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Índice

Introdução..........................................................................................................................2

1. Impacto dos níveis de ansiedade pré-competitivo dos atletas da corrida de velocidade


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1.1. Conceito de corrida de velocidade.............................................................................3

1.2. Ansiedade no desporto...............................................................................................4

1.3. Componentes da ansiedade.........................................................................................7

1.4. Teorias sobre a relação entre ansiedade e rendimento desportivo.............................8

1.5. Factores e processos mediadores na relação ansiedade -rendimento.......................11

Conclusão........................................................................................................................12

Bibliografia......................................................................................................................13
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Introdução
O presente trabalho da cadeira de Atletismo, tem como tema: Impacto dos níveis de
ansiedade pré-competitivo dos atletas da corrida de velocidade, tem como objectivo
geral compreender a vantagem e as desvantagens dos níveis de ansiedade pré-
competitivo dos atletas na corrida de velocidade; e tem como objectivos específicos:
conceituar o termo corrida de velocidade, (i) identificar a ansiedade estado pré-
competitiva em atletas praticantes do Atletismo; (ii) identificar os componentes do
estado de ansiedade e (iii) descrever os factores comparar o estado de ansiedade em
função do sexo e da experiência competitiva.

Como metodologia de trabalho foi adoptado o estudo de pesquisa bibliográfica em


fontes primárias. Em termos da estruturação dos conteúdos abordados, além desta
introdução, o trabalho tem um desenvolvimento onde fez-se a o desenvolvimento de
forma sistemática dos conteúdos abordados, uma conclusão ou síntese do trabalho e
uma referência bibliográfica onde fez-se a especificação das obras usados para a
concretização do trabalho.

Assim espera-se que este trabalho traga uma contribuição valiosa em torno das questões
em destaque.

Ao longo da sua elaboração, recorreu-se, ao manual de apoio (módulo) e outras


consultas bibliográficas que estão citadas no fim.
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1. Impacto dos níveis de ansiedade pré-competitivo dos atletas da corrida de


velocidade

1.1. Conceito de corrida de velocidade

Corrida é uma noção que admite vários usos. Neste caso, interessa-nos a sua acepção
como a competição na qual os participantes tentam chegar em primeiro lugar a
uma meta. Velocidade, por sua vez, pode fazer referência à rapidez de um movimento.

A ideia de corrida de velocidade, por conseguinte, alude a uma competição que


consagra aquele que se desloca mais rapidamente do que os restantes. Ou seja, com
maior velocidade. Quem chega em primeiro à meta numa corrida de velocidade, fá-lo
antes que os restantes adversários.

Geralmente, estas corridas de velocidade realizam-se em pistas específicas (as pistas de


atletismo). Os corredores arrancam todos ao mesmo tempo assim que ouvem um sinal
sonoro, tentando alcançar a meta o mais rapidamente possível. O competidor que chega
em primeiro, vence a prova.

No entanto quando o atleta participa em competição, encontra-se envolvido num meio


de pressões de vária ordem (público, treinador, dirigentes, jornalistas, etc.) pondo, às
vezes, em causa o seu rendimento. Contudo, ele tem de ser capaz de ultrapassar os
obstáculos impostos por essas pressões, o que nem sempre acontece da forma mais
adequada.

Uma área de interesse e investigação no âmbito da Psicologia do Desporto é o estudo da


ansiedade perante a competição desportiva, tendo por objectivo melhor compreender e
predizer a conduta e o rendimento dos atletas. Porém o conhecimento das características
psicológicas dos atletas não é suficiente para os apoiar psicologicamente na competição
pois, cada um apresenta reacções e comportamentos diferentes ao enfrentar as provas.
Para além das características psicológicas do atleta, as capacidades que eles possuem, o
grau ou importância da competição e o valor dos adversários, podem influenciar o
rendimento do próprio atleta, existindo diferenças interpessoais e intrapessoais.

