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Lorena
2022
1. Introdução do projeto
A polpa de dissolução, provinda de qualquer biomassa
celulósica, refere-se a polpas de alta concentração de celulose, altamente
purificada, com uma concentração da alfa-celulose maior que 90% e um
baixo teor de hemicelulose (menor que 6%), ainda que haja traços de
lignina e outras impurezas nela. Outros parâmetros importantes para se
analisar quanto a qualidade da polpa são a solubilidade alcalina e
viscosidade (Carrillo et al., 2019).
Os métodos de obtenção da polpa de dissolução comerciais são
feito a partir de cozimento em ácido sulfúrico e por pré-hidrólise
combinada com despolpamento kraft. O principal objetivo do preparo da
polpa é ativar a celulose e remover o máximo possível de hemicelulose e
lignina. Porém, como a celulose apresenta uma estrutura extremamente
compacta de difícil penetração, métodos foram desenvolvidos para
melhorar a acessibilidade e a reatividade nas fibras celulósicas (Carrillo et
al, 2019) como abrir/expandir os poros e aberturas da estrutura (Schield e
Sixta, 2011), perturbar a estrutura compacta da celulose (Tian et al.,
2014) e diminuir as cadeias celulósicas (Yang et al. 2018). Vários
métodos se mostraram eficientes para ativar a celulose nos materiais
como tratamentos degradáveis (ex.: hidrólise ácida), tratamentos
enzimáticos (ex.: celulase), tratamentos de inchaço (ex.: tratamentos com
compostos alcalinos) e tratamentos mecânicos (ex.: esmerilhamento e
refinamento). (Engstrom et al. 2006; Kopcke et al. 2008, 2009; Ibarra et al.
2010; Gehmayr and Sixta 2012; Gronqvist et al. 2014; Tian et al. 2014;
Miao et al. 2015; Duan et al. 2015b, 2016a, b; Zhao et al. 2017; Yang et
al. 2018)
Para remoção da hemicelulose, o CCE, cold caustic extraction ou
extração cáustica à frio, se mostrou ser um procedimento eficiente para a
remoção da hemicelulose, sendo utilizado no procedimento como
principal substância o NaOH. Mas certas precauções devem ser tomadas
quanto ao hidróxido de sódio pois se for produzido celulose II, uma
variedade da celulose feita a partir da celulose I (celulose no primeiro
estágio) quando embebida em solução alcalina, havendo grandes
mudanças em sua estrutura (Pérez, 2010), no meio, a reatividade da
polpa poderá ser diminuída. (Arnoul-Jarriault et al., 2015; Quintana et al.,
2015)
Polpas para dissolução podem ser produzidas tanto por madeira
quanto por línter algodão, e suas principais finalidades no mercado são
para produção de filmes, plásticos, fibras e até mesmo tecidos (Resende
et al., 2019). O eucalipto é usado na produção da polpa pois cresce
rápido e dá um alto rendimento de celulose e seu tipo de madeira é
dominante no mercado por conta destas propriedades. (Dutt, 2011;
Christopher, 2017)
2. Objetivos
O objetivo principal no processo kraft é retirar a hemicelulose da polpa
provinda deste processo (a polpa kraft) através do CCE para transformá-
la em polpa de dissolução.
A função do CCE é retirar a hemicelulose de polpas branqueadas
“never-dried” com soluções de NaOH 5% e 10% m/v e com uma polpa a
10% de consistência seladas em bolsas de polietileno imersas em banhos
termostáticos à uma temperatura de 30°C por 1 hora. (Carrillo, 2019)
2.1. Determinar o fator dos viscosímetros de n° 100 e n° 200 com
óleo standard S20 (Indústrias de papel Simão S.A, 1992);
2.2. Adicionar 25 ml de etilenodiamina cúprica de solução 0,5 M em
0,338 gramas de polpa kraft úmida e determinar o fator nas
pipetas de n° 100 e n° 200 (Indústrias de papel Simão S.A,
1992);
2.3. Fazer a extração alcalina à frio com o NaOH 5% e 10% m/v e
comparar os resultados;
2.4. Determinar as solubilidades alcalinas S10 e S20 da polpa
tratada com CCE.
3. Metodologia e Procedimentos
A extração será realizada, segundo Carrilo (2019) sobre o CCE
como foi descrita nos objetivos, a partir das polpas branqueadas “never-
dried” para remoção da hemicelulose. Com soluções de NaOH de 5% a
10% m/v em 10% de consistência da polpa selado em bolsas de
polietileno, é imergido em água termostática à 30°C as bolsas por 1 hora.
