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Ansiedade competitiva e desempenho: teorias e evidências

empiricas

Marcelo Callegari Zanetti – Universidade Paulista / Universidade São Judas Tadeu


Afonso Antonio Machado - Universidade Estadual Paulista
Altair Moioli - Universidade Paulista
Maria Regina Ferreira Brandão - Universidade São Judas Tadeu
Graziela Néspoli Feltran - Universidade São Judas Tadeu
Marcos Gimenes Fernandes - Universidade Estadual de Santa Cruz
Sandra Adriana Neves Nunes - Universidade Federal do Sul da Bahia

Introdução

A ansiedade é um fenômeno que faz parte da experiência humana, o que significa


dizer que todos nós experimentamos algum nível de ansiedade em algum momento de nossas
vidas. Para Weinberg e Gould (2015), ansiedade é um estado emocional complexo que
engloba sentimentos de nervosismo, preocupação e apreensão associados com ativação
(arousal) do corpo. Já para Woodman et al. (2009), a ansiedade tem sido um foco
particularmente importante em Psicologia do Esporte por quase meio século, recebendo muito
mais atenção do que outras emoções ou mecanismos psicológicos. Apesar da relevância dessa
temática, fica evidente a necessidade de maior entendimento e elucidação de sua ação no
contexto esportivo, tarefa essa que será iniciada à partir de sua conceituação.
Em relação ao termo “ansiedade” há uma série de conceituações propostas por
diferentes autores, que serão apontadas cronologicamente. Para Grünspun (1966), todos os
seres humanos sofrem, desde o nascimento, de certo grau de ansiedade, que é capaz de
preparar o indivíduo para suportar a ansiedade comum que a vida lhe causará nos anos
subsequentes. Viscott (1982) sugere que a ansiedade é o medo de perder algo, seja este real ou
imaginário, e que seu grau dependerá da severidade da ameaça e da importância da perda para
o indivíduo, ou seja, se o valor atribuído à vitória for muito alto, poderá elevar
demasiadamente o nível de ansiedade. Já André e Laurencelle (2010) apontam que dentro da
literatura esportiva a ansiedade pode ser considerada como um freio ao desempenho ou, ao
contrário, como um motor da ação.
De acordo com Cozzani et al. (1997), a ansiedade é um sentimento de insegurança
causado por expectativa de algum perigo, ameaça ou desafio existente. Para Marti (2000), a
ansiedade é um estado emocional desagradável de medo ou apreensão, quer na ausência de
perigo ou ameaça identificável, quer quando a mesma alteração emocional é claramente
desproporcionada em relação à intensidade real do perigo. Já Machado (2006) aponta que é a
resposta emocional determinada de um acontecimento, que pode ser agradável, frustrante,
ameaçador, entristecedor e cuja realização ou resultados depende não apenas da própria
pessoa, mas também de outros.
Deixando um pouco de lado a definição da temática, podemos encontrar algumas
implicações atreladas à ansiedade, tais como as apontadas por Samulski (2002), que considera
ainda, que nos momentos que antecedem a competição, o atleta se encontra em estado de
intensa carga psíquica. Este estado caracteriza-se pela antecipação da competição, e
consequentemente, antecipa as oportunidades, riscos e consequências. Esta fase é denominada
de estado pré-competitivo e frequentemente é acompanhada de medo, temor, insegurança e
incerteza, sentimentos típicos de um grande nível de ansiedade. Ré et al. (2004) também
apontam que quanto mais importante for o evento, mais gerador de ansiedade ele será.
Portanto, a disputa de uma final de campeonato geraria maior ansiedade do que um jogo
normal da temporada.
Outro importante e controverso ponto relacionado à ansiedade parece ser sua relação
com o desempenho esportivo, como sugerido por Gouvêa (1997), que acredita que a
ansiedade estaria intimamente ligada ao comportamento motor e ao desempenho esportivo.
Nessa mesma linha, Magill (1998) considera que as tarefas de alta complexidade são
melhores desempenhadas com níveis baixos de ansiedade, ao passo que tarefas menos
complexas exigem níveis mais elevados para o ótimo desempenho. Porém, como as
habilidades esportivas apresentam diferentes níveis de complexidade, pode-se considerar que
diferentes modalidades exigem níveis de ansiedade distintos para o ótimo desempenho.
Oxendine (1970) também aponta na mesma direção ao sugerir que níveis elevados de
ansiedade prejudicam o desempenho em comportamentos com alta demanda de precisão, ao
passo que, para comportamentos que não demandam precisão, mas sim velocidade e
resistência muscular, níveis de ansiedade estado altos seriam mais efetivos. Mas, para Moraes
(1990) a relação entre ansiedade e desempenho parece variar de acordo com outros fatores,
tais como: tipo de esporte, dificuldade da tarefa, traço de personalidade do atleta, ambiente e
torcida.
Nesse sentido, Machado (2006) aponta que um dos fatores que interferem, minutos
antes da competição são as torcidas e a mídia que podem elevar muito o grau de ansiedade do
atleta, que acaba refletindo muito no desempenho. Ainda para este autor, a atuação do jogador
depende da avaliação dada pelo torcedor. A torcida interfere no rendimento do atleta com
críticas verbais ou insinuações sobre seu rendimento em outras partidas e isso acaba
confrontando com a sensibilidade do atleta em momentos de concentração, refletindo em
desempenho negativo. Porém, segundo Machado (1997), para conseguir bons resultados em
uma competição, o atleta deverá manter sua atenção sempre focada na competição. Em
situação de ansiedade alta, pode ocorrer desatenção, o que afetará o seu desempenho
esportivo, mas, um nível baixo de ansiedade possibilita a manutenção de um grau mais alto de
atenção.
Já, Guzmán et al. (1995) e Frischknecht (1990) acreditam que certamente, nas
competições esportivas, um alto nível de ansiedade é fator interveniente no desempenho
esportivo. A sintomatologia da ansiedade produz efeitos negativos no rendimento e
aprendizado do atleta como a inibição de suas habilidades motrizes finas, a diminuição da
capacidade de tomada de decisão, entre outros. Para esses autores, os sintomas podem ser
tanto físicos quanto psíquicos:

• Físicos: aceleração da frequência cardíaca, aumento no consumo de oxigênio,


aumento da pressão sanguínea, aumento da tensão muscular, dificuldades
respiratórias, sudorese, enjoos, delírio, náuseas, frequeza e boca seca;
• Psíquicos: desconfiança, pensamentos negativos, preocupação, irritabilidade,
dificuldades em estabelecer atenção, aumento de conflitos pessoais, diminuição da
capacidade de processar a informação, alterações de pensamento, diminuição do
comportamento de autocontrole, cansaço, insônia, dificuldades de relaxar, distração e
irritação.

