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Universidade Federal de São Paulo

Escola de Filosofia, Letras e Ciências Humanas - EFLCH


DEPTO DE HISTÓRIA

Nome: Vanessa Freitas Vicente – R.A. 142.212


Turno: Vespertino

HISTÓRIA DA ÁSIA - Prof. Samira Osman 1° semestre 2022

Análise Documental II

Japão – Bloco III

Documento para análise: Três (3) pinturas da arte Ukiyo-e (浮世絵 ) dos pintores japoneses
Utagawa Hiroshige, Katsushika Hokusai e Torii Kiyonaga

Texto de Referência: DEZEM, Rogério. Matizes do Amarelo: a gênese dos discursos sobre
os Orientais no Brasil (1878-1908). Cap. 2 "Japonismo e Expansionismo: a dupla face do
país da cerejeira."

2022
“O Japonismo na Era Meiji – A arte Ukiyo-e.”

Arte Ukiyo-e

Figura 1: Utagawa Hiroshige (1797-1858)


Figura 2. Katsushika Hokusai (1760-1849)

Figura 3. Torii Kiyonaga (1752-1815)


O Japonismo na Era Meiji – A arte Ukiyo-e.

O Contexto geopolítico mundial nos anos finais do século XIX e iniciais do XX


transformaram as relações políticas no Japão, que até então, se mantinha isolado de quaisquer
influencias ocidentais;

Durante esse período de reclusão, entre os séculos XVI e XVII o imaginário europeu
sobre o “país do sol levante”, se restringiu ao “maravilhoso”, “desconhecido”, “imaginado”,
consolidando assim, o padrão do ethos japonês. A partir da segunda metade do século XIX,
para se enquadrar às demandas políticas do neocolonialismo e do imperialismo, tornou-se
inevitável sua abertura econômica com o Ocidente; Assim, o antigo sistema japonês,
dominado pelo militarismo samurai (Período Edo) se desfaz e em seu lugar é proclamada a
Era Meiji (1868-1912) sob o domínio de Mitsu-Hito, que deu início à uma série de reformas
radicais na estrutura política, social e cultural do país; A abertura dos portos e a aceitação das
influencias ocidentais no Japão, diferente da maioria das colônias europeias, tinha um
objetivo bem definido: adequar o país as suas próprias necessidades com relação ao Ocidente
(DEZEM. 2005, p.124).

Desse modo, a política nacionalista japonesa ao se voltar às origens culturais,


provocou o resgate de elementos inerentes a história nipônica e que poderiam
ajudar na formulação de uma nova identidade nacional, na qual o tradicional e o
novo pudessem conviver. (DEZEM. 2005, p. 124)

A abertura dos portos japoneses veio acompanhada de uma rápida modernização


industrial e militar, associando tradições e filosofias japonesas aos moldes ocidentais. Essa
dualidade acabou por configurar as bases do Nacionalismo japonês, impregnado pelo
sentimento de superioridade moral, forma pela qual os japoneses se identificavam. Esse
sentimento de superioridade japonesa, podemos relacionar – apenas um paralelo - com a
política colonial eurocentrista, explicada por Said em seu “Orientalismo”: a invenção do
Oriente pelo Ocidente, legitimando o imperialismo europeu e sua ideologia de superioridade
(SAID, 2007). Nesse sentido, do ponto de vista do imaginário ocidental, totalmente orientado
pela perspectiva orientalista, o Ocidente mantinha os estereótipos e exotismo criados para
explicar (ou entender) os orientais, embora essa fosse uma ideia totalmente contrária à forma
como os próprios japoneses se consideravam.
Mitificou-se a gueixa, o samurai e as cerejeiras, enfim, elementos que,
inofensivos à cultura ocidental, tornaram-se referencias do Japão para o Ocidente.
Preservou-se o lúdico, o belo, o gracioso, enquanto se relegava ao esquecimento o
espírito belicoso do japonês (...). (DEZEM. 2005, p. 129)

Apesar dos estereótipos do orientalismo japonês, a Era Meiji foi considerada o ponto
de partida para a modernização do país; com as novas relações econômicas intensificou-se as
exportações e o comercio exterior, e com elas, a arte japonesa. Conhecido como Japonismo,
entre os anos de 1860 e 1870, objetos de arte e estampas Ukiyo-e (baseadas em um estilo de
pintura similar a xilogravura desenvolvida no Japão ao longo do período Edo) explodem na
Europa e nos Estados Unidos; as peças de decoração representando cenas da vida cotidiana
tornaram-se popular no Ocidente devido seu baixo custo de produção. O termo Japonismo foi
criado pelo Ocidente como forma de explicar essa forte tendência; a estética da cultura e as
estampas japonesas se tornaram itens de desejo entre as elites, viraram moda entre as
mulheres da sociedade, e influenciaram consideravelmente a arte europeia. O japonismo
também caracterizou a transação da modernidade industrial no país, ao fazerem uso das
técnicas industriais ocidentais no fabrico das pranchas de xilogravura.

