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Como se vê, o ponto de vista pelo qual as questões propostas pelo autor do blog são
analisadas evidência uma visão de mundo materialista, alinhada com as ideias
positivistas que rejeitam qualquer metafísica.
Provavelmente, o autor deve ignorar que as leis da física são baseadas em princípios de
onde partem os estudos da física. Dessa maneira, esses princípios são assumidos como
verdadeiros ou válidos, não sendo possível sua demonstração ou prova no âmbito da
matéria. Chamam-se, assim, princípios metafísicos, isto é, que estão além da física.
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Ver também o tomo Física da Enciclopédia Einaudi, 1984.
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Bunge, M. La energía entre la física y la metafísica. Revista
de Enseñanza de la Física, 12(1),
53–56. Disponível em: https://revistas.unc.edu.ar/index.php/revistaEF/article/view/16119.
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O próprio Einstein, cientista dos mais conceituados na física tradicional, já disse “A
ciência sem a religião é manca, a religião sem a ciência é cega”.
O calor dissipado pelo motor está diretamente relacionado à eficiência. Quanto mais
eficiente um motor, menos ele esquenta, pois o calor corresponde à quantidade de
energia não utilizada na conversão de energia elétrica em energia mecânica. Não
significa que o motor não tenha perdas e não produza nenhum calor. Significa que por
ser mais eficiente, produz bem menos calor que os motores menos eficientes.
Nos testes realizados por entidade independente de certificação, atestou-se que o Keppe
Motor consumiu, não em teoria, mas na prática, 3W na velocidade mínima.
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Esse consumo tão baixo, como demonstrado pelo engenheiro Roberto Frascari no vídeo
citado, levou muitos incrédulos nesse resultado a repetir os testes em casa, verificando
o resultado por si mesmos (o que não é o caso aqui) e postando vídeos no YouTube.
Além disso, devido a limitações de custo e produção, os protótipos de laboratório são
mais eficientes que os comercializados. Vale lembrar que uma ventoinha de computador
de 5 cm consome algo entre 2 e 4 W, enquanto o Universe tem um diâmetro de 110 cm!
Sem comentários.
A seguir temos um ciclo do Keppe Motor em que ocorre alternância de fase motora e
geradora. Como o vídeo fala, a energia é pulsada, o que, na prática, significa que nos
intervalos dos pulsos a fonte está desligada e há geração de energia. Apesar do circuito
ser convencional, seu funcionamento é totalmente diferente do empregado em outros
motores. Quando há um equilíbrio entre essas fases, que é o ponto de ressonância, na
heurística da física keppeana, onde o motor atinge sua eficiência máxima.
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Por essa inovação tecnológica o Keppe Motor ganhou vários prêmios internacionais,
inclusive o da maior feira de eletrônica do mundo em Hong Kong:
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Fato noticiado em várias mídias por todo o Brasil, mas muito pouco repercutido por elas.
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Em primeiro lugar, é vendido como um motor mais eficiente, mas não que gera mais
energia do que consome. Em segundo lugar, ele emite pouco calor e não nada de calor,
como já esclarecido acima. Em terceiro lugar, não viola nem a primeira nem a segunda
lei da termodinâmica. Essa é uma questão difícil de explicar para leigos, mas vamos
tentar!
No caso de uma bomba de calor, o COP é a relação entre a energia térmica útil produzida
e o consumo de energia elétrica. Um COP de 2,5 significa que a bomba de calor fornece
2,5 vezes mais energia térmica ao sistema do que consome em energia elétrica. Ele não
faz isso criando energia ou sendo mais de 100% eficiente. Faz isso utilizando a energia
térmica já presente no ar exterior, no solo ou na água.
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https://greenbusinesswatch.co.uk/cop-vs-spf
Na fórmula técnica, COP é escrito como Q/W, onde Q é o calor gerado e W é a potência
utilizada. No exemplo acima, assumindo que 5kW é a saída de calor pela bomba de calor
e que gera isso usando 2kW de energia elétrica e 3kW de energia do ar externo. Então,
o COP da bomba de calor será 2,5. Nesse cálculo, a fonte principal de energia é a elétrica
(2kW), não sendo levada em conta a fonte de energia secundária que é o calor do
ambiente. O mesmo é verdade para uma bomba de calor geotérmica, mas a temperatura
do solo varia menos e não cai tão rapidamente no inverno.
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Temos também o exemplo da destilador:
https://www.ohio.edu/mechanical/stirling/engines/beta.html
Como se pode ver na figura, além da transferência de calor pelo ar entre o espaço de
compressão e expansão, o regenerador transfere calor diretamente da fonte quente
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(heater) para a fonte fria (cooler), aumentando, assim, a eficiência do motor. Se
computarmos a energia mecânica produzida pelo movimento do êmbolo dividida pela
energia térmica transferida pelo ar, mais a energia térmica transferida pelo regenerador,
temos η que é no máximo 1 segundo a primeira lei da termodinâmica. No entanto,
quando computamos o COP, não levamos em conta a energia transferida pelo
regenerador, portanto, elevando seu valor acima de 1 em geral (daí o termo overunity
utilizado para descrever eficiências maiores que 1).
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Em termos genéricos, temos:
O COP pode ser estendido por analogia a outros sistemas que não sejam térmicos
(elétricos, mecânicos etc.). A seguir temos o exemplo de um circuito elétrico regenerativo
de Paul Babcock (exemplos extraídos da palestra Open Systems thermodynamics,
proferida por Peter Linderman):
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Nos estudos realizados na Alemanha, foi calculado um COP de 1.2 para o protótipo OU-
04 testado, corroborando os princípios adotados. Esse resultado controverso necessita
de mais experimentos para sua confirmação definitiva, mas esses estudos foram
interrompidos em função dos altos custos envolvidos.
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Sem os ímãs adicionais: Potência elétrica consumida = 25 Watts.
Podemos ver que, quando adicionamos os ímãs, a potência elétrica consumida cai 5W.
Podemos raciocinar que esses 5 W são energia que vem de outra fonte de energia.
Nesse caso, os ímãs são essa fonte de energia. Mas, segundo Keppe, ímãs não
produzem energia (não é o metal do ímã que produz energia). O ímã simplesmente capta
a energia do espaço e a converte em magnetismo. Assim, podemos dizer que a energia
captada do espaço melhorou a eficiência do motor (mesmo que não seja overunity).
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Bom, essa é a opinião do autor... Para se reconhecer uma física da metafisica
desinvertida, em primeiro lugar, é necessário reconhecer que há uma física que tem seus
conceitos derivados da metafísica. Caso contrário, não há como argumentar. O próprio
Aristóteles já dizia que, se o mundo fosse apenas matéria, não haveria necessidade da
metafísica, pois tudo poderia ser explicado pela física, isto é, pelo movimento da matéria.
Será essa pretensão da ciência possível? Não creio.
A física invertida tem vários nomes para essa energia do espaço que seria o que os
antigos chamavam de “éter”. Como essa palavra se tornou tabu na ciência, são utilizados
outros nomes como energia do vácuo, energia do ponto zero, campos, potenciais,
energia escura, matéria escura etc. Mas, com certeza, para a compreensão desses
conceitos é necessária uma mentalidade metafísica.
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Responder aos comentários do autor realmente foi um trabalho penoso devido à postura
que adota. No entanto, aceitei esse “sacrifício” na esperança de que pessoas de
mentalidade aberta possam ler, esclarecer as dúvidas levantadas e apreciar o trabalho
da nova física de Keppe.
Alexandre Frascari
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