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BIOQUÍMICA CLÍNICA
DOCENTE
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BIOQUÍMICA CLÍNICA
DOCENTE
__________________________
INTEGRANTES DO GRUPO
Joel N. Luyeye
Junelma C. Júnior
Manuel F.D. César
Móises E. Cawele
Nelson S. André
Teixeira E. Joaquim
V
EPÍGRAFE
VI
LISTA DE ABREVIATURAS
AG – Ácidos Graxos.
Apo – Apolipoproteínas.
ATP – Adenosina Trifosfato.
CH – Carbono e Hidrogénio.
CT – Colesterol Total.
CV – Coeficiente de Variação.
DCV – Doenças Cardiovasculares.
EAS – European Atherosclerosis Society.
EFLM – European Federation of Clinical Chemistry and Laboratory Medicine.
FAP – Fatores Ativadores de Plaquetas.
g/l – gramas por litro.
HDL – high density lipoprotein /lipoproteína de alta densidade.
IDL – intermediary density lipoprotein/lipoproteína de densidade intermediária.
LDL – low density lipoprotein/ lipoproteína de baixa densidade.
MALDI-TOF – Matrix-Assisted Laser Desorption/Ionization Time-of-Flight.
mg/dl – miligramas por decilitro.
TG – Trigliceridos.
PGI2 – Prostaglandina 2.
POCT – Point-of-Care Testing.
TLR – Teste Laboratorial Remoto.
VLDL – very low density lipoprotein / lipoproteína de muito baixa densidade.
VII
SUMÁRIO
1. Introdução................................................................................................................................. 1
2. Objectivos................................................................................................................................. 2
4. Conclusão ............................................................................................................................... 21
VIII
1. INTRODUÇÃO
1
2. OBJECTIVOS
2.1. OBJECTIVO GERAL
Abordar acerca da avaliação Bioquímica das Dislipidemias.
2
3. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA
Os lipídios são moléculas formadas por ligações carbono-hidrogênio (C-H) não polares,
que após hidrólise formam moléculas de ácidos graxos e/ou álcoois complexos, sendo
transportados na forma de lipoproteínas (SCHIAVO, 2003 apud SERENINI, 2016)1.
1 . SCHIAVO, M. et. al. Influência da dieta na concentração sérica de triglicerídeos. J Bras Patol Med Lab, Rio de janeiro, v. 39, n.
4, p. 283-288, 2003.
2 WATSON, A. D.; Lipidomics: A Global Approach to Lipid Analysis in Biological Systems, Journal of Lipid Research, Los
2000.
3
e na superfície uma ou mais proteínas específicas denominadas apolipoproteínas (apo) (XAVIER,
2013 apud SERENINI, 2016)4.
4 XAVIER H. T., et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose.
Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 101, p.1-22, 2013.
5 11. BURITIS, C. A.; ASHOOD, E. R.; BRUNS, D. E; Tietz, Fundamentos de química clínica, 6ªed. , Rio de Janeiro, Elsevier,
2008.
6 XAVIER H. T., et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose.
A LDL tem em sua estrutura apenas a apoB-100 e uma pequena porção de TG, sendo
constituída principalmente por colesterol e conta com receptores específicos (LDL-R) para sua
captura por células hepáticas e periféricas. A expressão de tais receptores interfere diretamente nos
níveis plasmáticos do colesterol, sendo a expressão maior, com a redução do colesterol intracelular.
A forma oxidada da LDL está associada ao início da aterosclerose. Uma vez oxidada, torna-
se um agente quimiotático para monócitos, sendo mais facilmente captada por receptores de
macrófagos que se transformam em células espumosas e estimulam o processo inflamatório na
parede dos vasos. Estas são tóxicas para as células endoteliais e promovem a sua vasoconstrição
por inativação dos efeitos do óxido nítrico (NO), ativam as plaquetas e também estimulam a
multiplicação de células musculares lisas (LIMA & COUTO, 2006 apud SERENINI, 2016)9.
