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Nampula
2023
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
Orientado por:
Nampula
2023
ii
Índice
Lista de tabelas .......................................................................................................................... vi
Lista de gráficos........................................................................................................................vii
Agradecimentos .......................................................................................................................... x
Dedicatória................................................................................................................................. xi
Resumo .....................................................................................................................................xii
Abstract....................................................................................................................................xiii
1.2.Justificativa ..................................................................................................................... 15
1.4.1.Geral ......................................................................................................................... 17
iii
2.9.3.Factores pré-natais.................................................................................................... 27
5.2.Sugestões ........................................................................................................................ 47
Apêndices ................................................................................................................................. 53
v
Lista de tabelas
Tabela 1: Caracterização s sociodemográfica das gestantes atendidas no Centro de saúde 25
de Setembro .............................................................................................................................. 34
Tabela 2: Dados pré-natais das gestantes atendidas no Centro de Saúde 25 de Setembro....... 36
Tabela 3: Relação entre as características sociodemográficas e a ocorrência da anemia durante
a gestação .................................................................................................................................. 39
Tabela 4: Relação entre a característica socioeconómica e a ocorrência da anemia durante a
gestação .................................................................................................................................... 40
Tabela 5: Relação entre as características pré-natais e a ocorrência da anemia durante a
gestação .................................................................................................................................... 41
vi
Lista de gráficos
Gráfico 1: Nível de rendimento familiar da gestante ............................................................... 35
Gráfico 2: Histórico de anemia nas gestantes ........................................................................... 37
vii
Lista de abreviaturas
AF Ácido Fólico
BS Banco de Socorro
Hb Hemoglobina
SF Sulfato Ferroso
viii
Declaração de honra
Declaro por minha honra que esta dissertação nunca foi apresentada para a obtenção de
qualquer grau académico e que ela constitui o resultado da minha investigação pessoal, e
todas fontes consultadas estão devidamente mencionadas no final do mesmo.
_________________________________
Amina Injur Anquipa
ix
Agradecimentos
O Trabalho de Conclusão de Curso representa a conquista árdua de quatro anos de dedicação
e significa que nada foi em vão. Por isso, agradeço.
Agradeço a Deus pelo dom da vida e por ter estado presente nos bons e maus momentos ao
longo da minha formação até hoje, a quem tudo devo.
Ao meu amado marido Hiltone António Ismael, que pela força, compressão e paciência, pelos
momentos que me ausentava por razões académicas e que sempre me deu apoio incondicional
em todos os momentos, te amo.
Aos meus docentes pelos conhecimentos teóricos, práticos e humanos que me transmitiram ao
longo da formação.
Agradeço a todas as pessoas que de alguma forma contribuíram para que esse sonho se
concretizasse e que estiveram ao meu lado me ajudando e me dando forças.
Se me esqueço de citar alguém, perdão, mas lembrem que todos estão guardados no lugar
mais bonito e importante do meu coração.
Agradeço!
x
Dedicatória
Dedico este trabalho aos meus pais, por me terem ensinado o caminho da escola, a respeitar o
próximo e pelo incentivo em vários momentos da minha vida. Ao meu marido, meus irmãos,
e meus filhos que estiveram sempre presente durante a minha formação académica.
xi
Resumo
xii
Abstract
xiii
Capitulo I: Introdução
Neste capítulo serão apresentadas as literaturas concernentes ao tema com o intento de dar
uma ideia sólida de apoio ao tema. O ciclo de vida feminino é composto por diversas fases e
dentre estas, se destaca a gravidez, onde a mulher pode desfrutar do privilégio de gerar um
novo ser, sendo este período inexplicável e também de diversas transformações em seu corpo,
necessitando assim de vários cuidados, devendo esses começarem a partir do momento que a
mulher deseja engravidar, iniciando portanto, com o planeamento da gravidez e seguirá até o
puérpero. No entanto, durante a fase de gestação a mulher pode-se deparar com varias
doenças, dos quais pode se destacar a anemia, patologia que pode ser afectada por diferentes
factores.
