ecossistenrirs tlo lago est,i
scuclo acclcradr peltr constru5:iro clc u:;iu:rs l'riclrelétric;is nl Clhin.r.
A ementa do 13" Congresso Internacional de Lagos, ocorriclo crrr \\'rrlr,rrr
na China ern 2009, sublinha que "o estado ecológico dos iagos no Ínu rrtlo r,,,1, ,

Âincla segunclo o Pnurna, toc{i> o sisterna Btrlkhash está poluíclo por esÉiotos e
dereriorou-se cle modo alarmante nas últir-nas clécadas"5o. De fãto, r.un nr.rnr( r,,
resícluos sólidos nrbanos, tarnbém pela agricultlrra, mas, acirt-ra cle tucio, pela
ctescente clos mais de 50 mil lagos naturais e artiÍiciais em toc.lo o n-rr,rn,1,,,..r.,
rtividac'le incl-rstrial, ern espe cial ir mineraçiro, a metalurgia ea funcliçiro do
secando e/ou se degradando. O quaclro geral é táo generalizado e c,rt.rrr',!1,, ,,
cobrc, quc despeja no lago metais pesaclos e sulfitos (t-i,Stl.).
em todos os continentes, saivo Antártica, que náo se pode reproduzi-lo 1,1r,
a
Restanr apen.ls 5% do volutle das águas cio lago Urnria, no noroeste do Irá,
nem em suas linhas gerais. Alérn dos impacros humanos diretos, ben.r c,,rrl,,
outrorrl um clos maiores lagos salgados do mutrdo (t++ x ;0 krn) corl profttn-
cidos, há que registrar url novo fator de desequilíbrio: o aquecimento gl,rlr.rl
dic{ades de até 10 firetros" O sal rernanescente conlcça a et-}vcllenar as terras
Ern 167 dos maiores lagos do planeta - aí incluídos os Grandes Lagos, o'l:rlr,,,
irgriculrár,eis, afetanclo a viclir clc três nrilhoes c{c pessols quc vivetn à sua volta5''.
(California), o Baikal (Sibéria) e o Tânganika -, consrara-se um aquecinrcrrr t,.
O lago I-Iamoun, perto cla frotrteir:r coln o Afeganistão, antes corn qultro tnil
entre 1985 e 2009, de até2,,2 C, o que é, em algur-rs casos, uma taxa de ilqu(.( r

kmr de iigua doce, acabou c{e secarii, aPós qu;ltro anos dc secas, exc(:sso de ir-
mento até sete vezes superior à da atmosfera na tnesrrra regiáo e períodot'.
rig;rçào e represameÍ-rto do rio Hclmand, clue o alitnentava.
EnÍim, o l:rgo Baikal no Sudeste c{a Sibéria, o m:ris anti[Jo e profundo lago
Lagos da Ásia central:
Áral, Balkhasb, Urruia, Ilamoun, Bdika/. do munclo, contendo 20%r dar água doce superficial e eu cstado líqrrido c1o
pl:ureta (z:.eoo kmr), lar tle 1.700 cspécies, dois; terços das quais cxistcntcs
apenas ali (de ondc scr c}ram,rdo a G:rlápauos russa), cstá sob ataqlle. "L) belo
O Mar de Aral, entre o Cazaquistáo e o Uzbequistáo foi ourrora o cplll r( |

rnaior lago do n-rundo tsail<al'l corno o chatla Piotr Kl'opotkin etn svlts À7etrtór'ias, está eln scu ttrtis
(0S.OOO kni'z), cobrindo uma superfície quase do ranrlrr I ,
',
da Irlanda. Ele fornecia entáo um sexto do consumo de peixes da Uniáo S. baixo nível em 60 anos56. EIe corr-reçou il scr ameaç:rdo ltos àltos 1970 pela fer-

viética. A partir dos anos 1960 foi ele vítirna, náo apenas da captaçáo exccssiv,r rovia Baikal-Amur, projeto imposto por Lconicl Brejncv. Ern 1996, a Unesco
o dcclarou Patrimônio da Hurnlnidadc. Desde entáo, esse patrirnônio t tn que
Amu Dária e Sir Dária, para a irrigrr5.r,,
das águas de seus tributários, os rios
da cultura do algodáo, mas tarnbém do uso indiscriminado de inseticidas ncss.r
deságuar-n 300 rios é o rlcstino tarnbérn clo lixo despejado pelas emb,rrcaçÕes
turísticas e oLlrras (16{t torreladas de lixo líquirJo proc'luzidas a cada teÍnporaLla
cultura, o que o transfonnou hoje em pouco mais que um lamaçal de substirr
cias tóxicas52. Uma sorte sir-nilar pârece estar reservada ao segundo lago..r,, apellàs n;r baía rJe (-lhivyr:krri), e dos rejciros tóricos da inclistria de celtilose e

papel insralada às str,rs miu'gclrs rncridior-rais, a Baykalsk P'aper aricl l'}ulp N'Íills.
importância da Ásia central, o lago Balkhash (t6.ooo km2), também no Crrz.r
A indústria fbi fcclratla cnr 20i3 pcr razóes econôr'nicas, mas o Birikal será, cln
quistáo, alimentado em 80% de seu volume de água pelo rio Ili, que nascc n.l
China. O nível clo lago já caiu 2,3 metros breve, o lugar ric tlcsPt-'j,r dc ?01/o do rnarerial radiativo rejeitado pclo Ce r-rtro
e segundo um documenro do Pnunr,r,
"os especialistas acreclitam quc ro se rornar rnais raso e mais salgado, o leg. de Urânio Enrirlrrt.:c irlo rlr: l\ngarsli5-.

144 145
I rrt \t'rrr SntIrrt'rrr \r

Índia Cltina: C/tand.ola, lJellandur,


e .lf t t,,r. t l',t,1, . 't,,r/r'.rr). l ,t,t,trtf ,nt, , r\-,tlrn tr, l t/t,tt,t...
Poltang, Hongjiannao, Lop Nan..
l'.rrr -10ot,,,, l'rrrrrn.r 1,Lr[rlicorr rrrr lcr,.rtrturrrctrt,r e[,r'erigcnte (l()s lagos c re-
Em 1960 em Ahmedabacl, no estado de Gujarat, no Norocsrc,l.r Irr,lr.,, st lvrrtrilitrs .rli i..rrr,rs, <» .l.fiior's l,,tlits. ,.1//ts of
'Otrt' Ohanging Enuit't.»uncttt.

contavam-se 204 lagos. Hoje, segundo os registros governrrrnct.ttrtis, Srtes conclusiics Íoretl sublinl'radas pol N{aria Nlutagirrnb;r, presidente do Con-
apenàs 137, sendo o Lago Chandola, com 1.200 hectares, o câso nrais t'r t rt rr r,, sclho c{e Ministros Africanos sc,['rr. Água, "irnagens satelitárias da África confir-

de poluiçáo e secagem58. C)s Lagos Varthur e Bellandur (l4S knrt), polrri,l,,', nrir.rn que r-rrudanças ambientais dramáticas estáo afêtando seus 677 reservaró-
pela cidade e pelas indústrias de Bangalore, estáo de tal modo c1egr,t.l.r,l,,',, rios cle água, naturais ou construídos pelo homem". Náo é possivel sequer re-
inclusive por fósforo e petróleo, que a espessa espum.l tóxica que t'cc,,[,r,' ,, strrnir os resultados desse Atlas, por demais nulnerosos. Mas é preciso lembrar
superfície desses lagos transbordou e a do Lago Bellandur pegou fi>g,,,1,,.,' :lo rnenos algur-rs dos casos mais catastróficos. O Lago Chade, na fronteira
vezes em maio de 2015, causando reações alérgicas c intoxicaçoes respit-rtrtrr.r', e ntre o Chade, o Níger, a Nigéria e Carnarões, outrora fonte de sustento de
na populaçáo que habita à sua volta5e. rrrris c{e 20 milhóes de pessoas, fbi reduzido ent 95o/o entre 1963 e 1998, e con-
Conforme sublinha a já citada ementa do l3'Congresso Intemaciorr,rl ,1, tinua a diminuir. Um trabalho de 2012 calcula qut: "o uso humano da água é
Lagos ocorrida em §7uhan na China em 2009, "os 2,í.800 lagos da Chinrr c, ,1, r , ,, , rcsponsável por cerca de 50% do decréscirno observado de água na área do lago
uma área de mais de 80.000 km2 - e com poucas exceçóes quase todos clcs ctr.,,, ,lcsde os anos 1960 e 1970"64. Hoje, nos meses de seca, o Lago Chade se reduz
pesadarnente poluídos ou prestes a secar completarnente"60. Ao mcnos ,1,,r', il pouco mais que um pântano e no pico da cl-reia náo ultrapassa sete metros de
exemplos devem ser lembrados. Servido por cinco rios e alimentando, 1)()r' \u,r profundidade. Er-rcolhimento similar ocorre no lago Songor, em Gana, e no
vez, o Yangtzé, o Lago Poyang, na Província deJiangxi, a Sudoeste c'la sistema Faguibine, no Mali, o último de cinco lagos interconectados no delta
o rnaior desse país, conhece um colapso corr-rparável ao do Mar de Aral. ir.rterior do rio Níger, outrora um dos m:riore s complexos lacustre s da África
Vang Hao, um cientista do China Institute of §7ater Resources and llv,lr, ()cidental, com lJ60 km2. Fotos de satélites cla Nasa de 1974 e de 2006 rnostram
'

power Research, sua área passou de quase 5.200 km2, em 1950, a pouco nrr is ,1, sua secagem quase completa. O desmatamento no entorno do lago Nakuru,
3.600 km2, ern 2003, e a apenas 200 kmrem 201261 . Fotografias exibidas rr,, no Quênia, o represamento das fontes do lago Tonga na Argélia, o acúmulo
Xinhuanet62 mostram-no transformado num deserto. ,Je mográfico em torno do lago Vitória, engendram sempre as mesmas previsí-

Desde os anos 1970, o lago Hongjiannao, que torna habitável o dcscr.t,, l.cis consequências...
Muus, na Província c1e Shaanxi, cerca de 500 quilômetros a oeste dc
está desaparecendo. Seu nível declina 60 crn por ano. Em l969, o lago ,1méricas
-se por 67 krn2; en-r 2009, media apenas 16kn2 em 2013, 32 km2. As
marlescentes estáo em processo avançado de deterioraçáo. As águas d«r Ern vários estados dos EUA, os lagos declinarn. O lago Owen, na vertente
jiannao tornararn-se tambérn mais alcalinas, atingindo um pH de 9,6, t1 lcste de Sierra Nevada (Califrirnia), possuía 240 km2 e profundiclades de 7 a 16
o máximo suportável pela maioria dos peixes é um pH de 8,5. Como r)retros. Como os rios que o alimentavam forarn desviados para abastecer Los
o lago, onde se pescayam mais de 300 toneladas de peixe ao ano, Angeles, ele secou quase por cornpleto, com resíduos de água com profundidade
vida animal. Alem disso, 30 espécies de aves perderam sua fonte de rrr:ixima de um rnetro. Fonte de tempestades de areia, ele é hoje considerado a

entre as quais o lchtbyaetus relictus, umâ rara espécie de gaivota. Rcn rrraior causa isolacla cle poluiçáo por poeira dos EUA''5. O consurno de água do
un-ra autoridade local, afirma que "o Hongjiannao pode desaparecer errr t.ago Meacl (entre Nevada e o Arizona) excede o volume de água que nele
ciez anos"t'1. ,.lespeja o rio Colorado, ameaçando o equilíbrio deste que é o maior reserva-

t46 147
\r.lr\'rrlr'.||i.ti.l tr\|r \ \tt\lt tt\lr

tório supe rÍicial c{o país. Sua capa.cidac{c caiu clc L)\o/o, cnt 2000, para ulcltorí ilvcs cluc so[)rcvoirvílnl suil íl'§il tlc l.3rr0 ir 2.500 lçrrr'r, foi «lficirlnrctrtc dcclaraclcl
4Oo/o, em 2015. Em abril de 2015, seu nível caiu ao ponto mais baix<> c'lcsrlc I scco cl'r'l jaucilo rlc 20 l(r, Scrr íirn é urn cfcito clls mudanç:rs clinráticas, das secas,
quanclo ele est,rvl rrincla scudo cnchitlo apris rr construçrro.l,r r'. 1,,..., rlo clcrre tirrrcnto (l.rs gclciras cl«rs Andcs, bcm como do desvio das águas do rio
Em estreita relaç;.ro coln o Lago Meacl, tar.nlrénr o L.rgo l)orvcll, (lu( \(' l)csaguadero c dc scus lrflLrcntes para a agricultura ea mineração. Mais de cem
ao longo do Rio Coloracio entre os estaclos de Ut,rh e Arizon:r, rlr-tlrrr.r. ( l rninas se serviam das águas desse ecossistema lacustre, poluindo seus tributários,
gundo maior reservatório de ágna feito pelo l-rorlen-r nos FIL-lA cn( ()rrt r .r .,(
tlcutre as quais, a Huanuni, a maior mina de estanho do país72.
com âpenas 457ó de sua capaciclade6('. Alguns lagos tic tlois dos e st,r,l,,,
dos pelos Grandcs L:rgos - Mint-resota e \Viscounsin * estão ern .lcclírr,,,,
é o caso do lago Anvil c, sobretudo, do lMhite Bear (982.,i39 hrr), t rr;,' 2.3 Aquífêros fósseis e renováveis
despencou rnais de um metro e meio clesde junho de 20036:. Os nír,e is ,1,,,,
St. Clair, Micl-rig:rn, Fluron, Superior, Erie e Ontiirio estáo abaixo tl. srr,,,. En tE paiscs, dgora, os lençóis dt igu,t csl,io c,tlrulo tru onsl'qulnd/l
dias históricas68. Os Grandes Lagos perderamTl%o de su'.r cobcrtrrr,r ,1,' rle c.xtcsso r/e borultt:arnento !/trt. it agricu/htrd. Ne sscs 18 prtise s,

clesdr: 197-1. Segunclo l.isrr llorre, "o Lago Superior, o maior lago clc, ,iurr., uiut rndis rl,z me ln(le di ?o?ulaç,ío rln ruunrlo.

clo rntrndo por rircrr. snpcrÍici,rl e o terceiro r-naior em volur-ne cle;igu,rs ( Les ter,Brown, 20 1 2 <l-rttps ://u,rvw.youtubc.com/r'ltch ?r' =
DO2rl39nBAA>
lleilial nrr Sibériir e o Tarrgrlrika na Áfi'ica) é tambérn um dos quc nr:r is
r)rcntc sc têln ricluecido no munclo"6e. Hojc as perc{as irtturtis por e vil[)
I-li idra nidênci,z dt quc os /ençt1is rle iígrt cstio linittuinlo.
oito polegadas a mais que durante os rrrros
.{esscs l,rgos sáo cla orc-lem cie I
.:1ua/ia-'e rluc 20/o das arluífàros rnunrhds es/,ío sando supertxpkt-
O lago Nicariigua otr Cocibolca (8.62,i km'), o maior cl;r Améric:r r,tdos, alguns rlc/es crititdtntttÍt:. (:)lob,tlrucntc, ,1 túxLt de rc/ir,trla
éo habit,tt írnico c{c várias espécies, corno os peixes-serra e !ubarocs,l,' rlos aEifiros está cre.çrctulo loÁ t 2% ao ittto.

doce. Urn canal irrteroceânico de 278 quilôrnetros, à imagem do Cln,rl ,1,, '[hc Unitari Nations l,I/nrLl llhrer Druelqtnrnt lleport 2014, p. 26

narná, deve em breve atravessá-lo. Num artigo publicado ta lVahty't' trrr


Axcl Meyer, da Urriversidade de Konstanz, r-ra Alemanha, eJorge I rn 2000, por volta de 2Oo/o d,r água usacla p:rra irrigaç:ro provinha cle acluíferos
presidente cla Acadernia de Ciências da Nicarágua, aÍinnam-1: l,'rsseis. Os países com os mais altos ínclices cle uso de aquíferos renováveis e
r,r() renováveis er:rm entáo, em ordeln decrescente, a Índia, o Paquistão, os
[...] csse c,rn:rl podc crilr unr desastrc,:rnrbier-rtal r-rii Nicirrágua e alhures. A I sLrrdos Unidos, o Irá, a China, o México e a Arábia Saudita, cujas populaçóes
dc ccrttcnas clc qr.rilôrnctros c{c costir a costil, atravess.rnclo o Lago Nicarhgtr:r, ,()rrlrrÍn 3 bilhóes c 300 miihóes de habitanres, quase 50% da populaçáo do
reservâtório cle água da regiáo, destruir:i cercLr dc 400.000 hcctares de flor.rt,,t
l,l:rncta7l. Entre 1960 e 2000, o uso dos ac}rífàros fósseis triplicou e llovas me-
,

tanos. [...] A cornposiçiro e1uír'nica cla;iguir se rá r.nodificad,r, alteriurclo a f,rurr,r ,' ,lições cscarlcaram l-roje a graviclade da situaçáo. Em 2015, clois trabalhos prl-
l,licaclos por Alexanclra Ricl-rey e colegas, r,alenc{o-se de d:idos dos satélires
A constrticão clesse c,ural, quc ânlcrrçrl 16 bacias hidrográficas e 15 ( ir.ricc Gravity Recovery and Ciimate Expcrin-rent
- - da Nasa, mosrravarn cluc
tegidas, foi conÍlada a um ernpresário chir-rês, \MangJing, e se clestina ,r ' I rlos 37 rnaiores aqtríferos clo rnundo estilvâm em descquilíbrio, pois deles se
ciar er-n particular as irnpor-11ç6cs c cxporrações cl-rinesas. r in ha retirando n-rais rigua do que sr1;1 capircidadc dc rccarga. As rr.rediçóes rea-
Na América c{o Sul, no altiplano boliviano, a cluase 3.700 metros rlc lrzrrclas entre 2003 e 2013 pcnriti:rm aÍirmar clue 13 desses aquífer:os estavaln
o lago Poopir chegou :1 menos de 2% de sua profundidacle habituai dc ;rt tl ',, usados sern reccbcl'clr,lase nenhum ou nenhurn reabastccirncnto;oito
'rc{o
metros. O segundo rnaior lago da Bolívi:r, ltabitat outrola de 75 I , , r.arn classificaclos como "so[rr:eutiliza dos" (ouerstressed) , pois seu uso não csrava

