Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Recife
2022
GABRIEL ALVES TORRES SILVA
Recife
2022
GABRIEL ALVES TORRES SILVA
BANCA EXAMINADORA
________________________________________
Profº. Dr. Paulo Roberto Cavalcanti Carvalho (Orientador)
Universidade Federal de Pernambuco
_________________________________________
Me. Thaurus Vinícius de Oliveira Cavalcanti (Coorientador)
Universidade Federal de Pernambuco
_________________________________________
Msc. Luiz Felipe Almeida Diniz (Examinador Externo)
Universidade Estadual de Pernambuco
PERFIL DA ASSOCIAÇÃO ENTRE O NÍVEL DE ATIVIDADE FÍSICA E A
AUTORES
RESUMO
em indivíduos adultos com obesidade grau III. Métodos: A amostra foi composta por 55
indivíduos adultos, de ambos os sexos, com obesidade grau III, que responderam o
Wells para avaliar a flexibilidade, o teste de sentar e levantar para avaliar força dinâmica de
membros inferiores e o teste de apoio unipodal para avaliar o equilíbrio estático. Para verificar
a associação entre o nível de atividade física e os testes motores utilizados para medir a
sendo estabelecido o nível de significância para p<0,05. Resultados: A partir dos resultados
da análise estatística, verificamos que houve associação entre o nível de atividade física e os
testes do banco de Wells e o teste de sentar e levantar, por outro lado, não houve associação
entre o nível de atividade física e o teste de apoio unipodal. Conclusão: Com os resultados
obtidos pela pesquisa, concluímos que pode existir associação entre o nível de atividade física
e a capacidade funcional, no entanto se fazem necessários mais estudos para fortalecer esta
afirmação.
física; Funcionalidade.
ABSTRACT
Objective: To investigate the association between the level of physical activity and functional
capacity in adults with grade III obesity. Methods: The sample consisted of 55 adult
individuals, of both sexes, with grade III obesity, who answered the International Physical
Activity Questionnaire (IPAQ) and performed the Wells bench test to assess flexibility, the sit
and stand test to assess dynamic strength of lower limbs and the unipedal stance test to assess
static balance. To verify the association between the level of physical activity and the motor
tests used to measure functional capacity, Pearson's chi-square test of independence was used,
with a significance level set at p<0.05. Results: From the results of the statistical analysis, we
found that there was an association between the level of physical activity and the Wells's
bench test and the sit and stand test, on the other hand, there was no association between the
level of physical activity and the unipedal support test. Conclusion: With the results obtained
by the research, we conclude that there may be an association between the level of physical
activity and functional capacity, however, more studies are needed to strengthen this
statement.
Funcionality.
INTRODUÇÃO
várias formas (SILVA et al., 2021), sendo considerada por Bray et al. (2017) como um
através do IMC (Índice de Massa Corporal), sendo essa “a medida de obesidade mais útil e
rudimentar em nível populacional” (WHO, 2000, p.7), podendo assim, ser utilizado para se
distribuição de gordura corporal nos indivíduos, por se tratar de uma ferramenta que não
considera a composição corporal, que pode ser usada para classificar o estado nutricional dos
obesidade praticamente triplicou entre 1975 e 2016, onde no ano de 2016 se estimou que mais
de 650 milhões de adultos apresentavam quadros de obesidade em todo o mundo, sendo isso
Nacional de Saúde 2019 (IBGE, 2020), 21,8% dos homens e 29,5% das mulheres que
prevalência da obesidade em homens com 20 anos ou mais foi de 9,6% para 22,8%, enquanto
nas mulheres foi de 14,5% para 30,2%, se comparados os dados da Pesquisa de Orçamento
Carvalho Costa et al. (2019) e Battisti et al. (2017), nos quais se obtiveram resultados que
indicam que um maior grau de obesidade, se relaciona com maiores índices de limitação ou
restrição funcional. Esse entendimento se fortalece também para Tomlinson et al. (2016),
comparado a massa corporal, os indivíduos obesos aparentam ser mais fracos que indivíduos
em indivíduos idosos (Visser et al. 2005; TOMLINSON, D. J. et al., 2016). Essa ideia
também é relacionada por Barbosa et al. (2019), que concluiu que o excesso de peso pode
tronco e sugerindo um desequilíbrio muscular de tronco e membros inferiores. Por outro lado,
o excesso de peso também pode ser prejudicial à mobilidade, equilíbrio e estabilidade postural
(Bueno et al., 2021; Son, 2016; Hue et al., 2007), sendo um dos prováveis fatores o aumento
plantar (Bueno et al., 2021; Son, 2016), e consequentemente aumentar o risco de quedas (Hue
et al., 2007).