Portanto, segundo Medeiros (2016, p. 17), entre tantos cuidados que a gestante deve receber,
um deles é a utilização da suplementação de ácido fólico (AF) e do sulfato ferroso (SF), sendo
estes essenciais para formação do tubo neural no feto e diminuição da ocorrência de anemia
durante o período perinatal.
É neste contexto que elaborou-se este trabalho que tem como tema Análise de factores
sociodemográficos, económicos e pré-natais que influenciam na ocorrência da anemia em
gestantes atendidas no Centro de Saúde 25 de Setembro, Nampula, 2023.
14
de crianças em risco (CCR), consultas de crianças sadias (CCS), consultas de crianças doentes
(CCD), Consulta Pré-Natal (CPN), Consulta de Pós-Parto (CPP), triagem de adultos,
maternidade, laboratório de análises clínicas, estomatologia, fisioterapia, oftalmologia,
farmácia, pediatria, Programa alargado de vacinação (PAV), Serviços de Tratamento Anti-
Retroviral (STARV), Serviços Amigos de Adolescentes e Jovens (SAAJ), Unidade de
Aconselhamento e Testagem em Saúde (UATS), Secretaria e Programa Nacional de Combate
a Tuberculose (PNCT).
1.2.Justificativa
A alimentação adequada é um factor importante na prevenção de doenças, sendo que a maior
parte das doenças de origens nutricionais, em Moçambique, resultem de problemas de défices
nutricionais. Portanto, as gestantes, por apresentarem alterações fisiológicas durante a
gravidez e terem as suas necessidades aumentadas, ficam mais propensas a desenvolver a
anemia gestacional. Com isso, é necessário conhecer as causas da anemia gestacional e as
consequências para a mãe e para o feto.
Importa aqui referir que, a primeira motivação deste estudo perpassa o facto de que várias
mulheres são influenciadas por diferentes factores durante a gravidez e este assunto ainda é
um campo de estudo pouco explorado na literatura académica Moçambicana.
15
1.3. Problematização
A gestação é uma fase peculiar na vida da mulher tendo em vista os desafios aos quais ela está
sujeita. O período gestacional é envolto por uma série de modificações no corpo da gestante,
tais como alterações na anatomia, fisiologia, no sistema hematológico, cardiovascular e
respiratório, surgindo desde a nidação, que é o período de implantação do óvulo na parede
uterina, desenvolvendo-se pela gestação, até o fim da lactação.
Dentre as mudanças que acometem às gestantes, a anemia por déficit de ferro (Anemia
Ferropriva) é um dos problemas mais comuns que ocorrem durante a gravidez, podendo trazer
prejuízos para a mãe e o feto.
De acordo com os autores Zubiaur, Maciel, Thompson, Sarli & Erro (2011, p. 08) a anemia
em gestantes é considerada mais do que um desafio, no diagnóstico, mas também representa
um desafio na sociedade e a sua presença se associa a desigualdades sociais, a pobreza e
desnutrição, assim como também, esta pode representar um fracasso de medidas no controle
pré-natal.
Segundo o estudo feito pela OMS em 2015, em mulheres grávidas, com idades
compreendidas entre 15 e 49 anos, 48% das gestantes moçambicanas apresentavam anemia
severa.
E com base nesses dados que surge o seguinte problema: quais são os factores
sociodemográficos, económicos e pré-natais que influenciam na ocorrência da anemia
em gestantes atendidas no Centro de Saúde 25 de Setembro?
1.3.1. Hipóteses
H0: Não há uma relação entre factores sociodemográficos, económicos e pré-natais
com a ocorrência da anemia em gestantes atendidas no Centro de Saúde 25 de
Setembro;
H1: Há uma relação entre factores sociodemográficos, económicos e pré-natais com a
ocorrência da anemia em gestantes atendidas no Centro de Saúde 25 de Setembro.