De facto, muitos factores que antecedem e envolvem a competição são geradores de


alterações ou perturbações emocionais que podem afectar o rendimento considerado
normal. Em Moçambique, a intervenção no âmbito da Psicologia do Desporto é "quase"
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inexistente pelo que o desportista, tem de se «auto preparar» psicologicamente e os


treinadores têm feito habitualmente o que Brito, (1994, p. 9) apelida de "encher" os
atletas de recomendações, exaltações ("vamos ganhar, és o melhor, tens que trabalhar
muito ") ou até insultos. Ainda é difícil a muitos treinadores, técnicos e dirigentes,
reconhecerem a inutilidade destas intervenções e recorrem frequentemente aos
curandeiros, mais conhecidos no meio desportivo por «vovós». De entre as
características psicológicas que podem afectar o rendimento dos atletas, os aspectos
mais intensamente estudados têm sido o traço e o estado da ansiedade pré-competitiva.
De facto estes construtos têm sido investigados por vários autores, concluindo existir
uma forte relação com o rendimento no Desporto.

É sabido que os efeitos e consequências da Ansiedade parecem manifestar-se


directamente no rendimento e na preparação desportiva, por um lado, e no bem estar
físico e psicológico dos atletas, por outro lado, pois, segundo Cruz (1996), Jones e
Hardy (1990), Martens (1990), a alta competição, pela sua própria natureza, objectivos e
características tem o potencial de poder gerar elevados níveis de ansiedade, aliados à
diversidade e interdependência de factores e processos psicológicos implicados no
rendimento e no sucesso desportivo.

O facto de este problema não ter sido alvo de estudos rigorosos e sistematizados, em
Moçambique, leva-nos a procurar obter respostas para as nossas preocupações, podendo
constituir um contributo para a melhoria do conhecimento dos nossos atletas, do seu
rendimento desportivo e consequentemente da sua saúde e do seu bem-estar.

1.2. Ansiedade no desporto

A ansiedade na competição desportiva constitui um problema usual e preocupante para


todos aqueles que, directa ou indirectamente, se encontram envolvidos no desporto
(Cruz, 1996, p. 174). É experimentada por muitos atletas, independentemente do sexo,
idade, nível competitivo ou modalidade desportiva e exerce, muitas vezes, efeitos
negativos no rendimento dos atletas.

O conceito de ansiedade vária de autor para autor. No quadro a seguir apresenta-se as


definições propostas para o conceito de ansiedade.

Rushall (1979) Ansiedade é a emoção secundária principal e a maior causadora de


problemas na competição.
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Groen (1975), Ansiedade deve ser entendida como um estado peculiar, desagradável
citado por Serra caracterizado pela antecipação de um acontecimento ameaçador ou
(1980) perigoso que pode acontecer no futuro.
Landers, (1980) A ansiedade é a adaptação negativa do arousal, manifestada com
reacções emotivas desagradáveis.
Gould et al, A ansiedade centra-se essencialmente nos aspectos energéticos, mais do
(1983), citado por que nos aspectos emocionais negativos. Ansiedade resume-se ao estado
Sonstroem (1984) mais elevado de activação sendo nestes momentos que se produzem
sentimentos de desconforto ou de elevada preocupação.
Madeleine A ansiedade é uma resposta global, não especifica do organismo às
e Sarrazin (1987) exigências que lhe são feitas.
Gould Definem a ansiedade como as sensações de nervosismo e tensão
eKrane (1993) associadas com a activação ou arousal do organismo. Identificam ainda,
o arousal e ansiedade como um mesmo fenómeno, aplicando o termo
ansiedade à dimensão cognitiva do arousal, ou seja, o arousal ou
activação do sistema nervoso autónomo pode ser acompanhado por
reacções emotivas desagradáveis que se designam como ansiedade.
Thomas, Missoum A Ansiedade é um estado emocional desagradável que se manifesta por
e Rivolier (1987) componentes psicológicas e fisiológicas. Segundo estes autores,
quando um certo limiar de ansiedade é ultrapassado, gera-se uma
participação somática (caracterizada por múltiplas manifestações, como
opressão toráxica, dores abdominais, etc.), que os autores designam por
"angústia".
Nodell e Sime A ansiedade pode ser vista como uma reacção emocional a vários
(1993) estímulos de angústia, em que os indivíduos se podem encontrar num
elevado estado de excitação e serem acompanhadas por sentimentos de
desconforto e de apreensão.
Cruz (1996) A ansiedade na competição é um processo emocional e relacional
mediado cognitivamente.
Izard Ansiedade é um conjunto complexo de emoções. È constituído pela
(1977), citado por emoção dominante do medo, à qual se associam outros, entre as quais
Carvalho (1995) se podem apontar a amargura, a cólera, a vergonha, a culpa e o
interesse-excitação.
Serra (1980), Distingue a grande e pequena ansiedade. Nas crises de grande
citado por ansiedade o doente sente-se ameaçado em várias frentes e esta
Carvalho (1995) complexidade incapacita-o de reagir. "A sua existência é posta em
questão desenvolvendo a sensação de que vai morrer. O infortúnio, a
culpabilidade, o desespero, agitam-se por todo o lado. A ansiedade
assim vivenciada torna-se tão perturbadora que dá vida o sabor amargo
de um pesadelo. Na pequena ansiedade a situação é igualmente
perturbadora, mas menos grave. Nela transparece a hesitação, a
insegurança frente aos acontecimentos, o temor, a amargura, a
lamentação de não poder modificar o passado, a resignação temerosa
perante a catástrofe, a falta de coragem para reagir".

