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UNIVERSIDADE ESTADUAL DO PIAUÍ - UESPI

CAMPUS PROF. POSSIDÔNIO QUEIROZ


LICENCIATURA PLENA EM HISTÓRIA

Discente: Kelly Gisele Rodrigues dos Santos Silva1

Disciplina: Práticas Pedagógicas IV


Professora: Valderlany Mendes Dantas

FICHAMENTO COMENTADO

LIMA, A. C. S; AZEVEDO, C. B de. A interdisciplinaridade no Brasil e o ensino de


História: um diálogo possível. Campus Mourão: Revista Educação e Linguagens. v. 2 n. 3,
2013

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Graduanda em Licenciatura Plena em História.
E-mail: kellygsilva@aluno.uespi.br
"(...) discorremos sobre a interdisciplinaridade no Brasil e sobre o ensino de História. De
forma mais específica, apresentamos um histórico da interdisciplinaridade no Brasil com
atenção à sua presença em documentos legais orientadores da educação brasileira,
sobretudo, nos Parâmetros Curriculares Nacionais, e dedicamo-nos à reflexão acerca do
ensino de História e a possibilidade de diálogo com outras disciplinas, a partir de uma
perspectiva interdisciplinar." p. 129
O artigo vai trazer importante discussão sobre a interdisciplinaridade e mostrar como há sim a
possibilidade do ensino de História em diálogo com outras áreas do conhecimento. Para além
disso, vai trazer uma análise sobre o histórico da interdisciplinaridade no Brasil, que vai a
integração entre as disciplinas do currículo escola. É uma discussão muito interessante. Vai
mostrar como podemos dialogar com outras áreas e a relevância desse método enquanto
forma de ensino educacional.
"Neste artigo, partimos das orientações propostas por Fazenda, segundo a qual um ensino
interdisciplinar requer um trabalho conjunto entre alunos e professores assim como de
gestores e demais sujeitos integrantes da comunidade escolar, ou seja, a integração não deve
ocorrer apenas entre as disciplinas escolares, mas também entre pessoas, conceitos,
informações e metodologias." p. 129
Em conjunto com as discussões sobre a interdisciplinaridade, é necessário que seja trabalhado
a elaboração desse ensino de forma conjunto. Não só o professor, mas também os alunos,
diretores e mesmo a comunidade escolar podem discutir como esse ensino pode tomar forma,
visando melhorar o ensino educacional.
Temos ao longo das discussões a análise da Interdisciplinaridade no Brasil, desde suas
primeiras discussões. Outro ponto interessante para a melhor análise é a divisão desses
processos em três momentos. Décadas de 1970, 1980 e 1990.
"As discussões desenvolvidas na década de 1970 não foram suficientes para conduzir a um
desenvolvimento teórico da interdisciplinaridade, pois não era possível restringir o estudo da
ação interdisciplinar apenas à educação ou à epistemologia da palavra." p. 130
"Discussões sobre interdisciplinaridade no cenário brasileiro intensificaram-se a partir da
promulgação da Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei n. 9394), de 1996 e
com a publicação dos Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), em 1998." p. 131
"Apesar disso, a interdisciplinaridade em termos de teoria e prática consciente é pouco
conhecida, justamente pela prática ocorrer de forma mecânica, por vezes apenas para atender
aos interesses de modismo." p. 131
A interdisciplinaridade começou a entre em discussão, porém sua aplicação de forma
adequada depende de várias fatores, como a especialização dos professores, como lidar com
diferentes áreas do ensino, dentre outros. Além disso, no início sua prática era tida de forma
padronizada, não ocorria um estudo mais construído, buscando sempre inovações. Esse ensino
seria então desenvolvido aos poucos ao longo dos anos.
"(...) ser interdisciplinar implicaria em um ir além do simples trabalho em conjunto, seria
necessário mudar hábitos, métodos e recursos, talvez por isso, haja resistência de
professores quanto ao trabalho interdisciplinar." p. 130
A interdisciplinaridade não é um campo único. Esta se divide em diferentes métodos. Um
