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Foi uma revolução bem bagunçada, como toda revolução. As indústrias eram montadas de
qualquer jeito, em um mercado que as pressionava a produzir cada vez mais. Estranhamente,
as ideias para aumentar a produção poderiam ser facilmente atribuídas ao Alfred Hitchcock,
não fosse este apenas um bebê na Inglaterra daquela época.
Veja-se: aumentar a jornada de trabalho para níveis desumanos, empregar crianças pequenas
e contratar capatazes para ameaçar os operários com força bruta. É de se supor inacreditável
que, em pleno positivismo, não passou pela cabeça de alguém melhorar a produtividade
através de um estudo científico.
Se um de nós visse o processo de produção daquelas empresas, decretaria: “não tem jeito
não”. Felizmente, quem foi lá analisar a produção nascera em 1856, quando as pessoas ainda
tinham um mínimo de paciência, lá na Pensilvânia, EUA. Frederick Taylor, um jovem de
família rica, que estudou engenharia nos Estados Unidos, França e Alemanha, ficou
simplesmente horrorizado com o empirismo dos industriais.
?
Passado o susto, estudou as tarefas em tempos e movimentos e desenvolveu uma nova
abordagem de administração. Criou um verdadeiro paradigma kuhniano, com premissas,
princípios e leis descritivas. Não é surpresa que a tenha chamado de administração científica,
já que na época, início do século XIX, havia uma crença generalizada de que a ciência seria
capaz de explicar e resolver qualquer coisa. E, explicou. Pelo menos neste caso.
É óbvio que a França não poderia deixar de participar! Inclusive, em nada nos assustaria se os
criadores de Pink e Cérebro dissessem que se inspiraram nos franceses do século XIX.
Assim, em 1916, Jules Henri Fayol, engenheiro da Compagnie de
Commentry-Fourchambeau-Decazeville, em Commentry, publica a obra “Administration
Industrielle e Générale”.
Fayol, após feitos seus estudos, estabeleceu os famosos 14 princípios de estruturação, que
até hoje são utilizados na função organização. Esta talvez tenha sido a primeira e maior
contribuição para a “arte” de organizar. Repare como são fundamentais:
1) Divisão do trabalho: não consiste exatamente em uma novidade, mas deixa clara a
importância de cada pessoa ter o seu lugar específico.
2) Autoridade e responsabilidade: autoridade é o direito de dar ordens e o poder de esperar
obediência. A responsabilidade é uma consequência natural da autoridade e significa o
dever de prestar contas.
6) Subordinação dos interesses individuais aos gerais: o todo é mais importante que as
partes;
9) Cadeia escalar: deve ser definida claramente a linha de autoridade que vai do escalão mais
alto ao mais baixo da hierarquia, sobretudo para que as pessoas saibam a quem se reportar;
10) Ordem: um lugar para cada coisa, e cada coisa em seu lugar;
14) Espírito de equipe: a harmonia e união entre as pessoas são grandes forças para a
organização.
E foi assim que Taylor, ao instrumentalizar uma racionalização dos esforços no trabalhos,
estabeleceu os fundamentos da organização, enquanto Fayol, ao definir os princípios de
regência de toda boa organização de recursos, fincou os pilares.
Mesmo após a Administração se tornar uma ciência séria e estruturada, ninguém tinha
notado que havia pessoas trabalhando. É sério! Os estudiosos, geralmente filhos de famílias
abastadas, olhavam e, para todos os lados, só viam máquinas. Máquinas frias e máquinas
humanas.
Inclusive, foi nesta época que surgiu o infeliz termo “proletariado” para definir todos
aqueles que trabalhavam nas fábricas. Entendiam-nos como uma subespécie que só servia
para mover máquinas e ter prole, ou seja, filhos, e por isso eram “prole-tários”. Há, contudo,
quem jure que Fayol promoveu uma verdadeira inclusão taxonômica no gênero humano,
sob o nome científico de Homo economicus. Para estes, surgira uma nova espécie
humanoide que, curiosamente, passava a vida manipulando ferramentas por algum
dinheiro. Mas Fayol nunca fizera isso, que já é um exagero.
A primeira guerra devastou não só países e pessoas, mas também muitas crenças. A ideia do
racionalismo começa a perder forças em prol do crescimento de ciências sociais, em especial a
psicologia. Surgem diversos estudos acerca do elemento humano no trabalho. Em especial, a
lousa pragmática de Jonh Dewey e a psicologia Dinâmica de Kurt Lewin, influenciaram na
demonstração da necessidade de uma abordagem mais humana no tratamento dos
operários.
Na década de 30, o ser humano enquanto máquina já não era mais algo admissível. Estava
cada vez mais claro que o sofrimento afetava a produtividade e isso era algo que nem a teoria
científica, nem a clássica, resolviam.
É neste contexto que a busca pela maior produtividade amplia o foco da tarefa, para o
agente. Assim, a ideia de organizar recursos passa meramente do plano físico e passa a
abranger os “recursos humanos”. O estudo abrange o trabalhador enquanto um ser humano
dotado de desejos e medos.
Essa abordagem humanista era super ingênua e exagerada. Para ela, o único foco deveria
pousar sobre as pessoas. Propunha um total abandono do mecanicismo da abordagem
Clássica, em prol de uma administração meramente humana.
Entendeu-se que as organizações compõem-se não só das estruturas formais descritas por
Fayol, mas também de uma estrutura informal, composta por regras, comportamentos e
valores que influenciam no desempenho individual.
Antes de continuar o estudo da nossa disciplina, pergunte-se: o que você quer administrar?
Por que você quer administrar isso? Mas, principalmente, se pergunte: qual o objetivo final
da pessoa de quem estou organizando os recursos?