Devido à existência de várias definições não encontrou-se uma definição formal para o
conceito de Ansiedade.

Cruz, (1996), define que a ansiedade se deve essencialmente a dois factores: (i) o
mundo externo e (ii) os próprios impulsos do indivíduo; Daí a considerar-se, que
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quando o perigo é exterior ao indivíduo (mundo externo), resulta em reacções


objectivas. Pelo contrário, quando os motivos causadores são de origem interna, as
reacções de ansiedade apresentarão um cariz neurótico.

A ansiedade gerada no contexto da competição desportiva é desencadeada pela


consciência do indivíduo como membro de um grupo ou equipa, que implica o
cumprimento de papéis, responsabilização perante toda a estrutura da instituição,
solidariedade para com os colegas e oposição dos adversários e responsabilidade
individual nos resultados obtidos pelo grupo.

Spielberger (1979), distinguiu "traço de ansiedade" e "estado de ansiedade". Para este


autor, Ansiedade como estado é um estado emocional transitório que varia de
intensidade e no tempo, caracterizando-se por um sentimento de tensão ou apreensão e
por um acréscimo na actividade do sistema nervoso autónomo. Enquanto que a
ansiedade como traço da personalidade, diz respeito às diferenças individuais
relativamente estáveis na tendência para a ansiedade, ou seja, diferenças na disposição
para perceber como perigosas ou ameaçadoras uma vasta gama de situações que
objectivamente não são perigosas, e para responder a tais ameaças com reacções de
ansiedade estado, (p. 39)

Baseando-se nesta distinção, Martens (1977), definiu a ansiedade competitiva enquanto


traço de personalidade, como um construto que descreve diferenças individuais na
tendência para perceber as situações competitivas como ameaçadoras e para responder a
tais situações com reacções de estado de ansiedade com intensidade variável. Segundo
este modelo unidimensional da ansiedade, a competição desportiva apresenta-se como
mais ameaçadora para os atletas com níveis de ansiedade traço mais elevado,
relativamente aos atletas com ansiedade traço mais baixo, uma vez que, este modelo
hipotetiza que, face a situações competitivas específicas, o traço de ansiedade
competitiva, representa um mediador importante das respostas da Ansiedade como
estado.

De acordo com estes autores, a Ansiedade cognitiva e a ansiedade somática representam


poios opostos num continuum de avaliação cognitiva, sendo a autoconfiança vista como
a ausência de ansiedade cognitiva ou, inversamente, sendo a ansiedade cognitiva, vista
como falta de auto-confiança.
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Nesta conceptualização da ansiedade competitiva, a incerteza e importância do


resultado figuram como duas componentes da situação competitiva, que originam a
percepção de ameaça e geram estados de ansiedade competitiva. Assim, pressupõe-se
que a ameaça é produto de uma relação multiplicativa entre a importância do resultado e
da incerteza. No entanto, ao nível dos jovens atletas o medo de falhar (ou o medo de ter
um rendimento inadequado) parece representar a principal fonte de ansiedade
competitiva, ainda que a avaliação do medo represente uma fonte de ameaça. Daí a
razão de Gonçalves (1998) considerar, numa linguagem menos técnica, o medo e a
ansiedade como um mesmo elemento, em que as reacções serão sinónimas entre si, pois
tanto um como outro, têm em comum o facto de potenciarem danos ou perigos externos.

