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CUSTOS DE

ACIDENTES
CONCEITOS E ABORDAGENS

A evolução do conceito de custo de acidentes nos últimos quarenta


anos através dos estudos de Heinrich, Simond, Bird-Germain, foi tal
que o custo total dos acidentes do trabalho para a empresa é dado
pela soma das seguintes parcelas: custo direto e indireto dos
acidentes com afastamento superior a um dia; custo direto e indireto
de acidentes com afastamento inferior a um dia; custo (indireto) dos
acidentes sem lesão, com dano sobre o equipamento, ou simples
paralisação do serviço; risco investido em acidentes de baixa
frequência e alta gravidade.

OUTROS TIPOS DE ABORDAGEM AO PROBLEMA DOS


ACIDENTES

Como podemos identificar elementos que são causados pelos


acidentes, mas não aparentam? Vejamos algumas possibilidades:
quando custo é não quantificável, devido ao fato de ser decorrente do
trauma psicológico ou fisiológico causado por acidentes graves, na
vítima, nos colegas que o presenciam, no público que o vê ou dele
toma conhecimento; quando ocorre um custo social do acidente, para
a nação; o conceito de Controle Total de Perdas; e a Teoria da
Análise de Sistemas em função do Risco Potencial.

Conforme podemos ver na figura 1, alguns dos custos de acidentes


são diretos, já outros são indiretos, mas também afetam
significativamente o rendimento da firma e seu funcionamento. Mais a
frente veremos em detalhes como isso ocorre.

Figura 1 – Custos diretos e indiretos dos acidentes do trabalho

CUSTO DIRETO E INDIRETO DOS ACIDENTES COM PERDA DE


TEMPO

Os primeiros estudos sobre o assunto focalizavam apenas, o que


hoje chamamos de “custo direto dos acidentes com perda de tempo”
(custo do tratamento médico, maior compensação salarial dos
acidentes com afastamento superior de um dia). Viu-se, porém,
desde logo, que esse custo não representava senão uma pequena
parcela do custo total dos acidentes, pois, além do custo direto ou
aparente, existe um custo indireto ou oculto, causado por muitos
fatores. Alguns deles consistem em: perda de tempo, dos
companheiros de trabalho e chefes por causa do acidente; perdas e
danos sobre materiais;  dano provocado em equipamentos e
máquinas e tempo que esse equipamento fica parado;
descoordenação do trabalho e queda de produtividade devido à
dificuldade de se conseguir e treinar um novo funcionário para
substituir o acidentado, por um tempo limitado; atrasos na prestação
de serviços; multas contratuais resultantes desses atrasos;
dificuldades com autoridades governamentais (multas, impostos,
processos e outras despesas decorrentes).

Esses custos indiretos podem ser quantificados. Coube a Heinrich


(EEUU - 1931), o cálculo da relação Custo Indireto – Custo Direto,
que determinou que o Custo Indireto é dado pela fórmula Cl = 4 CD,
e a Simond (EEUU - 1963) a apresentação do primeiro método
verdadeiramente científico para o cálculo do Custo Indireto dos
acidentes do trabalho.

A partir de 1963 apareceram vários estudos feitos com o objetivo de


determinar o valor da constante de correlação (K) entre o Custo
Indireto e o Custo Direto dos acidentes com perda de tempo. A
tendência destes estudos foi de atribuir um valor cada vez maior a
esta constante. O exemplo mais frisante é o da equipe de segurança
da U.S. Steel Co. que achou para a sua indústria o valor 80.

Esta tendência se deve a dois fatores: o aperfeiçoamento dos


métodos de detecção de perdas e danos e a progressiva sofisticação
dos equipamentos industriais. Esta sofisticação faz com que o
“acidente sobre a máquina” do qual decorre o Custo Indireto fique
cada vez mais oneroso para a empresa.

CUSTO DIRETO E INDIRETO DOS ACIDENTES SEM PERDA DE


TEMPO

Bird e Germain (EEUU - 1966), realizaram o primeiro estudo, em


nível científico, sobre os impropriamente denominados “acidentes
sem perda de tempo” (acidentes com lesões, porém com
afastamento inferior a um dia e acidentes sem lesão, isto é, com
dano apenas sobre equipamentos). Esses estudos tiveram o mérito
de chamar a atenção dos pesquisadores sobre a enorme frequência
desse tipo de acidente (avaliado como 5 vezes superior aos
“acidentes com perda de tempo”) e o seu alto custo total (avaliado em
igual ao custo total dos “acidentes com perda de tempo”).