148 119
('ll(l() ( ()llll)( Il\.1(l() lllll.l l( (,111',1 ll.lllll.rl ( ( rlr( 1r I()l,llll ,1, ltttl,l,,',,,, ,|,,1,,,IrrtrIt,,rtrr,)rr()( .rrr\,r1 ;\,I,,,r.,,,,|,1'rrr1,rirrr.I( r)rI( (rIrI.rvortIt'I,trItrI
l)r)l
cxtfclttillll(llt( ()tl".tlt,tlttttt(t"tslttss.ttlo',.( oltl,,.,',',rrr,rl,r,l,,1,,l,,f (l N,r,lrrl,r',)u,r nl,)rIrí(ro\(()nÍlrt()s(nr\(l(nrl)r(),,,rrtulrrotlr'.).0 1.r-,t)()c()lltcxt()
sion Laboratory da Nasa, "os aquíferos mais sobrcutilizados cstão nrs ár€íl ,l.r 1,i,,r .,,.r ,1,,r ull rtr,,,, O.ltros,. rr, .rlrr[r,rs os cstlttlos.

mais secas do mundo, onde as populaçóes abastacem-se pesadamente com áBul


subterrânea. As rnr,rdanças climáticas c o crescirncnro tle 1',..rptrlrtç:io,l, v, ttt rtt China
tensificar o problema"T'i. Os aquíferos mais sobreutilizaclos do tttttn.l,) ( \l.rv,un
"A (.hin:i crrfrcr.rtl tlois clcsrríios prir-rcipais: escassez híclrica c poluiçáo'l
entáonaArábiaSaudita,sobabaciadoriolndo,clue :rbastccct»l)rttltti:t.t,r,,,
noroeste da Índia, e sob a bacia do Murzuk-Djado na Áfric,. tlo Not.t t . ( , ,r, .rÍirrrre N'le.f un, rlirctor do jornal South China Mourning Pr.,sr e do Insritute

trariamente ao declínio dos rios e lagos, a diminuiçáo clos aclrríferos I' ttttt 1,t,, ,rí l)ublic rnd Environn'rental Affairs, uma ONG radicacla ern Pecluim, alér-n

cesso sub-reptício que colhe de surpresa seus usuários'5. ,le autor de China\ Wtter Crisis (1199), o primeiro livro a alerrar sobre a
(lrrcstiio e. Cerca cle 60% dos acluífêros do país estáo poluídos, segurrdo uma

Índia 1'rcscyuisa do Ministério dos Recursos e da Têrra. Têstes em. 1.778 pontos desses
ecluíferos em 203 cidacics mostram que a qualidade da água de 44o/o deles e
"relativanrentc ruirn" (relatiue poar), o que significa que ela só se torna potável
Segundo o Banco Mundial, "a Índia é o país que mais recorre a .rt1tr ilt r , r', llt

no mundo. Os aquíferos fornecem mais de 600/o da água para a agrictl ltrrr., após tratarnento, e que 15,7o/o é"rnuito ruinl" (uery poor), o que signilica que
irrigada e 85% do consumo de água potável. Ern 20 anos, cerca de 60'.Xi rl,r', cla r-rão é mais potável. Apenas 3% dos aquífêros urbanos podem ser classifi-

aquíferos da Índia estaráo em situaçáo crítica"t6. Como tnostram Fred Pe :rr, , cados como "limpos'l nurn país en1 que um terço dos recursos hídricos provém

e Írrdi"...orre a 2l milhóes de poços perÍurados para se irb,tst,'


Lester Browr't, cle aquíferos30.
"
cer de água. Segundo seu Ministério da Agricultsra,22o/o do território c 17"i, O caso de Pequirn é bem conhecido. C) Relatório Probe, intitulado-rScllingi
da população do país deveráo sofrer uma "penúria total de águi' ate 2050 Water Crisis, 1949-2008 Olympics, recligido por um grupo de especi;rlistas chi-
Os estados do oeste, do noroeste e do sul do país sofrem de absoluta escirss('/ neses c1ue, por razóes dc scgurança, mantiveram-se anônimos, afinna3r:
l-rídrica's. Na região norte do Gujarat, os níveis dos aquíftros estão caind<, )
taxa de seis metros por ano. Apenas no estado de Maharashtra, no oestc, .l,t Pequim [...] cstá ficando sem água. Ernbora mais de 200 rios c córre gos possam air.rc{a
scr vistos no mapa oficial da cidade, a triste realidade é que pouca ou nenhurna água
Índia, há dois milhóes cle poços perfurados, mais do dobro do que havia crl
corre uais por clcs. [...] Dezenas clc reservatórios, construídos c]esdc os anos 1950,
19U5. Prithviraj Chavan, governador do estado, declarou em março de 20 I ]
sccararl. Encontrar uma fontc limpa de água na cidade tornou-se irnpossívei. Apenas
que "os re servatórios jamais estiveram táo baixos e a cada dia esvaziarn-se trrr)
trinta anos atrás, os residcntcs cle Pequin-r consideravam os acpríferos como um:r fonte
pouco mais". Segun do o Hindustan Tiznes, de 3 rnilhóes a 4,5 milhóes de pcs
inesgotável. Hoje, os hiclroiogistas advertem que estes também estáo sccar-rclo. O
soas estáo prestes a ser expulsas, por falta d'água, em direçáo a Bombay Pun.'
aquífero de Pequinr cstri cainc-lo, mais água está sendo bornbeada do quc sue cepaci-
ou Aurangabad. dadc de rcstauraçáo e nrais e nrais água subterrânea tornou-se poluída. Hoje, mais de
No estado de Tamil Nadu, no sul da Índia, com 62 milhóes de habitantcs, dois terços dos suplinrcntos totais cle iigua cio município provêm de água subtcrrânea.
há um cleclínio generalizado dos aquíferos. Kuppannan Palanisarni da Tamil C) resto provénr rle ,igu,rs sr-rperficiais, isto é, dos decrescentes reservatórios e rios de
Nadu Agricultural University, citado por Lester Brown, afirma que 957o dos Pequirn. Os clois rneiorcs rcse rvatórios cla ciclade, Miyun e Guantir.rg têm agora n.re-
poços secaram nessa regiáo, o que reduziu 50% da área de agricultura irrigatla nos c{e 10% dc srre ceplcidaclc origin:rl e Guanting está táo poluído que náo é mais
nesse estado. O esgotamento dos aquíferos exacerba o diferendo entre os es- usado para áurra pot,ivcl dcsdc 1997.

tados de Tamil Nadu e Karnataka pela obtençáo de maiores cotâs de água

150 151
\( r \ ,rrtrr' I I t,tr,! tr \ltr \ \tt\ltltt\tr

Hc Qingchctlg, tlit'ctor tlo (icrl«rgicirl linvironrrrcrrral


Mrniroring llstitutÉ irinda cyuc Irlrr irlo tur l;.ut'opr clcsclc 200/r pol' §cLls inrprctos ambicntais e por
(Gemi) e um dos maiorcs cxpuls cnl l'ccursos
hÍc'lricos clrr Chirrrr, infi>r1rir t1uê scr uln disrrrlltr.lr cnclócritro em invcrtebradossT e em vertebrados, nomeada-
para abastecer Pequim de água é prccis«r hojc rccorrcr
a aquífiros fósscis situ*. rnerlte anfibios, confbrme demonstrado por Tyrone Hayes, vítima de uma
dos a mil metros sob a superfície, uma profun«rida«rc
cinco vezcs maior quc hl campanha de dcscrédito orquestrada pela Syngentas8.
25 anos. um estudo encomendado pelo Ministério
dos l{ecursos c cia.rerrt
concluiu que "a planície do norte da china sofre de
severa poluiçáo xluh clos ( )riente Médio
feros, sendo a qualidade de mais de71o/odeles classifi.rd".o*o Grau IV*, c'r
outras palavras, "inadequadas para conrato humano" (unftfor human touch)t2,
Em 2002, dois terços do 1,6 trilháo cie litros de;igurr destinados à agricultura
Na Província de Hebei, nessa pranície, os níveis dos
aquíferos fósseis estão cla Arábia. Sauclita provit-rhan.r de acluíferos fósseis. Esses aquíf'eros nio apenes
caindo em média três metros por ano, e em argumas
locaridades, seis metros cstão se esgot:rndo, o quc lcvou à diminuiçáo pela met:rcle da safra de trigo
por ano.
.lo país em 2002, tnas a água que resta cleles é ciida vez mais salina e devc ser
filtrada de scus rnetais antes de ser utilizacla ;rté nresmo na agricultura, com
Estarlos Llnidos
cllstos cluc excedeu, ern alguns locais, os cJaproduçáo da mesma cluantidade
de petróleose.
Nos Esrados U,idos, segundo a usGS, os gra,des
aquiferos do Meio-()t.str., úna cluantida.le de água doce equivaler-rte à do Mar Negro loi perdicl'.r em
do so e clo sE do país esráo cm crecrínio. os níveis
cro aquíftro do ccrrtr.,rl clivcrsas regiões do Oriente Médio, pertencentes ao subsolo cla Turquia, da
valley na califór.ia estavarn e,r ourubro cic 20r5 cm
seus mais baixos ,ív,.i, Síria, do Iraque e clo lrá, ao lor.rgo dos rios Tigre e Eufrates. Entre 2003 e 2009,
l'ristóricossr. I)o vasro e pouco prof.,do aquífero
ogailara ou High plairrs, e ssàs re servas perderarr-r 1lí,í kmr, a segunda rnais rápida perda de aquífêros após
com,rais de 450 r.il kmr sob oiro estados clesse país,
r70,-ril poços exrr.crr a dos aquífêros .la Índia. Por: volta de 60% cla perda totirl devc-se ao bombea-
águ:r para irrigar, desde há mais de um século,
ce rca cle r,3 milhão de k,o.r ,1. rrento ilesses reservatórios subterrâneos pâr'.1 a irrigaçáo, incluindo mil poços
firzenclas8'i:
no Iraque e 20% deverrl-se ao ir-r.rpacto prolorrgado da seca de 2007, à diminui-
ção clas geleiras e à de sertiÊcaçáo. Os 20% restar-rtes sáo imputados à dirninuição
o AquiÍcro High Plains abirste ce 30% clir água s.btcrrâ,e a usacla;rara
ir:rigirç... das águas cle superficie (rios, lagos e represas)e0.
["'] Até agora, 30% desse aquífiro 1oi bombeaÀ. oo,ro, 39% o seráo nos próxinr.s
50 anos, a se nlanterem os nívcis atu;ris de uso. A re cirrg:r c.rcsse aquíÍero corresponcrt.
a 15% do volurlc bombcado e rcvaria ccrca rie 500 a 1.300 .inos para recr.rchê-ro.
2.4 Secas e aridez
os níveis do aq.ífcro de ogallala caíram mais cle
50 nre tros er., relaçno a seus
nívcis l"ristóricos. segundo a uSGS, o cleclí,io 'A porcerrt;rgem d.c terras no mundo atir-rgida por secas graves (serious drought)
cntre 200 I e 20ug correspo.clc
a32o/o do declí^io acumulado ao l.,go rnais que dobrou entre os:rnos 1970 e o início dos anos 2000'l infbrnrauma
do sóculo XXs5. Em 2012, u,r trabalho
pnblicado na Pna.ç sr-rblir.rha'a "ur,lil cxrrapolação cla riixa cle courunicaçáo apresentada por Aiguo Dai em 2005 no encolltro anual da Ame-
!lue declírio atual
sugere qtre 359ó do High Pi:rins n-rericiionirl rican N{etercological Societyel" Em outro trabalho, de 201 1, Dai aÍirm:r que "os
scrá incapaz cle susrenrar rur.ra irriga-
modelos climáticos projetanr r1l1r ruirnento da aridez no século XXI sobre a
çao nos próxi,os 30 anos",". Alé.. clisscl, pol-scr porlco profundo,
o High plains
\relr apresenriinclo alr:rs concelltraça)es de sódio, mirior parte da Áf.i.", o sul da Europa e o Oriente lv{édio, a maior parte das
{e pitratos e de herbiciclas d:r
cl:rsse triazin.l, como o atr-azilia, um dos Arnéricas, a Austrália c o sudeste asiático"er. Essas prcljcçircs conÍinl:rranr-se
mais comur-rs pesticiclas do munclo,
dran-raticarnente enr 201 5. conforme demonstra o hltin:ro relrtririo do F.scritiirio

r52
153
\{,lr\ .,írlr)., I ll.l,,lr,lrlr \Jlr \ \l lÀil lll \lr

das Naçóes Unic{as para ir ltccluçáo clo ltisco tlc l)csirstrcs (UNtstltt), r rcspelto ()Nortlr',rr r,r,,1,..,1, )Ol.).r
1ttot r,,.t ,l,,rulltttt,r.'rO.tttos. I:lnotllu[lt.o.lc
do qual seu diretor, Robert Glasser, declarou: "o rnlis ólrvio inrpacto Ichs ntu. .)oI\,t;rr.r:i rnrl,r,l,r,l.s,l.ss.t ttgi.rotl,rp.ríscst.lv:lrtlr'tttsitttltçiorlcctttcLqôtr-
danças climáticas] foram as 32 grandes se cas regisrradas globalmcnre, o clobro ,i.r.Nosr'sl.rtlos,l.rI'.rr'.ri[rl.'tlcAl:rg,r:rs, )(,citllilcscsLltvllrlrcntllocÍlcol:Lpso
da média dos últimos dez anos. Elas afetaram 50,5 milhóes de pessoas e rnuittt t ot:tl r'lc rigtt:t''''.
dessas secas continuam nesre ano lzot6),particularmenre na África"e:t. A Arrrazônia sofi'cu as três rnaiorcs estiirgel)s de seus registros históricos em
Pelo Índice de Palmerea, pode-se falar em "seca exrrerlrr" rr pulrir',1,, írr,lr, , I 997, 2(X)5 c crn 2010. Urna quarta estiâgem se :rbate en-r 2016 sobre Roreima, qr.rc
-4. As projeçóes de Aiguo Dai para os decênios succssivos a 2010 ll)()rrr.uu sof lc rr. r'r.raior seca dos hltimos l8 anos e corre o risco de um novo megaincên-
índices de -4 a -6 para muitas zonas do globo, atingindo -8 crn rlgurn:rs ,ir,..r,, .l io a exemplo do de 1998, com o Rio Branco erl seus mais baixos níveis his-
do Mediterrâneo. Em 2I00, muitas áreas densamente povoadas cl«rs lrsr,r,l,,., r(rricos e 13 de seus l5 rnunicípios en-r estado de emergênciar{x). A região ama-
Urridos do Mediterrâneo atingiriam índices entre -10
e e -15. Sobrcv()(.nu),, z.ôr'rica náo está màis livre cle escassez hídrica. "No sudeste da An-razônia, histo-
esse problema global, continenre a conrinente. ricamente uma regiáo tropical e úmida [...] alguns rios chegaram a secar
totalrnente"l01. Segunclo um estuclo publicado na revista Science de fêver:eiro
Ámérica l,atina tlc 2011, enquanto ern 2005 a seca atingiu3To/o dt foresta, ern 2010, ela afetou
57% delat02. Javier Tomasella, coordenador de Pesquisa e Desenvolvimento do
Na Arnérica Latina, o aumento das secas se verifica em quase todos ns p:ríst.r, Cleritro N:rcior-ral de Monitoramento e Alertas cle Desastres Naturais (Cemaden)
como alertou, em 2009, Robert Vos, diretor da Divisáo de Análise e P«rlír i, .r., ,rÍirma a respeito que "fenômenos que deveri.rm ocorrer unlA vez por século
de Desenvolvimento da ONU. Segundo Vos, as secas assolarão principalrrrcrrr, cstáo se repetindo a cada quatro ou cinco anos"r03. Na Amazônia, e em especial
as zonas ar-rdinas da Colômbia, do Equador, da Bolívia e do Cl-rile, em cspr.t i.rl no chamado "arco do desmatamento", conforme afirmaçiro cle Antonio Donato
corrl o clerretimento das coberturas glaciais nos cimos andinose5. Em 2(X)li t Nobre, do Inperoa:
2009, vítima da pior seca dos hkirnos 50 anos, a Argentina teve de dccr',..r ,, r

estado de emergência. A seca dirninuiu em 507o suas colheitas, além dc n)rrr.u Os períodos de se ca aumentarâm e o volume cl:rs chuvas dir-r.rir-ruiu. [...] A scca dc
parte de seu rebanl-roe6. O estado de emergência por causa da seca foi dc rr,,v,, 2005 era a pior clo século. A de 2010 cra já pior que a de 2005 e eis a scca exccl.rcional

acionado em cinco províncias do país em janeiro de 20 12. Também ern j rr r c r r,, .leste ano, que pode bater todos os recordcs. Os efeitos externos clo desmtrt:rtnento

de 20 12, o governo do México declarou que o país esrá enfrenrando a rrrrri,,r :unazônico sáo já runa realidade . O sistema está ern vias cle sc clcsrcgular.

seca de sua história com sere de seus estados declarados ern conclições c.lc ".lc
sastre natural"ei. Em fevereiro de2012, o esrado de emergência foi decrctrr,l,,
Essa afinnaçáo é corroborada pelos resultados de um estudo de 2Ollpublicado
na. Pnas. Eles mostrarn que .{esde 2000 as precipit:rçóes declirraran.r em 69{% da
em seis municil-rios da regiáo de Valparaíso, uma das mais importantes purrr ,r
área c1a floresta amazônica internacional. "Nossos resultados", advertem Thomas
agricultura do país.
No Brasil, as projeçóes de um estudo de 2009e8:
Hilker e coautores, "fornecem evidência de que a persistência de secas (persis-
terut drling) pode clcgraclar:rs canópias da floresta, o que teria efeitos ern cascata

sobre as dinâmic;rs cliuráticas e do carbono global"to:.