Porém, apesar de uma série de apontamentos sobre a relação ansiedade e desempenho,


para Englert e Bertrams (2012), o efeito da ansiedade no desempenho esportivo ainda não foi
suficientemente investigado, mas, para Fernandes et al. (2013), os estudos que investigaram a
relação entre ansiedade e desempenho encontraram correlações positivas entre rendimento e
autoconfiança e negativas entre ansiedade cognitiva e somática. Além disso, a análise da
relação entre a ansiedade entre diferentes grupos parece fornecer informações importantes:
atletas do sexo feminino e de esportes coletivos evidenciaram níveis superiores de ansiedade
cognitiva, enquanto atletas masculinos e com alta experiência competitiva reportaram maiores
níveis de autoconfiança. Souza, Teixeira e Lobato (2012) também concluíram que atletas do
sexo feminino, os mais jovens e aqueles com menor experiência competitiva apresentam
maiores níveis de ansiedade-estado, somática e cognitiva, mulheres apresentam maiores
índices de ansiedade-traço competitiva, assim como atletas mais jovens. Já, para Neil et al.
(2012), a intensidade e a interpretação dos sintomas de ansiedade pré-competitivos estão
intimamente ligados ao desempenho esportivo, com influência de uma série de fatores, tais
como: sexo, nível de habilidade, personalidade, neuroticismo, ambiental (tipo de esporte,
local do jogo) ou de natureza social (nível de coesão da equipe).
Outro aspecto relativo à ansiedade é descrito por Spielberg (1966), que aponta haver
dois tipos de ansiedade: ansiedade estado e ansiedade traço, na qual, ansiedade estado seria
caracterizada por sentimentos de apreensão e tensão de uma situação especifica,
acompanhados por ou associados à ativação do sistema nervoso autônomo, enquanto a
ansiedade traço (relacionada a personalidade) esta relacionada à predisposição do indivíduo a
manifestar ansiedade na maioria das situações da vida. Liebert e Morris (1967) também
dividiram a ansiedade em cognitiva e somática, sendo que, a ansiedade cognitiva estaria
relacionada a pensamentos duvidosos, expectativas e autoavaliação, já a ansiedade somática
referiria a auto-percepção dos elementos fisiológicos, diarréias, aumento da pressão arterial e
de batimentos cardíacos, tensão muscular, perda do controle motor, tremedeira, suor na mão e
palidez facial.
Após os primeiros apontamentos e conceituações do termo “ansiedade” por diferentes
autores, exploraremos as diferentes teorias relacionadas à ativação e ansiedade no contexto
esportivo.

Teorias explicativas da ansiedade e desempenho

A partir de agora, apresentaremos os modelos teóricos clássicos da Psicologia do


Esporte que explicam como se dá a relação entre ansiedade e desempenho. Ao final de cada
modelo, elencaremos algumas críticas que a eles têm sido direcionadas.

A Teoria do Drive
Esta foi uma das primeiras tentativas para explicar como a ansiedade de um indivíduo
afetaria e seu desempenho. Proposta inicialmente por Hull (1943) e, posteriormente,
reformulada por Spence e Spence (1966), essa teoria defende que o desempenho resulta de
uma equação que multiplica o hábito pelo drive (D = h x d), onde D é o desempenho, o “h” é
a prática habitual ou o hábito e “d” é o drive que se define por ativação fisiológica. Deriva-se
da teoria a ideia de que, em indivíduos ainda em fase de aprendizagem (com pouca prática
habitual), a ativação pode não exercer efeitos sobre o desempenho, mas para indivíduos
habilidosos, quanto maior for a ativação fisiológica (drive), melhor será o desempenho. Como
é possível perceber, para essa teoria a ansiedade tem uma relação linear positiva com o
desempenho (Figura 1).
Como uma teoria inicial no estudo da relação entre ansiedade e desempenho é natural
que tenha algumas limitações, a saber: alguns atletas profissionais, e, portanto habilidosos,
relatam que níveis muito elevados de ativação fisiológica ou mesmo de ansiedade foram
prejudiciais para o seu desempenho (MAHONEY; MEYERS, 1989); ii) é uma teoria
simplista para explicar o desempenho esportivo (FISHER, 1976); iii) falta de evidência
empírica, ou seja, de estudos que deem suporte para a teoria (MARTENS, 1974); iiii) a Teoria
não explica a relação entre ansiedade e desempenho em tarefas complexas (WEINBERG,
1979). Sendo assim, parece que essa teoria é limitada para explicar a complexidade envolvida
na relação entre ansiedade e desempenho.
Desempenho

Ativação
Figura 1 - Teoria do Drive para uma relação linear positiva entre ansiedade (ativação) e
desempenho

A Hípotese do U-invertido

Uma perspectiva teórica, que de certa forma, possibiltou uma alternativa com relação
ao descontetamento da comunidade ciêntifica referente à Teoria do Drive no estudo da
relação entre ansiedade e desempenho foi a Teoria do U-invertido (YERKES;
DODSON,1908). Para essa teoria, contrariamente a Teoria do Drive, a ativação é benéfica ao
desempenho até um certo ponto, a partir do qual a ativação torna-se progressivamente
prejudicial ao desempenho (figura 2). Essa teoria encontrou uma boa aceitação para seus
princípios por parte dos treinadores e atletas, pelo fato, o qual parece evidente, que o atleta
não pode estar “pouco” ativado e, também, não pode estar “excessivamente” ativado; ele
precisa encontrar um nível de ativação ideal para o seu desempenho.
É justamente com relação ao cálculo desse nível ideal de ativação que essa teoria
recebe uma forte crítica. Geralmente, a determinação desse escore ótimo de ativação
(ansiedade) dá-se pelo cálculo da média de diversos escores de vários atletas. E essa média dá
uma ideia equivocada de que há um escore geral do melhor nível de ativação para
desempenho, desconsiderando a variabilidade que existe entre cada atleta. Em outras palavras,
o nível ótimo de ativação, que tende a maximizar o desempenho, varia de atleta para atleta.
Outra criítica, de acordo com Cruz (1994), é que essa teoria foi apoiada por diversos estudos
com vários problemas no âmbito metodológico, conceitual e prático. Por exemplo, alguns
autores criticam a própria base conceitual da teoria na medida em que o estudo de Yerkes e
Dodson (1908), que deu suporte à teoria, envolveu de fato a investigação das relações entre a
aprendizagem de tarefas simples e a intensidade de um estímulo aversivo (choque elétrico)1,
não incluindo assim a ativação. Do ponto de vista prático, questiona-se a teoria porque foi
observado que decréscimos da ansiedade (ou dos níveis de ativação), após os atletas
ultrapassarem o seu nível ótimo, não correspondem a melhorias crescentes no rendimento.
Isso para Krane (1992) indica que a teoria não apresenta validade preditiva em situações reais.