Uma das ferramentas para mensuração dos níveis séricos de LDL é a equação de
Friedwald: LDL = CT – (HDL + TG/5), sendo categorizados como ótimo, desejável, limítrofe,
alto e muito alto, os valores de 99 mg/dL, 100 a 129 mg/dL, 130 a 159 mg/dL, 160 a 189 mg/dL e
acima de 190 mg/dL, respectivamente.
7 SCHIAVO, M. et. al. Influência da dieta na concentração sérica de triglicerídeos. J Bras Patol Med Lab, Rio de janeiro, v. 39, n.
4, p. 283-288, 2003.
8 CAMACHO, C. R.C et al. Aterosclerose, uma resposta inflamatória. Arq Ciênc Saúde, Botucatu, v. 14, n. 1, p. 41-48, 2007.
9 24. LIMA, E. S. & COUTO, R. D. Estrutura, metabolismo e funções fisiológicas da lipoproteína de alta densidade. J Bras Patol
Além disso, o HDL participa na proteção endotelial por meio da inibição do estresse
oxidativo, da expressão de moléculas de adesão celular, da ativação leucócitária, produção de NO
e coagulação. Seu efeito protetor também está relacionado com a capacidade de reduzir a oxidação
da LDL, gatilho para o processo de aterosclerose. Receptores SR-B1 captam o colesterol do HDL
levando-o até o fígado. O HDL, em concentrações fisiológicas, estimula a produção de
prostaglandina (PGI2), sendo essa produção dependente da enzima ciclooxigenase. As
prostaglandinas favorecem grande parte dos eventos protetores do vaso como a vasodilatação,
redução na ativação plaquetária e liberação de fatores de crescimento responsáveis pela
proliferação de células musculares lisas (IDEM).
3.1.1. Apolipoproteínas
Apolipoproteínas (apo) é um termo que denomina o componente proteico das lipoproteínas
sendo classificadas em apo A (apoA-I, apoA-II e apoA-IV), apo B (apoB-100 e apoB-48), apo C
(apoC-I, apoC-II, apoC-III) e apo E. As apolipoproteínas possuem papéis fisiológicos importantes
por participarem do metabolismo das lipoproteínas formando partículas lipoprotéicas, apoB-100 e
apoB48, por se ligarem em receptores de membranas, apoB-100 e apoE, e por atuarem como
cofatores enzimáticos, apoC-II, apoC-III e apoA-I. As apo B e A representam de forma mais
fidedigna as placas aterogênicas e não aterogênicas uma vez que a apo B é a principal
apolipoproteína constituinte das VLDL, IDL e LDL e a apo A o principal constituinte do HDL
(IDEM).
10 NOVAK, E. M.; BYDLOWSKI, S. P. Biologia Molecular das dislipidemias. Variação Genética das apolipoproteínas. Arq Bras
Cardiol, São Paulo, v. 67, n. 6, 1996.
11 LIMA, E. S. & COUTO, R. D. Estrutura, metabolismo e funções fisiológicas da lipoproteína de alta densidade. J Bras Patol Med
Níveis plasmáticos diminuídos de apoA-I e HDL estão associados ao aumento do risco para
doenças cardiovasculares, e a diminuição das concentrações destes marcadores pode estar
associada a uma mutação no gene da apoA-I que leva a uma deficiência da molécula de HDL (26).
Até o momento, a mensuração sérica das concentrações de apoA, faz-se somente pela determinação
da apoA-I, e não pela determinação de todas categorias de apoA e, os valores desejados para
mulheres devem ser maiores que 1,15 g/L e para os homens que 1,25 g/L (28). A apoB é o principal
componente da LDL (26), apresenta-se como apoB-48 e apoB-100, sendo a primeira sintetizada no
intestino e encontrada principalmente nos quilomícrons e seus remanescentes e, por não estar
presente na VLDL, é um bom marcador de QM plasmáticos (IDEM).
Estrutura da lipoproteína.
Fonte: docplayer.com.br
1228. FORTI, N.; DIAMENT, J. Apolipoproteínas B e A-I: fatores de risco cardiovascular?. Rev. Assoc. Med. Bras., São Paulo, v.
