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CHRISTOPHE DEJOURS
E diretor da equipe
Psychodynamique du Travail et de
l'Action, uma das raras equipes no
mundo que estuda a relação entre
trabalho e doença mental.
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TRABALHADORES DA CONSTRUÇÃO CIVIL (medo e ideologia São características da estratégia: a) Pseudo-inconsciência (sistema
ocupacional defensiva) defensivo para controlar o medo); b) Caráter coletivo: a eficácia é
assegurada pela participação de todos.
Área em que ocorrem inúmeros acidentes.
Neste sentido a resistência as campanhas de segurança ocorre
Também verifica-se nesta área uma resistência dos trabalhadores as
porque os trabalhadores não gostam de lembrar de “seus medos”.
normas de segurança.
Nesta ideologia defensiva é importante a coesão: o grupo elimina
Porém esta “resistência” (desprezo, ignorância e a inconsciência em
aquele que não suporta o risco (há seleção grupal). Gozação de
relação ao risco) é apenas uma fachada.
novatos = teste de ideologia-defesa.
A “resistência” é na verdade um mecanismo de defesa necessário
A “inconsciência” é o preço que pagam para superar a carga de
que busca conter a vivência do medo.
medo do trabalho.
Se o medo não fosse neutralizado (aparecendo a qualquer momento
Esta ideologia defensiva não funciona em trabalhos parcelados e
do trabalho) as tarefas não seriam continuadas.
repetitivos.
Negação e desprezo pelo perigo é uma simples inversão da
afirmação de risco (estratégia simbólica que afirma a iniciativa e o
domínio sobre o perigo).
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TRABALHADORES DA INDÚSTRIA (o medo em tarefas submetidas a
ritmos de trabalho)
TRABALHO E ANSIEDADE
Nestes casos as defesas coletivas (construção civil) não
São várias as situações que geram ansiedade nos trabalhadores:
funcionam, e o risco é assumido individualmente.
a) degradação do equilíbrio psico-afetivo: ocorre devido a
Trabalhadores das indústrias possuem consciência dos riscos a
desestruturação das relações psico-afetivas com colegas de
sua integridade física. Neste caso a origem do medo está; a) nos
trabalho, discriminação, suspeitas e relações de violência ou
riscos das más condições de trabalho e; b) no ritmo do trabalho.
agressividade com a hierarquia.
Também, é comum ansiedade em trabalhadores que começam num
b) desorganização do funcionamento mental: ocorre devido a auto
novo posto.
repressão do funcionamento mental individual num esforço para
Mesmo com aquisição da habilidade o resultado é colocado em manter comportamentos condicionados.
xeque pelo aumento de cadência que poderá surgir (ritmo de
c) Ansiedade relativa a degradação do organismo
trabalho, velocidade e produção).
d) Ansiedade gerada pela “disciplina da fome”: medo do
RESISTÊNCIA A MUDANÇA = ao adquirir certo hábito e rendimentos desemprego.
de controle do posto de trabalho agarram-se para não perder estas
vantagens.
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AMBIENTES DE ESCRITÓRIO (a ansiedade e as “relações de trabalho”) O CASO DAS TELEFONISTAS (a exploração do sofrimento)
O trabalho de escritório: não consegue efetivar o controle pelo Ao avaliar o caso das telefonistas Dejours verifica que o sofrimento
“cronômetro da fábrica”, então o controle é feito pela rivalidade e mental é usado para a submissão do corpo, ou seja, a condição para
discriminação. submeter o corpo aos critérios de produtividade é a erosão da vida
“Táticas” de comando técnicas de discriminação. mental.
As relações hierárquicas são assim fontes de ansiedade, através do Componentes:
uso de repreensões e favoritismos para dividir os trabalhadores. O a) Hierarquia, comando, controle e organização do trabalho: o
trabalho fica escamoteado e há um deslocamento para questões eixo central dessa violência de poder é o estado permanente
pessoais (manipulação psicológica). de controle (visando uma disciplina eficaz) e o trabalhador é
As avaliações dos chefes influenciam: salário, avaliação de tarefas, controlado a qualquer momento, sem saber em que momento
os atrasos autorizados, os atrasos punidos, falsas esperanças de o controle é exercido. Cria-se um autocontrole (o medo de
promoção. ser vigiado gera uma autovigilância).
Outra estratégia é tentar que os empregados falem dos seus colegas b) A forma e o conteúdo do trabalho: a forma e o conteúdo
(criando um sistema de suspeitas e “espionagem”). impedem qualquer relacionamento. É um serviço de
comunicação que proíbe a relação psico-afetiva. Ex.:
Esta atmosfera de trabalho envenena as relações entre empregados
proibição em passar variações de humor e não se admite
(cria suspeitas, rivalidades e perversidades). variação de vocabulário.
As principais vítimas deste sistema são as mulheres.
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RESULTADO
Reações agressivas são provocadas pelo interlocutor, pelo
controle, pela tarefa inadequada. O SOFRIMENTO QUE PRODUZ O TRABALHO
Quanto mais se enerva, mais se sente agressiva e mais intensifica O controle das telefonistas é uma tecnologia mediada pelo
a auto-repressão. sofrimento psíquico.
Na impossibilidade de uma saida direta da agressividade qual a Para aumentar a produção basta puxar a “rédea” do sofrimento
saída/destino dessa agressividade? psíquico.
1) Ela volta a agressividade contra si mesmo: ao orientar essa No caso das telefonistas, o sofrimento resulta da organização do
energia para uma adaptação a tarefa ela transforma trabalho “robotizante” que expulsa o desejo próprio do sujeito. A
agressividade em culpa. É um circulo vicioso onde a frustração, tensão e a agressividade são utilizadas para aumentar
frustração alimenta a disciplina. o ritmo de trabalho.