Ótima ativação
Desempenho

Ativação

Figura 2. A hipótese do U-invertido para a relação entre ansiedade (ativação) e


desempenho


1
Yerkes e Dodson (1908) estudaram a influência da intensidade do estímulo aversivo no
desenvolvimento de hábitos em ratos, empregando uma tarefa de discriminação num labirinto. Eram
aplicados choques eléctricos de intensidade variada para a estimulação e também se manipulava a
iluminação mudar o nível de dificuldade de discriminação. Os investigadores concluíram que o
aumento na intensidade dos choques aumentavam a taxa de aprendizagem até um certo ponto (de
intensidade moderada), para além do qual os aumentos na intensidade prejudicavam a aprendizagem.
Teoria da Zona Ótima de Funcionamento Individual

A crítica à falta de consideração da Teoria do U-invertido com relação à variabilidade


entre os atletas no nível ótimo de ativação para o melhor desempenho foi, de certa forma,
resolvida pela formulação da Teoria da Zona Ótima de Funcionamento Individual (HANIN,
1986). Para esse autor, há um nível ótimo de ansiedade-estado que possibilita ao atleta ter o
seu melhor desempenho (figura 3), e o funcionamento ótimo é quando o atleta utiliza a
ansiedade-estado como facilitadora e otimizadora do seu desempenho.
De acordo com essa teoria, é possivel calcular os níveis ótimos de ansiedade-estado de
cada atleta, o qual foi denominado de Zona de Funcionamento Ótimo (ZFO), de duas formas:
i) avaliação sistemática da ansiedade estado competitiva relacionada a um bom desempenho;
ii) avaliação retrospectiva da ansiedade estado associado a um bom desempenho. Embora a
avaliação da ansiedade-estado no presente seja o mais indicado para o cálculo para determinar
a Zona de Funcionamento Ótimo, é possível encontrá-la avaliando a ansiedade-estado de
forma retropectiva, quando não é possivel avaliar a ansiedade em determinadas competições.
A ZFO é calculada obtendo-se um escore médio de ansiedade estado antes de um
excelente desempenho. Após obter esse escore médio, adicionamos quatro pontos a esse
escore médio como limite superior e subtraímos quatro pontos do mesmo escore médio para o
limite inferior. Por exemplo, se a atleta teve como média de ansiedade estado associada a um
ótimo desempenho de várias competições igual a 20, o limite superior da ZOF será 24 e o
limite inferior será de 16, portanto, a ZOF desse atleta irá situar-se entre 16 e 24.

Atleta A Atleta B Atleta C


Desempenho

Ansiedade
Figura 3. Zonas Ótimas de Funcionamento Individual para três atletas

Apesar dos avanços em relação ao modelo anterior, o Modelo ZOF também sofreu
algumas críticas, principalmente por não ter uma base teórico-conceitual explícita e por se
basear numa conceitualização unidimensional da ansiedade (JONES, 1995). Jones (1995) e
Swain (1992) também criticam esta abordagem em virtude do fato de ela não permitir uma
percepção direcional da ansiedade, ou seja, por não levar em consideração que o mesmo nível
de intensidade de ansiedade num indivíduo, em duas ocasiões diferentes, pode não estar
associado ao mesmo nível de rendimento, uma vez que atleta interpreta as consequências
facilitadoras/dificultadores do rendimento de forma diferente.

Teoria Muldimensional do Estado de Ansiedade Competitiva

Segundo Martens et al. (1990), a ansiedade competitiva enquadra-se numa perspectiva


multidimensional tal como é descrita na Teoria Muldimensional do Estado de Ansiedade
Competitiva. Para essa teoria há uma distinção conceitual entre os componentes da ansiedade
(cognitivo e somático), o qual tem sido um avanço no estudo da ansiedade. Baseado nesta
distinção conceitual, a ansiedade cognitiva é definida como “o componente mental da
ansiedade e é causada por expectativas negativas sobre o seu desempenho e por
autoavaliações negativas” (MARTENS et al., 1990, p. 6). Por outro lado a ansiedade somática
é definida como “elementos afetivos e fisiológicos da experiência de ansiedade que afetam
diretamente o sistema nervoso autônomo (arousal)” (MARTENS et al., 1990, p. 6).
De acordo com Martens et al. (1990), e isso foi confirmado no contexto brasileiro
confirmado por Fernandes et al. (2012), Fernandes et al. (2013) e Fernandes et al. (2014), há
uma correlação positiva entre os escores da ansiedade cognitiva e da ansiedade somática, ou
seja, quando os atletas estão com níveis altos de ansiedade cognitiva, também estão com
níveis elevados de ansiedade somática. Dessa forma, sentimentos de nervosismo e de
preocupação podem ativar respostas somáticas, como por exemplo, elevada frequência
cardíaca. Além dos dois tipos de ansiedade, foi incorporada à teoria a dimensão
autoconfiança. Essa inclusão foi feita durante o desenvolvimento do CSAI-2 (MARTENS et
al., 1990).
A ansiedade competitiva se relaciona com o desempenho de forma também
multidimensional, ou seja, a ansiedade cognitiva e somática têm relações distintas com o
desempenho, cada uma com suas particularidades (Figura 3), a saber: i) A ansiedade cognitiva
tem uma relação linear e negativa com o desempenho, ii) A ansiedade somática tem uma
relação curve linear com o desempenho (em U-invertido) e por fim, iii) a autoconfiança tem
uma relação linear positiva com o desempenho (ver figura 4).
Alto
Ansiedade somática

Ansiedade cognitiva
rendimento

Autoconfiança

Baixo
Ansiedade Alta
Baixa

Figura 4. Relações entre ansiedade cognitiva e somática, e autoconfiança com o desempenho


(Teoria Multidimensional do Estado da Ansiedade Competitiva).