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1.4. Objectivos da pesquisa
1.4.1.Geral
Analisar os factores sociodemográficos, económicos e pré-natais que influenciam na
ocorrência da anemia em gestantes do Centro de Saúde 25 de Setembro.
1.4.2. Específicos
Identificar os factores sociodemográficos, económicos e pré-natais que influenciam na
ocorrência da anemia em gestantes atendidas no Centro de Saúde 25 de Setembro;
Descrever os factores sociodemográficos, económicos e pré-natais que influenciam na
ocorrência da anemia em gestantes atendidas no Centro de Saúde 25 de Setembro;
Relacionar os factores sociodemográficos, económicos e pré-natais com a ocorrência
de anemia em gestantes atendidas no Centro de Saúde 25 de Setembro.
Foi garantido o anonimato das participantes e para o efeito ao invés dos nomes, os
questionários foram organizados em número (Ex. 01, 02…). As gestantes sujeitas desta
pesquisa, foram esclarecidas repetidas vezes e sempre que se fazia necessário, de que eram
livres para participar do estudo, estando cientes do direito de desistir da participação, a
qualquer momento.
No que diz respeito aos custos, não existiu nenhum custo aplicado as mães das crianças na
participação do estudo. E como forma de preservar a saúde das participantes do estudo, a
autora sugeria o uso de mascaras e álcool-gel, durante as entrevistas, como forma de prevenir
uma possível contaminação por coronavírus.
Os questionários foram preservados de forma sigilosa pela autora em sua residência, onde
após o devido uso dos mesmos foram arquivados secretamente. Importa referir que, no acto
da recolha dos dados, usou-se a língua portuguesa. Entretanto, para as gestantes com
17
dificuldades de se expressar em língua portuguesa, a autora do estudo recorria a uso da língua
Emákua.
18
Capitulo II: Revisão de literatura
Neste capítulo consta a fundamentação teórica sobre a anemia em gestantes, focando-se mais
nos factores que influenciam na ocorrência da anemia em gestantes, dentre os diferentes
factores destacam-se os factores sociodemográficos, económicos e pré-natais. O presente
capítulo faz uma apresentação teórica dos autores que abordam a anemia gestacional, o
conceito, sinais, sintomas, factores, diagnósticos, tratamentos, consequências, prevenção e a
epidemiologia desta patologia.
Ciunciusky (s.d.), considera que anemia é uma das complicações mais frequentes relacionadas
com a gravidez, especialmente em países em desenvolvimento. Por outro lado, Zubiaur et al.
(2011, pp.09-13), destacam que a anemia ferropénica é responsável de 77% das anemias
durante a gestação.
Apesar de parecer simples, Modotti et al. (2015, p. 07) referem que apresentar o conceito da
anemia na fase gestacional é mais complexo e compreende muitos factores, uma vez que é
necessário verificar as circunstâncias fisiológicas de cada fase da gestação, e dentre esses
factores destacam-se os factores: genéticos, nutricionais e individuais de cada mulher.
Todavia, a mulher mostra-se mais sensível do que o homem à carência de ferro. Essa carência
é constituída pela perda de ferro durante a vida reprodutiva feminina, imposta pela
menstruação. Nas grávidas, o crescimento feto-placentário e a expansão do volume sanguíneo
19
levam a gestante a fazer parte do grupo populacional mais exposto ao risco de se tornar ferro
deficiente. (Ciunciusky, s.d., p. 04)
No estudo feito pelos autores Zubiaur et al., (2011, p. 12), afirma que o feto acumula o ferro
que necessita o máximo das reservas maternas, assim sendo, se realiza contra gradiente assim
que a mãe que não se encontra com as reservas adequadas, com o aumento da demanda, se
anemiza rapidamente, apesar de estar aumentada a absorção intestinal. A anemia ferropénica é
responsável de 77% das anemias durante a gestação.
No estudo sobre anemia e desnutrição maternas e sua relação com o peso ao nascer, em 1991,
Rodriguez, Szarfarc e Benicio afirmaram que, a anemia era uma das deficiências nutricionais
que tinha grande importância durante a fase da gestação, quer pela elevada prevalência com
que ocorria, quer pelos efeitos adversos a ela associada.