Interpolando os estudos de Bird-Germain, com os de Heinrich


veremos que o Custo Total dos Acidentes (com ou sem lesão) é dez
vezes superior ao Custo Direto dos Acidentes com Perda de Tempo.
Conforme podemos ver na figura 2, existe uma relação clara entre a
frequência de acidentes e seu nível de lesão. Entretanto, acidentes
sem lesões são tão caros quanto acidentes incapacitantes.
Figura 2– Relação entre incidência de acidentes, suas gravidades e custos

ACIDENTES DE BAIXA FREQUÊNCIA E ALTA GRAVIDADE

Com efeito, se levantarmos a estatística de acidentes de uma


empresa, por 10 anos, e calcularmos o seu custo estaremos
estudando apenas os acidentes de alta (ou média) frequência e baixa
(ou média) gravidade. Não estaremos levando em conta os acidentes
de baixíssima frequência, mas que poderão ser de altíssima
gravidade. Se lembrarmos que o Custo Potencial ou Risco Potencial
é o produto da frequência pela gravidade poderemos compreender
que esta parcela de “risco investido” pode ser bastante alta. Como
podemos ver na figura 3, colocando num eixo de abcissas e
ordenadas de um lado a gravidade dos acidentes e do outro a
probabilidade, obteremos uma curva de aspecto parabólico, o que
explica em parte porque os pesquisadores foram encontrando
valores cada vez maiores para a relação entre o custo indireto e o
direto.

Figura 3– Limiar de detecção e probabilidade estatística

CUSTO TOTAL DE ACIDENTES

O Custo Total de acidentes de trabalho deve ser calculado pela soma


das seguintes parcelas: Custo Direto e Indireto dos acidentes com
lesões médias e graves, com afastamento superior a um dia; Custo
Direto e Indireto dos acidentes com lesões leves e afastamento
inferior a um dia; Custo Indireto de acidentes sem lesão, com dano
exclusivo sobre o equipamento ou com simples interrupção do
trabalho; “Custo Investido” em acidentes de baixa frequência, porém
de alta gravidade.

 
EVOLUÇÃO DO CONCEITO DE CUSTO DE ACIDENTE

Custo quantificável versus custo não quantificável: Além do custo


quantificável que já analisamos existe também para a empresa um
custo não quantificável, ou pelo menos não quantificado até agora
por nenhum autor. Citaremos alguns aspectos deste problema.

Aspectos Psicológicos: Trauma psicológico produzido nos


funcionários de uma empresa devido à ocorrência de um acidente
grave. Quantificar isto é muito difícil, mas quem poderá negar a sua
influência negativa sobre o grau de motivação para o trabalho dos
funcionários e sobre a produtividade?

Figura 4– Aspectos Psicológicos não quantificáveis

Aspectos Fisiológicos: Passemos dos aspectos psicológicos para os


fisiológicos. Trata-se do problema do “stress”. Stress é um conjunto
de reações fisiológicas-hormonais que ocorrem no organismo sob
forte medo, tensão ou pavor. A produtividade de um funcionário
sujeito a um estado contínuo de “stress”, no momento em que
encontra numa condição insegura ou perigosa é definitivamente
afetada. Quais os efeitos dos chamados incidentes críticos, isto é,
dos acidentes que quase aconteceram, embora não tenham se
efetivado, sobre o organismo? Qual o efeito disto, ao longo de anos e
anos, na queda do rendimento de uma empresa? São perguntas que
devem ser levantadas.

Figura 5– Causa e Efeitos dos Acidentes

Aspectos Orgânicos e Laborativos: Qual a produtividade de um


funcionário dado como “apto” pelo INSS após um acidente grave e
um afastamento prolongado? Pode-se dizer que ela é igual a sua
produtividade antes do acidente?

Figura 6– Aspectos sociais e psico- sociais de difícil quantificação

Imagem externa e mercado: O que representa para uma empresa


em termos de imagem externa e de mercado a ocorrência de um
acidente grave? O impacto de um acidente grave internamente
representa a diminuição da produtividade e externamente as vendas.

Aspectos individuais e sociais: O nosso tema é o papel da prevenção


de acidentes na economia das empresas. Por isso, citaremos dois
outros aspectos importantíssimos para não dizer capitais, através das
seguintes perguntas: O que representa o Acidente do trabalho para a
sua vítima? O que representa o Acidente do Trabalho para a Nação
em termos do chamado Custo Social da Incapacidade?

Atividade Extra

Leia o artigo Custos socioeconómicos resultantes de acidentes de


trabalho, disponível no site abaixo e elabore um texto explicitando a
sua compreensão sobre o mesmo:

http://www.fiocruz.br/biosseguranca/Bis/manuais/seguranca%20e
%20saude%20no%20trabalho/FACTS%2027%20-%20Custos
%20Socioeconomicos%20Resultantes%20de%20Acidentes%20de
%20Trabalho.pdf

 
 

Referência Bibliográfica

 GÁRIOS, M, G. Uma abordagem estrutural sobre


gerenciamento de risco no trabalho, FEAMIG –MG, Belo
Horizonte, MG, 2009.

 NAVARRO, A, F. A função e a origem do Gerenciamento de


Riscos, Universidade Federal Fluminense – UFF, Niterói,
RJ,  http://www.uff.br 1999.

 NABUCO, J. Gestão de Risco da Segurança do Trabalhador:


Como manter sua indústria segura. Fortaleza, CE sesi-
ce.org.br, 2018.

 VIANA, G. Gerenciamento de perigos e riscos na saúde e


segurança do trabalho, Consultoria Online Verde Gaia,
Campinas, UNICAMP, 2017.

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