A arte – Análise das imagens

A arte japonesa era algo muito peculiar, uma vez que não assimilava nenhuma
influência ocidental em suas criações; o termo ukiyo-e (ukiyo-ye  ou ukiyo-ê ( 浮 世 絵 ,)
significa "retratos do mundo flutuante" - que  descrevia o estilo de vida hedonista do período
Edo (1603-1867), as quais retratavam cenas do cotidiano, relações amorosas e sexuais,
religião, teatro e tradições militares. Sua estética movimentou os meios artísticos europeus e
americanos, influenciando o Impressionismo e a Art Nouveau nos séculos XIX e XX;
pintores como Degas, Manet, Seurat, Gauguin, Bonnard, Matisse, Monet, Van Gogh também
utilizaram das influencias do ukiyo-e em muitos de seus trabalhos.

Em Paris, os pavilhões japoneses das exposições universais, a partir de 1867,


obtêm um sucesso imenso, atingindo o seu apogeu na exposição de 1878. Nesse
ano, são expostas peças religiosas trazidas por Émile Guimet, que formariam o
primeiro núcleo do que seria mais tarde o Museu de Artes Orientais da França.
Na exposição de 1889, a apresentação metódica de objetos, livros e gravuras
alçou a arte japonesa, considerada até então essencialmente decorativa, ao nível
da grande arte. (DANTAS. 2008, p.1)
Para a análise, escolhi três (3) imagens distintas da arte Ukiyo-e. Meu objetivo não é
analisar item por item de cada imagem, mas sim apresentar as semelhanças, características e
relevância dessa arte tão importante para o Japão, e posteriormente, para a arte europeia do
século XIX.

Nas imagens propostas (imagens 1 a 3) vemos as características da arte Ukiyo-e


manifesta pelos seguintes pontos:

 Simplificação das cores e da perspectiva;


 Sombreamento e profundidade quase ausentes;
 Pinturas assimétricas;
 Traços espessos e bem definidos;
 Detalhamento de linhas, formas e padrões nas vestimentas das figuras retratadas;
 Para indicar profundidade incluíam o método tripartido chinês usado em trabalhos
budistas, nos quais as figuras maiores eram dispostas à frente, as menores em
camadas médias e as ainda menores ao fundo. Tal prática pode ser observada em A
Grande Onda de Kanagawa, de Hokusai, onde um grande barco encontra-se em
primeiro plano, um menor atrás e um Monte Fuji miniaturizado ao fundo;
 Tons e cores vivas, obtidas por colorantes naturais;
 Imagens e escrita associadas (os desenhos eram acompanhados sempre por alguma
frase ou poema);
 As personagens eram representadas dentro de um contorno preto e bem delineado;
 Preocupação com a representação da moda e suas transformações no decorrer do
tempo e as tensas e dinâmicas poses de figura humana;
 São representadas cenas do dia-a-dia, das relações interpessoais, do local onde vivem,
de personagens diversos. cenas históricas e lendas populares; cenas de viagem e
paisagens; fauna e flora;

Apesar da forte influência da arte japonesa no Ocidente, o japonismo não pode ser
chamado de cópia. É, na verdade, um encontro entre duas culturas por muito tempo
separadas, que acabou rendendo uma série de novidades e obras de arte conceituadas como a
pintura de Van Gogh, pintor pós-impressionista neerlandês, a partir da gravura A ponte sob a
chuva, de Hiroshige.
Influência do ukiyo-e na arte ocidental:

Figura 4. Utagawa Hiroshige (1857) Figura 6. Vincent Van Gogh, 1887

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

DEZEM, Rogério. Matizes do “amarelo”: a gênese dos discursos sobre os orientais no Brasil
(1878- 1908). São Paulo: Associação Editorial Humanitas, 2005.
SAID, Edward W. Orientalismo: o Oriente como invenção do Ocidente. São Paulo:
Companhia das Letras, 2007.
DANTAS, Luiz Carlos. O que foi o Japonismo. 2008.
WIKIPÉDIA. A enciclopédia livre: Ukiyo-e. https://pt.wikipedia.org/wiki/Ukiyo-
e#CITEREFKobayashi1997

IMAGENS:
Figura 1. “O guerreiro samurai feminino Tomoe Gozen com um poema do Imperador
Koko”, 1845-1846. Pintor: Utagawa Hiroshige (1797-1858).
https://www.meisterdrucke.pt/artista/Utagawa-Hiroshige.html

Figura 2. A Grande Onda de Kanagawa, 1832


Pintor: Katsushika Hokusai (1760-1849)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ukiyo-e#/media/Ficheiro:Great_Wave_off_Kanagawa2.jpg
Figura 3. Casa de Banho das mulheres (Bathhouse women) 1780
Pintor: Torii Kiyonaga (1752-1815)
https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Kiyonaga_bathhouse_women.jpg

Figura 4. Ponte Shin-Ōhashi em Atake debaixo de aguaceiro repentino


Pintor: Utagawa Hiroshige (1797-1858).
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ukiyo-e#/media/Ficheiro:Hiroshige_Atake_sous_une_averse_soudaine.jpg

Figura 5. A ponte debaixo de chuva (1887)


Pintor: Vincent Van Gogh (1853-1890)
https://pt.wikipedia.org/wiki/Ukiyo-e#/media/Ficheiro:Vincent_van_Gogh_-_Brug_in_de_regen-
_naar_Hiroshige_-_Google_Art_Project.jpg

CORREÇÃO:

( ) Compreendeu totalmente a proposta e desenvolveu adequadamente a questão

( ) Compreendeu parcialmente a proposta e desenvolveu parcialmente a questão

( ) Necessário rever os conteúdos abordados e realizar a leitura da bibliografia

OBSERVAÇÕES

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