Assim, na gravidez, o défice de ferro apresenta um espectro que vai desde o estado de
depleção de ferro sem anemia (ausência de reservas de ferro, com hemoglobina normal), até à
anemia ferropénica. Tal aumenta o risco de transfusão periparto, pré-eclâmpsia, descolamento
prematuro de placenta normalmente inserida (DPPNI), falência cardíaca e até morte.
Relativamente ao feto, o défice em ferro é raro, uma vez que a placenta é responsável pelo
transporte activo do mesmo. Contudo, situações de anemia ferropénica grave (Hb <7 g/dL)
20
associam-se a desfechos perinatais adversos (parto pré-termo (PPT), restrição de crescimento
fetal (RCF) e morte fetal, sendo a incidência desses acontecimentos tanto maior quanto mais
precoce for a idade gestacional de instalação da anemia. (Areia et. al., 2019, p. 32-34)
Outrora, Araújo et al., (2020, pp. 03-07), afirmam que as causas que podem levar com que um
indivíduo tenha anemia, variam entre: hemorragias, aumento da destruição de Eritrócitos (Ert)
e diminuição da produção destas células. No entanto, cada uma destas causas inclui diversos
distúrbios como hemoglobinopatias, deficiências nutricionais (com ênfase para o ferro,
vitamina B12 ou ácido fólico/folatos), doenças hepáticas, neoplasias, infecções bacterianas e
parasitemias, como por exemplo a malária.
Por sua vez, Santana Norton e Fernandes (2009, p. 19), referem que as principais causas da
anemia são inadequação alimentar, má absorção, aumento da perda de ferro e aumento das
necessidades de ferro, este ocorrendo principalmente durante a gravidez.
21
cardiovasculares, enfraquecimento. Por outro lado, há riscos para o feto como: abortamentos,
hipóxia, prematuridade, crescimento fetal restrito e alterações neurológicas. (Araújo et al.,
2020, p. 15)
Entretanto, nos quadros leves, sintomas como mal-estar, cansaço, fadiga podem se confundir
aos apresentados na gestação normal. Taquicardia, palidez cutânea, dispneia aos esforços, ou
mesmo ao repouso, indicam anemias moderadas ou severas. (Dos Santos, 2012, p.13)
Assim sendo, a anemia pode produzir uma redução substancial da capacidade de trabalho;
alterar o desenvolvimento psicomotor e o rendimento intelectual, ao mesmo tempo em que
determina mudanças de comportamento; gerar alteração na capacidade para manter
temperatura corporal em ambientes frios; reduzir a resistência às infecções e em gestantes
pode se associar a nascimentos prematuros, baixo peso ao nascer e morte fetal. (Massucheti,
2007, p. 20)
De acordo com os autores Santana, Norton & Fernandes (2009, p. 16), as gestantes que
apresentam uma ingestão dietética inadequada, poderão apresentar um comprometimento do
desenvolvimento fetal. Também pode ocorrer: abortamento espontâneo, recém-nascido
pequeno para a idade gestacional, sofrimento fetal devido à hipóxia nos últimos meses da
gravidez e no trabalho de parto, quando a hemoglobina não consegue transportar o oxigénio
necessário para a mãe e o feto; redução da integridade tecidual, com grandes possibilidades de
lesões durante o parto; infecção pré-natal ou pós-natal, observando que há retardo na
cicatrização. Pode-se observar também a diminuição da resistência imunológica à infecções e
sangramento excessivo após o parto.
22
2.5.Diagnóstico, tratamento e prevenção da anemia
Segundo Bernardo (2016, p. 21), é difícil estabelecer um diagnóstico de anemia por
deficiência de ferro na gestação, uma vez que a hemoglobina está alterada pela hemodiluição
de maneira muito variável. Avaliação clínica adequada, com detalhada investigação dos
sintomas apresentados e minucioso exame físico são elementos úteis para determinar a
gravidade da patologia, bem como orientar o tratamento.