tratamento desta condição, se mostrando efetivos tanto na perda de peso, quanto na melhora
2018; ELAGIZI et al., 2020) e sensibilidade a insulina (SWIFT et al., 2018). Sendo assim,
Elagizi et al. (2020) afirmam que o aumento da atividade física, a perda de peso, e a
Santos & Conde (2021) obtiveram, em recente estudo, dados onde a obesidade se mostrou
estudo realizado por Battisti et al. (2017), grande parte dos indivíduos apresentam um quadro
associar o baixo nível de atividade física também com a ocorrência da baixa capacidade
funcional.
Desta forma, pela falta de estudos que fazem a relação do nível de atividade física com
a capacidade funcional de indivíduos com obesidade grau III e da falta de clareza na relação
do nível de atividade física com o desempenho nos testes motores de sentar e levantar, teste
de apoio unipodal, e banco de Wells, o presente estudo tem como objetivo investigar a
METODOLOGIA
coleta com indivíduos adultos de ambos os sexos com obesidade grau III (IMC ≥ 40 kg/m2)
médico.
Hospital das Clínicas – UFPE, onde usamos como critérios de inclusão ter obesidade grau III
(IMC ≥ 40 kg/m2), não ter participado de programas de treinamento físico por ao menos seis
meses, ter idade entre 19 a 55 anos e não apresentar patologias que comprometam o
desenvolvimento das atividades propostas na pesquisa e como critérios de exclusão
indivíduos com saúde debilitada ou aos quais estejam se reabilitando de alguma outra doença
e ausência no dia, hora e local marcado para a avaliação. O estudo foi aprovado pelo Comitê
3117211)
Massa Corporal (IMC), etapa 3 - verificar o nível atividade física - IPAQ, etapa 4 – aplicar os
(kg) em uma balança portátil (Filizola), com resolução próxima de 0,1 kg e da mensuração da
estatura corporal através de um estadiômetro (Sanny), com resolução próxima de 0,1 cm, com
intuito de se obter o Índice de Massa Corporal (IMC) utilizado para classificar os indivíduos
selecionados com obesidade grau III (IMC≥40), sendo, para a classificação do IMC, utilizada
a massa corporal em quilos, dividido pelo quadrado da estatura em metros (kg/m²) (WHO,
2000).
e Añez (2020), onde se consideramos como “ativo” o indivíduo que cumprisse no mínimo
levantar (SEL). Cada participante iniciou o teste sentado em uma cadeira, com as costas
aproximadamente 90º e a planta dos pés totalmente encostadas no chão. Os indivíduos foram
instruídos a se levantar da cadeira, ficar em pé, e retornar à posição sentada quantas vezes
a realizar o movimento proposto no protocolo sem utilizar os braços para se levantar (LORD
et al., 2002).
O equilíbrio estático foi avaliado através do teste de apoio unipodal (TAU). Cada
participante ficou em pé, descalço, com uma perna elevada (joelho flexionado a
aproximadamente 90º), com as mãos nos quadris e olhar fixo em um ponto na altura dos
olhos. Foi cronometrado o tempo que cada participante conseguiu permanecer nessa até o
limite máximo de 30 segundos. Foram feiras 3 tentativas para cada membro inferior
(FRANCISCO et al., 2009), sendo utilizada a melhor tentativa de cada membro para a análise
de dados.
(WELLS). Cada indivíduo ficou sentado em um colchonete, com a sola dos pés em contato
total com a frente do banco, com os joelhos estendidos, quadris fletidos e mãos sobrepostas à
frente do corpo com cotovelos estendidos. Após o posicionamento inicial, cada participante
foi instruído a movimentar a balança com a ponta dos dedos o máximo possível, realizando
uma flexão de tronco (WELLS; DILLON, 1952). Foram realizadas três tentativas para cada
indivíduo, utilizando a melhor medida de desempenho obtida em centímetros (cm) para a
análise de dados.
Para tabulação e análise estatística dos dados foi utilizado o programa Statistical
Package for the Social Sciences (SPSS), versão 25.0, onde foram aplicadas análises
p<0,05.