2) Trabalhar mais depressa: não há possibilidade de
exteriorizar a agressividade por causa do controle exercido
pela controladora. Assim a saída para a agressividade é
trabalhar mais depressa.
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CONTRIBUIÇÕES DA OBRA
LACUNAS DA OBRA Ilustra de forma clara os diferentes mecanismos de defesa (que
permitem sobreviver ao sofrimento imposto pela organização do
Confusão entre psicologia concreta e abstrata (desinteresse pela trabalho vigente) utilizados pelos trabalhadores.
situação real do trabalho) com ênfase exclusiva no discurso dos
O autor identifica mecanismos de defesa ocupacional defensiva de
trabalhadores (motivado pela psicanálise que dá mais ênfase ao
caráter individual, e também coletiva vigentes em determinadas
discurso).
áreas de produção.
Ênfase na subjetividade que acarreta dificuldade no grau de O autor questiona a forma como o trabalho é organizado ao
certeza dos resultados e risco de cair no relativismo (espaço para resgatar a dimensão coletiva do sofrimento e as regras impostas
novas interpretações). pelo grupo para a execução das tarefas.
Contrariamente ao título da obra, não se pode provar uma
Ausência do enfoque no trabalho O trabalho possui articulação patologia mental decorrente do trabalho. Uma das hipóteses de
entre o objetivo (ser orgânico) e o subjetivo (mental, simbólico). Dejours é colocar a organização do trabalho como causa de uma
Para Dejours o trabalho é uma categoria marginal que só é FRAGILIZAÇÃO SOMÁTICA (há um bloqueio nos esforços do
abordado por meio do discurso. trabalhador para adequar o modo operatório às necessidades de
sua estrutura mental).
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MARIE-FRANCE HIRIGOYEN
precursora do termo “assédio moral” (segundo ela “assédio”
psicoterapeuta e vitimóloga francesa. denota a qualificação psicológica da vítima: que sofre o desprezo, o
principal obra: “Assédio moral: a maltrato e humilhação e “moral” trata do bem e do mal ou seja o
violência perversa no cotidiano” (1998) agressor: com sua intenção de fazer mal a alguém.
Maior expoente
internacional na DEFINIÇÃO DE ASSÉDIO MORAL
questão sobre assédio
moral, suas obras Toda e qualquer conduta abusiva manifestando-se, sobretudo, por
fornecem a base do comportamentos, palavras, atos, gestos, escritos que possam
conhecimento na luta
trazer dano à personalidade, à dignidade ou à integridade física ou
contra o assédio moral.
psíquica de uma pessoa, pôr em perigo seu emprego ou degradar
o ambiente de trabalho (Hirigoyen, 2003, p. 65).
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ASSÉDIO MORAL
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MOMENTOS DO ASSÉDIO MORAL 2.Segundo momento (violência manifesta)
1.Primeiro momento (evitação do conflito) É feita sob uma violência fria, de golpes sujos, de injúrias, de
ameaças veladas, de olhares acusadores, de humilhações verbais,
O agressor ataca com pequenos toques indiretos, uma mentira, uma da depreciação de tudo que pertence ao outro ou diz respeito à
afronta sutil, sem provocar abertamente o conflito. A vítima submete- vítima. O ódio do agressor agora manifesta-se abertamente, é
se, preferindo não se mostrar ofendida e procura tentar um acordo a
desencadeado em resposta às reações da vítima. Essas atitudes do
arriscar-se no conflito. Esses ataques, porém, vão se multiplicando e
a pessoa é acuada, posta em situações de inferioridade, submetida a agressor têm em vista manter o controle sobre a vítima, seja por
manobras hostis e degradantes de forma recorrente, por períodos desarmá-la, seja por desencadear uma reação violenta da vítima
cada vez maiores, o que pode chegar à violência manifesta. contra o próprio agressor, invertendo a situação (agressor-agredido)
A primeira fase constrói-se por meio de um processo de sedução, e levando a vítima a sentir-se culpada, confusa e envergonhada de si
durante o qual a vítima é desestabilizada e perde progressivamente a
mesma.
confiança em si mesma. Nessa fase, trata-se primeiro de seduzi-la,
enredá-la, para finalmente, controlá-la, retirando-lhe a liberdade.
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Para Hirigoyen, o agressor é um perverso narcisista e a vítima ideal 1. NA JUSTIÇA: já existem leis aprovadas:
tem um caráter pré-depressivo. O ataque perverso caracteriza-se por
a) Projeto de Lei 4742/01, que tipifica, no Código Penal, o crime de
ter em mira as partes vulneráveis do outro, a vítima, não é em si
mesma masoquista ou depressiva. Os perversos vão mobilizar e assédio moral no ambiente de trabalho.
usar essas características que nela existem. b) Lei veda empréstimos do BNDES a empresas que tenham prática
de assédio moral
PESSOAS MAIS VISADAS c) Lei nº 4.326, de 2004, sobre criação do Dia Nacional de Luta contra
o Assédio Moral
Aquelas que apresentam certa capacidade de resistir à autoridade:
os indivíduos acima dos cinqüenta anos, julgados menos produtivos E projetos de lei:
e adaptáveis e porque temem o desemprego estrutural. As mulheres
com uma conotação machista e sexista e invariavelmente evoluem a) Projeto de lei sobre assédio moral nas relações de trabalho; b)
para o assédio sexual. E também qualquer tipo de discriminação Projeto de lei sobre coação moral; c) Projeto de Lei nº 80, de 2009,
(racial, religiosa, por deficiência física, em função de orientação sobre coação moral no emprego; d) Lei nº 8.112: assédio moral Lei nº
sexual).
21 8.666: coação moral. 22
c) Cartilhas e livros.
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