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Introdução ao pensamento de Sándor Ferenczi

Prof. Dr. Fábio Belo


Biografia

● Nasceu em Miskolc, 16/07/1873


● Psicanalista húngaro, formado em medicina,
aos 21 anos.
● Conheceu Freud em 1908.
● Curiosidade: publicava sobre “espiritismo” e
transmissão de pensamento antes de 1908.
● Presidente da IPA em 1918.
● Faleceu em Budapeste, 22/05/1933.
O estilo
O estilo de Ferenczi está marcado pelos textos curtos. Às vezes, de um só
parágrafo. No Brasil, foi publicada sua obra completa em 4 volumes. Recomendo
também a leitura do Diário Clínico (1932).

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Seu primeiro texto, “Do alcance da ejaculação precoce” (1908), merece destaque.
É notável a preocupação não apenas com o homem, mas também com a parceira
afetada pelo sintoma. O comentário sociológico que percorre o texto também é
importante enquanto “crítica à hipocrisia” que irá percorrer toda a obra do autor.
Volume I

Do Volume I, destaco, então, o primeiro texto. Também os artigos “Transferência e


introjeção” (1909) e “O conceito de introjeção” (1912) que traz o conceito de
introjeção, uma das grandes contribuições de Ferenczi, aprofundada por Freud.

O artigo “A figuração simbólica dos princípios de prazer e de realidade no mito de


Édipo” é um dentre vários que mostram a leitura dos conceitos fundamentais bem
próxima a Freud.

Obs: uma falha importante na edição da Martins Fontes é não trazer as datas de
publicação original dos artigos.
Volume II
Do volume II, destaco “A quem se contam os sonhos?” e “Neuroses de domingo”
como exemplos notáveis de interpretação criativa.
Os textos sociais merecem destaque também: “A psicanálise do crime” e
“Importância da psicanálise na justiça e na sociedade”.
“Um pequeno homem-galo” é um artigo que mostra como Ferenczi segue bem
passo a passo a interpretação de Freud no caso Hans.
“Ontogênese dos símbolos” e “O desenvolvimento do sentido de realidade e seus
estágios” (1913) são importantes exemplos de como Ferenczi está preocupado
com a metapsicologia das origens da vida psíquica.
Volume III

Os textos com preocupação social aparecem nesse volume também: “Psicanálise


e criminologia” e “Psicanálise e política social”, por exemplo.

Destaco, no entanto, o pequeno, mas brilhante texto “O sonho do bebê sábio”.

O controverso ensaio “Thalassa, ensaio sobre a teoria da genitalidade” (1924)


também está no vol. III e merece comentário especial.

Considero “Contra-indicações da técnica ativa” (1926) um dos textos que vão


criticar a ortodoxia clínica da psicanálise.
Volume IV

Considero, de longe, o volume 4, o mais importante e com os textos mais


instigantes do autor.

Há duas “tetralogias” fundamentais:

A primeira diz respeito às reflexões de Ferenczi sobre a clínica:

“O problema do fim da análise” e “Elasticidade da técnica psicanalítica”, ambos de


1928, “Princípio de relaxamento e neocatarse” (1930) e “Análise de crianças com
adultos” (1931)
Volume IV - cont.

A segunda tetralogia traz os incríveis textos sobre o trauma:

“A adaptação da família à criança” (1928), “A criança mal acolhida e sua pulsão de


morte” (1929), “Confusão de língua entre os adultos e a criança” (1933) e o artigo
póstumo “Reflexões sobre o trauma”.

A partir desses textos, é muito evidente que Ferenczi pode ser considerado uma
das fontes de uma matriz epistemológica da Psicanálise. Winnicott e Laplanche,
por exemplo, certamente beberam dessa fonte.
O trauma

Nessa breve introdução ao pensamento de Ferenczi, quero destacar a importância


desse “resgate do outro” ou da teoria da sedução. Ponto fundamental: podemos
ler três tempos do trauma na teoria do autor - tempo do indizível, do testemunho e
do desmentido. Cf. Kupermann, 2019, p. 57.
A identificação com o agressor é um dos achados clínicos mais valiosos de
Ferenczi.
Cf. p. 115, do Diário Clínico.
A censura em Wiesbaden… e o desmentido…
Fragmentação e função órfica

Ferenczi vai trazer com frequência uma reflexão sobre a fragmentação, a cisão, a
autotomia - metáfora importante!

Outra metáfora que aparece no Diário clínico e que ainda não foi muito explorada
é a “função órfica” que decorre dessas reflexões sobre o trauma.

Elizabeth Severn: paciente “orpha”.


Comentadores brasileiros

Há leitores excepcionais de Ferenczi no Brasil. São indispensáveis para a


compreensão do autor. Recomendo a leitura:

- Por que Ferenczi?, de Daniel Kupermann


- O terceiro tempo do trauma, de E. dal Molin
- Com Ferenczi, de Jô Gondar e Eliana Reis
- O tempo do traumático, de Felicia Knobloch
- Budapeste, Viena e Wiesbaden, de Gustavo Dean-Gomes
Em diálogo

Para o diálogo com outros autores, recomendo:

- Palavras cruzadas entre Freud e Ferenczi, de Luís Cláudio Figueiredo


- Do trauma da sedução à sedução traumática, de Juliana Baracat
- Ferenczi e Winnicott, Antônio Ferreira Júnior.
Laplanche e Ferenczi

No meu mais recente livro, no cap. 2, tento pensar


numa teoria da sublimação a partir do diálogo entre
Ferenczi e Laplanche.

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Convite para conversa

Converso com a professora Thais


Klein em breve sobre esse texto em
meu livro. Todos convidados! O
vídeo ficará gravado e disponível
gratuitamente em meu canal!
Recomendação importante!

Podcast do Grupo Brasileiro de Pesquisas Sándor Ferenczi:


https://open.spotify.com/show/4tpUCsHXeBOM84CIukbeou?si=01f98d03e22443ef
Site do grupo com muitas informações importantes:
http://ferenczibrasil.com.br/
Playlist no meu canal com alguns vídeos sobre Ferenczi:
https://www.youtube.com/watch?v=BzHJp_MowAs&list=PLJZrsweyB4AVcq1vqCX1NRA
NtsmDvyVLE

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