53, n. 3, p. 276-282, Jun. 2007.
7
3.1.2. Metabolismo das lipoproteínas
A via exógena inicia-se com a atuação das lipases pancreáticas que hidrolisam e
emulsificam os lipídeos. A lipase lipoproteica localizada no endotélio de capilares do tecido
muscular e adiposo hidrolisa os quilomícrons circulantes, anteriormente produzidos nos enterócitos
e os TG que os compõe produzindo AG e gliceróis, sendo os AG resultantes dessa lipólise
utilizados pelos tecidos periféricos ou armazenados nos adipócitos (IDEM).
A via endógena é caracterizada pela síntese hepática, fase não relacionada com a absorção.
Nessa via os AG livres são transportados dos adipócitos para os tecidos periféricos principalmente
pela albumina e, então, tornam-se fonte de energia após processo de oxidação (32). A síntese
hepática de VLDL é dependente da ação da proteína de transferência de triglicérides microssomal
que transfere os TG para a apolipoproteína B. A lipase lipoproteica hidrolisa os TG das VLDL que
se transformam em remanescentes sendo removidos pelo fígado para formar IDL e, posteriormente,
as LDL (XAVIER, 2013 apud SERENINI, 2016)14.
O equilíbrio dos níveis séricos de colesterol é determinado por fonte exógena e síntese
hepática, sendo o passo limitante a enzima HMG-CoA redutase, fundamental na síntese do
13 AZ, Juliana dos Santos et al.. Ácidos graxos como marcadores biológicos da ingestão de gorduras. Rev. Nutr., Campinas, v. 19,
n. 4, p. 489-500, Ago. 2006.
14 XAVIER H. T., et al. Sociedade Brasileira de Cardiologia. V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose.
3.2. DISLIPIDEMIAS
Este problema de saúde pode ser causa de alteração arterial, gerando complicações,
principalmente em pacientes adultos, sendo na prática diária motivo de consultas em especialidades
como cardiologia, endocrinologia, geriatria e também em pediatras. O tratamento visa em prevenir
as complicações, sempre incluindo a adequação de estilos de vida (BERTOLAMI, 2014 apud
AGUILERA, 2016)17.
As dislipidemias são consideradas como o aumento dos lípidos no sangue, acima de seus
valores de referência estabelecidos (FERNANDES,2011 apud AGUILERA, 2016)18.
15 ZHANG, H. et.al., Cholesterol and lipoprotein metabolism, Arteioscler Tromb Vasc Biol, Pennsylvania, v. 34, p. 1791-1794,
2014.
16
BEVILACQUA, M. R. et al. Hiperlipidemias e fatores dietéticos: estudo transversal entre nipo-brasileiros. Arq. Bras. Endocrinol.
Metab, São Paulo, v. 51, n. 4, p. 547- 558, Junho 2007.
17
BERTOLAMI, A.; BERTOLAMI, M. C. Dislipidemias / Dyslipidemias. Revista Brasileira de Medicina;71(12), dez. 2014.
18
Fernandes, R. A. Prevalência de dislipidemia em indivíduos fisicamente ativos durante a infância, adolescência e idade adulta.
Arq. Bras. Cardiol. vol.97 no.4 São Paulo Oct. 2011 Epub Aug 05, 2011.
19 XAVIER, H. T. et al .V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose.
9
A DAC é considerada a principal causa de morte no Brasil, existem evidencias de que o
colesterol elevado é considerado o principal fator de risco modificável, fundamentalmente a
redução de LDL-c através de mudanças de estilo de vida e tratamento farmacológico, tendo isto
uma boa repercussão na redução de eventos coronários agudos (XAVIER, 2013 apud AGUILERA,
2016)20.
As dislipidemias têm várias classificações, mas na prática médica as mais utilizadas são de
acordo a sua etiologia e classificação laboratorial. De acordo a sua etiologia podem ser primárias e
secundárias, sendo as primárias originadas por distúrbios lipídicos de origem genético e as
secundárias são causadas por estilos de vida inadequados, doenças e medicamentos
(BERTOLAMI, 2014 apud AGUILERA, 2016)21.