[...] rnostram um aumcnto clos períocios se cos (ou secas) no lcste da Amazônil e crrr
parte do Nordestc, enquâI1to o nírmero cle clias consccurivos com grende umicle,lt
cair:i n:r maior parte das rcgióes nordeste e do centro-oeste do Brasil, e rambérn rr,, Europa
oeste e sul da Amazônia. [...] Por volta de 2030, o padráo domina.nre serii uma rcr.lu

çiro na quantidadc total de chuva e no nhrnero de dias úmiclos na América clo Srrl Um relat<lrio rlrr (lorrrissrro europeia de agosto r1e 2010 informa que "entre
tropic:r1. 1976 e 2006, o nrirrrclo dc rireas e cle habitantes atingidos pela seca subiu ern

154 155
.lO(1o"".N,r,l.r ttt(tt()\tlttctOrrrrrlo:tcrllt()tt,,,,,1,r Irrr(.rlr((lrr,rr.rn,.r (lilr,rrr, I ,/,t,f ,,.. Lt,1,,'
NIi'tlitclr':rlrct)"solr(nr(l( Ptrrriri.r (l()rr(.r ,1,.r1,,r., L I,I11,,i,,,1,,l(,,,1,rrr,,
Podcditltittttirctn.J0()ir:rttl -1.050. I)ur':urrt () \'( r.t(),,,Ilrrrr,,lrrnirrrrir nr 3or), rro., Ntts.ut,r: l')io,ttl)tt.t/ lltttll tr. ttl\()u()sÍrlrt,rsos l)l'.ra1151171 tl.ttl'l,uth (tl::)
rios clo sul»10:r. N:r Frrrtrçrt, cnr jtr llro tlc .10 15, 6.) l)t [r:u tilnlcnt()s, ()( u[).ln(l(, tl, l'rtulsr'.rls, 1/ir'(t'lrtp$ of ll'tirtlt l, ls t,itt/t,t: r/,r ir,r,l939) dcJohn Steinbeck
cercade80%dotefritóriodopaís,solrctnrcstriç()c:srrorrbrrstcr'irrrcrrtotlrr,igrr.r, c o lilnrc h.nrôninro r'.
John Fortl (19.10)r A secrr quc fustiga h1i anos o su-
cle

e30delessáoconsideradoscmcrisepeloMinistérioclol)cscrrr,olvinlcnr()l)r, rlocstc cl«rs lrLlA tenr siclo charl,rcla c7e ltleu, I)ust Boult16, rnas ela supera a clos
ráve1103. Tanto na Frànça como na Espar.rl-ra, país or-rde l,
o inverno rlc 20 1 L)o ru'ros 1930, e o bombc,rrnenro clos aquíferos já nào conseguc màscarar a " bolha
foi o mais seco dos últimos 70 anos, deciarararn-se os nrais lir.lvcs incôntliot híclricir" que vinl-ra permitindo a irrigaçáo ir-rrensiva. Scgundo John Laircl, sc-
r0e. crctário parâ" os Recursos Naturais da Califórnia, o agronesócio já perdeu 160
desde 1986, ruinosos para 72 n-ril hectares das Ílorestas clos Pirincus Enr I () I ( ),
as maiores secas conhecidas na história da Rússia, seguidas cle 300 a /+00 ir n.ril hectares (+oo.oOO acres) de área agrícola e dispensou 17 mil trabalhac-lores
rupçóes de incênclios por dia, devastaram o país, consumiram milh:rres clc r... ncsse estado"'. Ern feverciro cle 2016, o U.S. Drought Mor-ritor inforrnava cpre
sidênci:rs, poluíram o ar de Moscou, e arruinaram 260/o das colheitas. :r Califorr-ria permallece 99,5% anormalmente sec:r, senrlo 38% corn scca excep-
cionalncnte severâ' 18.

Áustrália, Ch ina, Sdh el A nraior parte dos estados a oesrc do rio À4ississipi tem siclo aÍlieicla por
uma "megasseca" (megaclrought) que rr;lo rcilr p:rralelo na história clo país, se-
Desde 2OO4 a Austr:ilia vem sofrenclo âs piorcs secas dos írltirnos 117 lrros gundo uma pesquisa da Arlerican Geophysic;rl Uniontle. A neve :rcumulada
(quando se iniciaram os registros) com aurrento da incidência e da graviclatl.' na Sierra Nevad:r, uma clas maiores fontes cle água cla Califórnia, enconrra-se
de incêndios. Um esrudo de 201 1, citado por Michel Sezak na revisr.r Ní,/í, em situaçiro crítica: "Ern 10 cle abril de 2015, o volume de água na firrma de neve
Scientistll(:),prccliz que os dias cor-r.r risco de incêndio "muiro alto" ou "exrrcnr,r (snou, uater equiualent ou SWE) esrava a apenas 5% de sua média histórica"rr0.
nlentc alto" na Austrália aumenrarito em 70% em 2050. Em partes do Arizona, cla Califórnia, dc Nevada, clo Novo México, de Oklahorna
Em 2009 e em 201 I,a China viveu as piores se cas dos írltin-ros 60 anos. Sc e do Têxiis, onze dos anos enrre 2000 e 2013 foram de sccar2L. Richard Seagcr
gundo as estatísticas oficiais, "os sistemas de suprimenro urbano e as redes tlr' afirma que na região sucloesre dos Esrados Unidos "os modelos mosrram uma
irrigaçáo do país estáo caindo a urna taxa clc ,í0 km3 de água por â11o"'11. A secl aridificaçrro progressiva [...]. S. Íbrem cxatos, enráo o sudoesre deverá enfren-
de 2011 e a mínima precipitaçáo de r-reve levararn as colheitas a caíren1 brutrl tar uma seca quc se tonra pcrmanente»1r2. Essl projeçáo é reiterada por urr
12.
Ínenter EmZ0)4, algurnas províncias do norte da China sofieram à pior scc.r traballro publicado em fevereiro de 2015 na revisra Science Árluancesl2}:
dos últimos 63 anos113.
No Sahel, rnalgrado uma grande variabilidade, a liriha resulrante é cle fortc No Sucloe ste c nas Planície s Centrais do Ocstc nortc-encric.uro, plcvê-se que as
declínio cla pluviosiclacle entre 1900 e 2009rri. Em 201 1 e 2012, no Quênia e nos rnudanças clinráticas eunlcnter.n a gravid:rcle da se ca nas próximas décaclas. [...] Nos-
países do assim chamado corno d" Áfri." (Sorlália, Etiópia, Djibouti e Eritreia), futuro notavelr-r-rcntc rn;ris seco, ltuito alér-n da cx-
sos rcsultaclos aPoltt:tnr ptrra urr1
pcriônciti coutcurporâner clos sistemas Ililturais e hurnanos na Arlérica clo Nortc,
as piores secas dos írltimos 60 anos ameaçam 130 milhóes de pessoas e reduzen,
cor-rdiçõe s cluc ;,c,clcrrr rprcse ntar um cicsafio inrportante para a adaptação.
à forne 8 rnilhoes delas.A Etiópia, em parricular, enfrenta ern 2016 urna scc.r
considerada equivalente oll pior que a dos anos 1980, :i qual, ern combinaçiro
A seca niro sc liuritl ;ro sudoesre. Ern julho de 2012, 26 esrados norre-i1lnc-
com a guerra civil, rnatou cerca de un-r n-rilhiro c1e seus cidadáos.
ricancls fbranr consitle r:,ulos em estado de catástrofc natural, scr-rdo cluc 1/+ de-
les sofren.r rr r.nuior.scce jrrr-nais registradar2a. No final de 2012, a Us.la dcclarorr

r56 157
\r,r \ rt,I tri,t r.l tr \|( \ \ttÂtt llt\tr
"rrt

tffi
ll t5ctintl:ttl,rs(ttpttsttrt:rtrrlo',,'l')irrlrr .irt.r,i,,l,.ris) .irt.rs,lt tlts,rsllt lrlr,,t,/,t I)tt,,.rrr(l,r nr.rr\ llr.ur( nl(,lr.r\ l,.rl.rrt.rs,l, r\l.ui.r IItltrr.r Strtrr',1o, r,itr'
(
/17'e/ts). Nctthr-rttt ()Lttr() itn() lrntcri()r na lristrilia clos lrtlA .lr.1t«,rr pt r lo rlr ,,.,,r ,lit, t,,r.r r,,, r.rl,l, r,, rrrs()s n.rlur,ris rl.r Irr\(),.r nl(n()s (lr.Í(.s(. ltblttt.l«ltrcltr:rs
cifral25. Bagres, carpas csturjócs pcrccc[enl pclo crrlor'()r.r l)r:lil s(.(,r (. ,rl).r ( ( i ".r
,;ulrrt itl.rtlt tlc tct la agrir:ultrivcl c proclutiva
1rl.it i, .rs .r1'|,r()l)( ( u.iri.ts .tt tt,tis,
L'

ram mortos nas águas dos rios e lagos126. Em l8 de jirll-ro clc 20 l .i, ru rr lr.r l,r r r,,,, crrr )050scr.i:rpcrr.rsunr(luilr.t()..l.rrrívcl tlc l9(r0"rre.Scnrpresegundod:rdoscla
doNoaaindicavaque"aparredorerriróriodosEUAcllrcsofi'crlóíicits.lt 1,r, Irr\(),r'clrrrrtrr.losnurncrlitolial çltiV,t/trrz,,mrriscle50milkm2desolosagricul-
cipitaçáoaumentounaprimeiraquinzenade julho,passarlc{() tlc44o/,, n() irí( rr, t:ivcis pcrclcnr-se p()r lno globalnre nrcrr('. |oshua Horvgego reverbera forternente
do nrês a mais de 460/o em meados de julho"t27. As regióes a lestc rlo rio l\l ii', r,, cssrl crollst:-ltaçalo: "estrlllros pcrclenclo scllo a um ritmo de 30 carnpos de futebol
sipi passaram em 2012 e em 20l3 por secas extremas. Pelo Índicc clc l),rlrrr.'r, .r
iror uinuto. Sc náo diminuirmos esse ritmo de cleclínio, todo o solo agricultá-
região norte do estado de Virgínia esrava ern julho de 2013 e rn -/r c .r r(.1,r.r, ,
vcl terá sido perdiclo em 60 irnos"131. l)e seu lado, Moniclue Barbut, secrerária-
centro-norte de Marylanda4,2 na escala Palmer. -cxecLltivrl da UNCCD, cleclarou à in.rprens'.r durante a COP 20 de Linta ern
cle zembro de 2014 que "perto cle 55% das terras agrícolàs estáo degrad"6[.l-."1:2.

O (llobal Soil Week'7-5 (terceira ediç,ro) do lnsrituto c1e Estudos Avançados de


2.5Degradaçáo dos solos e desertificaçáo Sustentabilidade de Potsdam (Iass), coordenado porJes \Meigelt, reforça a gra-
vidadc da situaçáolrl, "O solo é uma fonte niro renovável na escala da existência
1 2 milbões de hectares Il 20 mil knl] de terra produtiua tor tr,r rtt humana, pois se forr-na muito lentarnenre ao longo do rempo. [...] Estamos
-se esÍéreis a cada /lno ã?en/zs ?or ca.usa da rlesertif.caç/í.o c lis.\t,t,t\
perdendo por ano cerca c1e Z4 bilhOes de tonelad;rs de solo fértil por causa cla
1' r'
D es erti fic atio n. 7b e Inu ts i b le fro n tlin e, 20 I 1, UNC( I I )
erosáo". A insustcntabilidade clo uso do solo é irreversível, a se manrerem os
paradigmas atuais de nosso sisrema alinrentar, condicionado pelo agror-regócio,
Solos sáofundarnentais ltara a uid.a na Terra, rnas as pressões drt
porque, aincla segunclo o Iass cle Potsdam, sáo necessários em rnédia 500 anos
honzem estáo atingindo limites críticos.
para se fbrmarem dois centímetros cle espessura de solo fértil.
FAO, World. Soil Charter,2017
 pedodiversidade (variedade de solos numà regiaro) está colapsando numa
velocidade cornparável à d:r biodiversiclade. Como afirma aindaJosl-rua Horv-
A Assembleia Geral das Naçóes Unidas declarou 2015 o Ano Internacional rl,s
gego, pode parecer estranho falar en-r exrinçáo de espécies de solos, mas é exa-
Solos, ocasião propícia para o lançamenro de um lnonunlenral relatório, Stt I rr ,
tamente o que está ocorrenclo, sobretudo nas cl-ramadas "rerras secas" (drylands),
of tbe World's Soil Resourcrs (SWSR), produzida por Llma enorme equipc rlc
mais vulneráveis a processos cle c{egraclaçáo e desertificaçáo e suporre cle 2 bilhóes
estudiosos sob o patrocínio da FAO e anunciada como "a prirneira avaliaçir()
de pessoas, tal conro cvidenciado pelo relatório final (zO I t ) do projeto '[he
global rnaior sobre os solos e ternas análogos'l Sua mensagem é, em suma, a c1ut.
Land I)egradation Ássc.ssruent in Dry/ands (Lada), gerenciado pelo Pnumal3a.
seu diretor-geral,José Graziano da Silva, subscreve:
As terras secas esc:rlor)ilul-se elr três níveis de aridez
- árido, serniárido e su-
Hoje, bhmido seco -, rnensurlclos 1',clo Índice de Aridez proposro em l94l por Char-
33%o dos solos estão de moderada a gravemente degradados, devido à erosrr«r,
salinização, acidificaçáo e poluiçáo química. Perdas sucessivas de solos produtiv<>s les W. Thorntwaite r". Na avirliaçáo do Lada (zOt t), "a degraclaçáo dos solos

dcve rn prejudicar gravemenre a produçáo de alimentos, a segurança alir.nenrar, ar, f-oi reconhecicia conro trrrr problerna global associado à desertificaçáo e à perda

pliÍicar a volatilidade dos preços e, potencialmente, me rgulhar nrilhões de pe sso:rs de diversidadc biolrigica, piuricularmenre nas zonas áridas, semiáridas e subír-
na fon-re e na pobreza. midas secas (conrurrrcntc clramadas 'terras secas')". As terras secas cobrem um
terço da áreir tcrrcsrr.ct.lt, rnunclo e abrigatn ||Vo das árcas cultivadas, sendo
dois terços cicl,r r,..rr1r,r,.l,,s pe l,r pecuária. Cerca de 73% das terras de pasragem

158 159
r.r r,r r, \:rr \ \t t,,tl it \tr

esráo sendo dcgradaclas.Já scgunclo o clocutttcttto rlc 20 l(1, l)ruufu.fir l)a.çerlt I ), t, t/tlr,,r,,r,,
and the Figbt against l)esertification 2010-2020, dl ()Ntl (rcsoluçáo 62/191),
os desertos e as terras secas ocupaYam entáo 47,3o/o clas tcrras emefsas, nas §c' A clcscrtiíiclçrr<l ó rr dcgratlrrçào ckl sokl nrrs tcrrlrs sccrrs, rcsr-lltanre de vários
guintes proporçóesi36: frrtorcs, cntrc clcs as vtrfiaça)cs cliuráticas c ;ts ittiviclàcles humanas, em especial
l'17.
o desmatane nto Ela age erx graus diversos sobre as terras secas que se esten-
Área em milhóes de km'? ( o/o)
dem l-roje, como yisto, p or 47,3o/o da superficie das terras emersas. Ainda segundo

Hiperárido (deserto) 9,8 6,6 o documento da ONU acima citado, "os modos de vida de mais de t bilhao de
Árido 15,7 10,6 pessoas em 100 países estão ameaçados pela deserrificaçáo". O Millenniurn
EcosysternÁssessznent alertaparao fato de que a deserrifrcaçáo é "potencialmenre
Semiárido 22,6 15,2
a mudança ecossistêmica mais ameaçadora em termos de impacto sobre os
Subúmido seco 12,8 8,7
modos de vida dos pobres".
Total 60,9 41,3
Mas não apenas dos países pobres, já que o fenômeno náo poupa a Europa
Fontc: 2010,2020 (UNDDD) LIN Decdde for Deserts and thc Figbt against f)esertiJicdtirttt \., rl
e os Estados Unidos. O relarório de}Ol4da UNCCD afirma que"169 das 194
redc).
partes declararam-se afetadas pela desertificaçã6"138.

"Globalmer-rte", prossegue o documen to,'"21o/o do solo está se degrac1an.l,,".


.'Írnericit [,atina c Brtt-çil
rrrs segrr i ntes proporções:

Estin'ra-se cpc 2 milhócs rle knr2 dc solo na América Latir-r;i já renh:rm sido
Terras agrícolas (croplan d) 204/o
.legradados pelo sobre;rasroreio e pcl:r :rgricuItr-rra inrcnsivai:te. No Brasil, e ern
Pastagens (rangeland) 20-25o/o
particlrlar no Cerr;rdo, respor-rsável por 55% cla procluçáo cle c,rrne no país, ir
Florestas 42o/o
situ:rcáo dos solos foi c{iagnostic:rcla nrur-r esttrclo coorclenaclo por Ricardo Ar-r-
Total 24o/o
i{rade, pesquisador da Ernbrapa. Arrar,és de imagens de satélirc coletadas enrrc
2.006 e 2011, o estudo mosrrí1 que 320 rnil krn2 cle pasragens (60% rlos 530 rnil
E erl razáo clas carrsas apontaL]as nl Figura 2.1: l<rr2 cic pastagens c1o Ccrrac-lo) já Íbrarn degracla,ios. O L-rsrittrro Nacional do
Sen-riáriclo (Insa), c'lo Ministério dr Ciêircia, Tecriologia e lnovaçáo, ,rfirma clue
"o Serniáric{o brasilciro. com quase um nrilhão de l<nrr, é cor-rsiclerado nrna clas
27 o/o ativ d ade
i ag rícola
sobrepastoreio 35% rnaiorcs áreas do munclo susceprívcis ao processo dc desertificação". Segundir
o Át/,t-ç das ,ireas sttst't"VÍiuci-s ti rlcsertt/ica1',ío clo Brasi/, dc 2007, o processo de
tlcscrtiÍicaçáo em crlrso no Serniárido e enl iircas ad jacentes afeta os Írove est:1-
% atividade industrial
1
.los clo Norclcstc, aLirrr rlo llor:re dc À,{inas Gcr:ris e do Espírito Sanro. "I)cssc
total",cleun.rasupcrflcicrlc l.l,10.000krlr,consri1rr1 oÁtla.r,"180rnil km2 jáse
(:ucontranl ellt 1)r()c('ss(, sf.r\c c rrtnito gr,rvc cle c{esertificacão, concentrados
sobreuso da vegetação
(p. ex. lenha) 7% 30% desmatamento lrrincipalr-nentc Iros cst:rrlos ,lo N<irdeste, (tl1e têln 55/5% clo seu território
Figura 2.1 - Principais causas da degradaçáo do solo ern escala global (%) Basead.o em FA()/ Lringido er.n clifircrrr,.s gi':rrrs.lc cleterior;rç..ro ar-nbient:rl"rl0.
Pnunra, re;rrodrrzido em l-ot,tl Energl and Water Resources <http://www.fewresources.org/>.