De acordo com o estudo de Souza e Filho feito em 2003, a anemia na gestação é definida
quando o valor da hemoglobina está abaixo de 11,0g/dL. Apesar de existirem autores
proporem limites de concentração de hemoglobina de 10,0 ou 10,5g/dL, sendo que abaixo
destes valores ee considerada anemia gestacional.
Entretanto, o sulfato ferroso pode provocar alguns eventos adversos com o seu uso como:
náuseas, indigestão, constipação e diarreia que, em geral, são proporcionais à quantidade de
ferro ingerida. (Dos Santos, 2012, p. 14)
Por outro lado, durante a primeira consulta pré-natal deve ocorrer a prescrição do ácido fólico
e sulfato ferroso pelos profissionais da atenção básica, com objectivo de prevenir as
anormalidades congénitas do tubo neural e a anemia durante a gravidez. (Medeiros, Nóbrega,
Dos Santos & Vieira, 2016, p. 12)
Nas gestantes, embora parte dessa elevada demanda seja compensada pela amenorreia e pelo
aumento na absorção intestinal de ferro, a necessidade é tão elevada que dificilmente pode ser
preenchida apenas com o ferro alimentar. (Massucheti, 2007, p. 22)
23
Assim sendo, a nutrição adequada, com oferta apropriada de ferro, somada à suplementação
deste mineral é recomendada em todo o mundo durante o período gestacional, a fim de ajustar
o seu status e prevenir a sua deficiência, consequentemente prevenir a anemia. (Ferreira et al.,
2016)
Porém, segundo dados revelados OMS em 2015, mulheres grávidas e crianças de 06-59
semanas possuíam maior incidência de casos de anemia para os continentes da África e
América do Sul. (JMPS, 2020, p. 04)
No entanto, os países que compõem a maior parte dos continentes em destaque são
subdesenvolvidos e desenvolvidos, logo pode se observar que provavelmente algum outro
factor externo pode influenciar no caso do surgimento da anemia gestacional e não só apenas
a carência na alimentação da população. (JMPS, 2020, p. 05)
Nwizu, Iliyasu, Ibrahim e Galadanci (2011, p. 08), estimam também que, esta anemia é
responsável por mais de 20% de todas as mortes maternas na África Subsariana.
Muitos países na África Subsariana, incluindo África do Sul, têm políticas nacionais para a
prevenção e tratamento da anemia na gestação. Isto inclui a disponibilização de sulfatos
ferrosos e ácido fólico para todas mulheres durante a gravidez. (idem, 2011, p. 08-09)
24
Portanto, estimativa recente sugere que mais de 60% de mulheres grávidas de países em
Desenvolvimento incluído Nigéria, podem ser anémicas, e próximo de 7% de mulheres
grávidas possuem anemia grave. (idem, 2011, p. 09)
Estudo feito por Lebso, Anato, Loha no ano de 2015 (Maio-Junho) em Hawassa, na Etiópia,
revela que das 507 mulheres que participaram do estudo 23% (117) tinham anemia, das
gestantes com anemia, 66% era anemia leve e 33% moderada, não tendo casos e anemia
severa.
Por outro lado, um estudo feito pela OMS, em África, estima que a prevalência da anemia em
mulheres durante a gestação foi de 57,1% (1993-2005), na qual era associada com a
mortalidade maternal, mortalidade infantil, diminuição de crescimento e baixo peso ao nascer.
(OMS, 2015, p. 02)
Diversos são os factores que contribuem para a ocorrência de frequências elevadas de anemia
durante o período gestacional, tornando-se necessários estudos que evidenciem eficazmente a
real prevalência da anemia em gestantes e a identificação da magnitude dos factores
associados.
