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28/10/2022 00:04 Descomplica

CUSTOS DE ACIDENTES

C ONCEITOS E ABORDAGENS

A evolução do conceito de custo de acidentes nos últimos


quarenta anos através dos estudos de Heinrich, Simond, Bird-
Germain, foi tal que o custo total dos acidentes do trabalho para a
empresa é dado pela soma das seguintes parcelas: custo direto e indireto
dos acidentes com afastamento superior a um dia; custo direto e indireto
de acidentes com afastamento inferior a um dia; custo (indireto) dos
acidentes sem lesão, com dano sobre o equipamento, ou simples
paralisação do serviço; risco investido em acidentes de baixa frequência e
alta gravidade.

OUTROS TIPOS DE ABORDAGEM AO PROBLEMA DOS


ACIDENTES

Como podemos identificar elementos que são causados pelos acidentes,


mas não aparentam? Vejamos algumas possibilidades: quando custo é
não quantificável, devido ao fato de ser decorrente do trauma psicológico
ou fisiológico causado por acidentes graves, na vítima, nos colegas que o
presenciam, no público que o vê ou dele toma conhecimento; quando
ocorre um custo social do acidente, para a nação; o conceito de Controle
Total de Perdas; e a Teoria da Análise de Sistemas em função do Risco
Potencial.
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Conforme podemos ver na figura 1, alguns dos custos de acidentes são


diretos, já outros são indiretos, mas também afetam significativamente o
rendimento da firma e seu funcionamento. Mais a frente veremos em
detalhes como isso ocorre.

Figura 1 – Custos diretos e indiretos dos


acidentes do trabalho

CUSTO DIRETO E INDIRETO DOS ACIDENTES COM PERDA DE


TEMPO

Os primeiros estudos sobre o assunto focalizavam apenas, o que hoje


chamamos de “custo direto dos acidentes com perda de tempo” (custo do
tratamento médico, maior compensação salarial dos acidentes com
afastamento superior de um dia). Viu-se, porém, desde logo, que esse
custo não representava senão uma pequena parcela do custo total dos
acidentes, pois, além do custo direto ou aparente, existe um custo indireto
ou oculto, causado por muitos fatores. Alguns deles consistem em: perda
de tempo, dos companheiros de trabalho e chefes por causa do acidente;
perdas e danos sobre materiais;  dano provocado em equipamentos e
máquinas e tempo que esse equipamento fica parado; descoordenação
do trabalho e queda de produtividade devido à dificuldade de se conseguir
e treinar um novo funcionário para substituir o acidentado, por um tempo
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limitado; atrasos na prestação de serviços; multas contratuais resultantes

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desses atrasos; dificuldades com autoridades governamentais (multas,


impostos, processos e outras despesas decorrentes).

Esses custos indiretos podem ser quantificados. Coube a Heinrich (EEUU


- 1931), o cálculo da relação Custo Indireto – Custo Direto, que
determinou que o Custo Indireto é dado pela fórmula Cl = 4 CD, e a
Simond (EEUU - 1963) a apresentação do primeiro método
verdadeiramente científico para o cálculo do Custo Indireto dos acidentes
do trabalho.

A partir de 1963 apareceram vários estudos feitos com o objetivo de


determinar o valor da constante de correlação (K) entre o Custo Indireto e
o Custo Direto dos acidentes com perda de tempo. A tendência destes
estudos foi de atribuir um valor cada vez maior a esta constante. O
exemplo mais frisante é o da equipe de segurança da U.S. Steel Co. que
achou para a sua indústria o valor 80.

Esta tendência se deve a dois fatores: o aperfeiçoamento dos métodos de


detecção de perdas e danos e a progressiva sofisticação dos
equipamentos industriais. Esta sofisticação faz com que o “acidente sobre
a máquina” do qual decorre o Custo Indireto fique cada vez mais oneroso
para a empresa.

CUSTO DIRETO E INDIRETO DOS ACIDENTES SEM PERDA DE


TEMPO

Bird e Germain (EEUU - 1966), realizaram o primeiro estudo, em nível


científico, sobre os impropriamente denominados “acidentes sem perda
de tempo” (acidentes com lesões, porém com afastamento inferior a um
dia e acidentes sem lesão, isto é, com dano apenas sobre equipamentos). 6

Esses estudos tiveram o mérito de chamar a atenção dos pesquisadores


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sobre a enorme frequência desse tipo de acidente (avaliado como 5 vezes


superior aos “acidentes com perda de tempo”) e o seu alto custo total
(avaliado em igual ao custo total dos “acidentes com perda de tempo”).

Interpolando os estudos de Bird-Germain, com os de Heinrich veremos


que o Custo Total dos Acidentes (com ou sem lesão) é dez vezes superior
ao Custo Direto dos Acidentes com Perda de Tempo. Conforme podemos
ver na figura 2, existe uma relação clara entre a frequência de acidentes e
seu nível de lesão. Entretanto, acidentes sem lesões são tão caros quanto
acidentes incapacitantes.