Apesar do importante avanço no modo de entender o papel da ansiedade sobre o


desempenho no contexto esportivo, a Teoria Multidimensional da Ansiedade Competitiva
também já sofreu algumas críticas. Grande parte dessas críticas é de ordem metodológica,
uma vez que a depender do desenho metodológico escolhido e da análise estatítisca feita,
resultados contraditóricos podem surgir. Cruz (1994) afirma que, até a década de 90, havia
poucos estudos corretos do ponto de vista estatístico e que mesmo os corretos forneciam
resultados contraditórios em relação à capacidade predititiva da teoria. Uma crítica, também
de natureza metodológica, foi feita por Hardy (1990). Para o autor, os estudos que se baseiam
nessa teoria fazem análises preditivas baseadas nos efeitos separados da ansiedade cognitiva e
somática sobre o desempenho, quando o que deveria ser feito seria explicar como a ansiedade
cognitiva e somática interagem para influenciar o rendimento. Para ele, são necessários
estudos que analisem as múltiplas interações entre ansiedade cognitiva e somática na predição
do desempenho dos atletas.
Por ser uma teoria ainda recente, é esperado e desejado que ela seja revisada
criticamente. Porém, independentemente das críticas, a Teoria Multidimensional do Estado da
Ansiedade Competitiva pode ser vista como um importante marco na investigação da relação
ansiedade-desempenho na Psicologia Esportiva, pois propiciou a adoção de uma metodologia
e terminologia mais rigorosa no campo (JONES, 1995). Além disso, ela é a base, como
vimos, de um dos instrumentos mais utilizados e validados transculturalmente na Psicologia
do Esporte contemporânea. A seguir, apresentaremos o estado da arte dos principais estudos
que investigam a relação entre ansiedade e desempenho e que utilizam o CSAI-2R.
Instrumentos de medida de ansiedade

Na área da Psicologia do Esporte tem sido enorme o esforço de desenvolver medidas


para acessar os diferentes tipos de ansiedade (ansiedade traço, ansiedade estado, ansiedade
cognitiva, ansiedade somática) e suas distintas manifestações (cognitivas, emocionais e
fisiológicas). As duas formas mais comuns de acessar (ou medir) ansiedade no contexto
esportivo são por meio de indicadores fisiológicos e por meio de instrumentos psicométricos.
Os indicadores fisiológicos podem ser divididos em: i) respiratórios e cardiovasculares, ii)
bioquímicos e iii) eletrofisiológicos. Todos esses indicadores se relacionam de alguma forma
com um dos três sistemas do organismo: o sistema muscular, o vegetativo (autonômico) e o
sistema nervoso central. A frequência cardíaca, a pressão arterial, os níveis de cortisol,
adrenalina e noradrenalina são exemplos de parâmetros frequentemente estudados pelos
pesquisadores que empregam medidas fisiológicas no esporte.
Há vantagens e desvantagens em se utilizar medidas fisiológicas em pesquisas
esportivas. A principal vantagem é que elas são objetivas e, portanto, não dependem da
interpretação e da habilidade de expressão do observador. Algumas delas também podem ser
obtidas durante uma competição (cortisol salivar, por exemplo). Por outro lado, como
primeira desvantagem podemos citar o fato de serem invasivas e causarem algum desconforto
ao atleta, o que pode afetar seu desempenho, além de levantar questões éticas. Outro
problema é que reações fisiológicas semelhantes podem estar associadas a emoções
qualitativamente distintas: por exemplo, o aumento nos batimentos cardíacos e na frequência
respiratória estão presentes igualmente em situações de medo, de alegria ou de raiva. Assim,
ao usarmos esses parâmetros podemos estar acessando emoções outras que não a ansiedade.
Além do mais, algumas medidas fisiológicas envolvem alto custo, o que inviabiliza o seu uso
para muitos pesquisadores.
No que se refere aos questionários ou escalas é importante destacar que nem todos os
instrumentos construídos para investigar um determinado fenômeno (constructo) psicológico
podem ser considerados uma medida psicométrica. Para ser considerada uma medida
psicométrica, a construção de um questionário ou escala deve atender a certos critérios
metodológicos e técnicos. Eles devem ter como base um modelo teórico bem fundamentado,
devem ser submetidos a análises estatísticas que confirmem sua confiabilidade e validade, e
ao serem administrados, pontuados e interpretados, devem seguir a um protocolo padrão. Dito
de forma muito simplificada, um instrumento é confiável quando ele produz resultados
consistentes quando se realizam repetidas medições e é válido quando suas dimensões
medem de fato o que foram designadas para medir.
Há uma série de instrumentos utilizados para se medir ansiedade no contexto
esportivo. Para Weinberg e Gould (2001), pode-se medir ansiedade traço e ansiedade estado
por meio de medidas de auto-relato, tanto globais quanto multidimensionais. Nas medidas
globais as pessoas avaliam o quanto se sentem nervosas, usando escalas de auto-relato de
baixo a alto, que posteriormente são calculadas pela soma dos escores de itens individuais. Já,
as medidas de auto-relato multidimensionais são usadas quase da mesma maneira, mas as
pessoas avaliam o quanto se sentem preocupadas (estado de ansiedade cognitiva) e
fisiologicamente ativadas, também usando escalas de auto-relato variando de baixo a alto.
Porém, as pontuações de ansiedade cognitiva e somática são obtidas somando os itens que
representam cada tipo de ansiedade.
Baseado na Teoria de Traço-Estado de Ansiedade de Spielberg (1966), que vimos no
início desse capítulo, Spielberger (1983) desenvolveu o State Trait Anxiety Inventory (STAI)
que avalia a ansiedade de forma geral e não somente no contexto esportivo. Os autores foram
inovadores porque incluíram num único instrumento os dois tipos de ansiedade, a ansiedade-
traço e a ansiedade-estado, o que até então era medido por dois instrumentos distintos.
O STAI contém originalmente 40 itens distribuídos igualmente em duas dimensões:
ansiedade-estado e ansiedade-traço. A dimensão ansiedade-estado inclui itens como: “Eu
estou tenso” e “Eu estou preocupado”, “Eu me sinto calmo” e “Eu me sinto seguro” e a
dimensão ansiedade-traço inclui itens como: “Eu me preocupo demais com as coisas que não
tem importância” e “Eu sou calmo”.
Fioravanti, Cheniaux e Fernandez-ladeira (2011) validaram para o contexto brasileiro
o STAI, resultando numa versão reduzida de 12 itens (perguntas). O STAI tem sido
amplamente utilizado em estudos e proporcionou avanços científicos significativos no estudo
da ansiedade avaliada em diversos contextos.
Na mesma época que o STAI foi desenvolvido, alguns pesquisadores estavam
construindo instrumentos que avaliam a ansiedade no contexto específico do esporte. Um dos
instrumentos mais referenciados e respeitados na área foi desenvolvido por Martens, Vealey e
Burton (1990), o Competitive State Anxiety Inventory-2 (CSAI-2). Esse instrumento foi
inspirado pela Teoria Muldimensional do Estado de Ansiedade Competitiva e é baseado no
modelo teórico apresentado na figura 5. De acordo com esse modelo, o estado de ansiedade
competitiva apresenta três dimensões: a ansiedade cognitiva, a ansiedade somática e a
autoconfiança. A ansiedade cognitiva está intimamente associada à preocupação e apreensão,
que podem ser manifestadas em dúvidas e pensamentos negativos sobre si mesmo e em
expectativas negativas quanto ao desempenho na competição. A ansiedade somática, por sua
vez, expressa-se em respostas fisiológicas que têm impacto no nível de ativação, como no
caso de aumento da frequência cardíaca e respiratória, liberação de cortisol, aumento da
pressão arterial, sudorese e tensão muscular. A autoconfiança, nessa teoria, seria o oposto da
ansiedade cognitiva, isto é, é a crença de um indivíduo nas suas capacidades para obter um
desempenho positivo.