25
2.9.1.Factores sociodemográficos
O estudo de Stefany (2014) aponta que, com o avanço da idade a gestante se torna mais
propensa a ter anemia. Ainda no mesmo estudo, o mesmo autor refere que, o número do
agregado da família da gestante pode influenciar na ocorrência da anemia, uma vez que se a
família tem uma renda familiar baixa, a ingestão alimentar será insuficiente para todo o
agregado, comprometendo assim a ingestão de micronutiente como o ferro. A situação social
da gestante influencia o acesso domiciliar a alimentos, educação nutricional e qualidade da
dieta. Por tais motivos, a maior ocorrência da anemia ainda envolve famílias nos estratos
sociais inferiores, seja pelas deficiências quali-quantitativas da dieta, seja pela precariedade
do saneamento ambiental e condição típica das áreas habitadas pelas camadas sociais mais
baixas.
Não sendo deixada de lado, a escolaridade que segundo Gyorkos et al. (2004, p. 07), é
também reconhecida como um importante factor relacionado aos agravos nutricionais, pois a
baixa escolaridade conduz ao menor acesso aos meios de informação, ao adequado uso dos
suplementos e deficiência na qualidade da alimentação.
Por sua vez Bharati et al. (2008), sustenta a ideia dizendo que, o maior nível de instrução,
provavelmente, repercute em maior chance de trabalho e de renda, condicionando um melhor
acesso aos alimentos e aos cuidados com a saúde.
Não obstante a isso, Corrêa, Bonadio e Tsunechiro (2011, pp. 30-33), trazem uma visão em
relação ao estado civil das gestantes, referindo que as mulheres grávidas sem companheiros,
possuem uma deficiência nutricional, uma vez que o companheiro incentiva e facilita a
parceira na ingestão de alimentos que possuem o nutriente ferro. Estas gestantes, as casadas,
comparecem as consultas pré-natais acompanhadas dos seus parceiros el tendem a
apresentar melhores resultados maternos e perinatais comparados às gestantes que o iniciam
tardiamente, devido a falta de apoio conjugal.
2.9.2.Factores socioeconómicos
Os indicadores socioeconómicos, como condições de moradia e posse de bens, têm sido
investigados para melhor estimar a relação entre condições de vida e problemas de saúde
(Agho et al, 2008; Osório et al, 2004; Souza e Araújo, 2004).
Segundo o estudo da WHO (2001), a anemia na gravidez afecta principalmente mulheres com
baixo nível socioeconómico. Em todo o mundo, de acordo com os critérios da OMS, 52% das
26
mulheres grávidas, de países subdesenvolvidos ou ainda em desenvolvimento são anémicas
em comparação com 20% de países mais desenvolvidos.
Porém, apesar de mesmo com estes dados a anemia ferropriva não ser um problema de saúde
pública restrito aos países em desenvolvimento, sempre foi importante considerar que as
condições favoráveis para o agravamento da carência de ferro estão atreladas às condições
sociais e económicas das classes de renda mais baixa, seja por uma alimentação quantitativa e
qualitativamente inadequada (Martins et al. 1987).
Osório et al. (2001), ainda sustenta que, as populações que vivem em áreas rurais e na
periferia dos centros urbanos, por falta de oportunidades de emprego, baixos salários ou
rendimento familiar, condições precárias de habitação, educação e saúde, são mais
susceptíveis a estarem anémicas.
Esta baixa renda, na visão de Schlindwein e Kassouf (2006, p. 15), acarreta menor poder de
aquisição de alimentos fontes de ferro de alta biodisponibilidade (carnes, aves e peixes) itens
de maior custo na cesta básica, o que associado à baixa adesão à suplementação de ferro,
contribuiria para a prevalência de anemia entre as gestantes avaliadas.
2.9.3.Factores pré-natais
A idade gestacional sendo um factor pré-natal, na óptica de Silva (2012), pode também ser
considerada como um factor de risco da anemia, segundo os critérios do Centro de Controle
do Doenças (CCD), pois, segundo este autor, o avanço do trimestre gestacional aumenta o
risco de anemia na gravidez.