160 16r
i \lll\rr'\r| |r ol \1,'rr\tlltltrt\l \i.t:\ .lr.l lr\ li \ \llrllrll\1,
"rrlr!"ll

[.Jlttltovotn.ll)(.lnt(trt,,;,11l,ltt,rrlr,,nt '()l', 1,, 1,,1 ,l,1 ,t,tt,,tr,,,lt i\tr.ilr,,t, () processo rlc tlcscrtiÍicrrçiro itíttrr rlirctarnc'rttc rtlltt/o clct tcrrit(')rio rla Chin:r, in-
])fclccsslitttclitor.lc Itrltg.rts tlt S.rt.llrl, r,l., I lrrrr, r',,,1.,,1, I r rlt r.rl ,l, r\1,rg,,.r., cluindo provÍnci:r tlc Sirrkiiurg, o 'l"ilrctc llo cxtrclllo ocstc c m províncias de Qinghai,
ir

(Lapis), sob coortlctrrrçrio rlc I Itutt[rctt,r ll.rrIr,,r.r, Irr, r,lr.r uru.r I'r(,r.r.l.r sitrr.r1.r,,. Gansu, Ningxia c da Mougólil Illccrior, na rcgiáo ccntro-nort€. Embora a desertifi-
Em20l3,aregiironorclcstetenr230nril linr'(r',rrrtr'.r ll.it) rrrilIr)r'cr)t.]()()")tli câçáo estcja conccntladâ nessas seis províncias, ela está agora se estendendo em di-

terras atingidas pela desertificaçáo em graus gt-rlvc ()u llruir() grevc". Âirr,l.r reçáo também às províncias cle Sichuan, Shaanxi, Shanxi e Hebei.

segundo Humberto Barbosa, "Êca evidente que as árcas ondc o solo c u r,. q,'
A clcse rtiíicrrçrro tluc ,rssoll o pàís é causàda em grrrncle rnedida pelo desrna-
taçáo não respondeÍn mais às chuvas estáo mais extensas. Em condiçóes n()l nr.u\,
vegetaçáo da Caatinga brota entre trrmcnto ir.rcluziclo pcla clernantler clc madeirir P'.1r4 a construçáo civil e para o
a 1 1 e 15 dias clepois da chuvir. Nesrrrs r'rr...r ,

não importa o quanto chova, a vegeraçáo náo responde, náo brota mais" | 'r. lrrn
rnobiliár:io e 1,ekr nurnctl to enorlllc dos rebanhos, llllltl país que se etttrega cada
Alagoas, 620/o clos rnunicípios âpresenram áreas em processo de deserriÍic,rç,r,, vcz màis r1o c()nsulno cle proteínas anitnais. Malgrado os esf-orços estrênuos de

A relaçáo entre desertificaçáo e perda da manta vegetal r-rativa é evidente. Corr,, rellorestamento corlr 157 mil kmr de seu tcrritório aPresentatrdo ganhos,
-
inforura Cleide Carvalho, citada na nora acima: contra 37 rnil kmr apresentanclo perdas, entre 2000 e 2010115 - , a Chirra está
pcrcler-rdo a glrerrà contra a c{esertificaçáo. Cotno mostra Qi Feng e coalltores

1...1 30% da cr-rergia consumicla r-ro Norclestc vcrn tlir lenha, e o quc qucirna é r nrrrr.r cle unr artigo publicado na/Valure em novetnbro de 2015, "a suPerfícic cleser-
n;rtiva. Segur.rdo rel;rtório do govcmo do Rio Grandc do Norte, que divicle corr, ., tificada decresceu em muitas áreas, mas em outlas continuoLt a sc expandir",
Paraíba o nírcleo de dcscrtificaç.:ro clo Se ridó, alénr cl'.r re tirac-la de lerrha, a degrircJaç:r. sobretuc{o porque o plantio cle árvores requer irrigação nas árcas áridasr"". No
vet-n do desm'.rtc parrr abrir cspaço para agricukura, pecu:iria, rline r;rção e cxtl'xç.r( ) noroeste do país, os desertos de Taklamakan e de Kun-rtag estáo se funclindo.
de argila do leito de rios para abastecer a inc-lúsrria de cerâmica. Tanrbérn os cleserros de Baclain Jaran ('í9.000 km']) e de Têrrgger (:6.zoo kmt)
tendcm a firnclir-se, aut-nentanclo a extensáo do deserto cle Gobi, quc, coln seus
A desertificação avança também pelo norre de Minas Gerais (69 rnil krrr' quase 1.300.000 km2, tcm hoje utna área qlrc se avizinl-ra à clo estado do Ama-
em 59 municípios). Em Minas e no Cerrado, os fatores de agr:rvamenro inclucrrr zonas (1.57{).000 km2). Ele cresceu 51.800 kmr cntre 1994 e 7c)L)L) e sua ponta
o desmatarnento. Já no Rio Gr:rnde do Sul (sobretudo r-ra região de Alcgrcr.... leste encontrava-se em 2012 a ilpcnas 241 quilôrletros de Pequirnra-. Estima-se
conl o "deserto de SâoJoão"r+:), a desertificaçáo náo resulta cle seca e ariclcz, qtre desde l95O,24 tnil aldeias no noroestc cla China tenham sic{o cobertas
mas da compactação e da arenização do solo causadas, respecrivarnenre, pcl,r rotal ou parcialmente pcla areia, ,rlérn de r-r.rilhares de quilôrnetros de cstradas,
criâçalo de gado e pclo plantio de soja. provocanclo a rnigraçáo de 200 rnill-róes de pessoas Pârâ as cidades do leste d<>

país, já muito povoadas.


China e Mongólia As ternpestades de areia e de partículas finas de poe ira obscurecern hoje
Pequirn e diversas ciciacles do país, criando terríveis problen.ras de saircle. Segundo
Os desertos da China e stendern-se;ror 2,5 rnilhóes de krnz, o ecluivaler-rrc Hang Gao, os prirneiros registros cle ternpestades cle are ia remontalrl a 300 a.C.
27o/o território. Mas o processo de desertificação age sobre uma porccrr
de sell e à dinastia Han (zo(, a.C-220 ci.C.), e contam-se nesta longa história cincc>
tagem rnaior cle suas terras. Ern 2002, Qu Geping, oucrorrl minisrro do Mcio períodos de agravanrcr.rro do problerna, o último deles entre 1820 e 1t190. N{as
Ambiente da Cl-rina, escrevia que 900 mii km2 do rerritório chinês, sobrertrtlt r
ao longo da seguncla tnctrrc{e clo século XX, as ten-rpest:rdes de areia no norte
pastagens, mas também terras em cultivo, mostravam "tenclência à desertificl do país têm uunrerrr,rrlo enr nÍrrnero, em intet-rsicladc, en.r iirea afttacla e em
Çáo"r+:. De fàto, confomre se lê no Eartlt Policy Readerl'a: duração. C) clrrrrtlr.o rtlreixo, de 2002, dá unla ideia da progressáo das ternpesta-
.les de arci:r, sintottr,ts,l,rt.lcsertificação do país:

162 r63
{ \lll\ll rl'rlr|l \l".rr \.lllllrll\l \,.1 \ '.{rl| I ll l(.1 l, \ rr \ \lt:11 I \ll

Número de tempestades de Poelr,r (l)uíÍ -§Íon,rr) n,r Clrln.t+:


I ttt1,,,f ,1! t t)//t ///!),f ,,, ,,,f ,,, 1,, l,t ,t,',/t /t//t/t,t itt,lttr/tt,t/
Decada Número

1 950-1 959 5
,'\os pr,,lrl, trr,rs tl.r rlt st tttÍi,.r..r,, , ,l, 1r..
t,l.t ,l. s,rl,r, ir( rcs(e lrLlt-sc tl cle seu
e rrrp«rIrlecirr)cnt() c poltriçeo in,lrrsu-i,rl. N,rs solos, rcltlizlr-sc il lnaior parte da
1960-1969 B

1970-1979 13
lccicllge ur rlc ntrtricntcs (luc nrxntôrn l biosfcrrr. A c]ivcrsicl:rde da biomassa
rnicrobirrnrr i'cruciel prifrr o firncionrrrnento dos processos ile formação e equi-
1980 1989 14
líbrio dos ecossistenlas. A ilusiro .1c cpe sc pode inclefir-ridarnente mexirnizer a
1990-1999 23
p«rclutiviclaclc c :r renrabilidacle agrícolas pel:l monocultura, uso sistem.ltico
2000-2001 mais de 20
ric pcsticid:rs c fcrtilizantes ir-rdustriais e pela transfr)rmâção dos alimentos er-r.r
2000-2009 (projeção) 't00
t'orutnodities est:i conduzindo rr um círculo vicioso de clirninuiçáo da ciivcrsidade
*
Funt., (.hina il[tteorological Ádmiu.istr/1tion, citacl;r pclo rclatório da Embai-radl t]os lrstrr,l,, ,
microbiana dos soios e a seu consequente err-rpobrcciurcnto. Como afirma Fer-
Uniclos intirularlo "(irapes of lüi/rath in Lncr À,Iongolia'l Pcquim, 2001 e por Lester lt. llr,,rr l
trando Dini Anclreote, d,r Esalqr 5' ,
[:rnet Lirrsen & Bcrnir: Fishlorvitz-lLoberts,'lhe Earllt Policl Ra,tder,2002 <http://uwu,.(ir tlr
policy.ote/books/cpr/F.prt ss2>.
No solo e nas plantas l'rií a rnaior Íbnte dc bioclivcrsiduclc genética e n-retirbólica
Em 20I0, essas tempestades afetaram cinco províncias e 250 miihircs tl, .1o pl,rr-reta: cerca de 1 bilháo dc célul,rs vivas parl cirda grama cle solo; sáo 30 r-nil
pessoas. Estima-se, hoje, clue lancern no ar três gigator-reladas de solo por :llror "'. cspécics clifàrer-rtcs. [...] Â planta seleciona os microrganismos cluc váo sc essoci.rl l

Andrerv Gouclie, da University of Oxford, lxostra qlle essas tempestaclcs tl. el;r. Se rr biocliver:siclacle do ambiente é altrr, a sele ção é mais eÍicier.rte. Se esstr cliversi-

poeira e cle areia fazem do frígido deserto de Tâldamakan, no noroeste da (lhirr.r,


,llJcilctltrzi.l,r..rtrrncnrerrrlrch,rrr.c,c,lcc,rIortiz:rç.ropolorg.tttisrnosopottuttist.ts.
os patógeÍros, o que explica a maior ocorrência cle cloenças em raízes enr áreas de
com seus 337 mii kmr, a seglrnda fonte principal, após a Depressáo Bodclc r,,,
ruronocultura, ;rois a biodive rsidacle é rcstrita.
Ci-rade, das partículas de poeir:a c1o solo que atravessam a China, o Occrur,,
Pacífico e atingem a Arnérica do Norte.
Tirn-rbénr o uso de agrotóxicos reduz a cliversiclade microbiana do solo. Corno
A Mongólia sofre tarnbém um processo de desertificaçáo. Entre 2002 e 20 L),
se verá adiante (uicle ctpkulo 3, item 3.5, Pesticiclas inclustriais), a monocLrltura
o solo de sua região meridional, de transiçáo entre as estepes e o deserto rlr'
e o arlmento progressivo das closes cle pesticiclas por hcctare têm levado enr
Gobi, perdeu l+0% de sua biomassa, enquanto o pirís como um todo (1,6
diversos países :1 u1r):r pcrd:r clc fertiliclade clo solo, entre outras razóes, pel<;
de krn2) percleu 12% da. biomassa de seu solo. Nada nlenos que 70% dc ur,,',
clesaparecimento dos rn i c ro -o rg.r n isrnos cluc o rcvitalizanr.
prarc{:rrias sáo consideradas clegr:adaclas, seja porclue o solo foi recoberto
âreia, sejà porclue lbi empobrecido por sobrepastoreio. De fàto, 80% da
cla vegctação ne sse decêni <t 2LtA2-2012 deve-se à cluarsc cluplicação do re
2.6 O elo mais fraco
bovino, ovit-ro, clprino e cle yaks, clue pilssorl cle 26 milhóes en-r 1990 a 45
de cabeças en1 2012r*e. Com o firn cla Uniáo Soviética, a Mongólia
Por muito te?npl rejeitei a ideia de que a alirnentação pudesse ser
gr:rnclc exportadora c1e lã, ao preço de uma rápida clcscrtificação, nosso elo znaisfraco. Mas, tendo pensado a respeito em anos recentes,
clual se acrescentil rlgol-â1 Lllna dcvast:rção sup[ementirr pela rnineraçáo, já cheguei à conclusão que n,io a?enas a aliTnentaçál plde ser o elo
prrís cletém reservárs de carváo nvaliadas ern sete bilhoes de toneladas, alúrrr rnaislÇaco,7nas que ?rouauehnente é o elo maisfraco.

r-('scrvus dc cobre, ou[o e urânio150 Lester Brown, Z0 72 <ht tps : I /www.youtube.com/watch ?v=
DO2xl39nBAA>

164 165
( \l'll \ll lto I r rrl \1,'rr \Àllllllll\l \r.l \'(tlrr'.I lll'lr.l lr\llr \ \llLilll,\ll

Essa afirrnaçáo dc Lcstcr llrown, rcirlizirrl,r rrrrrrra eorrll'r'êtrciir crtr Ciutt ,l,,lttttt,,t,l.r rrr,,tlr 1r,t Íottrrr I )r otrrlr ,rlt.rt.r:',,,,1.r tt,, l,r,l, t,,1u,,.r,,,1,t l,lttrt'
cfrt 201), ú e cottr'ltts.t,,l,',t,,r,.r ,l,,,l, ,rr.rt.rn( nl,, i1,,,1,, lrnr, (lr)', l( ( ttt',,r'. lrl n() nrun(1,, r.,t.rl,i Ii, r,l,r t trr l')')(,, n.l ( r'l1,rrl.r Nlrlrr,li.rl,l.r ,'\lilnclrttrç:ro (WliS)
clricos e cl:r tJcgr:a.laçio tlos r,,l,,s .rLir rr rrlt,ir i r',, lr rr, )rr( rr(,:,1, r, t tl( ):, n.r', l,.rJlrt.r . ,l.r lrr\( ) t ttt l(,,ttt.r:
precedentes, cuja sinergia come ça a anular os saltos de produtividadc rgro
pecuáriapossibilitados pelas iuovaçocs tcctr,rltigi,.'rs rl«r írltirrr,, nrt i, rtrr rrl. Nós, ChcfLs clc llst:rdo c clc Govcrno, [...] comprometerros nossa vontade política
c rlosso empenl-ro corrrul11 e nacional no objetivo de conquistar segurança alimentar
Assirn,umadasviaspelasquaispodemossucunrbiruuurt.ol,rl,s,rso,i,,.rrrrl,r,r,
para todos, no permanente esforço de erradicar a fome em todos os países, com a
tal é avia "clássica" dos colapsos devárias civilizaçócs:lt)tcri()r'cs: t,,,,1.r1,',,,
meta imecliata de reduzir pela metacle até2015 o número de pessoas subalimentadas,
alimenrar.
crn relaçáo a seu nível atual.
Segundo o World Population Data de 20 I 0, a cada 2,1 horas 2I 9 rrr i I I )( \',,,,r'.

an-raisdevem-sealimentar.Nos40anossucessivosàIIGranclc(lucn.,r.,r l,l,r,l,
A l)ct:latação da Cúpultt Mundidl d/lÁlirnenttzç'ão: Cinco anos depar-i (Wf S:fyl)
de Ouro do capitalismo, as sucessivas inovaçóes recnológicir\ l)( r'nril ir.rrrr rrr
rrrln.ritia, ern 2002 clue essa met:r niro seria alcançad:rl5r. E,m novenrbro cle 2009,
meÍltos na produçáo de gràos a taxas superiores ao aumento cla p«>Prrl,r1,r,,. L,,
(,0 países relrniram-se na'Têrceir:a Cirpula Munclial da Alin-rentação (WFS) para
1950, o mundo produziu 250 quilos de grios per capita. Ern 19ll1r, I i') t1rrrl,, ,

íin.nar umà dcclâraçáo, nà qu,rl se colnpromctiarn "a dcter já o aLlr-nento - e


cle gráos per ca?h/t, um pico jamais ultrapassado desde entáo, collr() nr()\lr.r ,r
signific:rtiviunente redr.rziJo - do nhrnero de pessoas que sofrem fome, subnu-
Figura 2.2: 54.
triçáo e insegurar-rça alinrentar" r

índice: 1971-1975 = 100 Na prirleira mctaclc dos anos 1990 era naturâl irnaginar cluc a fome pocleria
r80 se ria" vencida r-ro século XXI jLl cple era entaro possivel ver apenas a parte clesccn-
a-
174 ,.lcnte da linha da Figura 2.3:
at'
160 tti ta
aít
a
[/ilhões
150
att' '1050
140 2009 a
at' &
-a 1 000
a
130 a
a
950
't20 ô 2008
a
a 2010
900

r I I t I I :._t 850
100 1979-81
2005-07
71-75 76-80 8í-85 86-90 91-95 96-00 01-05 06-10 11-15
800
90
750
Figura 2.2 - Proclução elobal de griros abso[Lta e p ü iipi ttt (I lZt -ZO t i).