Outros fatores Fatores situacionais Outros fatores que


individuais que que influenciam o influenciam o
influenciam o estado estado de ansiedade comportamento
de ansiedade

Traço de Comportamento
ansiedade Estado de
competitiva ansiedade
competitiva

Estado de Estado de Estado de


ansiedade ansiedade autoconfiança
competitiva somática

Figura 5. Modelo Conceitual do CSAI-2 (Adaptado de MARTENS; VEALEY ; BURTON, 1990).



Com base nessa teoria, foi desenvolvida, em 1990, a versão original do CSAI-2, que é
constituída exatamente pelas três dimensões apontadas no modelo teórico: a ansiedade
cognitiva, a ansiedade somática e a autoconfiança. Nessa versão, cada fator contém nove itens
e o instrumento tem 27 itens (afirmações), no total. Alguns anos mais tarde, no entanto, foi
desenvolvida uma versão reduzida (17 itens) e mais robusta do CSAI-2 denominada de CSAI-
2R (COX et al. 2003). Essa versão reduzida e atualizada contêm as mesmas dimensões (no
campo da psicometria dizemos que tem a mesma estrutura fatorial) da versão original e tem
encontrado suporte em estudos de validação em diversos países como Suíça (LUNDQVIST;
HASSMÉN, 2005), Estônia (RAUDSEPP; KAIS, 2008), Espanha (FERNÁNDEZ; RIO;
FERNÁNDEZ, 2007), França (MARTINENT et al. 2010) e no Brasil (FERNANDES;
VASCONCELOS-RAPOSO; FERNANDES, 2012; FERNANDES et al. 2013). A tabela 1
apresenta alguns exemplos de itens dessa escala.

Tabela 1. Exemplo de itens (afirmações) da versão brasileira do CSAI-2R


NADA MUITO
1. Sinto-me agitado. 1 2 3 4
2. Estou preocupado porque posso não render tão bem como poderia
1 2 3 4
nesta competição.
3. Sinto-me autoconfiante. 1 2 3 4
4. Sinto o meu corpo tenso. 1 2 3 4
5. Estou preocupado pelo fato de poder perder. 1 2 3 4
6. Sinto tensão no meu estômago. 1 2 3 4