RESULTADOS
A amostra foi composta por 55 indivíduos, com idades entre 22 e 58 anos, com média
(81,8%), altura média de 1,62m, peso médio de 123,6kg, com obesidade grau III, com IMC
questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), classificado entre ativo e inativo, onde
unipodal (TAU), classificado entre bom e ruim, onde 28 indivíduos foram classificados como
“bom” e 27 como “ruim”, o teste do banco de Wells (WELLS), sendo classificado entre bom
e ruim, onde 24 indivíduos foram classificados como “bom” e 31 como “ruim”, e o teste de
sentar e levantar (SEL), classificado entre bom e ruim, onde 31 indivíduos foram classificados
TABELA 1 - Tabela cruzada – IPAQ x Frequência; TAU x Frequência; WELLS x Frequência; SEL x
Frequência.
Variáveis Classificação Frequência
ATIVO 25 (45%)
IPAQ
INATIVO 30 (55%)
BOM 28 (50,9%)
TAU
RUIM 27 (49,1%)
WELLS BOM 24 (43,6%)
RUIM 31 (56,4%)
BOM 31 (56,4%)
SEL
RUIM 24 (43,6%)
IPAQ= Questionário Internacional de Atividade Física; TAU= teste de apoio unipodal; WELLS= teste do banco
de Wells; SEL= teste de sentar e levantar; Frequência= número de indivíduos; %= porcentagem do número de
indivíduos.
apoio unipodal (TAU), sendo classificado entre bom e ruim, e do nível de atividade física
pelo Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), sendo classificado entre ativo e
inativo. Ainda expresso na tabela 2, observou-se que dos indivíduos classificados como
“ativo” no IPAQ, 15 foram classificados como “bom” e 15 como “ruim” no TAU, enquanto
dos indivíduos classificados como “inativo” no IPAQ, 13 foram classificados como “bom” e
independência de Pearson mostrou que não há associação entre o nível de atividade física e o
os resultados do teste do banco de Wells (WELLS), sendo classificado entre bom e ruim, e do
nível de atividade física pelo Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), sendo
classificado entre ativo e inativo, e os dados da tabela cruzada entre os resultados do teste de
sentar e levantar (SEL), sendo classificado entre bom e ruim, e do nível de atividade física
pelo Questionário Internacional de Atividade Física (IPAQ), sendo classificado entre ativo e
inativo. Ainda expresso na tabela 3, observou-se que dos indivíduos classificados como
enquanto dos indivíduos classificados como “inativo” no IPAQ, 7 foram classificados como
“bom” e 18 como “ruim” no WELLS. Também na tabela 4, observou-se que dos indivíduos
classificados como “ativo” no IPAQ, 21 foram classificados como “bom” e 9 como “ruim” no
SEL, enquanto dos indivíduos classificados como “inativo” no IPAQ, 10 foram classificados
associação tanto entre o nível de atividade física e o desempenho no teste do banco de Wells
[X²(2) = 4,556; p < 0,05] quanto entre o nível de atividade física e o desempenho no teste de
TABELA 5 - Testes qui-quadrado de Pearson – TAU x IPAQ; WELLS x IPAQ; SEL x IPA
IPAQ
Qui-quadrado de Pearson p
TAU 0,022 0,883
WELLS 4,556 0,033*
SEL 4,990 0,025*
IPAQ= Questionário Internacional de Atividade Física; TAU= teste de apoio unipodal; WELLS= teste do banco
de Wells; SEL= teste de sentar e levantar. *diferença significativa= p<0,05.
DISCUSSÃO
cirurgia bariátrica do HC/UFPE, onde se observou que os indivíduos que mais obtiveram
resultados positivos nos testes do banco de Wells e sentar e levantar foram os considerados
fisicamente ativos, porém, apenas no teste de apoio unipodal não houve essa relação.
Os resultados indicam que um maior nível de atividade física se associa a uma maior
força dinâmica de membros inferiores, condizente com De Melo et al. (2012) que, embora
apresente um público-alvo diferente, constatou que indivíduos idosos ativos ou muito ativos
tendem a ter melhor desempenho físico-funcional do que indivíduos inativos de mesma idade.