Causas primárias: são aquelas nas quais o distúrbio lipídico é de origem genética.
11
lipoproteínas e receptores e na expressão de diversas enzimas. Os principais tipos de dislipidemias
com forte componente genético serão apresentados em situações especiais.
A dislipidemia não sempre tem sinais clínicos, mas na literatura se relata que pode ocorrer
presença de xantomas nas pálpebras, xantomas eruptivos e tuberosos, tendíneos, estrias de cor
alaranjada localizadas na palma das mãos, o arco corneano, alterações retiniana. Também se
descreve que a pancreatite pode ser uma complicação das dislipidemias (IZAR, 2011 apud
AGUILERA, 2016)23.
O tabagismo, a pressão arterial elevada, glicemia elevada e a obesidade tem uma estreita
relação com o desenvolvimento de transtornos do metabolismo lipídico, se considerou também sua
relação com o consumo de alimentos ricos em gordura animal, embutidos, frituras e ovos. Neste
estudo a idade e o sexo também foram considerados fatores de risco (MIRANDA, 2010 apud
AGUILERA, 2016)24.
Num estudo feito por Lidia (2015) também demostrou a relação das Hiperlipidemias com
o sobrepeso e a obesidade, a relação direta que existe com a idade, sem diferença entre os sexos,
não estando bem estabelecido na literatura a diferença entre gêneros. Também este estudo
demostrou o efeito positivo do consumo regular de feijão (ou seja, cinco dias o mais por semana)
com a diminuição da prevalência deste transtorno lipídico. Outro estudo feito em Ribeirão Preto
concluiu a importância de políticas públicas de intervenção, encaminhadas a mudanças de estilo de
23 IZAR, M. C de O; Fonseca, M. I. H; Fonseca, F. A H. Dislipidemias / Dyslipidemias. Rev Bras Med; 68(12)dez. 2011 .
24 Miranda, T. V.de et al. Análise dos fatores associados à dislipidemia / Analysis of factors associated with dyslipidemia. Rev.
para. med; 24(3/4) jul. Dez. 2010.
25 CÉZANE, P. R.et al. Dislipidemia Associa-se com Falta de Aptidão e SobrepesoObesidade em Crianças e Adolescentes. Arq.
Bras. Cardiol. vol.106 no. 3 São Paulo Mar. 2016 Epub Feb 16, 2016.
12
vida (alimentação 20 saudável e prática de exercício físico) o controle da obesidade e sobrepeso
para reduzir a prevalência de dislipidemia (MORAES, 2013 apud AGUILERA, 2016)26.
26MORAES, S. A.; Checchio, M. V; Freitas I. C. M. Dislipidemia e fatores associados em adultos residentes em Ribeirão Preto,
SP. Resultados do Projeto EPIDCV. Arq. Bras. Endocrinol. Metab. vol.57 no.9 São Paulo Dec. 2013.
13
CT, HDL-c e Apolipoproteínas (ApoAI e ApoB), pois o estado pós-prandial não interfere na
concentração destas partículas (IDEM).
Vale ressaltar que o período de jejum de 12 horas não representa nosso estado metabólico
normal, pois não ficamos constantemente neste tempo sem nos alimentar. Como já está bem
sedimentado na literatura, valores aumentados de triglicerídeos no pós-prandial representam um
maior risco para eventos cardiovasculares (IBIDEM).
Alguns autores anteciparam que o fim do jejum para o perfil lipídico seria indicado para a
rotina laboratorial. Duas publicações em 2016 recomendaram o fim do jejum para o perfil lipídico:
o consenso da European Atherosclerosis Society (EAS) e da European Federation of Clinical
Chemistry and Laboratory Medicine (EFLM) e outra publicação americana. Esta quebra de
paradigma traz para a rotina o estado metabólico habitual dos pacientes. A concentração de TG
sofre um incremento nesta mudança e, como descrito anteriormente, a elevação dos triglicerídeos
no estado pós-prandial é indicativa de maior risco cardiovascular. Pacientes idosos, diabéticos,
gestantes e crianças devem se beneficiar do fim do jejum, evitando hipoglicemias secundárias ao
jejum prolongado (CARDIOLOGIA, 2017).