Defendendo esta ideia, Fujimori et al. (2000, p. 29), acrescentam que, do ponto de vista da
necessidade orgânica de ferro, o período gestacional é o mais crítico, pois a demanda total do
mineral é cerca de 1000 mg, aumentando de 0,8 mg/dia no primeiro trimestre para 6,3 mg/dia
no segundo e terceiro trimestres.
Em seu estudo, Ferreira et al. (2008, p. 11) afirmam que, o início tardio da assistência pré-
natal ee considerado como sendo um dos factores associados à anemia, tal fato merece maior
atenção do poder público.
Ainda na mesma vertente, o Ministério da Saúde do Brasil (2005), sugere que a primeira
consulta pré-natal deve ocorrer no primeiro trimestre gestacional e a gestante deve ter pelo
menos seis consultas até o final da gestação. O início tardio desse acompanhamento aumenta
27
os riscos de um menor número de consultas e, consequentemente, maiores riscos de agravos à
saúde da mãe e da criança.
No que se refere ao número de partos realizados, Rosmawati et al. (2012, p. 42), defendem
que, as gestantes consideradas grandes multíparas tendem a apresentar uma frequência mais
elevada de anemia durante a gravidez em comparação com as primíparas e multíparas.
Mesmas ideias foram encontradas no estudo com mulheres grávidas na Jordânia, feito por
Salahat e Ibrahim (2012), onde um dos resultados foi de que a prevalência de anemia foi
maior entre as gestantes multíparas do que entre as primíparas, sendo consistente com os
resultados previstos por alguns autores.
28
Capitulo III: Metodologias
Neste capítulo far-se-á a abordagem sobre o tipo de estudo, os caminhos seguidos para o
alcance dos objectivos a descrição e os seus resultados. A fase metodológica consiste em
explicar como o fenómeno em estudo será integrado num plano de trabalho que ditará as
actividades conducentes à realização da investigação.
No que se refere aos objectivos, este estudo foi considerado descritivo por descrever as
características das gestantes em estudo, neste caso as características sociodemográficas,
socioeconómicas e pré-natais, e por estabelecer as relações entre essas variáveis.
Para nascimento (2016) "o estudo descritivo mede o comportamento quantitativo das
variáveis de uma realidade e analisar as associações existentes entre elas" (p. 14). A mesma
ideia ee encontrada no trabalho de Minayo (2001), onde refere que, estes estudos buscam a
descrição de características de populações ou fenómenos e de correlação entre variáveis.
Entretanto, o estudo foi transversal, quanto a delimitação temporal, por escolher dados sobre a
realidade em um momento específico. Pois, também a escolha de estudo transversal foi pelo
facto de nos estudos transversais haver a possibilidade de se medir a prevalência de uma
determinada doença e que os estudos transversais são bons em geral para levantar questões
(31,32)
relacionadas à presença de uma associação em vez de testar uma hipótese . (Bonita,
Beaglehole e Kjellström, s.d.; Romanowski, Mariane e Neris, 2019, p. 41-42)
29
E por último, a abordagem escolhida para este este estudo foi a quantitativa, por empregar
medidas padronizadas e sistemáticas, reunindo respostas pré-determinadas em questionários,
facilitando a comparação e a análise de medidas estatísticas de dados, tal como referem
Bonita, Beaglehole & Kjellström (s.d) e Gil (1989, p. 92).
Tomando como base de que nos estudos quantitativos são usados, segundo Romanowski,
Mariane, & Neris (2019, p. 42) e Azevedo, Morales e Pinho (2018, p. 81), testes estatísticos,
como o caso de teste Qui-quadrado, neste caso, relacionou-se as variáveis em estudo, as
variáveis sociodemográficas, socioeconómicas e pré-natais como a ocorrência da anemia
durante a gestação.
O universo deste estudo foi obtido a partir do valor médio de gestantes atendidas nas
consultas pré-natais deste centro de saúde 25 de Setembro, onde posteriormente, a amostra foi
calculada usando a fórmula de população pesquisada que não supera 100.000 elementos.