O CSAI-2 tem sido o instrumento amplamente utilizado para avaliar a ansiedade


competitiva no contexto esportivo. No entanto, nem sempre os pesquisadores fazem uso da
versão devidamente validada do instrumento. É bastante comum, no Brasil, os pesquisadores
utilizarem a versão original do CSAI-2 (27 itens ou afirmações). De acordo com Fernandes,
Vasconcelos-Raposo e Fernandes (2012), essa versão original não é uma medida válida de se
avaliar a ansiedade competitiva no contexto brasileiro. É muito importante que os
pesquisadores e profissionais do esporte tomem cuidado para empregar as versões validadas e
confiáveis do instrumento, pois só assim eles terão certeza que estão de fato medindo
ansiedade (e não outro constructo) e que estão usando uma medida consistente e confiável.
Como é possível deduzir, medidas não validadas e não-confiáveis podem comprometer os
resultados da investigação ou da intervenção no esporte. Outro equívoco comum realizado por
pesquisadores brasileiros na área da psicologia do esporte consiste em tomar um instrumento
validado em outra cultura e apenas traduzi-lo para o português. A simples tradução do
instrumento (questionário), embora seja uma prática comum, é considerada um caminho
metodológico equivocado (VIJVER; HAMBLETON, 1996), pois é necessário que um
instrumento seja validado numa dada cultura para que ele seja considerado confiável e válido
nessa cultura. Por isso, no contexto esportivo brasileiro, os inventários utilizados na avaliação
psicológica de atletas necessitam da verificação da sua confiabilidade (consistência interna) e
validade fatorial (BECMAN; KELMAM, 2003). Dando prosseguimento à descrição do
CSAI-2R, novas contribuições merecem destaque, como é o caso da adição de respostas
relativas à direção e à frequência da ansiedade competiva. É o que veremos a seguir.
No CSAI-2R, as opções de respostas relativas à ansiedade verificam apenas a sua
intensidade: ou seja, o atleta indica seu nível de ansiedade numa escala, o que nos permite
saber se ela é baixa, mediana ou alta, por exemplo. Para Jones e Swain (1992) e Swain e
Jones, (1993), o estudo da ansiedade competitiva pode ser beneficiado com a verificação de
outras dimensões de respostas adicionadas à dimensão de resposta de intensidade, comumente
utilizada em questionários de autorrelato. Por isso, Jones e Swain (1992) sugeriram adicionar
a dimensão de resposta de direção, a qual verifica se as percepções dos atletas são
facilitadoras ou dificultadoras do desempenho, ou seja, se a ansiedade melhora ou piora o
desempenho. Dessa forma, há um componente individual na interpretação dos sintomas de
ansiedade competitiva e, por isso, não podemos afirmar, de acordo com Jones e Swain (1992),
que a ansiedade sempre é prejudicial ao desempenho.
Um ano depois, Swain e Jones (1993) sugeriam a inclusão da dimensão de resposta de
frequência, a qual verifica o tempo que os atletas dispensam com as suas percepções de
ansiedade competitiva. Um exemplo de pergunta que mede a frequência da ansiedade seria:
“Quanto tempo fico preocupado com a competição?” Ambas as dimensões de respostas
adicionadas ao CSAI-2R têm por finalidade identificar as individualidades com relação à
percepção do atleta acerca dos sintomas de ansiedade competitiva. Para Cerin (2004), a
avaliação da ansiedade competitiva necessita de abordagens ideográficas (i.e., dimensão de
resposta de direção e frequência) em conjunto com a tradicional abordagem nomotética (i. e.
dimensão de resposta de intensidade). Em Psicologia, as abordagens nomotéticas permitem
que se cheguem às leis gerais que se aplicam a todos os indivíduos. Por outro lado, as
abordagens ideográficas estão mais relacionadas a idiossincrasias, as individualidades, aos
casos singulares, buscando entender as particularidades pessoais de um indivíduo. Fernandes
et al. (2013) validaram para o contexto brasileiro uma versão brasileira do CSAI-2R com as
escalas de respostas de intensidade, direção e frequência.
Já para Hoar (2007), em relação à medida de ansiedade traço competitiva, dois
questionários de auto-relato tem sido predominantemente utilizados por pesquisadores
esportivos para avaliar a tendência dos atletas experimentarem ansiedade cognitiva e somática
em situações de competição esportiva: Sport Competition Anxiety Test – SCAT e Sport
Anxiety Scale – SAS. Há duas versões disponíveis do SCAT, o SCAT-A para atletas que tem
15 anos ou mais e o SCAT-C para crianças entre 10 e 14 anos. De acordo com Hoar (2007) o
SCAT apresenta importante confiabilidade e validade, além de ser o mais capaz para predizer
ansiedade estado competitiva quando comparado com medidas gerais de ansiedade traço.
Porém, uma fraqueza do SCAT é sua inabilidade para diferenciar ansiedade cognitiva e
somática. Já, o SAS foi desenvolvido para preencher a necessidade de se ter uma medida
multidimensional de ansiedade traço competitiva. O SAS é composto por 22 itens, divididos
em 3 subescalas. Duas dessas subescalas, quebra da concentração e preocupação,
operacionalizam ansiedade cognitiva, enquanto a terceira é uma descrição da ansiedade
somática. Ainda para Hoar (2007), Smith et al. (1990) revelou que as subescalas do SAS
alcançaram relação moderadamente forte com o SCAT e que o SAS é capaz de predizer
estados negativos de humor, ansiedade-estado competitiva e desempenho.
Para André e Laurencelle (2010), as pesquisas sobre ansiedade vêm de duas tradições,
uma que a considera como uma emoção e uma característica da personalidade e outra que a
estuda como uma desordem mental ou uma doença. Para esses mesmos autores, a elaboração
de ferramentas psicométricas deriva essencialmente da primeira tradição, já que as primeiras
medidas de ansiedade tinham a intenção de compreender a ansiedade traço considerada como
uma disposição comportamental adquirida que predispõe o indivíduo a perceber uma grande
variedade de circunstâncias como ameaçadoras e a responder por meio de reações ansiosas
desproporcionalmente em comparação com a magnitude do perigo objetivo.
André e Laurencelle (2010) apontam ainda uma série de instrumentos validados em
diferentes contextos (esportivos e não esportivos) que buscam medir os níveis de ansiedade.
Apesar de alguns desses instrumentos serem amplamente utilizados no contexto do esporte e
do exercício, muitos não foram construídos especificamente para esse fim. Na Tabela 2
apresentaremos o nome dos instrumentos respeitando seu idioma de criação e/ou validação,
suas siglas, se o mesmo foi validado para o contexto esportivo, de exercício ou não, número
de itens e escala e suas subescalas. Alguns desses instrumentos já foram abordados
anteriormente, porém, sem maiores informações:

Tabela 2. Instrumentos de ansiedade validados para diferentes contextos


Validação Número de
Instrumento Sigla Escalas
atividades físicas itens/escala
State-trait anxiety 40 itens Ansiedade-estado
STAI Não
inventory Likert (4) Ansiedade-traço
Ansiedade cognitiva
Competitive state 27 itens
CSAI-2 Esporte Ansiedade somática
anxiety inventory-2 Likert (4)
Autoconfiança
Sport competition 15 itens Sintomas de
SCAT Esporte
anxiety test Likert (3) ansiedade
Hospital anxiety
14 itens Ansiedade
and depression HADS Não
Likert (5) Depressão
scale
Social physique 12 itens Ansiedade social
SPAS Exercício
anxiety scale Likert (5) relativa ao físico
Sport anxiety scale SAS Esporte 21 itens Ansiedade somática
Likert (4) Inquietude
Problemas de
concentração
Inquietude geral
Correlatos
28 itens
Taylor manifest fisiológicos da
MAS Não Dicotômica
anxiety scale ansiedade
Concentração
Constrangimento
Ansiedade
fisiológica
Children’s manifest 37 itens
CMAS Não Inquietude /
anxiety scale Dicotômica
Hipersensibilidade
Concentração
Ansiedade social no
Physical activity
Esporte, Lazer e 16 itens esporte
and sport anxiety PASAS
Exercício Likert (5) Ansiedade social no
scale
exercício
Ansiedade somática
Physical education
18 itens Inquietude
state and trait PESAS et PETAS Educação Física
Likert (5) Processos
anxiety scale
cognitivos
Ansiedade
Achievement 19 itens facilitadora
AAT Não
anxiety test Likert (5) Ansiedade
debilitante
Preocupações
relacionadas ao
físico
Preocupações
Anxiety sensitivity 16 itens
ASI Não relacionadas à
index Likert (5)
incapacidade mental
Preocupações
sociais
Ansiedade
Beck anxiety and
21 itens Aspectos somáticos
depression BAI Não
Likert (4) Aspectos cognitivos
inventory
Cognitive somatic
14 itens Ansiedade cognitiva
anxiety CSAQ Não
Likert (5) Ansiedade somática
questionnaire
3 pontuações:
Ansiedade total
40 itens Ansiedade
IPAT Anxiety scale
IPAT - ASQ Não Verdadeiro e Falso manifesta
questionnaire
e entre os dois 5 fatores de
personalidade
primária
10 histórias e 14 Angústia
S-R inventory of
S-R GTA Não reações emocionais Entusiasmo
anxiousness
Likert (5) Reações vegetativas

Nota Fonte: Adaptado de ANDRÉ, N.; LAURANCELLE, N. A. Questionnaires psychologiques pour l'activité physique,
le sport et l'exercice: un répertoire commenté. Presses de L’Université du Québec: Québec, 2010 (p. 442-443).