Desde meaclos dos ar-ros 1980, r-ráo obstante o cluase contínuo


0
total da produçáo cle gráos, a curva da produçáo per cãpit/lcomeça lr
irté 'Àtingir 304 cluilos de grio per ca?ita eín2004,9o/o i1 nlenos que srrrr Irigura 2.3 - Nírmclrs globlis tla lon-rc e da subnutriçao. Baseaclo em FÀC) (As estimativ:rs de 2009
h i striri ce, sen d o que na África subsaariana ela caiu de 1 60 quilos prr I l+0-
c 2010 sio feitas a p;rrrir ,1. ,lrd,rs rla Uscla).

crrtrc 1960 c l gtl I para ntenos dc 120 quilospar cd?ita en12004, algo

166 t67
,rrr" I rri.,rr I I \rrt \ \ttrtt rll \tr

A partir de lr)96, a cul'vrl cll filrnc invcrtc-se c tros l2 itnos sttccssivos stlbc A titxl rlt' ct iittrçls vivctrdo cr»nt prtis c,itsitdos rprc rccc[rctrr rjucla alimcn tar Çàod
em uma curva íngrcmc. Ern 2009, o tlisculso tlo l)luno Alitncttttr Mtrntlial sttttrQs) rLrbrott rlcstlc 2(X)7. I"inr 20lzr cstirrrt-sc rluc l(r milhocs de crianças, cerca de

(fAu) da FAOt55 passa ao alerta vermelho: para Irttrrir ir populaçao rnurrclial ulua cur crtdu cinco, rcccbcnr assistêncir alirnclltar, cornparada com aproximadamente
9 milhócs clc crianças, ou uma em cada oito, que re cebiam essa forma de assistência
em 2050r56:
antes da recessáo.

[...] Lr procluçáo dc :rlimentos (scm contar a produçiro us,rc1,r per,t [riocorrrlrrrstir', r', )

clevecrescerT0%.Aprodução:urualcle ccreaisneccssitrrtiatingir-.ltrilho.s(l( l,)rr( l) lltsc,trch llu//ctin clc jrrneiro dc 2015 d,r Southern Educirtion Foundation
ladas, das 2,1 bilhóes atuais e a produçiro dc carne necessitará cfesc:cr' 200 rn illror s r l, conÍirm,r novrl realidaclc clir insegurança alimcnta"r nos EUA, que náo di-
essrl

toneladas par:r atir.r gir,170 rn i ll-rõ es cl c to n eladrrs. minui corn o firl da recessã"c'r e conôrnica no segSunclo cle cênio:
Pela prime ira vez na l-ristória recenre [...1, rncracle ou rnais das crianças de
No mesmo ano de 2009, o número de pessoas padecendo cle forn-rc ultra1,,tst,,,, cscolas públicars en-r 21 estaclos é clegível para recebcr almoços graruiros ou:r
t bilhao (t.ozO.Ooo.o0015:) e em 20l0, segunclo a avaliarçáo da FAO Pfo[)()st,r pre ços recluzidos, urn benefício reserr.ac{o apcl}ns :r famílias vivcndo en.r pobrcz:r
pek> Tbe State of Food Insecurity in the World 2011,havía'925 milhóes clc 1:,css,,.t' ou próxinlo drr pobreza em 2013. Ern outros l9 esrados, estudantes clc baixa
fanrintas no mundo, cifra correspondente a 13,6% da populaçáo muncl i a l, . r, rencla constituem entrc ,t+\o/a e,/+9o/o c'los inscritos niis escolas pírblicas clos estados.
tiro de 6,8 Lrilhões de pessoas. Segundo a ONU, "842 milhóes de pessoas s,rlr,' Essas porcentagens sáo as tnais,rltas dos hltir-r-ros 50 anos, conclui o docu-
rarn fome crônica no período 2011-2013, ou seja, 26 rnill-róes a menos cluc crI( r(' l'nento. Nos E[JA, em 20i3,49,1 rnilhóes de pessoas viviam em lares com inse,
2010 e Zol2")is. E segundo as estimativas do The State {Food Insecuritl iu rl,,' gur.rnça alimentar, incluinclo 33,3 nrilhóes cle :rc.lultos e 15,8 milhôcs cle crian-
IrVorld de 2015, da FAO, a reduçáo da forne continua. Por volta de795 tn illrr,, ',
ças, c 14% clos larcs (lZ,; milhoes dc larcs) eram consiclcrac-los em estado de
de pe ssoas permanecem cronicatnente subnutridas ern 2012 - 20l4,um dcct..t insegrrrança alirnenrar. Além clisso, 6% dos lares (6,8 rnilhóes dc Iares) tinhanr
cirno dc 167 milhóes :ro longo cla últirna décaclar5e. rluito baixa scgurirnça alin.rentarr 62.

F.tsa rneIhore., contu.l.l. lrrágil c rt.ro há r'azio para e5Pcràr qtle PLI'\i\1.r, Nlttitos países europeus tat'r.rbém afunclam hoje r-ro munclo cla inscguranc:r
haja vista os aiertas de uma nova escalada da fome e da subnutriçáo em 20 I 5 t alin.rentar. O Progr:rr-rra cle Ajud:r Alirner-rtar (Peaci ) arer.rde 18 milhóe s de eu-
201 6 em várias regiõcs da Ásia, d, África e da Arnérica Latina. Como adnr i r i,r ropeus em 20 paíscs, cntre os quiris a Polônia, a Itália ea Françar6. Nào se rlata,
já o relatório de 2015 da FAO, nos 57 países que nio rrringiraur as chatr.rr,l,,' portanto, apcnas de c,rsos extremos como os da Grécia ou da Espanha, onde
Me tas de Desenvolvimento do Milênio (UOC 1c rnetas de cornbate à forri, ), apcnas a Cáritas, um:r insriruiçáo filanrrópica carólica, alimentou e deu guaricia
"os des,rstres naturais e inc{uzidos pelo l-romern ou a ir-rstabilidade políti,.r tr370.251pessoas enr 2007 e a 1.001.761 em 2011r6i. Segundo o ínclicc de risco
provocaram crises cluradouras que alllnentafam a vulnerabilidacle e a insegurarr,,,r alirncntar, elabomdt, rurrr,rLnenre a parrir clc dados da FAO pela N{aplecroft, a
alirnentar de vastos seglnentos c1a populaçáo". Itália, a terceira cconoruirr curopcia, nho é r.nais ern 2013 um país de "b;rixo lisco
F{ouve sem dúvida progressos tangíveis no combate à fome etn várias rc11i,t : de fome'l mas cle "risco rnódio", :ro laclo d:r Rúrssia, da China, clos países cla ex
clo murrdo, ir-rclusive no Brasil, oude, entre t anto,7,2 rnilhóes cle pe ssoas airr,l.r -Iugoslávia c .la Áfi'ica tlo Srrl. M:ris de rrês milhóes cle pcssoas, 5% da popula-
convivem diariameute com ela (insegurança alitnentar grave) e perto clc 5.' çáo, depenc{enr rotlos os rl irrs cle assistência Íilar"rtrópice parâ se alimenrarl65.
milhóes cle pessoas, um lar em cada quatro, viveram em 2013 algum nívcl ,1,' Segr-rndo clados .lc rrrrr:r pcscluisa e ncomendada pel:i Cornissão Parlamentar
insegurança alimentar, segundo o IBCiE160. O fato m;ris marcante dos últirtr,,s para a Irrfâncirr, rlo l)rr ll:rrrrcnto italiano, publicada em novembr o cle'2014," l6Yo
anos é, por outro lado, o âumento da insegurança alimcntar nos países inrltrs das famílias c()rr l ('r-i;l Ir\.r \ n.r( ) c( )n scglrern gf,rantir aos fill-ros r-r11a. r:efeiçáo sgbs-
rrializados. O recense amenro anual do U.S. Census Btreau, Fantilies and Liuirt.L, t:rnciosa enr 50(lir ,l,,t,l i,rs (derlos Unicef)"166. No Reino Unido, houve um
Árrangernenr.i, publicado ern janeiro de 20 15 afirm,r'6" atlmento cxpl,rsir',, tl,r rrírnrcnr cle pessoas assistidas pela Ti'ussell'It-nst, e r.neior

168 r69
r \l'll \ll.ÂloI r r'l \ltill \Àlllll,rl \l \r.t,\ ,iltr) ttl t(.1 tr\t]r \ \ttrttll\tr

rede deJàod baruhs d<t país, lintrc 200t1 c 201.1, clc l)rs§ou tlc rlrrirsc 2(r tnil prra ,l,,r.rlttr,, l,li)', i ilr Í ()///t)/tttf///t.\, ( (,ilr 1,, r,l.r ,lr'.ilr1()',',rtít( t( tt( t.l .tltltl( l)t.ll.(lll
mil l )lrrt( \ u\(\ ' \ l ru , l r r L t 'r \ r l . t r o t l rt i l r t c t s i Í c lr r lr
quase 350 pessoasr6T. ) ) ) . l( r u rr
) . l r r ( (
r , .( ( \( l.
t r . l r . t r. . t t
l

p;rr tit.tl«, irrit i«,,1o stt, ul,, \ \ I t;rr.rtr() t( r)(l( rlr'i,ls rrrtrrr.liais.
Á-ç causas de ci-siu,t-ç ( I) tt,,, :run)('r)t() t ontínrr,r tlt' irrrpoltrrc<)cs tlc rrlitnentos pcla Cl-rina deviclo

nho:i1'rcrr:rs lr l:rtor'cs arrr[ricrirais, rn,rs t,rrrrbén].1o cnoflre Jlllrlell[o da renda


Obviamcntc, as causas principais do ;uuncnto da insegur,urç,r ,rlinr. n t,r l r,,,t f tr c,rftitt,,r unr salto n() consllnro cle proteínas :rnimais e à migraçáo para noyas
Estados Unidos e uaEuropasiro:rcrise econônricrr,.r collccntrirc.rt, r'lc re rr,l.r ,' e velhas citlacles de rniris cle 300 rnill-róes de pessoas, o maior e mais Íulminante

o .rumento cla pobreza, e náo a escassez cle alimcntos. Mas em escala glolr,rl, ,,t desloc,rn-rento humano cla história. A Chir-ra consumia ern 2012 mais de 520
causâs decisivas do aurnento da insegurança alimentar sáo a percl:r clc irrrpct,, rnilhócs de tonelaclas de grãos por ano. Cor-rÍbrme declaraçáo à it.t.tprensa ern
de produtividade agrícola nos írltitnos três decêr-rios e o subsequente avrrnc() (l.r 2013 de Niu Dur-r, vice-ministro d:r Agricultura clesse p:rís, "se cm 2035 o corl-
insegurança alirnentar, causas qr-re sáo, por su'.r vcz, efêitos da sinergia clas cris. t surno de 1çráos se m.lntiver nos níveis atuais de /r00 ciuilosper cãpitã, a China
:rrnbientais. necessitará entáo collsumir 650 nrilhóes de tonelnrd:rs de griro"rí'e. Urn aunrento,
A esses eÍêitos, âcrescenta-se urn agr:lvante: a apropriaçáo da produçrro ,1.. portanto, de25Yo em apenas 23 anos.
alitnetrtos pelo comércio global t7e contrnorliles. Essa é uma das r,rzôcs.1rr. Têndo por pano de fundo o fantasma da "Granclc Fome" clos anos 1959-
explican.r por qlre a autossuficiência alimer.rtar dos paíscs está ern declínio. Urrr.r -1961, uma das prioridades do chamaclo "socialismo com fe ições chinesas" dc
pesquisa realizada por Marianela F:rder e sua equipe clo Potsclarn Institutc Íirr Deng Xiaoping f-oi gar:Intir autossu6ciôncia alin.rentar. O esf-orço foi coroadr:r
Climatc Impact Research (Uf) elaborou u1r1 modelo que ir-icorpora os da.l,,, de sucesso até 191)5.8 n 1994, nuln àrtigo charnado "Quern alimentarh a Chinri?'l
clen-rográficos e climáticos (m,rs não as mudanças clirnáticas futuras), o ti1'ro c Lester Brorvn mostr:lv:l-se cético cluanto ao êxito de longo prazo dess,r crnplci-
os padróes dc uso ckr solo, o coÍ1sLlmo de água c de alimentos dc cacla naçir, tada. Aos cliversos firtores analisados pclo autor, acrescenta-se hoje o envenetr:r-
e corlrp:1rou sua autossuficiênci:r alimentar atual e em 2050. "Hoje'l afirmrr [],r nlento do solo por rcsíduos industriais em regiões considcradas celeiros da
cler, "66 países nào sáo cerpazes de autossuficiência deviclo à e scassez de ágLra c/ China, como as pror,íncias de Guangdong e c1e Hunan, det-rtre as tnais populo-
oti cle tcrra", o que equivale ,r clizcr cpre 16% da populaçiio do murrdo depen..l,' sas e rnais ricas. A migr:açáo de indírstrias parir a árca rural e o uso intet.rsivo cle
de alimentos produzidos em outros paíscsr('s. As projeçoes desse estuclo sugerclu fertilizantes químicos poluírarn as águas e o solo, a ponto cle afêtar as culturas
clue em 2050 mais cla metade da populaçáo do rnunc{o podcrá dependcr ..lc plantadas ou tonrri-las dernasiado inscguras para a alirnentaçiro. En-r mirio cle
alimcr-rros irnportados. As consequências dessa dependência serão ainda nr:ris 2013, autoridacles rle (llr.rtio revelarar.n clue 8 en-r cada 18 àmostras clos estoques
gl'âvcs do que tais projeçóes sugerem, já que estas náo levam ern considerlç:r., de arroz locais continhrrur níveis excessivos de cádn-rio. Entrc 8% e 20% das
nerr as mudanças climáticas futuras, nerrr o aumerlto a médio e lor-rgo prazo rl,, tcrras aráveis c'la (lh irre, cntre l0 rnilhoes c 24 milhóes de hectares, poden-r est,rr
preço do petróleo, um itcm substancial nir con.rposição dos crlstos dos fertili contirminadas c()lll nrct:ris 1'rcs,rcJos, segundo estimativas de pesquisadorcs liga-
z:urtcs c .lo tr.tnslr.rrte. dos ao govenro, citatl:rs por'.Josh Chin e Brian Spegeleno 7y'te lL/al/ StreetJour-
nal.Mesmo unr,r pcr.le rlc 5% das terras agricultáveis pode ser desastrosa, dei-
Quatro tendências xando a Chinrr a[r:r iro ..l,r "lin h,r vcnnelha" de i 20 rnilhões de hectare s de terra
arável, o míninro nc..t ssririo, scgundo o governo, para alit.nentar apopulaçáor-r'.
I tl.
Os fcnôn-rcr-ros rlclnla" arrolrrcios declínio dos recursos nlortc os e Esse qurrrlro v. rrr .l. r,rcclcr,rndo as exportaçóes chinesirs de proclutos ,rli-

çio clos solos, engendranclo declínio cla producividade agrícola mundial p,'r mentares (solr.ct u,l, r 1r. irt', nrcl, alho, molho de totnate e sefrentcs de girassol)
t,r1tit,r',r partir dc rneados dos anos 1980, rnudanças clirnáticas e a transfonnrlç:r() c irnpulsionrirr.l,,..l. ,,r.,.l., cx1-liosivo as importaçóes chinesas de alimentos,.r

170 17r
, \lll\ll,rl|l,r'l \l'í, \ tlltt:l\l \(.1 \ '.rrlrr I tl l(.1 lr \ll' \ \lllll il \lr

C()lllcçllr pcllt soj:r irrtiilt t.r ,1, iltrl),,1 t.,,,.,,,,1, .,,,1,,, ,1, .ir,,U.r'
Unt,l íi)lrrr.r ' ,,.t,,,1,1't,t(),(lrr1',,,,,1 r,.,( ltttr,r l),t',',r)lrrlt ',')'tt,tll,,,,',tlt lolttl.tti.ts1lll l')()li
I)ural-rte 30trtttts,ilc 196.i :l I99.r,:r(llrirr:r,l,,l,r,,rr\r,r l)r,rrlrrt,.r,( \(u(()n\unr() p.rr.r iriirrrrllr,,,rrrn.'()o'rt 1r.rr.r ir')nrrllr,rt:trrr.lOlf,uln[)r'(ltt(t)()ittttllcltt()
de soja, P.tssânclo de 7,9 nrilhôes a 1(r rnillrocs rlt r,nt l.rtl.rs, ( ()r)r in)l)()r r.r\()(.\ .rttr', l.tq.t,,,tos itfi ttttllt,,,ttlr.lOlr '.N.t,,1l,ll .l(.1\(,..1\illll)()lt.tt,,csclcgracls
apenas ocasionais. Em 2010, essaprocluç,ro havil brrixatl«r prtril 1,t,.'i rrrillrot., rl:r (,lrirrl ( r)) n):u ç() tlt .)-0 1-)- rr,r,l.r rrr.tt,,s (luc scxttlplicrrlil)r eltt rclaçào a mJrço
'r.
de toneladas, aopasso que suas irnportaçóes haviu-n subido pirrrr 57 rnillrt,t s.l,. rl<r,rn,r:urtcr.iorr ( lonro etlvcrtirt ern 201 I l{oLrcr:t S. Zciglcr, diretor do Inter-
toneladas, o que corresporldia entáo a tl3% de seu consunlo de soja. A tlcrrr,u r,l.r tt,ttiotta/ llitt' llt:.çt,ttcl.t lrustitutt: "rr sitttirçiro dos graos na China é crítice P.1ri o
de soja da China detona url àrlmento exponencial
produçáo n.nrrrtli,rl, ..rrr
da festo do nrunclo. Se o país tiver: cle se abastecer no lnercado internacional, isto
pa.rticular dos EUA, cla Argenrina e do Brasil, conforme lnosrra a Fisu r.rr l. r: pode caus:rr imensas ouclas de choclue nos mercados de griros do mundo todo"176.
Ainda que r-ráo se vciam ainda reflexos nos preços, isso já está ocorrendo, pois
70
a China in-rportott ern 2014 19,5 milhócs de toneladas de grãos, um aumento de
60 33,11% crn relaçiro ao ano anteriorr::. Em 2012, a China irnportou cil1co rnilhoes
cle tonclac{as cle milho e a;rrevisão era de que importaria 7 milhóes cle toneladas
-50
c
em 2013r;8. Esse montante corresponde ainda a aPenas 5% de seu collstlll1o
o
o
§ nacional, mas é mais do que il soma de todo o rnilho importado nos últimos 25
640
Io ull arlnrcnio importante das importaçóes de rnilho,
o- ar1os. Em 2015 cleve ocorrcr
30
comparável ao aufirento da irnportaçáo de soja, collfornle mostra a Figura 2.5:

20 60

50
10 25

40
o 6
o."
,,
!
0 G 6
1964 1972 1980 .1988 1996 2004 2012 2020 C
30 o
c t5
o o
FigLrra2.4-Porcentagemdasexportacóesmundiaisdesojater-rdoaChinapôrdesrino- l,)(,r o 2A o _^
! E
-2010. Baseado cm Earth Policy Lrstiturc, a p:rrtir dc clados rla Uscla. o
@
o
rO 10
! 'O5
5
Segundo Lester Brown, no planera 1964 1972 t9B0 ts88 1996 2004 2012 202t 2AA2 2OO:3 2004 2005 200ô 2047 2008 2009 2010 2011 2015
l-rá agora mais rerra ocupada pelrr srj,r
que pelo trigo ou pelo milho. Em 2009, a China imporrou 41 milhóes de rt,r,..
Figurir 2.5 Import:rçóes chincsirs cle soja e de miiho et-u mi1hócs clc touelatl:rs. Il;rse:rclo crn d:rclc,s
da Lrscla e rlo gor.erno chinês, ()lun.
ladas de soja, sobretudo dos Estados Unidos, do Brasil e da Argentina. En r r (,

outubro de2014 e setembro de 2015, a Cl-rina deve importar 73,5 milhócs ..1, "Vejo o aulncnto da clcnranc]a de milho da China colno inexorável'l declarou
toneladas de soja, um aumenro de 4,5o/o em relaçáo aos l2 meses precedenrcsr '.
David Nclson, vicc-prcside ntc clo First Midwest Bankr:e.
E entre outubro de 2015 e setembro de 2016, essas imporraçóes devem aunr(.u
A apropriaçáo rlc tcrr,rs ,r" Áf.i." e em geral no "Têrceiro lV{undo" por cor-
tar para 79 milhóes de toneladas, segundo projeçóes da Usda, um aunrcnr.
poraçóes chinesrrs ou p()r-gr;Indes empresários ir-rdianos, árabes, russos, norte-
devido náo apenas ao aumenro da demanda, rnas também à diminuiçrur rl,r
-alnericanos c ()utr()s firi rrn:rlisac]a por Fred Pearcerso e pela Oxfarn, segurldo a
oferta internal73.
qual apenas cn rrc I007 c 20 I 1 , 2.200.000 kn-r2 cie terras da Áf.i.", da Arnéric:r
Nesse panoramâ, a irlportaçáo de grãos por parre da China começa clcs,l,.
Latina c cla Ásie Íirr.;urr cotnlrrad'.rs de seus proprietários pobrcs Por grandes
l.00fil a scguir, ainda que mais suavemcnre, r curva da soja. O declínio da pr,r,lrr
companhirls c c«rrrvr't t itl.ts ctx Peças d,r engrcnagetn e do jogo especulrrtivo clas

t7z 173
co7n7iloditic.íl81. (lotno llrosrlit l)carcc, l lirir'rlliir cstlt scltrl<l rccr»lorriz,aclil, colll o (ltlc clUlcll(ll'('tl lllllit tlttctla ttos
l)r'cços, srl[lrctrrrl, rLr ruilh,, c urlrr 1.,(:(J.crrir
apoio de seu governo, Por corporaçõcs chincsirs, inclianas, sauc{itas c outrasr cluc rccorrrll,siçir,r rkls cstocltrcs crrr 2014, o Índ icc
oycklpc 1lur.;r 20 r 5 qrc os
esfolam suas coberturas vege tais narivas para o plantio de culturas cle exp«rrri4ão, mcrcltcltls tlc grittls "pcrttrltrcccrir«r ncrv«rsos c ipstitvcis"tN.r,
I),rrr 'rcvê
alénr dcssits
Malgrado caírem 512 bilhoes de dólares em 2015, a china aincla possni oscilaçÓcs tlc ttlcrcitcl<1, clue cngcnclrirraur, c{e
rcsto, gu.l *r.,rc,to nréc{io cle 30%
feservas de ),J trilhóes de dólares pagará o que fbr pfe ciso l)il f.l SC ,rlr,trl,, , r
o
Para café e de 25%oparao cilcí.Ll em20t4em relaçíro a20l3,observa,r-se
de madeira, gráos, so] a e cârne. Isso coloca pro blenr;rs p ilf ll ()s principai l) .l I\( ', unr.
tendência da agricultura grobal ao aumenro cros
estoques muncliais <Je grãos
cele iros da China, como os Estados Ur-ridos, o Brasil, a Argcntina c a Âust r.ilr.r entre os anos 1970 meados dos anos rgB0 (anos, recorde-se, de
e
aumento r:rit-
Quem será capaz de impedir, nesse contexto, o agroncg(rcio clcsscs prríst.r,l, ximo da produtivida de agrícora per capita), e uma
inversão cressa te ncrênciir
.lcn'ublr () LIuc re\ta dc su,r, coberturas vegetais nativls par-a s:rtisl.rz( r .r (.\\,r desde então, conforme mosrra aFigura2.6.
den'randa ?

(3) A terceira tendência é a diminuição


da taxa de crescimenro ou rlesrno
(2) A diminuiçiro dos esrocpres de grãos. Ern meados dos :rnos 191J0, r'ssr r estagnaçáo da á,rea de cultivo de gráos fundamentais
para a alimenração, enr
cstoLlucs oscilavam ern geral cntre 100 e 120 dias. Apartir de 1998, clcs c,r..rr, , especial do trigo.
Permarlecen] entre 60 e 80 dias cle Z0O4 ate 2012, com tendência c-le t'raix,r . r,, segundo stéphane Foucart, "na
maior parte d.a Europa" os efeitos das mu-
2013. Isso sigr-rifica que nos hltimos oito anos os estoques caem eos lncsrr(),, danças climáticas sobre aprodução do trigo
se fazem sentir d.esd"e 1996183. Mas
níveis dos anos 1960-1985, anos em que a demanda era menor, já quc a p()[), náo apenas na Europa. Tiata-se de uma tendência
global entre os maiore s paí-
lirçiro muticlial cra de 3 bilhóes a 4,5 bilhôcs de pessoas, e hirvia ainda urn cn()r.nr( ses produtores desse gráo no hemisferio ocide ntar.
como mosrra aFigura 2.7 ,
potcncial tccnológico de crescimet-rto da produtiviclade agrícola e de ex1.rurrr.r, , é decrescent e a áreada produção
de trigo por esses países entre 1 990 e 20 1 0, de
c{as terras agricultáveis. Malgraclo uma superprodnção cor-rjuntural dos gr,r,,r, modo que a área de 2OlO é idêntica à d,e 1960.

140
90

80
120

70
100
ü60
§o
BO 350
,o
o
!
c)
60
340
IO
c Trigo
>30
40
20

20 10

0
0 1 960 1970 '1980
1990
960 1970 '1980
2000 2010 2020
1 í 990 2000 2010 2020 Figura 2.7 .L_ieo,
- rlr
Evoluçrro  r c.r rlc (
]olhcir:r cle À{ill.ro e Soja no HemisÍério C)cidcntai. I 96(l
- Irstoques N'luncliais rle Grãos elrl rc1'nlos clc clias cle Consurno, 1960-2012.
FigLrra 2.(r -2010 (e^ milharts tlt lr,. r,rr.s) Brrscrcjo
r,.rr ..l,,À, tJo Earrr-r Poricv Institure
nos dados do F.;rrrh Institutc c cl;r U.scla.
a p;rrtir cle .1".1.r, dL
[.rsda.

174
175
Umapcscluisrr sotrrc a plodutividitclc du crrltru',r tlo urroz crtt scis piríscs nsiit" cll«los clit llA( ). fulirs cssu te ntltncilt dc clttr,rlu piu'ccc: tcr r:hcgaclo ao íim, sob o
ticos dos cluais emanam urais dc 90% clir procluçao trrutrrlirrl .lcssc ccrcirl lllostrit iu'rpircto rl«r l'll Nirro c dr clcgrlclaçrio gcrrl dls condiçóe.s necessárias à ma-
que temperaturas noturnas mais elevadas poclem scr rcsponsirbilizadas por urlra nutcnçaio clc bo:rs colhcitas. Assirn, <> Ghbal Í'orecast da revista Tbe Econornist
diminuiçáo do crescimento das colheitas de arroz ao longo dos irnos l9tl5- ,'de março deZ0l6 prcvê que "alguns preços de alimentos devem aumentar ra-
ú'.as
-2010184. Graças ao constante incremento de técnicas agrícolas visando ao ittt- "pidarnente nos próximos meses" e o mesmo serviço do HSBC afirma que
mento da produtividade, as colheitas globais ainda tenderam a crescer cnl cornrnodities agrícolas são vítimas do clima e as colheitas podem mudar
termos absolutos nos últimos anos, mas a taxa desse crescimento é caclal vcz em de corrência da elevaçáo das temperaturas e da variaçáo da disponibilidade
menor. Em2O12, o mundo produziu 2.241 milhoçs de toneladas de gráos, uutit de água"t85.
queda de Z; milhOes, ou 3% a me nos que a safra recorde de 201 I .
,.1 esSt acu/aç,io.finan ceir,t, subpro duto da es cdssez real
(.í) A quarta tendência rntir-rdial, er-rfirn, é consequência das três prinrt ir.r'.
o arlmento clo preço de certos produtos agrícolas. O Ír-rdice FAO clos l)r'e ç,,., É ver:.la.le clue parte do aumcnto vcrificaclo ricl períoclo :rnterior foi gerado
dos Alimer-rtos (tlltl = 100) mostril unr aumento do preço nominirl d,,s .rl' pcla e speculaçáo financcira sobre os precos futuros cl,rs te rras agricult:lveis e c{e
mentos entre 2004 c 201 1 da ordem tle quase 150%r e um rlumento clo prcço r',. ,r1
18 commorlitir-t (gac1,i bcivino, gado suír.ro, câcau, café, milho, trieo ctc.), ir-i-
(os preços nominais cor.nparados aos preços dos pr:odutos r-nanufaturir.l,rs clcxadas pelo Golclman Sachs Oornmodity Í,-,.ler. pu[rlic,rdas desde 2007 pela
MU\, cla ordem dcT0%. Segundo o'Ilte Econontlsl, o preço re al dos alir.rrcnt,,' Standard & Poor (Serl CSCt). A partir cle 199 1 , essa especulaçiro firi estin.rulacla
atingiu em 2008 seu mais alto nível desde 18.í5, quando tiverarn início os rt' pela entrad:r nesse mercado clo Goidmirn Sac:hs, seeuido em i994 peloJ. P.
gistros dcsses prcços. E cssc rccorde foi cie novo batido ern 201 1. lVIe srlo qlrar)(l( )
lvlorgarr e enr seguida por ()utros bancos com seus próprios t:orntnotlity inrlcx
há quecla, como em 2008/2009 ou em Z0l1/2013 (porque o pico anterior cst i
(o Al{! Comrnoclity Index, o Chase Physical Cornr.nodity Inclcx, os oito
"/bnrls
mulou os proclutorcs), os prcços lllurcrl retornam ao ponto ln:ris baixo antcli,rr ftir-rclos clo Banco Barclay etc.)" Em ?-00 1, tiris fundos olLrcr:idos por csscrs c
ao último pico, como mostra a Figura 2.8: outros bancos somavarrl t3 bilhOes cle elólares; enr 2008, eles haviar-n atingiclo

2002-2004-100 a som:1 cle 317 bilhoes c.le dólir.rcs!r86


250 Na Alernanl-ra, os funclos clLrc âpostanl no àurncnto dos pre ços agrícoias
Nominâl
rllontal'n em 201-1 a I I ,./r bilhóes cle euros. CloraJamarr, responsável pela divisão
210

170 i de segr-rranç:r alirrrentar iJa Oxfan-r Francir, ,.lenuncia num rclatrlrio publicac{o
ern 12 cle fevereiro dc 20 1 .1, 'irs bancos francescs c|r c culam sotrre a fbme",
j espe

130 en-r especiai IINP l)ariLras, Natixis (nfrCl), Sociéré (lénérale e Crédit Agricole.

Real
Segundo o rclattirio, csses cllrittro bancos mantêm ao mellos Jtl fundos que
90
"especulatn sotrrc nrati'rirrs prinras" nunr v;rlor cle mais cle 2 bilhoes e meio de
50 curos, sendo tlrre "rr nr;rioli.r t-lelcs foi cri;lcla após a crisc'.riimentar de 2008, r-ro
91 92 93 94 95 96 97 98 99 00 01 02 03 04 05 0ô 07 0B 09 10 11 12 13

Figure 2.8 - Ín.1.,, clos Pr-cços rkrs Alimcntos c1e FÀO (2002-200.í - 100). Baseaclo no gr,ifico ci,r
objetivo n-rrrnifcsto ..l. lrrclar conr rr alta;rotencial dos rnercados agrícol:rs"rs-..
F;\O. ParaJol-rn I{unrrnt"l. ,rtl rrrinistr;rdor cla AIS Capital Management, "pode ser
duro ir-r-ragin.u'()s [)r.( !()s ,]r'rs totnmorlilzes subirem c]utros rí60% rrcirna de seus
A quedri observrrcla t-ro írltin.ro seglnento do gráfico \renl-se confirmaudo até preços c{e nrc,r.l,,t tlt -100fit nlrls os f r-rnclanrentos indicam fc,rterncnte, que esscs
irrícic'rs clc 2016, cour clucda de lt+,5%o etn relirçáo r inícios de 2015, segundo Setorcs têttr tntt sirirriÍit rrrrlo pcltencia] cle alt:r"'sE.

176 177
lil-.,1.r'il. K.rultrr.ur,.l( un.r ( rl.rrl.,.r,.,lr,,,', .rl,rrt, ,1, r, ,;,,,rr',.rl,rlr,l.r,l, ,l.r" tl,r ( li.l I l.,1, , l.u \lr( tto: "o: Í,rt()t( \ ( \lttttttt.tt: rlt rlt st'rltttlil)tto l)( t \t\
()r .r r(

corporliçocst)llLitfusti.ttlos.rlirntrrt()'r( r),r rlr',rrutrr(,r().u',ul,t,trtt!(,.r()(l( tttt ttrrr I I N,,,,,.,r.u,l)()rt.lnt(), n.l(l.l s(1,11(): (,uninlr.lnr()s l):tril unl lrcrí<ltl<ltlc
lhóes cle pessoirs lrl-ctlidlls pol t"lrt. Nl.t, tr.r,, ( ()ln( l( , ( (lui\'()( o tlt .ttliIrrrir , l)r(!()s.rlrrr,..r,t.l,s,l,r,,rtl,,str,,rlrittis"r"'. I:rrÍirrr,<t(.lliut,t/t(,'bttryc,utdEnui-
disparo dospreços clos alin-rcr-rt()s rr[)cr):rs;l unr:r ()[)r'r.Lç:r,, Íirtrtttt.ir,t. N.r,, lr.r t'ottttttttt,rl lii'l,,ltl,r: líl/5((l(.1.1{A),prr[rlicliocnrourubrodc20l,lpelalvla-
geração espontâneâ de especulaçáo, nen-r csta criir t.t: ui.bi/o o fcttôtttcttr, ..l,t . t plccr«rfi (iloLral llisJi Analytics, aclvcrtc qLre "unra combinaçáo preocup;rnte
cassez. É arcassa, real, ao se desenhar como uma tendênci:r csrhvcl, (ltlr'( rr,r cle vtrLrerlbilidade às mudanças climáticas e insegurança alimentar está ampli-
"
práticas de especulaçáo nos mercados futuros. As íngremes esclllrrdrrs,lt,s 1,,,' ficand«:, os riscos .le conflito e insurreiçóe s (ciuil unrest) em3Zpaíses" nos pró-
"rev<,lt,rs tlrt Íirrrr. " ximos 30
ços dos alimentos provocaram em 2007 e 2008 as chamadas âr1os1e5.