deles é a multidisciplinaridade e a pluridisciplinaridade, que irão trazer viés diferentes eu sua
forma de ensino.
"Segundo Ivani Fazenda (1979), Guy Michaud propõe quatro níveis de interação entre as
disciplinas educacionais, o que revela diferentes formas de percepção quanto aos diálogos
entre elas: a multidisciplinaridade, que pressupõe a justaposição de disciplinas, sem,
contudo, diminuir o “status” de cada uma delas; a pluridisciplinaridade, que seria a
justaposição de disciplinas de áreas comuns; a interdisciplinaridade, interação entre
disciplinas direcionadas por um coordenador e que pode ocorrer como uma simples
comunicação de ideias ou como uma integração mútua de conceitos/métodos/objetos; e a
transdisciplinaridade, que funcionaria como um axioma comum às disciplinas." p. 130-131
Cada uma dessas formas de interdisciplinaridade trazem diferentes concepções e métodos que
nos guiam à sua aplicação em sala de aula. É interessante buscar compreender cada uma
delas. A forma de ensino em si, onde vamos dialogar com diferentes áreas do ensino trazem
diversas discussões sobre sua eficiência. Para trabalhar com essas concepções, os professores
precisam estar capacitados, sendo no diálogo com essas áreas, a análise dos materiais, dentre
outras coisas. Sendo assim, é importante buscar compreender esses métodos.
"O nível interdisciplinar possui quatro variações, segundo Fazenda (1979, p. 30): a Inter
Heterogênea, que seria uma visão geral não aprofundada da temática a ser trabalhada pelos
professores e suas respectivas disciplinas, mantendo, assim, certo distanciamento e limites
entre as mesmas; a Pseudo Interdisciplinaridade, que seria o uso dos mesmos instrumentos
de análise sobre um tema norteador, mas sem haver a real aproximação das disciplinas; a
Inter Complementar, que seria o agrupamento das disciplinas com o intuito de
complementação dos domínios de estudo de uma determinada área de conhecimento; e, por
último, a Inter Unificadora, que se basearia em uma coerência na integração teórica e
metodológica." p. 131
A partir dessas variações, podemos observar como a interdisciplinaridade traz diferentes
linhas de ações interdisciplinares. Dessa forma, teremos diferentes significados atribuídos a
essa forma de ensino. Diante disso, é importante buscar compreender esses conceitos e suas
atribuições. Em complemento a isso, as autoras vão trazer também a compreensão do que é
uma disciplina escolar, que é o primeiro passo para trazer a interdisciplinaridade como
método de ensino.
"Na década de 1980 buscou-se uma superação dos equívocos cometidos nos anos anteriores
quanto à prática interdisciplinar, sobretudo, em relação à falta de adequação da teoria da
interdisciplinaridade à realidade educacional brasileira. A partir de 1980, a
interdisciplinaridade passava a ser categoria de ação, saindo da epistemologia e adentrando
na prática pedagógica. A partir daquele momento, também passaram a ser alvos de
discussão aspectos importantes como a instituição escolar, o currículo e a prática
pedagógica." p. 132
"Já nos anos de 1990, devido à constatação de que ciência não se resume ao concreto, ao
acerto, mas, sobretudo, ao erro, passou-se à experimentação da interdisciplinaridade das
mais variadas formas." p. 132
"Para a aplicação de um projeto interdisciplinar é necessário um coordenador competente
que apresente um projeto coerente e claro." p. 132
Assim como dito anteriormente, dialogar através da interdisciplinaridade não é algo tão
simples. Deve haver a capacitação dos professores para dialogar com as diferentes áreas de
ensino. Mas não o papel do professor, e sim de toda a escola, a comunidade escolar, dos
coordenadores que devem apresentar os meio necessários para o desenvolvimento desse
ensino. A partir disso, podemos ver como é um processo complexo, mas que não deixa de ser
importante. Tendo em vista seus resultados positivos, a Interdisciplinaridade, em suas