Passaremos agora para a apresentação de uma série de estudos envolvendo a temática


ansiedade no contexto esportivo, bem como, estudos específicos no futsal, que tem a função
de levar o leitor a refletir sobre as implicações práticas dessa temática nessa modalidade, para
que posteriormente possamos apresentar propostas de manejo da ansiedade em atletas de
diferentes esportes.

Estudos sobre ansiedade e desempenho

Por se tratar de um fenômeno multimensional e complexo, os estudos que investigam


a relação entre ansiedade e desempenho precisam lançar mão de análises estatísticas
avançadas, que talvez fujam à compreensao de muitos estudantes de graduação. Por isso,
pretendemos, nessa seção, minimizar ao máximo a referência aos testes estatísticos
empregados. Há dois estudos seminais de meta-análise que investigaram a relação entre
ansiedade competitiva, avaliada pelo CSAI-2 (ansiedade cognitiva, ansiedade somática e
autoconfiança) e desempenho, descritos a seguir.
Woodman e Hardy (2003) revelaram que 60% dos estudos analisados associaram
negativamente a ansiedade cognitiva com o desempenho e que a média do tamanho do efeito
foi de – 0,10, (p< 0,05) e o Teste Stouffer Z associado com o tamanho do efeito foi
estatisticamente significativo (Z = 4,73, p < 0,001). Isso significa que, de acordo com os
parâmetros estatísticos apresentados, a ansiedade cognitiva influencia negativamente o
desempenho. Ou seja, quanto maior a ansiedade cognitiva, pior é o desempenho. Com relação
autoconfiança, 76% dos estudos analisados reportaram relação positiva com o desempenho,
com uma média de tamanho do efeito de 0,24 e o Teste Stouffer Z associado com o tamanho
do efeito foi estatisticamente significativo (Z = 10,90, p < 0,001). Assim, como o tamanho do
efeito dos dois casos foi significativo, houve suporte para o valor preditivo da Teoria
multidimensional da ansiedade (MARTENS et al., 1990). Entretanto, os resultados também
demonstraram que autoconfiança está mais fortemente relacionada com desempenho no
esporte do que ansiedade cognitiva. Corroborando com esses achados, Craft et al. (2003)
revelaram que todas as três variáveis do modelo apresentaram um efeito significativo sobre o
desempenho: autoconfiança (β= 0,36, IC = 0,30 a 0,41), ansiedade cognitiva (β = 0,13, IC =
0,08 a 0,18) e ansiedade somática (β= 0,09 , IC = 0,03 a 0,14). Entretanto, como podemos
perceber pelo maior valor do coeficiente beta (β), a autoconfiança apareceu como o melhor
preditor entre os três, ou seja, é a variável que melhor explica a variabilidade no desempenho.
Vejamos agora alguns resultados de estudos empíricos mais recentes que tratam da relação
entre ansiedade e desempenho, já que os estudos de meta-análises descritos anteriormente
foram publicados em 2003.
Covassin e Pero (2004), Filaire, Alix, Ferrand e Verger (2009) relataram que tenistas
vencedores tinham altos escores de autoconfiança e baixos escores de ansiedade cognitiva e
somática comparados aos perdedores. Na mesma perspectiva, Pozo (2007) reportou que
nadadores e corredores que tiveram um desempenho melhor, apresentaram níveis baixos de
ansiedade cognitiva e somática e elevados níveis de autoconfiança.
Por outro lado, Kais e Raudsepp (2004), num estudo com jogadores de vôlei de praia,
relatam que a intensidade da ansiedade não foi um preditor do desempenho. Para esses
autores, a escala de resposta de direção (ver definição em seção anterior) da ansiedade é um
melhor preditor do desempenho.
Mais recentemente, Tsopani, Dallas e Skordilis (2011) relataram que encontraram
diferenças significativas de ansiedade cognitiva e somática entre os melhores ou piores
desempenhos em atletas de ginástica rítmica. De acordo com esses pesquisadores, a
autoconfiança foi a única variável que predisse de forma significativa o desempenho. Após
quatro anos, Steinberg e Doppelmayr (2015) relatam que não houve relação entre ansiedade e
desempenho em atletas de mergulho, importa destacar que nesse estudo foi utilizado o STAI
como medida de ansiedade.
Como podemos observar, dos seis estudos citados, três encontram alguma evidência
que indique que a ansiedade influencia negativamente o desempenho e três estudos relataram
que não houve influência da ansiedade cognitiva e somática sobre o desempenho, e, além
disso, um desses estudos corroborou com os resultados dos estudos de meta-análise, citados
anteriormente, ao concluir que é a autoconfiança o melhor preditor desempenho, se
comparada à ansiedade cognitiva e a somática.
Como são poucos estudos, é difícil identificar uma clara convergência entre os seus
resultados. Uma análise mais minuciosa permite concluir que a falta de convergência no que
se refere à relação entre ansiedade e desempenho também pode ser explicada pela
diversificação de medidas de desempenho.
Há outras questões mais filosóficas acerca do desempenho. Um atleta ou uma equipe
mesmo ganhando pode ter seu desempenho abaixo do esperado. Vitória nem sempre reflete o
máximo do desempenho, assim como derrota não pode refletir necessariamente um pobre
desempenho. É possível que numa competição de alto nível, dois atletas tenham tido um
desempenho excelente e que o vitorioso tenha ganhado por um segundo de diferença ou por
um ponto dado por apenas um juiz. Assim, além de se melhorar as medidas de ansiedade é
importante caminhar para um consenso relacionado a diversas formas que os estudos utilizam
para quantificar o desempenho. Essa diversificação de medidas influencia significativamente
a divergência de resultados e conclusões, tornando difícil o entendimento da relação
ansiedade e desempenho.
De qualquer forma, é possível chegar a algumas conclusões ainda que iniciais sobre o
assunto. O que emerge na maioria dos estudos recentes que investigam a relação entre
ansiedade e desempenho utilizando o CSAI-2R como instrumento é uma forte relação entre
autoconfiança e desempenho e, por outro lado, uma fraca ou inexistente relação entre as
ansiedades (cognitiva e somática) com o desempenho. Esses achados vão ao encontro dos
estudos seminais de meta-análises sobre ansiedade competitiva (WOODMAN; HARDY,
2003; CRAFT et al., 2003). Ao que tudo indica, é a autoconfiança que exerce o maior efeito
sobre o desempenho. Tais resultados fortalecem a perspectiva da Psicologia do Esporte em
direcionar intervenções com o objetivo de desenvolver a autoconfiança, a qual é fundamental
para atletas de competições (JONES; HANTON; CONNAUGHTON, 2007). De qualquer
forma, mais estudos são necessários para elucidar melhor essa relação e confirmar essa
hipótese.
No Brasil há uma série de estudos envolvendo ansiedade no contexto esportivo e da
atividade física. Uma busca realizada no dia 10 de março de 2016 no Google Acadêmico™
somente por artigos científicos publicados entre os anos de 2011 a 2015, nos permite
apresentar uma série de trabalhos, classificados por relevância nos anos de 2011: Autoeficácia
e nível de ansiedade em atletas jovens do atletismo paranaense (VIEIRA et al., 2011);
Ansiedade-traço pré-competitiva: um estudo com atletas de judô (TINELI et al., 2011); 2012:
Relação entre esporte, resiliência, qualidade de vida e ansiedade (CEVADA et al., 2012);
Relação ansiedade estado e desempenho dos goleiros de futsal nas olímpiadas escolares
(SILVA, 2012); 2013: Infuência da ansiedade nos comportamentos de risco para os
transtornos alimentares em ginastas (FORTES; ALMEIDA; FERREIRA, 2013); Níveis de
ansiedade dos atletas de categorias menores de futsal em pré-competição (SILVA;
MARTINS, 2013); Ansiedade pré-competitiva em atletas de nado sincronizado: uma análise à
luz dos aspectos emocionais (SANTOS et al., 2013); 2014: Nível de ansiedade em bailarinos
pré e pós-competição (PEREIRA et al., 2014); Nível de ansiedade-estado de atletas
masculinos de handebol na final do campeonato gaúcho (PANDOLFO et al., 2014) e 2015:
Ansiedade pré-competitiva e esporte: estudo com atletas universitários (SALLES et al.,
2015); Níveis de ansiedade competitiva em jogadores de voleibol do interior do Paraná
(VOLSKIA; COUTINHO; SOUZA, 2015). Outros estudos envolvendo ansiedade e futsal
foram conduzidos por Zanetti e Machado (2010) que ao investigarem por meio do CSAI-2
(Competitive State Anxiety Inventory-2), 13 atletas com idades entre 16 e 21 anos (18,3±1,5)
de uma equipe de futsal sub-21 masculino em 3 diferentes jogos de um evento regional (dois
jogos relativos à fase de classificação e um jogo válido pelas quartas-de-final) encontraram
resultados bastante interessantes, com variação no nível médio de ansiedade cognitiva e
somática. Os resultados apontaram diminuição na ansiedade cognitiva do Jogo 1 para o 2 e do
2 para o 3. Já, o nível de ansiedade somática apresentou queda do Jogo 1 para o 2 e aumento
do 2 para o 3.
Outro trabalho conduzido por Zanetti et al. (2011) buscou investigar o nível de
ansiedade de 10 atletas de uma equipe de futsal masculino sub-21, com idades entre 16 e 20
anos (17,7±1,4) participantes de mais uma competição regional, também utilizando o CSAI-2.
Os resultados apontaram diminuição nos níveis de ansiedade cognitiva (18,40/17,64/14,25)
com o decorrer dos jogos e aumento no nível de ansiedade somática (12,50/14,09/12,38) do
jogo 1 para o 2 e diminuição do 2 para o 3.
Um estudo envolvendo atletas de futsal e ansiedade foi conduzido por Gomes et al.
(2010), que investigaram 73 atletas (61 homens e 12 mulheres) com idades entre 16 e 39 anos
(20,7±4.1), tempo médio de prática de 10,6 (±5,2) de 13 equipes diferentes, participantes de
um torneio regional de futsal. Os resultados encontrados apontaram níveis médios de
ansiedade, com a ansiedade cognitiva (17,5±5,8) apresentando-se pouco mais elevada que a
somática (16,0±4,3).