em mais de 30 países, sobretudo r-ra Áfti." e n:r Ásia. NrrÍt't


An-rérica Latina, t z Ao reavaliar em 2013 as prediçôes de seu Íàmoso livro de 1968 (Ibe Popu-
"
Mosaddecl Ahrned faz notar que um mês antes das revoltas que condlrzirxln lr lation Bomb), Paul Ehrlich parece mais que nllnca correto: "o principiil erro
queda dos regimes da Tunísia e do Egito, a FAO reportara altas recorclcs ,1, clo livro foi subestimar a rapidez com a qual a 'revoluçáo verde ' se propâgorl
preços nos proclutos lácteos, na carne, no açúcar e nos cereaislse. Segundo lir'. nos países pobres. Isto salvor,r muitas vidas, rnas ao mesrrro tempo nos levou às
derik Kaufinan, pelir primeira vez na história dos registros estatísticos, horrv.' vias pelas quais enveredamos em direçáo a rnais vastas fbmes"le6.
um salto de 250 milhóes no número de famintos em um hnico ano. Segttn.l,,
a FAO, o pico de preços de 2008 contribuiu para um aumento de 870 no núttrcro
de pessoas subnutridas ,-ra Áf.i.". As revoltas da fcrme repetiram-se no segun(l( ) Notas
semestre de 2010.
2.1 Declínio dc,s recursos hidricos
Os próxintos picos de preço-s
I O dcgelo s,rzonal supLe tle:igua várias rcgiires populosas, cntrc 1rs qriais rs clcpendentcs tlo Him:rlaia, dos
Àndcs c clcnrais cordi lhciras. CÍ. P. lVIarks, " Fly$,vs rvirrn of \{iltcr sort.lge s'l N.l 15/\'tl20I i.
2 Pnumr - Globrl \\'arrr Rcsourccs (crn re.le ).
Segunclo um estuclo de 2009, "nas próximas clécadirs, prevê-se que os preç()s 3 Ci. Alc.r Kirby, "Wrrcr scrrcity: A loominq ctisis l" llBC, I 9/X/201),1.
devern subir n-rais 30o/o a 50o/o, devido à inabiliclade da produçiro de alimer.rt.,t .1 CiÍ. Spring, Cohcn (2ttl l, p.5).
5 Cl. Paul Conrstock. "An intcrview rvith Fred Pcarcc'1 Calfornia l.itt:rdr1 Rat'it:tt', 3/IY /2.001, acctcir tle seu
de corresponder ao aumento da demanda"1e0. Corroborando esse prognóstico, l*,ro Whcn thc llit,tt.i lirtt l)r.y: rr.,ltat lnryans ubcn our utatt:r runs out. Bostort, Beacon Press, 2006.
unr relatório da Oxfàm publicado ern 5 de seten-rbro de20lZ estimava quc "() 6 Cf. Schcllnhrrbcr; Iir itlrre & Iiabetrtc (2{)14). Potsdan Institute ofClimate Lnpact Rcsc,rrch.
7 Cf. Scheu.c rr ,1. (l-ot.t).
rnundo deriva para um terceiro pico de preços dos alimentos rlos próxiuros 8 CÍ. Schiemre icr (ztt t'i. p. ttl).
quatro anos"'e'. As projeçóes desse relatório para os preços médios dos tncr 9 Citado por A. (bghlrr, ( ikrbal l,rtcr crisis loonrs larger'l NJ, 28/VIII/2006.
10 Cll. United Natiorrs l)cprrrtnrcnr of Econonric irncl Soci,rl Allairs (UNI)ESA). Intcrnirtional Dcc:rle Íbr
cados de exportaçáo no período 2010-2030 sáo: para o milho, um aulnento (l(' Action \flatcr Íi» LiIr .l(X)5 )l) I 5. <htrp://urvw.un.or[i/wiltcriirrlifcdcc,rclc/scarcity.shtml>.
777%o com até rnetade dessa alta decorrente das rnudanças climáticas; parrr () 1l CI.ThelJuitulN,rtrot'lli,tlrl llirttrl)tt,rloÍ)nk:lú]lclort. l1:ater,tntlEntrg.l.Vol. 1,20t,1,p.2(cnrrcclc).
l2 CÊGiobal \X,irrcr Sl.r,'rr I'r,,;c,r ((i\\'SP). llhtRonn[)tt.:lnutiononOlobdll,Lhtar,\urtrurl,maiode 2013.
trigo, um àurrento de até I20% com aré l/3 dessa alta decorrente das rnudar.rç,rt ll CÍ. Mekonncn & | k,ckstr,r (lli Il/20t6).
clir"náticas; para o arroz, um aunrento de 107o/o con] cerca cle ) /3 dessa alta clc 1,1 CÊDamian(l:rrrirqr,,rr, lr,,rrrbilÍionpcoplefirccscverewrtcrscilrcity,ncr.rcscarchfinds'lI(i, 12/lI/2016.
l5 ClÍ. Pnrclhonrrrrt lr,r/ l r,'llli.l()l i).
corrente das rnudanças clin-ráticas. Calcula-se neste contexto que cada aumento 16 "'Iherisinuprcsstrr,,,l ql,,l,.rl\!,irt(rshortrgcs".Nanre,i17,.532,29/XII/201ri; lamcsF'ergussott,"Thc
vorlcl u'ill lrc s, r, rr r,r r u,r r,,r er ri,.Lrrr". N(u u,' kk, 21 / I\t / 2015.
de l% preço dos alimentos pode irnplicar rnais l6 milhóes de pessoas frr-
r-ro
l7 CÍ. "Statcrrrcrrr ,rÍ l)r li h l'.r.lr.rrrri. (ih:rirman (tt'CC) at thc 1Sth Confcrcnce of the Partics'l L)ohir,
mintasie2. Essa projeçáo é consistente com outra, segundo a qual uln aumento 28/XI/20 I -1.
de 20o/o nos preços dos alimentos até 2025 resultaria em mais 440 milhões dc
pessoas subnutriciasrer. Oiivier De Schutter, relator para o direito à alimentaç,i.,

178 179
§,1 ( il. ( l. Wlllirrrrr, " l,ott;1 t itttc lr,r rcl", N,f, ) l /(','l / l / )'llll l'
2.2 llio.ç, l,ryos e racru/üó/'io.l 5.1 CÍ.(irrillrrrrrrcl,rsurrrl,l)i;rrr;rliizz.lir,(iLrhlll{rrottttelltl,rrttt,tti,rtrl),tt,rbrtsc((iltll))'l)trttntr'200't'
.: Irt rP://wwwgrirl.ttrrcp.ch/rtctivitics/sr rstrr irrlblc/bnlk hrrsh / iIrrlcx 'plrp > '
NY'1"30/1/ZOl4'
51rCÍ.'lht>nrnsl:rrllrrirrlr,"lrs(ircrtl,rrhcShrivclcrl,lrirrr(lrtlirtrts(lrisisof§/ttcrSrryply"
cd com/ptges/702-scí'
sion-making,Nova York,2000, p' ii (cnr rctlc)' 55 (iÍ. "l,al«c llrnroLrtt lhs Ootuplctcly l)úcd". l{ltoorsud'tom <http://kh«rtslre
l9 Cf. Hoekstra et á1. (29/Il/zolz). tlryhl<c.htnrl>.
20 Cf Vôrôsrnarry et al. (zo/tx/2010, pp 555-561)' so cá,,worlcl'sl,argcstlircshwrtcrlahc, l-rkcllaykrrl u.dcrthreat".Eur,news,10/1/2015'
2013 (em rcdc)'
21 Cf.,Asian Development Bank. Asim Development Outlook 57 CÍ. Unesco, "saving lakc I)aik:rl" (cm rcde)'
Z2Cf.^à1|Jawad,..Pakistan,slargest.itythristsforwaterslpp|y'',Phitl1.com,7.haÁssociantll)n,ts, 5g Cf.SanyuktaDasgirpta,"ChanclolaLake turnsintodustbowl"'DowntoEarth-7/X/z1ll'
24/VlI]/2014. 59 Cf.Nici(Yisser,"indiatBellandurLakelsSoPollutedltCaughtFire".TlteWorldPost,19/Y/2015'
23Cf.JasonBurke,..Halfoflndiasriversarepolluted,saysgovernmentreport,,.TG,T/lY/2015, 60 veja-se <http://ww.globalnature.orgl30604/EVENTS/1Vorld-Lakes-conference/02-vorlage'asp>'
24 SobreoAquíferoAmazônia,veja-seEltonÀlisson,'Amazonastemoceauosubterràneo"'ÁgênciaL4PllSl" 6l Cf . China English News,77 /Yl[/?012.
5/v1]]/2014. 62 C[. <http / / news.xinhuanet.com>.
|

want china Tines,24/XIl/7011 cf '


25 Cf.ÁtlasBrasilÁbastecimentoUrbanod'eÁgua'AeênciaNacionaldeÁguas'2010' 63 cir.adoem "clrinat largest dese rt lake could vanish in 10 years".
"Chi'
26 Citado por Eduardo Giannetti, "Insanidade básical FSP' I /Yl'Il/20)'4' Atlam Vaughan, "China'l largest d€sert freshwater lake shrinking faster than
eYeÍ". TG'79/XÍ/2013

27Cf.GiovânâGirardi,"fuosdellEstadosdoPaísestáopoluídos"'OESP'22/IIL/2012' ,"'s l^rg.sà.sert freshwater lake sh rináng"' News Xinhuanet'28/Xl/2013'


28 Cf. Luciana Sgarbi, "O fu o Sáo Francisc o evapoti' Isto é' 22 /YIII/
7008'
64 Cí Coe e Fol.y (zt/tx/zotz).
2gCf.ReneMoreira,',NascentedoRioSáoFranciscosecaemMinasGerais,,.)ESP,Z3/IX/7014' 65 Cf.Kifksiegler,"owensvalleySaltyAsLosAngeles\TaterBattleFlowslntocourt"'N?rR')'l/I.Il/2013'
do fuo Doce está diminuindo"' Globo G1 Vales dc Coiorado fuver'1 IG'
30 Cf. Diego Sorr", "Errodo ,'o"t' qot'olo-t de água 66 Cf. Chris McGreal, "Disappmringlake Poweú underlies drought crisis facing
Minas G eYais, l8 / IX/ 2012. 17 /Y /2015.
31 Cf.JoséM.Tomazela,,,Yazâoderiosd-eSãoPauloestáabaixo
de3}o/o',.)ESP,17lylrlI/2014.
67 Cf. Rachael Glazon, "Drought causes water leyel drops in Minnesota and'viscounsin ltkes"' Great Lakes
inrerior de Sáo Paulo piorou em 2014"' OESP'
á2 l"ri U. Tomazela, "eualidade de rios que abastecem Echo,25/Xl/2009.
9/Yr/20t5. 6g cf. scott sutherland, "Lake Michigan, Lake Huron now at lowest levels on record"' Geekquinox' science

33..Maisdametad-edas54nascentesdeSPestáosecas,revelapesquisí,.Globo.co.mG1,1/x|/20|4. and Weatber 6/II/2013.


34 Cf.EduardoGeraque,"Esdagernfezmatançadepeixesdispararnosriospaulistasem2Ol4"'FSP'6/Yl/2,015'atú 69 Cf.Borre(zotz).
dos -"io'"s do -"do to- uma área de drenagem que
se estende is our wate r going?"' Mltue'
35 O sistema Cantareira "a,,1]'- 70 Cf. Mark Torregrossa, "Lúe Michigan and Lake Huron water levels; where
MinasGerais(45o/oáopotencialhidrográficodosistemaprocededesseestado),lcolPostoporcinco con,7/12/20|2<ihttp,//ww.mlive.'com/weather/index.ssf/2012/|z/lake_michigan_andlake_huron-w.
bacias hidrográficas e seis reservatórios, Paiva Castro
no rioJuqueri, Cachoeira, Atibainha'Jaguari'Jacareí
html>.
cantareira, represas const;ídâs â partir de meados clos anos 1 960. cf. "Le projet du canal du Nicaragua cristallise la
e Águas claras no topo da Serra da
'A 7I Cf. Meyer & Huete-Pérez (19/II/ZOL4);Frédéric Saliba,
,,Sistema
cantare iri'. wihipedia, Infoacola e "Dossiê Sistema cantareiral Sabesp, setembro' 2008:
- colérc". LM, 30 / XII / 2014.
co,struçáo do Sistema C"ntareira Ii.] t.r. g.rrd.s it
pactos ambientais, alterando em diferentes graus de
72 Cf."Bolivia'ssecond-largestlakedriesupandmaybegoneforever,losttoclimâtechânge"'TG'22/I/2016'
própria populaçáo"' (em rede)'
geologia, geomorfologia, microclima' vegetaçáo' fauna
e a
intensidade a

36 Cf.clrrischipello,.,Oneinforroiworldtbigcitieswater-stressed'.Phls.org,4lYI/2014.
2.3 Áquíferosfosseis € renouáueis
37 Cf. Spring, Cohen (zotl, P. S).
riuers. (em rede).
3g cf. American Rlvers, 201i Ámerica's Most entlangered "Nonsustainable groundwater sustaining irrigation: A
"Californias Drought Is Part of a Much 73 Cf. y. rvada, L. p. H. van Beek, M. F. P. Bierkens,
39 Cf. Abraham Lustgarten; Lauren Kirchner & AÀanda Zamora,
-{/ater cr ísis". Pro Pablica,:25/YI/2015 <http://ww.propublica.orglarticle/california-drought' globa1 assessmen t". Wãt€r Reslurces Research' 48,2012'
Bigger "Cf "Nasa data shows the world is running out of
"californi" Drought is Part of a Much Bigger vater crisis'l 14 .Nchey et at. (2015, 16 e 17 /Yl/2015); Todd C. Frankel,
colorado-river-wate r-crisis-explained > e Ve,ja-se também:
..Study,
Third of Big Groundwater Basins in Dis-
2015' *^.,',,,,. 7h, Ind',penàent,17 /YI/2015.
S ci entif t Ámerican, 26 /YI /
ofTêchn ology, l6/vl/2015 (em rede)'
tress,,. Nas", Jet Propulsion Laboratory. california Institute
40 Cf. R. Seager er al. (23/xrl/z}lz). "O um vasto déÊcit de água. Mas como este tomâ a forma de
75 Cf. Brown (ioo4, p. l), rnundo está sofrendo
41 "Mississipifuver Levels Likely to Limit Barges in7013"' Bloonberg'22/Il/2013'
bombe"rr.rto d. ágrr. quecla dos lençóis freáticos, ele é quase invisíve1. Frequentemente'
esses
excesso de
4z NationaiRiuersand,streansÁssessment2008-2009.ÁCollaboratiueSurue\.EPA,2S/1I/2017' Veja-se também Brown, 'Aquifer
Cf' Marie de Vergàs' "Lc níveis descendentes de ág.ra náo sáo descobertos até os poços secarem".
43 Cf.LatrentZecchini,"Un canal pour sauver la MerMorte". LM,9/I:|r/2013;
LM,5llY /2015' Dep\etion'. Encyrlopedii ofEartb (20I0). Ed. CutlerJ. Cleveland, §7ashington,28/IIÍ/2013.
'féau' cratêres de 1a mer Morte"'
Groundwatu' o Valuable but Diminishing Re source". The §í'or1d Bank, 6/lÍl/Z}l2
de s .,Inàia (ern rede)'
76
44 "llran metacé de devenir un immense ãéselt"' LM'7-8/I'IÍ/2014' "L',ouest de l'Inde fait face à sa plus grave sécheresse depuis plus de 40 ans"' LM'
77 cf.JdienBouissou,
45 Cf."-üater:AIldriedtç". TheEconomist,l2/X/2013;AmarToor,"Vhydid28,000riversinChinasuddenly "Maharashtra' State of despair"' Hindustan Times'30/III/7013'
l5/il/zot3; A^refaJohari,
desappear ?". Th e Verge' 3 / lY / z0l3' Up'l Ní7, 30/Ix./2006'
study finds".TG'22/Ylltr/2011' 78 cÊ. Somini Sengupta, "Thirsty Giant: Inclia Digs De epe r, but §7e1ls Âre Drying
46 cf.HamzaMohamed, "Millions face arsenic contamínation risk in China, 'â, ccorron y booms, china faces ma.ior wâter shortage". TWaP,16lIll/2010; Brown
deadpigsrottinginChina'swatersupply"'TG'29/II[/20L3' 7g cf. Steven Mufson,
47 Cf.NícolaDavison,"Riversofblood;the
(23/xUzolt).
48.,Descad.avresdeporcsànouyeauretrouvésdanslesriviàreschinoises,,.LM,2,6/Ifi/20|4. TG,23/IY/2014'
§rater \Toes" Yale Enuironment 360 SO àf.Jonaúanl(airnln,"Chirrasaysrnorethanhalfofitsgroundwaterispolluted"
4g cf. Míke Ives, "Melting Glaciers May §Torsen Northwe st chinas g 1 o relatório foi crrstcrclo pe [o open Socie ty Institute, editado por Dai Qing e traduzido
do chinês pela
iô v.;"-r. < http,//**w."globalnature.org/30604/EVENTS/1Vorld-Lakes-Conference/O2-vorlage'asp>' probe Internatio,al,4o crnaclá, uma clivisáo da Energy Probe Research Foundation (em rede).
5t Cf.Schneider8.rroot (zoro);ni.h".ú.Lou.tt,"Global\TarmingBurningLakes?"-ôlztionalGeographh'
7/xrl/2010.

