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RESUMO DA OBRA “HAMBÚRGUER QUE MATOU O JORGE:


ANTOLOGIA DOS CONTOS CRIMINAIS MOÇAMBICANOS”

Nome: Nanwara Sottala Timiiva

O livro “Hambúrguer que matou o Jorge: antologia dos contos criminais


moçambicanos”, prefaciado pelo co-fundador da Ethale Publishing sob coordenação deste e
Jessemusse Cacinda, reúne um conjunto de 15 contos de diversos autores nativos.

Começa, conforme dito, com o prefácio animado de Alex Macbeth, co-fundador de


Ethale Publishin, onde constrói uma narrativa conscienciosa da escassez de contos criminais
no solo moçambicano e em toda a África o que, inevitavelmente, retarda a flexibilidade de
abordar e desvendar charadas criminais. Isto e a estrutura evolutiva da tecnologia na África
bloqueiam o imaginário investigativo por parte de autoridades competentes e a comunidade.

Por conseguinte, é uma tentativa colectiva a terra do nosso país na investigação do


crime, uma vocação estrondosa aos moçambicanos a apreciar os contos criminais e a
desbravar a floresta deste género literário praticamente desconhecido tendo-os como asseclas
duma literatura profícua.

I. Tinja, a paixão de Mussanhane

O mistério envolto no fim deste conto torna-o paradoxal o que está explicito no enredo
interno do texto. Ora, o conto de Silmerio Uaquessa, faz um retrato dos golpes virtuais dos
quais estamos quotidianamente expostos como usuários das redes sociais e a internet. Ao
descrever Tinja, um ser variegado de cores, isto é, um vigário que pode assumir perfis falsos,
nomes e vozes diferentes aproveita-se da solidão, ingenuidade e a vulnerabilidade de
Mussanhane, um personagem que pode ser qualquer um, simula uma relação compreensiva e
amorosa reforçada pela comunicação com um suposto tio da Tinja preparando o solo para a
interacção com um suposto irmão aquando da espera da Tinja pela mãe.

O irmão da Tinja orquestra um plano para um apaixonado agradar a amada.


Mussanhane tinha de comprar bonbons e enquanto iam entrar na loja, ele interrompe um
pouco a caminhada e pede a Mussanhane o telemóvel para enviar uma mensagem.
Mussanhane empresta o telemóvel e entra na loja. E ao sair, o irmão da Tinja não está mais la,
procura-o mas debalde, liga ao seu telemóvel com o telemóvel emprestado do guarda mas já
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não chama, liga para Tinja mas ela não esta mais lá. Cuidado com os vigários, vagabundos,
ladroes e criminosos virtuais, eis a mensagem.

II.

“Os catanas” é o segundo conto do livro escrito por Joyce Joana António Carmona,
maputense, onde Zunguza no ambiente calmo dos bairros periféricos de Maputo, provoca
reboliços, pois era acusado de assaltante o que lhe rende espancamentos bizarros até,
curiosamente, os cães não virem lamberem-lhe as feridas e o sangue mas “puseram suas
caudas entre as patas em sinal de tristeza”.

Os gritos furiosos da população contra Zunguza despoletam acções como queima dos
pneus e, finalmente, é linchado. E, no entanto, o policia Sitoe, preguiçoso, foi incumbido
investigar o caso pelo que inquere precipitadamente a dona Jorgina, mãe de três filhos: Júnior,
Elisa e o mais novo Jorgito. Jorgito diz o policia que o mentor do linchamento era o tio
Zacarias que é imediatamente conduzido a esquadra da qual é lhe feito perguntas arbitrárias,
sofre espancamentos a mando de Sitoe para tirar-lhe a confissão e, consequentemente, é morto
pelos lacaios policiais em circunstancias misteriosas mesmo sendo inocente. Dois dias depois,
Jorgito é interpelado por Sitoe a vender Chamussas, compra-os, exibe-se confirma-o que
Zunguza era realmente o culpado.

De seguida, quase às 21 horas uma moça é interpelada por uma turba de adolescentes
maltrapilhos e exigem que ela pare. Essa moça era amiga de Jorgito e por isso um dos
integrantes da gangue pede aos que a deixem ir, pois a conhecia e a moça retorquiu que
conhecia aquela voz. Contudo, para o bem do grupo a moça é decapitada para fazer
companhia ao Zunguza.

No dia seguinte, Moisés, um carpinteiro que trabalhava nas imediações da estrada, saia
ao trabalho e, de repente, depara-se com o corpo inerte, sem vida, estatelado no chão,
assustado grita e os vizinhos dali, ignorando o instrumento que sempre usara ao trabalho,
catana, consideram-no culpado, põem pneus gasolina, ateiam fogo nele e o lincham.

Novamente, polícia Sitoe é informado pelo Jorgito que o mentor era o tio Jorgito, com
a arbitrariedade que o caracteriza encerra-o nas celas, faz perguntas ilógicas e, infelizmente,
desaparece em circunstâncias desconhecidas sem também apresentarem-se provas contra
Moisés. Portanto, Sitoe condena a morte mais uma vez um inocente enquanto os verdadeiros
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criminosos, Júnior e Jorgito, pululam livres nos bairros sem medo de uma investigação
policial séria. Que belo retrato da nossa realidade!

III.

“Quando o piano de Bernardo Mavieque soprou um lá de luto” escrito por Poeta


Militar, pseudónimo de Sérgio Simão Raimundo, em um lirismo e prosa ascéticos narra uma
estória do Bernardo Mavieque que em uma véspera [noite?] nublada, torrencialmente chuvosa
e tilintada por uma agitação urbana, Maputo, na avenida 25 de Setembro recolher-se-ia ao
Teatro Avenida de onde a sinfonia de sons nativos contrastam a uma regra e desafiam ao
mestre e, o mais importante, alegra a multidão que ali está. É recital à memória do pai
assassinado aquando do regresso da África do Sul.

De repente, no espectro negro da escuridão intensa da noite do lado dos espectadores


sai uma bala que atinge Bernardo Mavieque mortalmente. As luzes foram acesas, os
espectadores assustadores e a policia prendeu o amigo de Mavieque , Sonton, pelo facto de
existir um suposto paralelismo quase perfeito na amizade, o achado de facas e as reacções
fisiológicas de choque de perder alguém.

Mais tarde, com a disponibilização do Recital ao Meio-Dia pela Isabel Mavique,


Sonton é inocentado e a polícia empreende uma outra investigação, pois aquele recital
revelava uma verdade. Portanto, uma arbitrariedade e inflexibilidade investigativas dos
policiais.

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