Existem vários métodos disponíveis e utilizados na rotina dos laboratórios clínicos, mas
alguns ainda são restritos à pesquisa. A ultracentrifugação é o método de referência para a
separação das diferentes lipoproteínas, sendo sua classificação derivada deste método. Ela se baseia
na propriedade de flutuação das partículas em relação às suas densidades de equilíbrio em campo
gravitacional intenso. Por ultracentrifugação, é possível separar grande parte das lipoproteínas:
LDL, IDL, Lp(a), HDL e VLDL, além dos quilomícrons. O método, apesar de todas estas virtudes,
não é adequado à rotina laboratorial, por ser muito caro e moroso. Assim, é restrito a protocolos de
pesquisa.33 A espectroscopia por ressonância magnética e a espectrometria de massas com a
técnica de MALDI-TOF (Matrix-Assisted Laser Desorption/Ionization Time-of-Flight) são
14
métodos também restritos à pesquisa, que podem ser utilizados para mensuração das
lipoproteínas.34-36
Já para o HDL-c, podem-se encontrar variações de até 15% entre os métodos disponíveis.
Estes métodos constituem a melhor opção por apresentarem muito boa sensibilidade e
especificidade, simplicidade operacional, baixo custo e possibilidade de automação em
laboratórios clínicos. Para o LDL-c, existem duas opções: o cálculo ou a dosagem direta. Ainda
hoje, a maior parte dos laboratórios pelo mundo utiliza para o cálculo a fórmula de Friedewald
descrita em 1972 e que apresenta muitas limitações em sua utilização. A concentração dos
triglicerídeos deve ser menor que 400 mg/dL, e valores acima de 100 mg/ dL de TG já começam a
subestimar os valores de LDL quando comparados à ultracentrifugação. Outra limitação ao uso da
fórmula é que as amostras não devem conter beta-VLDL, característica da hiperlipoproteinemia
tipo III. Quando uma ou mais das condições anteriores não são cumpridas, a fórmula não pode ser
utilizada.
A utilização do não HDL-c também serve como parâmentro para avaliação das
dislipidemias, que pode ser obtido subtraindo o valor de HDL-c do valor de CT (não HDL-c = CT
- HDL-c). Este parâmetro pode ser utilizado na avaliação dos pacientes dislipidêmicos,
principalmente naqueles com concentrações de triglicerídeos superiores a 400 mg/dL.39
15
Os métodos de turbidimetria e nefelometria são rotineiramente utilizados para dosagem de
grande parte das proteínas plasmáticas e amplamente usados para a dosagem das apolipoproteínas.
Estes métodos apresentam boa correlação entre eles e um CV abaixo de 10%. A acurácia na
determinação dos valores do perfil lipídico é fundamental, pois os alvos terapêuticos (valores
referenciais) são os mesmos utilizados por todos os laboratórios. O treinamento do pessoal técnico,
o processamento dos controles de qualidade e a adequada calibração dos equipamentos
automatizados são fundamentais para a manutenção de elevados níveis de precisão e exatidão das
dosagens.
Para o perfil lipídico é indispensável a limpeza do dedo com o álcool isopropílico 70%,
para retirar resíduo de gordura natural ou de cremes cosméticos, e a pipeta calibrada, para transferir
a amostra para a tira de teste. Em geral, os dispositivos TLR podem ter maior variabilidade em
relação aos equipamentos encontrados nos laboratórios clínicos. Estas diferenças analíticas podem
ser devidas a uma combinação de variações ambientais, como temperatura, umidade, uso de uma
16
amostra de sangue total e treinamento de operadores individuais. O desempenho do sistema TRL
é considerado aceitável se o CV estiver nos valores de ± 10% (CT), ± 12% (HDL-c) e ± 15% TG.41
Para decidir qual o melhor equipamento POCT a ser utilizado, devem-se verificar a exatidão
e a precisão, realizando a validação do equipamento, sempre em comparação com um laboratório
clínico acreditado, para verificar a efetividade desta metodologia, rápida e prática.42 Avaliando as
alternativas no mercado para implantação do perfil lipídico na plataforma POCT, é vantajoso
utilizar o equipamento que possui a análise completa do perfil lipídico, incluindo o HDL-c,
viabilizando o cálculo do não HDL-c.