diferentes práticas, vai trazer uma renovação no ensino, que agora traz diálogos entre
disciplinas como um meio para contribuir n as discussões em sala de aula.
"Práticas escolares interdisciplinares precisam visar à construção de conhecimentos globais
que ultrapassem a separação de saberes. Para tanto, é importante que os docentes busquem
ir além da integração de conteúdos. Torna-se necessária a adoção de atitudes e posturas
interdisciplinares. Estas se caracterizam pelo envolvimento, compromisso e reciprocidade
diante da diversidade de saberes." p 133
"Os pressupostos básicos da filosofia do sujeito para a interdisciplinaridade são: a
fragmentação do conhecimento leva o homem a não ter domínio sobre o próprio
conhecimento produzido, a especialização é vista como uma patologia, a
interdisciplinaridade só é fecunda no trabalho de equipe, onde se forma uma espécie de
sujeito coletivo, se houver parceria a produção do conhecimento estará garantida." p. 133
Dentre outros pontos importantes, temos a legislação escolar brasileira que vai trazer a lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional que vai trazer a organização do ensino brasileiro
desde a educação infantil, ao Ensino Médio. Essas diretrizes devem sempre ser levados em
consideração no ensino-aprendizagem para com os alunos. Dessa forma, dialogar com essas
discussões também é algo interessante, pois vai mostrar os parâmetros desses processos ao
longo dos anos, visando incorporará a prática da interdisciplinaridade nas escolas.
"Os princípios presentes nos PCN são de fundamental importância para a prática da
interdisciplinaridade nas escolas, visto que há uma preocupação com a condição humana do
educando e sua formação integral." p. 135
"Embora não haja nos PCN uma concepção interdisciplinar fechada, há neles discussões
salutares sobre o ambiente escolar e suas implicações na escolha de temas. Além disso,
defende-se a necessidade da criação de momentos de reflexão e debate na comunidade
escolar, algo fundamental para a definição de como se desenvolverá o trabalho com os temas
transversais. A interação dialógica deve promover a aproximação comunidade/escola/outras
instituições, bibliotecas, grupos culturais etc." p. 138
O artigo vai trazer também uma análise sobre como as leis educacionais se colocam sobre o
ensino Interdisciplinar, além da formação tida como necessária para promover essa forma de
ensino.
"A História experimentou, nos últimos anos, uma renovação de suas bases teóricas e
metodológicas, a qual tem refletido em concepções e práticas pedagógicas. A grande questão
é a aproximação entre teoria e prática na formação dos profissionais da História. Estes
precisam estar conscientes de seu papal social na lida com a memória dos grupos sociais e
com as diferentes linguagens que esses grupos produzem." p. 140
"É importante registarmos que o trabalho interdisciplinar não visa à dissolução das
disciplinas escolares, pelo contrário, pois ele pressupõe a existência da disciplinarização. O
que muda é a perspectiva de trabalho nas escolas que passa a ser orientado para a
colaboração entre diferentes conhecimentos, pessoas, conceitos, informações e métodos" p.
147
"Há, portanto, a necessidade de aproximação entre pesquisa e ensino, para que a História
não seja mais vista nas escolas de forma isolada e como a ciência que estuda o passado, e
sim como a que constrói um olhar sobre os acontecimentos passados e ressignifica os
acontecimentos do presente, levando em consideração a realidade social dos alunos e
ampliando a compreensão acerca das suas multidimensionalidades." p. 148
Nesse artigo podemos ver uma análise bem elaborada das discussões sobre a
Interdisciplinaridade ao longo dos anos no Brasil. Vemos como ela foi se desenvolvendo cada
vez, ganhando cada vez mais espaço. Fica evidente, como discuti as autoras, como a
interdisciplinaridade necessita de mudanças no ato de educar.

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