1.3. Componentes da ansiedade


O estado de ansiedade tem sido subdividido em duas componentes: a ansiedade
somática e a ansiedade cognitiva. A Primeira deve ser vista como sintomas fisiológicos
como: o aumento da frequência cardíaca, subida da tensão arterial, respiração acelerada,
aumento da tensão muscular. A segunda deve ser analisada como uma série de
preocupações negativas relativas ao rendimento que conduz uma diminuição da
autoconfiança e a má condução de alguns processos cognitivos como sejam a atenção, a
concentração e a memória. A alta competição, por tudo o que lhe está inerente, tem o
potencial de poder gerar elevados níveis de stress e ansiedade. À medida que uma
competição se aproxima há no atleta um aumento da disposição para actuar. Esta
disposição materializa-se no que Caberá (1996) designam por síndroma de activação
geral e por um aumento da actividade mental. Este fenómeno ocorre em "timings"
diferentes em cada atleta. Em alguns atletas surge cerca de duas semanas antes da
competição, aparecendo noutros somente algumas horas antes da competição. Os níveis
de ansiedade variam sempre antes, durante e depois da competição. Os atletas que
precocemente sentem essas alterações ficam mais susceptíveis a influências de factores
distractivos do que aqueles que os sentem mais tarde (Ferraz, 1997). É importante que a
actividade mental que precede as competições seja controlada ao máximo, quer pela
limitação das tarefas requeridas quer pela harmonia do estado de excitação. As emoções
secundárias podem causar problemas e ansiedade.

Se antes da competição o atleta entra num estado de elevada ansiedade, pode ver o seu
rendimento prejudicado (Boby e Davison, 1970, citados por Rushall, 1979). Vários
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estudos realizados na última década apontam no sentido de que a ansiedade pré-


competitiva apresenta factores perturbadores no rendimento dos atletas.

Segundo Nordell e Sime (1993), tal acontece porque a competição nestes atletas é vista
como uma ameaça à sua auto-estima. Na sua opinião, os atletas que vêem as exigências
situacionais da competição como um desafio e uma fonte de excitação sentem a
ansiedade como um estado que pode favorecer o seu rendimento. Segundo Cruz (1996),
a grande diferença entre atletas reside no facto de os atletas com maior sucesso terem
aprendido a regular, tolerar e utilizar a ansiedade de forma mais eficaz. Indivíduos mais
ansiosos podem apresentar as seguintes características: (i) Reduzida habilidade para
usar as modificações num contexto competitivo. Logo produzem um número elevado de
erros por omissão; (ii) Numerosas reacções de stress que geralmente são não funcionais;
(iii) Reduzida tolerância à dor e à frustração; (iv) Demasiada ênfase dos erros
competitivos e interpretação dos mesmos como mais sérios do que na realidade são
Verifica-se que o estado de ansiedade pode prejudicar mais o rendimento do atleta do
que o seu estado psicológico de excitação.

Segundo o mesmo autor, pessoas com elevado nível de ansiedade distraem-se com
muita facilidade sempre que há alterações no contexto competitivo.

1.4. Teorias sobre a relação entre ansiedade e rendimento desportivo

O número de variáveis pessoais, situacionais e as características da tarefa, fazem com


que a relação ansiedade-rendimento seja bastante complexa. Com base no facto da tanto
a ansiedade somática como a cognitiva afectarem o rendimento desportivo, diversas
hipóteses explicativas têm sido formuladas para tentar explicar a relação entre a
ansiedade e o rendimento. A seguir apresentaremos os mais recentes modelos que
procuram integrar os resultados das diferentes investigações.

Teoria do Drive - Segundo esta teoria, a activação na fase inicial de aprendizagem


prejudica o rendimento. Contudo, à medida que a competência (skill) se torna bem
aprendida, aumentos de activação facilitam o rendimento.