Forma-se uma pasta após “banho-maria” e esta é filtrada e lavada com
água destilada para obter um pH neutro. Após isto, são centrifugadas até
obter 35% de consistência na polpa. Polpas tratadas com 5% (m/m) de
solução NaOH são codificadas como CCE5, enquanto polpas
branqueadas tratadas com solução 10% (m/v) de NaOH são codificadas
como CCE10. O processo depende principalmente da concentração de
álcalis, às quais devem ser altas. A dissolução da hemicelulose neste
processo é relacionada às mudanças estruturais da polpa de celulose
quando são submetidas a soluções de hidróxido de sódio (NaOH). Assim,
a dissolução das cadeias curtas de carboidratos na celulose é devido ao
inchaço de sua estrutura nesta solução de 2-4 M entre 20-50°C (Rydholm,
1965). O tempo previsto para a hemicelulose, então, é de 10 minutos
(Koepcke et al. 2010). É observado paralelamente à dissolução da
hemicelulose, uma mudança, como já foi dita que ocorre no processo, da
passagem de celulose I para seu polimorfo, a celulose II. A transição
cristalina por solução de soda cáustica concentrada, chamada
mercerização, começa em 5-7% de NaOH na polpa de celulose a 20°C
(Janzon et al. 2008). Esta conversão da celulose I para celulose II que
ocorre é considerada prejudicial à reatividade da polpa de dissolução.
(Krässig, 1993) (Arnoul-Jarriault, 2015)
Para medir o fator de viscosidade, será utilizado dois viscosímetros
capilares, um de tamanho n° 100 e outro de tamanho n° 200 banhados
em água à 25°C±1°C. Será colocado um óleo standard (S20) em cada
viscosímetro e será cronometrado o tempo que leva para este óleo
escorrer de ponto de referência superior ao ponto de referência inferior
em segundos. O óleo será sugado novamente para cima por uma pera de
sucção para repetir o processo e nele não pode conter nenhum vestígio
de bolhas. A medição será feita dez vezes e os resultados deverão ser
anotados.
Após ter feito a calibração das pipetas com o óleo, é preparado
uma solução com etilenodiamina cúprica e misturado com 0,338 gramas
de polpa kraft úmida. A quantidade de polpa kraft a ser diluída com o
reagente é determinado colocando 0,500 gramas de polpa kraft úmida em
uma balança de umidade até ser desumidificado o quanto necessário.
Após feito a desumidificação, é encontrado que 63% da polpa perdeu a
umidade, ou seja, em 100 gramas de polpa úmida, consegue-se 37
gramas de polpa kraft seca, também denominada de polpa “never-dried”.
É feita uma relação para determinar o quanto de polpa úmida deverá ser
utilizada: se em 100 gramas obtém-se 37 gramas de polpa seca, em x
gramas obtém-se 0,125 gramas de polpa seca. É encontrado então o
valor de 0,338 gramas de polpa necessária para utilizar-se na reação. É
misturado então 0,338 gramas de polpa kraft úmida em 12,5 ml de
etilenodiamina cúprica 1,0 M de cobre diluído em 12,5 ml água destilada
em um agitador magnético por 15 minutos a 400 rpm e então determinado
o fator da viscosidade cronometrando o tempo que se leva para a solução
ir da marcação superior até a marcação inferior do viscosímetro três
vezes. Tais cronometragens não podem variar mais que ±0,2 segundos
Após encontrado o fator da viscosidade dos viscosímetros, será
feito a extração alcalina à frio como já descrita anteriormente.
6. Conclusão
O CCE é um tratamento o qual remove a hemicelulose de uma
forma eficiente, porém diminui a reatividade da polpa sob a celulose.
Alguns métodos já são estudados para que se consiga melhorar o
processo de CCE e que consiga melhorar a reatividade da polpa após o
tratamento.
Se o desejado é produzir uma polpa solúvel grau viscose, a
localização do CCE sendo a primeira etapa no processo a de preferência
pelo menor consumo de reagentes no branqueamento, melhor remoção
da celulose e menor contaminação mineral em relação às demais
aplicações. (Resende, 2019)
A localização do CCE como primeira etapa da sequência do
branqueamento produz polpas de baixa viscosidade e, portanto,
adequadas à produção de viscose. A localização do CCE sendo o último
no processo de branqueamento é favorável para preservar a viscosidade
da polpa, mas pouco efetiva para remover a hemicelulose. (Resende,
2019)
Referências
GONG, C.; SHI, Y.; NI, J.; YANG, X.; LIU Y.; TIAN C.; Integration of
hemicellulose recovery and cold caustic extraction in upgrading a paper-
grade bleached kraft pulp to a dissolving grade . Journal of Bioresources
and Bioproducts, 2017. DOI: 10.21967/JBB.V2I1.103
Zhao L, Yuan Z, Kapu NS, Chang XF, Beatson R, Trajano HL, Martinez
DM (2017) Increasing efficiency of enzymatic hemicellulose removal from
bamboo for production of high-grade dissolving pulp. Bioresour Technol
223:40–46
Behin J, Zeyghami M (2009) Dissolving pulp from corn stalk residue and
waste water of Merox unit. Chem Eng J 152:26–35. DOI:
10.1016/j.cej.2009.03.024