Figura 2– Relação entre incidência de acidentes,


suas gravidades e custos

ACIDENTES DE BAIXA FREQUÊNCIA E ALTA GRAVIDADE

Com efeito, se levantarmos a estatística de acidentes de uma empresa,


por 10 anos, e calcularmos o seu custo estaremos estudando apenas os
acidentes de alta (ou média) frequência e baixa (ou média) gravidade.
Não estaremos levando em conta os acidentes de baixíssima frequência, 6

mas que poderão ser de altíssima gravidade. Se lembrarmos que o Custo

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Potencial ou Risco Potencial é o produto da frequência pela gravidade


poderemos compreender que esta parcela de “risco investido” pode ser
bastante alta. Como podemos ver na figura 3, colocando num eixo de
abcissas e ordenadas de um lado a gravidade dos acidentes e do outro a
probabilidade, obteremos uma curva de aspecto parabólico, o que explica
em parte porque os pesquisadores foram encontrando valores cada vez
maiores para a relação entre o custo indireto e o direto.

Figura 3– Limiar de detecção e probabilidade


estatística

CUSTO TOTAL DE ACIDENTES

O Custo Total de acidentes de trabalho deve ser calculado pela soma das
seguintes parcelas: Custo Direto e Indireto dos acidentes com lesões
médias e graves, com afastamento superior a um dia; Custo Direto e
Indireto dos acidentes com lesões leves e afastamento inferior a um dia;
Custo Indireto de acidentes sem lesão, com dano exclusivo sobre o
equipamento ou com simples interrupção do trabalho; “Custo Investido”
em acidentes de baixa frequência, porém de alta gravidade.

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EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CUSTO DE ACIDENTE

Custo quantificável versus custo não quantificável: Além do custo


quantificável que já analisamos existe também para a empresa um custo
não quantificável, ou pelo menos não quantificado até agora por nenhum
autor. Citaremos alguns aspectos deste problema.

Aspectos Psicológicos: Trauma psicológico produzido nos funcionários de


uma empresa devido à ocorrência de um acidente grave. Quantificar isto é
muito difícil, mas quem poderá negar a sua influência negativa sobre o
grau de motivação para o trabalho dos funcionários e sobre a
produtividade?

Figura 4– Aspectos Psicológicos não quantificáveis

Aspectos Fisiológicos: Passemos dos aspectos psicológicos para os


fisiológicos. Trata-se do problema do “stress”. Stress é um conjunto de
reações fisiológicas-hormonais que ocorrem no organismo sob forte
medo, tensão ou pavor. A produtividade de um funcionário sujeito a um
estado contínuo de “stress”, no momento em que encontra numa
condição insegura ou perigosa é definitivamente afetada. Quais os efeitos
dos chamados incidentes críticos, isto é, dos acidentes que quase
aconteceram, embora não tenham se efetivado, sobre o organismo? Qual 6

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o efeito disto, ao longo de anos e anos, na queda do rendimento de uma


empresa? São perguntas que devem ser levantadas.

Figura 5– Causa e Efeitos dos Acidentes

Aspectos Orgânicos e Laborativos: Qual a produtividade de um


funcionário dado como “apto” pelo INSS após um acidente grave e um
afastamento prolongado? Pode-se dizer que ela é igual a sua
produtividade antes do acidente?

Figura 6– Aspectos sociais e psico- sociais de difícil


quantificação

Imagem externa e mercado: O que representa para uma empresa em


termos de imagem externa e de mercado a ocorrência de um acidente
grave? O impacto de um acidente grave internamente representa a
diminuição da produtividade e externamente as vendas.

Aspectos individuais e sociais: O nosso tema é o papel da prevenção de


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acidentes na economia das empresas. Por isso, citaremos dois outros
aspectos importantíssimos para não dizer capitais, através das seguintes
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perguntas: O que representa o Acidente do trabalho para a sua vítima? O


que representa o Acidente do Trabalho para a Nação em termos do
chamado Custo Social da Incapacidade?

Atividade Extra

Leia o artigo Custos socioeconómicos resultantes de acidentes de


trabalho, disponível no site abaixo e elabore um texto explicitando a sua
compreensão sobre o mesmo:

http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/seguranca%20e%20saude%20n
%20Custos%20Socioeconomicos%20Resultantes%20de%20Acidentes%20de%

Referência Bibliográfica


GÁRIOS, M, G. Uma abordagem estrutural sobre gerenciamento de
risco no trabalho, FEAMIG –MG, Belo Horizonte, MG, 2009.


NAVARRO, A, F. A função e a origem do Gerenciamento de Riscos,
6
Universidade Federal Fluminense – UFF, Niterói, RJ,  http://www.uff.br

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1999.


NABUCO, J. Gestão de Risco da Segurança do Trabalhador: Como
manter sua indústria segura. Fortaleza, CE sesi-ce.org.br, 2018.


VIANA, G. Gerenciamento de perigos e riscos na saúde e segurança
do trabalho, Consultoria Online Verde Gaia, Campinas, UNICAMP,
2017.

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