Teoria do U-Invertido - de acordo com esta teoria, à medida que aumenta a activação
assiste-se a um aumento no rendimento até um ponto óptimo, a partir do qual, aumentos
posteriores da activação geram decréscimos do rendimento.
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A relação entre arousal e performance é curvilínea adoptando a forma de U invertido.


Apesar de tudo, há duas razões essenciais que têm contribuído para a aceitação da teoria
do U invertido no contexto desportivo: (Io) porque existe ao nível intuitivo uma certa
«sedução» e convicção por esta teoria, nomeadamente junto dos treinadores
preocupados com o facto de os seus atletas estarem suficientemente tensos ou activos,
ou estarem demasiado calmos ou relaxados para a competição que se vai iniciar; (2o)
porque tem sido apresentado nos diversos manuais como um facto consumado e
comprovado.

Teoria multidimensional da ansiedade competitiva - Esta concepção distingue duas


componentes da ansiedade: preocupação (ansiedade cognitiva) e emocionalidade
(ansiedade somática). De acordo com esta concepção, a preocupação engloba os
elementos cognitivos da ansiedade, tais como as expectativas negativas e as
preocupações cognitivas acerca de si próprio, acerca da situação e das potenciais
consequências. A emocionalidade refere-se às percepções pessoais dos elementos
físiológicos-afectivos da experiência de ansiedade, ou seja, às indicações de actividade
autonónomica e de estados sentimentais desagradáveis, tais como o nervosismo e a
tensão (Morris et ai., citado por Cruz, 1996).

Para além destas componentes existe uma terceira dimensão adicional: a autoconfiança
(Martens, 1990).

A influência das várias componentes de ansiedade competitiva parece depender da


natureza das exigências momentâneas da tarefa, mas tendo também em conta até que
ponto uma das componentes da ansiedade está operativa ou em funcionamento.

A ansiedade somática aumenta gradualmente até a aproximação da competição


atingindo o seu máximo no início da competição e decrescendo depois rapidamente, a
Ansiedade cognitiva parece permanecer relativamente estável antes e durante a
competição, a menos que, entretanto, se alterem as expectativas de sucesso. Estudos
realizados por Burton (1998) indicam que a ansiedade cognitiva e a ansiedade somática
têm efeitos distintos no rendimento conforme a natureza da tarefa. Quando se estuda a
relação ansiedade-rendimento, constatamos que alguns autores afirmam que:

(1) A ansiedade cognitiva relaciona-se de forma linear e negativa com o rendimento, ou


seja, à medida que aumenta a ansiedade cognitiva o rendimento é afectado;
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(2) a ansiedade somática relaciona-se de forma curvilínea (em U-invertido) com o


rendimento;

(3) a autoconfiança contribui para a melhoria do rendimento (Martens et ai., 1990).

Teoria da Zona Óptima de Funcionamento individual

Para esta teoria existe um estado de ansiedade óptimo (EAO) que é definido como o
nível de ansiedade-estado que permite a um determinado atleta render ao nível do seu
melhor (Hanin, 1989, citado por Cruz, 1996). Segundo o referido autor, a ansiedade está
relacionada com o rendimento desportivo, mas ao nível individual: cada atleta possui
um nível particular de ansiedade onde o rendimento é maximizado ou optimizado,
variando este nível de atleta para atleta. O funcionamento óptimo é o rendimento da
tarefa que é facilitado pela ansiedade do indivíduo, ao fenecer-lhe uma elevada
probabilidade de atingir resultados esperados, geralmente próximos do seu potencial
pessoal.

Poderemos avaliar o nível óptimo de ansiedade de duas formas: (1) a avaliação


sistemática dos níveis de estado de ansiedade pré-competitiva e competitiva, associados
ao nível de rendimento;

(2) a avaliação retrospectiva da ansiedade associada a um rendimento ou prestação


anterior bem sucedida. A avaliação retrospectiva parece constituir uma boa alternativa
para determinar o EAO de um atleta, quando não existem condições para observar e
acompanhar sistematicamente o atleta em competições importantes (Hanin, 1990; citado
por Cruz, 1996).
O estudo do nível óptimo de ansiedade pré-competitiva só tem razão de ser quando se
trabalha individualmente com os atletas.