Variação intraindividual
Esta atualização sugere que os valores referenciais e de alvo terapêutico do perfil lipídico
(adultos > 20 anos) sejam apresentados de acordo com o estado metabólico que antecede a coleta
da amostra, sem jejum e com jejum de 12 horas. Assim, os valores referenciais e de alvo
terapêutico, obtidos de acordo com a avaliação de risco cardiovascular estimado pelo médico
solicitante, são apresentados na tabela 2 e devem constar dos laudos laboratoriais, em todo o
17
território nacional, para que se obtenha uniformidade no tratamento das dislipidemias.25 É
importante ressaltar que esta atualização sugere ainda a inclusão de um texto observando que
valores de CT ≥ 310 mg/dL (para adultos) ou CT ≥ 230 mg/dL (crianças e adolescentes) podem ser
indicativos de HF, se excluídas as dislipidemias secundárias.43
A HF é a mais comum entre as dislipidemias e seus portadores têm 20 vezes mais risco de
morte precoce por DCV.
O tratamento das dislipidemias pode ser farmacológico e não farmacológico e tem como
objetivo evitar as complicações. O tratamento deve ser baseado na estratificação de risco
cardiovascular em cada indivíduo, por isso as intervenções terapêuticas podem ser mais e menos
agressivas. A agressividade do tratamento deve estar presente em pessoas que apresentam doença
arterial significativa ou doenças preexistentes tais como: diabetes mellitus, insuficiência renal
crônica e hipercolesterolemia familiar. Os usuários que não apresentam estas situações clínicas
mencionadas se recomenda o emprego de escore de risco global de framingham (BERTOLAMI,
2014 apud AGUILERA, 2016)27.
A dieta tem que ter uma composição adequada, que seja agradável ao paladar do indivíduo,
portanto a orientação nutricional é fundamental para o sucesso do tratamento (XAVIER,2013).
27
BERTOLAMI, A.; BERTOLAMI, M. C. Dislipidemias / Dyslipidemias. Revista Brasileira de Medicina;71(12), dez. 2014.
28 XAVIER, H. T. et al .V Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose.
29 SPOSITO, A. C. et al. IV Diretriz Brasileira de Dislipidemias e Prevenção da Aterosclerose.
18
Tratamento farmacológico
Dentre os medicamentos utilizados estão as estatinas, e seu efeito começa após duas
semanas de uso. Hoje são considerados medicamentos de primeira escolha para tratar a
hipercolesterolêmica isolada, estão contraindicados em pacientes com doenças hepáticas ativas ou
graves. Os comprimidos sempre devem ser ingeridos após jantar (IZAR, 2011).
Recomenda-se o uso de ácido fólico de 5mg por dia, para evitar deficiências vitamínicas
(IZAR, 2011 apud AGUILERA, 2016)31.
Os fibratos diminuem os níveis de triglicerídeos e das VLDL em 70%. Não devem ser
utilizados em mulheres grávidas ou em aleitamento materno, também não deve ser utilizada em
pacientes com alterações da função hepática e renal. Considera-se a droga de primeira escolha no
tratamento das Hipertrigliceridemia endógena, disbetalipoproteinemias mistas (IDEM).
Após uma breve explanação do nosso tema “avaliação bioquímica da dislipidemia”, tendo
cumprido os objectivos por nós traçados, concluimos que a dislipidemia é um transtorno
metabólico que ocorre quando os níveis circulantes de lipídios estão aumentados na circulação
sanguínea.
E que a avaliação dos parâmetros lipídicos é feita em duas fases, pré-analítica e analítica.
21
5. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
22