Considerações finais

Nesse capítulo tivemos a intenção de apresentar ao estudante de Educação Física ou de


Psicologia uma primeira aproximação às teorias sobre ansiedade competitiva e aos estudos
que investigam as diferentes dimensões da ansiedade e suas relações com desempenho no
contexto esportivo. Vimos, através dele, que medir ansiedade e desempenho não é uma tarefa
fácil e que, talvez, esse seja o principal problema que ainda enfrentamos no campo. O fato de
adotarmos medidas distintas compromete, ou, pelo menos, dificulta a chegada a um consenso
sobre o tema. Vimos que, na maioria das vezes, os estudos que medem ansiedade empregam
medidas psicológicas distintas e outros empregam medidas fisiológicas. A esse respeito, seria
interessante que existissem mais estudos que medissem simultaneamente aspectos
psicológicos e fisiológicos porque talvez isso nos daria mais segurança com relação aos
resultados. Eles poderiam auxiliar na compreensão dos mecanismos psicofisiológicos
envolvidos no desempenho no esporte. Também vimos que existem disponíveis, para quem
quiser investigar esse tema, instrumentos confiáveis e validados no Brasil. É fundamental que
pesquisadores do esporte brasileiro contribuam para a compreensão da relação entre
ansiedade e desempenho, nos mais distintos esportes e entre grupos de amostras variados, mas
que para isso façam uso de instrumentos validados para a nossa população.
A pesquisa na área da ansiedade e desempenho ainda é incipiente no Brasil e são
poucos os estudos recentes, mesmo no mundo, que adotam um alto rigor metodológico. Dada
a importância do esporte na vida contemporânea, parece urgente que estudantes de graduação
e pós-graduação se interessem pelo tema, desenvolvendo pesquisas nessa área, de modo que a
prática esportiva seja cada vez mais orientada por essas pesquisas.

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