1.5. Factores e processos mediadores na relação ansiedade -rendimento


Oxendine (1970) citado por Cruz (1996), sugere o seguinte:

1. Um elevado nível de activação é necessário para um rendimento óptimo em


actividades motoras grossas, que envolvem força, endurance e velocidade" em termos
gerais capacidades físicas condicionais;

2. Um elevado nível de activação interfere com o rendimento em tarefas/competências


complexas, movimentos musculares finos e precisos, coordenação e concentração geral;
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3. Para a realização de todas as tarefas motoras, é preferível um nível de activação,


contudo este terá de ser normal ou sub-normal.

Os elevados traços de ansiedade têm tendências para apresentarem níveis de estados de


ansiedade mais intensos. Pelo contrário, baixos traços de ansiedade demonstram regra
geral, níveis de estado de ansiedade mais baixos ou moderadamente mais controláveis.
Dentro da complexidade das variáveis mediadoras, um aspecto de grande interesse são
as competências psicológicas, referenciados por Cruz (1990), em que põe em destaque,
o facto de atletas de elite apresentarem níveis de controlo de ansiedade mais moderados,
assim como níveis superiores de autoconfiança, quando confrontados em igualdade de
circunstâncias com atletas de estatuto inferior. Pensa-se que é importante o factor
"experiência" pelo facto da existência de uma aprendizagem que permite tirar
dividendos como "regular e controlar melhor sua ansiedade",

Por fim, é um facto reconhecido, o que se prende com a ansiedade, como reacção
emocional que só se evidencia quando o indivíduo "percepciona" uma ameaça que
poderá pôr em causa o seu "estatuto" ou "ego", isto feito através da "avaliação cognitiva
das situações e capacidades dos atletas para se confrontarem e lidarem eficazmente com
os seus pensamentos e emoções.

Conclusão

Feitas as abordagens constantes neste trabalho, conclui-se que dentro dos limites
conceptuais e metodológicos os atletas praticantes de atletismo que possuem níveis de
Ansiedade Estado pré-competitiva mais elevados e o seu rendimento será mais baixo.
Os atletas quando mostraram-se cognitivamente mais ansiosos e menos autoconfiantes
do que os praticantes encaram a competição de forma mais ameaçadora e confiam
menos nas suas capacidades de obterem os resultados desejados.
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Os níveis de ansiedade estado pré-competitiva, apresentados pelos atletas, não permitem


diferenciá-los de acordo com a sua maior ou menor experiência competitiva.

A autoconfiança que os atletas possuem antes de iniciarem uma competição, ou seja, a


convicção das suas capacidades para serem bem ou mal sucedidos no Desporto está,
fortemente, relacionada com os seus pensamentos e preocupações relativas ao
rendimento (Ansiedade Cognitiva).

Admite-se que o facto de o atleta não ter confiança em si mesmo ou apresentar baixas
expectativas na obtenção de determinada marca ou resultado prejudica ou afecta o seu
rendimento, mas se, pelo contrário e independentemente dos resultados, quando os
atletas vivenciam situações de competição com sentimentos de competência, valor,
orgulho e satisfação a sua autoconfiança sai reforçada.
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Bibliografia

Brito, A. P. (1994). Psicologia do Desporto. Edições Omiserviços. Lisboa.

Caberá, M. A. (1996). Preparacion Psicológica en Natacion. Federacion Espanhola de


Natacion, Madrid, traaduzido em Portugues.

Carvalho, A. (1995). Ansiedade no Desporto. Instituto Andaluz dei Deporte, Málaga

Cruz, J. F. (1996). Stress, Ansiedade e Competências Psicológicas nos atletas de elite e


da alta competição. Universidade do Minho, Braga.

Ferraz, P. C. de M. (1997). Identificação dos comportamentos pré-competitivos em


jovens nadadores. Dissertação de Mestrado, não publicada- Universidade do Porto.

Spielberger, C. D. (1979). Tensão e Ansiedade. Casa do Livro. Lisboa.

Martens, R. (1977). Ansiedade Pré-competitiva (Natação - Atletismo), Human Kinetics.

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