181
180
I \t,t I \l t.,\tíl I i rrr lr.fr
tflr

lrttrr pl,titt g,r,,tlttrlwrtcr ,'(l tllldF


lll(lÍ,"(llrirrrrlrottgltrlttrteslrrtgcwrtct'ttttlt,ttl*'1 Nl','l('9(l'lll/lll'100(')'
ti2 Cf. "Chinr Watcr I{is[" <http://chirrirwrro'r'in[,org/trollrlr/trrtllt r
!n,qliit,.tith,wntt,tottt,T/ll/20ll,
ll2 ()l.,,OfrirusrrÍli,r'rw,,r.srrlr,ruglruin(r0ycnrs'l
for-hutnan-touch/ >.
I l.l CIr "N<rrtlr (llrirtr pr.ovincr: srrÍIcrs w,rrst «lrorrght in O.l yctrs". Xinhuuttt., ll/Ylll/2(114.
g3 Veja-se<http://wrtcr.usgs.gov/edu/gw.lcplction.htrnl.,;tlStiS,"l)trrirrgltr(§ntl)ÍollEhts;OcrrrnrlV*l' In-
I l4 Of. Madclciuc (1.'llronrsotr, (iilrrrt (1. Mtntillr, "lrl)l[); Focus on Survcillttrcc. lntcgrating climate
l.y G.oo1d*ot., Levels Àeached Historica[ Lows ,rrr.l Lrtrrl Strbsirlcncc lrrtcrrsilicrl'l I /X/2lll7 (errl rcrlt), Ncw Opportunities for Improved Public
Íi:rmltion into sLrrvcillurcc systcms for lrrfccti0trs 1)iscascs:
S4 Ci David R. S teward et a:.,"^fapping unsustainalrlc grountlwrrtcr storcs írtr lgricrtltttml prodLrctirltr ht thl (em rede).
Hcalth outcomcs in a ohanging climatc". ISGP Institute on science for Global Policy
High Plains Aquifer of Kansas, projections to 21 10". Pnas,26/YIIL/2013. Vcjrr-sc tanrbém "'1hc New lltttl Ramos, de 1938, evidente.
1 l5 O paralelism o cntre l/inhas da lra e l/idas Suas de Graciliano é
-Valsh,
Bowl. High Plains Âcquifer Pump edDry". Daifu Kos,20/Y /2013.
g5 Cf. Leonard Konokow, Groundwater depletion in the Unitcd States (1900-2008). StientiÍic lnuc§ti,ütll.trlt t t6 Ci ,'The New Dust Bowl. High Plains Acquifer Pumped Dry". Dail\ Kos, \O/Y /2013; Bryan
,'Rising New Dust Bowl. Times,5/Vil/20D.
Têmperatures and Drought create Fears of a
Report. Y irginia,Department of Interior, U.S. Geological Survey'
t 17 Cf. CÀris Megerian, "California faces 'Dust Bowl'Jike conditions amid drought, says climate tracker"
ae Cfl nrldge;R. Scanl,cn, "Groundwater depletion and sustainability of irrigation in the US I-ligh ltlrrlnl
Tbe Los Ángeles Times,9/IY /20).5.
md Central Vall ey". PNÁ S, L9 /Y / z0 lz. Capitãl Public Radi7'
118 Cf. Ed Joyle , "strong El Niío No Help For Long-Têrm California Drought".
87 Vbgel (2015, pp. 14'2t).
25/rr/2016.
88 Cftf. U^y.r)t ,1. (l/ttt/zoto, pp. 4612-4617) e Rachel Aviv, 'A valuable reputation". The Ncw l'oilrtt'i Megadtought? Climate Central, 1Z/)(II/2013'
119 Cf. Bobby Magill, Is the \rest's Dry Spell Re ally a
t0/il/zat4.
120 Cf. Belmecherí et al. (14/Ix/zol5).
8g cfcraigs.smith,"saudislvorryasThey§rasteTheirScarce§rater".NYT,26/I/2003.
121 cf.suzanneGoldenberg,"usfacesworstdroughtsin1;000years".TG,12/lI/2015.
90 Veja-se o.".rrodo do Gravity Recovery and Climate Experiment da Nasa. Em Water Resourcet Rxa*th
122 Citado por S. Cypel, "Une sécheresse historique aux Etats-ljnis"' LM' 19/Y].I/201?'
(Ámerican Geopbysical tlnion), tS /tt/zotl .
123 Cf. Cook, Ault e Smerdon (1/fi20r5).
124 Cf. "Drought Expands to cover Near\ 63 Percent of the Lower 48".In, ScienceDail\
8lYIfi/Z1lZ'
2.4 Secas e aridez 125 Cf. Sasha Abrams§, "Dust Bowl Bltes". The Nation' 17 /YIl/2013'
126 Cf. A. Agudo, "El calor refuta a los 'climaescépticos"' El País' 10/YIJI/2012.
g1 veja,se: <http,//rnnv.ucar.edu/nervs/releases/2005/drought_rescarch.shtml>. I27 Cf. Stép[ane Foucart, "Presque la moitié du territoire des Etats-Unis est en état de sécheresse"' ZM'
g2 cf.A.Dai,"Droughtrrnclerglobalwarming:arevierv".wlkEsclimatechdnge,2,z0l),pp.4\e'. 23/YrL/2013.
93 Cf UNlsDR,"Thehumancostofthchottestyearotrrecord1l1/IIl2016(emrede)'
g4 So6reoPalmerDroughtseveritvlndex(PDSI),aescaladenensuraçáodesecas,sobretudodelottt,,l",,"'
2.5 Degradação dos solos e desertif.caçao
clesenvolvidapor'§í'ayne Palmer nos anos 1960, veja-se <http,//u.w.drought.noaa.gov/palmcr.lril,,1
)
95 Cf. "Cambio climático anerlàza ampliar sequi:rs y pobre za em -A.mérica Latina, segírn ONU'l ,\'/'/ i
Áctualidad,4rnbiental,1 àe sctembro de 2009. 12g Cl. <http://u,",r1,.111çç{.i11/Lists/SitcDocumcntl-ibrarv/Pubijcations/I)esertiÍication-Thc9'ó20jnvisiblc
lrontl:inc.pdf >.
96 Ci"Piorsecaem50anos"ÁgroAnalysis,fevereirocle200g:"segundooDepartanrentodeClinrü,,1"1ir',
do Serviço Metcorológico Nacional, en 2008 chovcu 70% a menos que o nonnal, reduzinc{o' crrr rrr(
tII r 129 CÍ. Chris Arscnault, "Onlv 60 \tars of FrrmiuÍr LeÍi If Soil l)e gradatiol Con tintes"' Stintifit '4neritatt'
otrr livcs depcncl on it"'
20% da área plantada de rnilho e soja. A produçáo agrícoh, que já encolhcu 35% na saÍi':r 2007/08' rl,
v' r 5/XII/2011+; Gcorgc i\lonbiot, "\X/c'rc trcrting soil likc c1irt. It's a fatal mistakc, as
'
recuar em mais de 20% ru safra 2008/09" .
'r(;, zt/t[/z)ts.
13/I/ZQ12<bttp://ww.altonjvel.com.nx/18544-rrrcrr," 130 (-Í.Editotial,"IJorvutocrrth".,Yzrzzrr,ii35,5l7,2llI//Ol5'pp'411-u+12'
97 "Mexicoenfrentalapeorsequíadesuhistoria'l
enfrento-la-pcor-sequia-c1e-su-historia.htnl>. 1II CÍ. Ioshua Howscgo' "Srvc our soils".NS, I0/X/20I5, pp''12-45'
"sans coopór:rtion sut l'c,ru, 30 pays peuvcnr b$c'rler r'lrtrs la
98 CiJosé À. Marelgo (Inpe), Roberto Schaeffer (UFRI/IPCC), Hilton Silveira Pinto (Unicamp) . l
t',vr,l 132 Entrevistir conccdi.lr r (lhristiln Losson,
-ürai
Zee (UEn1), "Muclancas Climáticas e Eventos Exttemos no Brasil". Fuldaçáo Brasilc,ir.r qntrrc". Liltírniou. )"9 /XIl /)0lt+.
Mann 1',,r',
t-13 \reja+c<http://r:lobrlsoilrvccli.org/u,p-content/uplo,rcls/20 11/1Zlv. broschtrere 141202-digital.pclf>'
o Desenvolvimento Sustentáve1 (FBDS), 2009.
gg "Seca deixa qnase rnil ci.lades do Nordeste ern situacão de emergêncii'. o Gkbo,5/x/2015. 13,,+ Ci.7'trntirtrll:rriluttiun,,l tl,tUNí,f/UOif;f:f ProjettLandDryrarlatiort,'lsscssmentinDr-vlands(Ladd),
e corre risco dc novo megaiDcênciio". Instituto Socioenrbi, trt.rl. 2i)lI , p. 1 (cm rcJe ). ()
l.atla rle í:ine deliradaç.'ro do solo como "a rerluçáo d,r cap:rcidac{c da tcrra dc prover
100 Cf. "Rorajma tem pior scca em 18 anos
en ccrto pcríoc1o dc tempo par:r scus beneficiários"'
bcns c scrviçOs clo ccossistcnrl c usscgurar suos Íirnçóes
5/t/2016.
c I ),rlr,l li5 Clf.C.\\iThonrtu,rirc..,lt/asof ,:liuuttitttpesintbaLlzitedst.dtcs 1900'1939'U.S.D., lüisc.Publ ,19'i1'
101 Cl.José A. Marelgo (Inpe), Roberto Schaeffer (UFR]/IPCC), Hilton Silveira Pinco (Unicamp)
(cm rc.1e). C)s rlados
Man, Wai Zee (UERJ), "Mudanças Climáticas e Evenros Extrenos no llrasil". Fundação Brasilcirl 1, rr,r 136 2010-2020 (1NI)t)t)) {iN t)lttalt lor Dtserts and the t-'igl.tt tgtínst Descrtif.catitttt
"§11111 l;1s crrrscd rlescr-
o Desenvolvimento Sustentável (FtsDS), 2009. ,rqui rcportados siur liscir rnrcrrrc rlivcrgcDtcs dos publicados por Qi Fetgat al.
102 Cf. Lewis e/a l. (4/II/2Oll, p. 554). riÊcatio'irr(lhirrr?" N,ttrrt,.,\tu,tttifitileTorts.>(3/XI/2015)''Astctrassccnscobrcrncercade5'ímilhóes
e secâ no Nordeste do Br:rsil esPantanl cientistas". Àgência
(il'rlt", krr., reprcscrr rrrrrlo ,r1),,1i, 11.r ,ir,," ,"rr.rtr. gl.rlrrl c sáo cspecillnellte comlllls n,r Ási,r e na Áfi-ica.
oncle
I03 Cf. "Cheias clos rios no Amazonas de
19 /Y /2017. estão 5IJ.5?ô tl.ts ,it,'.t, tlc tcrt rrs scces do pl,rneta''
104 Cf.A.D.Nobre,"llfautrurellbrtdeguerrepourrcboiserlAmtzonie".LM,Z4/XI/2014. I j7 Clf.AIerKirby& hrrrcrr L,r|,lrrrrli, Globt/Dr-y/,utds,UN(lCD,2011.Veia-serLnrrdcfiniçãoidênticrenr
Iteport of tl,r Irrtitrrl N,r/ittt; (.ortftrt:rtcc ovt EnLirotttrtcrtt n/td f)euc/oPrntnr. C:rpítulo 12 -
Lldndging
I05 Cf. Hilker rr al. (zot1, pp. r6o4ta'6046)
RiorlcJaneiro'1992
106 Cf. VA., "Carenza idrica e siccità nell'Unione europea". Commissione europea, agosto de 2010. Íragil(Eco.i.y.ilt1//':(rttttft,ttitt.\l)t:ltiJic,t/ionandf)rougLt
107 Cf.RichardSchittll,,"RéchauÍIement, lesud-estde laFrance faceàunecrisedeau'lZM,6/yl/2011. B8 Cf. Dcsrrtili,,rrirtrt llt, ittt'i:iltlt.fiourlinc. UNC()D,2014 (em rccie )
108 Cf.C.Courtois,L.vanEecklout,"Canicule,sécheresse,incenclies,lespectredel976".LM,28/Ylll)\)l\' i39(lf.l,rrtrrclrr(l.rr,rrrr.l. (.linriltidcspaVss'cllglgetttàrestartLcr20nrillonscl'hcctures'letcrre"l1r1'
109 R.Barrou,"ljnimmenseincendieravagelaCatalogncespagnole".LNI,23/YII/7012. 9/XII/201 1.

110 Cf.M.Sezak,'Australianinlernopreviewsfire-prone future". lIJ, L7lI/ZO113;C.Foliot,"LAustrrlic 140 Ct. Santerra (.'.tltt ).

touchée par unc cauicule record tlrie au déràglemcnt climatique". LM' 17 /I/2014'

183
t82
f','t (ll,'(ilritrr'rr,,ylrc,tttitttpotlrlirrlr,rrtlirr.)01'r l(,tttrtr',trt'r" lIi,tl,l(inin,\l,tll,l''ll/,tol' (errrrctlc)'

I Ml / zo l.l, ()ttt ros tlrtlos citil(lor xl)ilix() b*cirttt sc llrrr(' ill tiEo,
l7n (',1.(llrrir I,irltk,rr,"lirrttsott (',lúti"tlhrltl (ir,titt'rrt»t,'t/lX/.1015 (urr lr:tle)
175 (ll.l,.llrrrrlt,"(llrincscgrititritttltortsltitrccorrllig,r"tltin,t»tial'l'i»tt'lll/lY/2012'
142 Ct. §/ashingrorr Novrcs, "Muclou o jrrnrllisnrr, niro o scrrri lri(Li: í/ii,r/', I l/VIll/2,010.
143 Citado por Lcstcr li.. llrown,Jtnct l,lrscn c lJcrrric l;islrkrwitz ltohcrts, 7lt li,vth l'olit.y lluultr,2ll\12 l7(r ()itrtlrr1rrrrl(.llr.rrlshcr,"[].N.Iiro«l AgcrrtyIssrrcsWurttingotrOhirtr[)rougllt". NY'l',I/lI/2011.
<http,//www.earth-policy.org/[:ooks/cpr/F4rr I >' 177 "Ncws Ârrrlysis: l;cctl (llrinir, strrvc thc worlcl?" Nrrlr.Xlnhttnnü,3/ll/2015.
-ss2
144 Cf. Lester R. Brown;Janet Larsen & Bernic Irishlowitz-l{obcrts,'lltt Lartb Polic.y l?tailru,21102. 17ll Cl."\íhowilllcct{ (lhinr:AgribLrsincssorirsownÍàrnrcrs?DccisionsinBei.iingechoaroundtheworld"
< wwwÍirtmhncl grllr.org>.
145 CLYiía et al. (18/1rr/2016).
146 Cf. Qi Fenget al. "rü/hat has caused desertification in China?" Nature. kientiJic Reports, 5 (3/XI/2015) 17g citndo cnr "Mrrutrcni bcts on china with Gavilon deal". Financial Times,29/Y/2012.
147 Citado por David L. A1les, "Freshwater Shortage and Desertification". 2012.
lWestcrn WLrshington Utti' 180 Cf. Pearce (2olz).
1 8 1 Cf. Frcd Pcarce, "Stcaling the Earth". N S, 23 /YI/ 20 12' pp. 78
-29.
versity.
148 Cf C. §filliams, ÀIS, 2502, 4/YI/2005. 182 Cf. Laurence Girar<l, "Coup cle froid sur les matiêres premiêres". LM' 22/l/2015
149 Cf .T. Hilker; E. Natsagdorj; R.H. rü/aring; Â. Lyapustin & ! \(/ang, "satellite observed widespreacl 183 Cf. Stéphane Foucarr, "Notre civilisation pourrait-elle s'effonclrer? Personne ne Yeut y croire". LM,
9 /1r/2013.
decline in Mongolian grasslands largely due to overgrazing". Global Change Bi0l0g!,14/YlIl/2013.
150 Cf. Audrey Garric, "Comment chêvres et moutons accélàrent la déserti{ication de la Mongolie". ZM, 184 Cf.'§?'elch rr al. (zoto).
185 cf. "commodity price s: HSBC answers invesrors' top 12 questions". The sidnel Morning Herald,
7 /rx/2013.
151 Cf.DiogoFreire em"Cientistasapontamsoluçóessustentáveisparadesafiosagrícolas".ÁgênciaFÁPESP' 22/rrr/2.016.
?6/rx/2014. 186 Cf. F. Kaufman, "The food bubble . How §rall Stre e t starve d millions and got away with ir". Harper's
Magazine, jrlho de 2010. <http:/ / frederickkaufman.typepad.com/Êles/the-food-bubble-pdf.pdf>.
187 Citado por Anne Michel, "Des établissements accusés de spéculer sur la faim". LM, 1Z/II/2013.
2.6 O elo rnaisfraco 188 Citado por F. Kaufman, art. cit. (2010).
189 Cf. Nafeez Mosaddeq Ahmed, "1Mhy food riots are likely to become the new normal". TG,6/Il,J/201,3.
152 Cf. Browr, (zoo+,p.5). 190 Cf. Nellemann (ZOOI), citado por E. Boelee ; T. Chiramba & E. Khaka (eds),'An ecosystem services
153 Cf . Declaration of the World Food Summit: fiue lears later (em tede). 1ü/ater Management
approach to wâter and food security". Nairobi: UNEP, Colombo, International
154 Cf. rVorld Food Summit,2009 (em rede). Institute,20l1.
I55 Cf GillesvanKote,"Ilfautpréparerlespopulationsàfairefaceauxcrisesalimentaires"LM,2S/IY/2013. 191 "Extreme weather, extreme prices. The costs of fee ding a warming world", Oxfam, setembro de 2012
156 Cf. FAO - How ro Feed tbe World in z05o (em rede). <http://ww.oxfam.org/sites/w. oxfam-orglfrles/20120905-ib-extreme-weatàer-extreme-prices-en.pclf>.
157 FAO, "Mai cosi alto i1 numero di malnutriri": "Cifra histórica de 1.020 milhÕes [...]. Tal cifra supeta enl 1gz Runge & B. Senauer, "How Biofuels Could starve the Poor". Foreign Áfairs,86,3,2007 .
cf . c.F.
mais de 100 milhóes o nivel do ano passado e representa cerca de 1/6 da população mundial. l% Cf.B.Senauer & M. Sur, "Ending Global Hunger in the 2lst Century: Projections of the Number of
158 Cf.GillesvanI(otte,'Alimentadon:'Notre modêleagricoleestàboutdesoume"'(entrevistacomOliviel Food Insecure People". Reuiew ofÁgricubural Economirs, 23, 1, 2001, pp' 68-81'
De Schutte r). ZM, 30/IY /?014. 194 Cf. Gille s van Kotte, 'Alimentation: 'Notre modêle agricole est à bout de soufle "' (entrevista com Olivier
159 Cf. FAO, "The State of Food Insecurity in the §7orid 2015" <http,//m.fao.org/3/a-i4646e.pd{>. De Schutter). Z,11' 3o/ÍY /2014.
I60 Cf. lffilson Tosta,"7,2 milhóes de pessoas convivem com â fome no Brasil, afirma IBGE". OE.ç2, 195 Cf . Clinate Change and Enuironmental Risle Árlas 2015 - CCERA (em rede)'
18/Xtr/2014. 196 Citado por Stéphane Foucart, "Notre civilisation pourrait-elle stffondrer? Personne ne veut y croire".
161 Cf. The U.S. Census Bueav2S/I/2015 <http://www.census.gov/newsroom/press-releases/7015/ LM,9/rr/2013.
cbt5-t6.html>.
162 Cf. "Hunger and Poverty Fact Sheet'l Feeding America (ern rede).
163 "LaFrance t faim"', Secours populairefançais,16/Lil/2CJ,3: Sylvain Mouillard, "LEurope va-t-e1le couper
les vivres à ses pawres?" Libération,22/XI/2012.
164 "Caritas assists ove r 1 million people in Spain". Latin Ámerica Herald Tribune,30/lY /2013.
165 Cf. Vincenzo Pricolo, 'Anche in Italia c'ê chi soffrelafame".Il Giornale-it' 17 /X/20L2.
166 Cf. A. Ribaudo, "Quei barnbini senza pasti sostanziosl". Corriere clella Sera,Z0/Xl/2014.
167 Cf. Esther Bintliff, "More hard-up Britons rurn to food banks". Finanrial Times,24/IY/2013; James
Bloodworth, "Coalition presides over shoking increase in number ofpeople using food banks", Lefifoot
forward, 23/lY/2u.3 (em rede).
168 Cf. Kate Ravilious, "Over half the world's population could rely on íood irnports by 2050 - study'l 7G,
7 /Y/20t3.
t69 Cf . China Daib, rc /llr/ zot3.
170 Cf. Josh Chin & Brian Spegele, "Zona rtral da China vira desastre ambiental". I/alor Econômiu,
5/Y]JI/Z0l3,artigo traduzido do The Wall StreetJournal.
17i Cf. Colleen Scherer, "China no longer to be self suÍficient tn food". ÀG ProfexionãL, 30 /l/Z}l3t Leslíe
Hook, "Chinese grain imports hit r ecordhigh". Financial Times,l0/IY /2012;Lester R. Brown, "Can the
United States Feed China?'1 -Earth Institut€ P0lict, 23 /Íil/2011.
).7? "ChiLaZOl4,/15 soy imports s een up 4. pcr at73.5 mln T-chamber". Re uters,3/X[/20I4.

184 185

Você também pode gostar