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empiricas
Introdução
A Teoria do Drive
Esta foi uma das primeiras tentativas para explicar como a ansiedade de um indivíduo
afetaria e seu desempenho. Proposta inicialmente por Hull (1943) e, posteriormente,
reformulada por Spence e Spence (1966), essa teoria defende que o desempenho resulta de
uma equação que multiplica o hábito pelo drive (D = h x d), onde D é o desempenho, o “h” é
a prática habitual ou o hábito e “d” é o drive que se define por ativação fisiológica. Deriva-se
da teoria a ideia de que, em indivíduos ainda em fase de aprendizagem (com pouca prática
habitual), a ativação pode não exercer efeitos sobre o desempenho, mas para indivíduos
habilidosos, quanto maior for a ativação fisiológica (drive), melhor será o desempenho. Como
é possível perceber, para essa teoria a ansiedade tem uma relação linear positiva com o
desempenho (Figura 1).
Como uma teoria inicial no estudo da relação entre ansiedade e desempenho é natural
que tenha algumas limitações, a saber: alguns atletas profissionais, e, portanto habilidosos,
relatam que níveis muito elevados de ativação fisiológica ou mesmo de ansiedade foram
prejudiciais para o seu desempenho (MAHONEY; MEYERS, 1989); ii) é uma teoria
simplista para explicar o desempenho esportivo (FISHER, 1976); iii) falta de evidência
empírica, ou seja, de estudos que deem suporte para a teoria (MARTENS, 1974); iiii) a Teoria
não explica a relação entre ansiedade e desempenho em tarefas complexas (WEINBERG,
1979). Sendo assim, parece que essa teoria é limitada para explicar a complexidade envolvida
na relação entre ansiedade e desempenho.
Desempenho
Ativação
Figura 1 - Teoria do Drive para uma relação linear positiva entre ansiedade (ativação) e
desempenho
A Hípotese do U-invertido
Uma perspectiva teórica, que de certa forma, possibiltou uma alternativa com relação
ao descontetamento da comunidade ciêntifica referente à Teoria do Drive no estudo da
relação entre ansiedade e desempenho foi a Teoria do U-invertido (YERKES;
DODSON,1908). Para essa teoria, contrariamente a Teoria do Drive, a ativação é benéfica ao
desempenho até um certo ponto, a partir do qual a ativação torna-se progressivamente
prejudicial ao desempenho (figura 2). Essa teoria encontrou uma boa aceitação para seus
princípios por parte dos treinadores e atletas, pelo fato, o qual parece evidente, que o atleta
não pode estar “pouco” ativado e, também, não pode estar “excessivamente” ativado; ele
precisa encontrar um nível de ativação ideal para o seu desempenho.
É justamente com relação ao cálculo desse nível ideal de ativação que essa teoria
recebe uma forte crítica. Geralmente, a determinação desse escore ótimo de ativação
(ansiedade) dá-se pelo cálculo da média de diversos escores de vários atletas. E essa média dá
uma ideia equivocada de que há um escore geral do melhor nível de ativação para
desempenho, desconsiderando a variabilidade que existe entre cada atleta. Em outras palavras,
o nível ótimo de ativação, que tende a maximizar o desempenho, varia de atleta para atleta.
Outra criítica, de acordo com Cruz (1994), é que essa teoria foi apoiada por diversos estudos
com vários problemas no âmbito metodológico, conceitual e prático. Por exemplo, alguns
autores criticam a própria base conceitual da teoria na medida em que o estudo de Yerkes e
Dodson (1908), que deu suporte à teoria, envolveu de fato a investigação das relações entre a
aprendizagem de tarefas simples e a intensidade de um estímulo aversivo (choque elétrico)1,
não incluindo assim a ativação. Do ponto de vista prático, questiona-se a teoria porque foi
observado que decréscimos da ansiedade (ou dos níveis de ativação), após os atletas
ultrapassarem o seu nível ótimo, não correspondem a melhorias crescentes no rendimento.
Isso para Krane (1992) indica que a teoria não apresenta validade preditiva em situações reais.
Ótima ativação
Desempenho
Ativação
1
Yerkes e Dodson (1908) estudaram a influência da intensidade do estímulo aversivo no
desenvolvimento de hábitos em ratos, empregando uma tarefa de discriminação num labirinto. Eram
aplicados choques eléctricos de intensidade variada para a estimulação e também se manipulava a
iluminação mudar o nível de dificuldade de discriminação. Os investigadores concluíram que o
aumento na intensidade dos choques aumentavam a taxa de aprendizagem até um certo ponto (de
intensidade moderada), para além do qual os aumentos na intensidade prejudicavam a aprendizagem.
Teoria da Zona Ótima de Funcionamento Individual
Ansiedade
Figura 3. Zonas Ótimas de Funcionamento Individual para três atletas
Apesar dos avanços em relação ao modelo anterior, o Modelo ZOF também sofreu
algumas críticas, principalmente por não ter uma base teórico-conceitual explícita e por se
basear numa conceitualização unidimensional da ansiedade (JONES, 1995). Jones (1995) e
Swain (1992) também criticam esta abordagem em virtude do fato de ela não permitir uma
percepção direcional da ansiedade, ou seja, por não levar em consideração que o mesmo nível
de intensidade de ansiedade num indivíduo, em duas ocasiões diferentes, pode não estar
associado ao mesmo nível de rendimento, uma vez que atleta interpreta as consequências
facilitadoras/dificultadores do rendimento de forma diferente.
Ansiedade cognitiva
rendimento
Autoconfiança
Baixo
Ansiedade Alta
Baixa
Traço de Comportamento
ansiedade Estado de
competitiva ansiedade
competitiva
Nota Fonte: Adaptado de ANDRÉ, N.; LAURANCELLE, N. A. Questionnaires psychologiques pour l'activité physique,
le sport et l'exercice: un répertoire commenté. Presses de L’Université du Québec: Québec, 2010 (p. 442-443).
Considerações finais
Referências