Por outro lado, apesar de realizar um estudo com outro público-alvo, Santos, V. et al. (2016)
também faz a associação entre o nível de atividade física e a força muscular, indicando que
homens com baixo nível de atividade física apresentam maior risco para baixa força muscular
concluiu que o nível de atividade física não tem interferência no desempenho do teste de
sentar e levantar, porém, por se tratar de um estudo também com indivíduos idosos, faz-se
com obesidade.
teste de flexibilidade, indicou que um maior nível de atividade física está associado também a
melhor flexibilidade, corroborando com os achados de Santos & Ribeiro (2016), os quais
afirmam que indivíduos obesos que praticam atividades físicas apresentam melhor mobilidade
articular que obesos sedentários. Aditivamente, após estudo realizado com trabalhadores
rurais, Silva, Ferretti & Lutinski (2017) concluíram que indivíduos ativos e muito ativos
possuem melhor flexibilidade do que indivíduos sedentários. Em contrapartida, Lima et al.
adolescentes.
Por outro lado, nos resultados do presente estudo não houve associação entre o
equilíbrio estático e o nível de atividade física, contrariando o estudo realizado por Da Costa
et al. (2016), que apesar de trabalhar com indivíduos acima de 60 anos, constatou que os
et al. (2016) verificou que idosos fisicamente ativos e muito ativos apresentaram menor risco
de quedas em diferentes avaliações, concluindo que idosos que se mantém ativos apresentam
capacidade funcional, indicou que pode existir associação entre estas variáveis em indivíduos
com obesidade grau III, porém, para maior entendimento se fazem necessários mais estudos
entre estas variáveis específicas e, principalmente, com indivíduos com sobrepeso e obesidade
para a melhor afirmação destes resultados, visto que grande parte da literatura que trata sobre
pode-se concluir que a prática de atividade física deve ser incentivada a estes indivíduos, visto
que do mesmo modo que ela traz diversos benefícios a saúde, os resultados obtidos indicam
que a mesma pode ser benéfica também na capacidade funcional em obesos, se associando a
REFERÊNCIAS
BARBOSA, Pâmela Abreu Vargas et al. A influência do excesso de peso na força muscular e
na funcionalidade mulheres jovens. Revista Interdisciplinar de Estudos em Saúde, p. 250-
262, 2019.
BATTISTI, Larissa et al. Percepção da qualidade de vida e funcionalidade em obesos
candidatos a cirurgia bariátrica: um estudo transversal. Revista Brasileira de Qualidade de
Vida, v. 9, n. 2, 2017.
CAMARGO, E. M.; AÑEZ, CRR. Diretrizes da OMS para atividade física e comportamento
sedentário: num piscar de olhos. Genebra: Organização Mundial da Saúde, 2020.
DA COSTA, Lucas da Silva Vaz et al. Análise comparativa da qualidade de vida, equilíbrio e
força muscular em idosos praticantes de exercício físico e sedentários. Revista Eletrônica
Faculdade Montes Belos, v. 8, n. 3, 2016.
HUE, Olivier et al. Body weight is a strong predictor of postural stability. Gait & posture, v.
26, n. 1, p. 32-38, 2007.
LORD, Stephen R. et al. Sit-to-stand performance depends on sensation, speed, balance, and
psychological status in addition to strength in older people. The Journals of Gerontology
Series A: Biological Sciences and Medical Sciences, v. 57, n. 8, p. M539-M543, 2002.
SANTOS, Iolanda Karla Santana dos; CONDE, Wolney Lisbôa. Variação de IMC, padrões
alimentares e atividade física entre adultos de 21 a 44 anos. Ciência & Saúde Coletiva, v. 26,
p. 3853-3863, 2021.
SANTOS, Vanessa et al. Relação da massa e força muscular com nível de atividade física de
usuários de Unidades Básicas de Saúde. Revista Brasileira de Atividade Física & Saúde, v.
21, n. 4, p. 334-343, 2016.
SILVA, Marcia Regina da; FERRETTI, Fátima; LUTINSKI, Junir Antonio. Dor lombar,
flexibilidade muscular e relação com o nível de atividade física de trabalhadores rurais. Saúde
em debate, v. 41, p. 183-194, 2017.
SON, Sung Min. Influence of obesity on postural stability in young adults. Osong public
health and research perspectives, v. 7, n. 6, p. 378-381, 2016.
SWIFT, Damon L. et al. The effects of exercise and physical activity on weight loss and
maintenance. Progress in cardiovascular diseases, v. 61, n. 2, p. 206-213, 2018.
TOMLINSON, D. J. et al. The impact of obesity on skeletal muscle strength and structure
through adolescence to old age. Biogerontology, v. 17, n. 3, p. 467-483, 2016.
WELLS, Katharine F.; DILLON, Evelyn K. The sit and reach—a test of back and leg
flexibility. Research Quarterly. American Association for Health, Physical Education
and Recreation, v. 23, n. 1, p. 115-118, 1952.