Dados:
Fórmula:
n= ( )
30
Cálculo:
( ) ( )( )
n=( ) ( ) ( ) ( )( )
Onde:
32
Capitulo IV: Apresentação e análise de dados
A partir destes dados apresentados neste estudo, fez-se a confrontação com ideias de alguns
autores que versaram sobre a temática de factores sociodemográficos, económicos e pré-
natais que influenciam na ocorrência da anemia em gestantes atendidas no Centro de Saúde
25 de Setembro, Nampula, 2023.
Porém, quando questionadas sobre quantas pessoas faziam parte dos seus agregados
familiares, a maioria, 67,4% (n = 164) afirmaram que os seus agregados eram constituídos por
5 a 8 membros, por sua vez 43,4% (n = 105) ainda estavam a estudar até o momento de
recolha de dados.
33
Tabela 1: Caracterização sociodemográfica das gestantes atendidas no Centro de saúde 25 de
Setembro
Variável Frequência (n) Percentagem (%)
34
valores que se situavam entre 1 e 2 salários mínimos em vigor no país, que até o momento de
recolha de dados era 8 758,00 meticais.
Entre 1 e 2 salários
mínimos
Acima de 2 salários
169; 70%
mínimos
Em relação a idade gestacional, a maioria das participantes neste estudo, referiram que se
encontravam no segundo trimestre de gravidez, este número de gestantes representava 45,5%
(n = 110) do total da amostra.
Quanto a ao período que a gestante teve a primeira consulta pré-natal, o inquérito confirmou
apenas 4 períodos, sendo que a maior parte da amostra que, representava 52,5% (n = 127),
referiram ter feito a primeira consulta pré-natal no sengo mês da sua gravidez. Tal
acontecimento pode ser justificado pelo facto a gestante ter dificuldade em reconhecer as
primeiras modificações fisiológicas inerentes ao início do período gestacional.
35
Ainda em relação aso dados pré-natais, procurou-se saber quantas consultas as gestantes já
tinham realizado ate o momento de recolha de dados, sendo que mais da metade da amostra,
53,7% (n = 130), já tinha feito de uma a duas consultas pré-natais.
Por fim, as gestantes foram questionadas sobre qual era o histórico de partos que elas já
tinham realizado e o resultado obtido foi de que, 73,1% (n = 177), tinham históricos de 0 a 3
partos realizados. Tal facto pode ser justificado pelo facto de a maior parte da amostra deste
estudo ser representado por mulheres jovens que variava de 18 a 25 anos de idade (Tabela 2).
Idade gestacional
Primeiro trimestre 63 26,0
Segundo Trimestre 110 45,5
Terceiro Trimestre 69 28,5
a
Mês da 1 consulta
Primeiro mês 69 28,5
Segundo mês 127 52,5
Terceiro mês 10 4,1
Quarto mês 36 14,9
Consultas realizadas
1-3 130 53,7
4-6 92 38,0
7-8 20 8,3
Partos anteriores
0-3 177 73,1
4-6 53 21,9
>7 12 5,0
Total 242 100
36
4.3. Histórico de anemia nas gestantes do Centro de saúde 25 de Setembro
A última questão tinha como objectivo saber se as gestantes já tinham sido diagnosticadas
anémicas durante a sua gravidez, neste estudo a autora não se baseou no levantamento
documental, uma vez que na altura a direcção da referida Unidade sanitária mostrava
dificuldade em disponibilizar os dados da CPN, todavia, é importante referir que as gestantes
se encontravam em condições de dar a resposta, assim sendo prosseguiu-se com o estudo. O
gráfico 2 mostra que mais da metade, que correspondia a 62,0% (n = 149) não tinham sido
diagnosticas anémicas durante a gestação.
93; 38%
Sim
Não
149; 62%
No entanto, o estado civil das gestantes atendidas neste centro de saúde mostrou não estar
estatisticamente relacionado com a anemia durante a gestação, tal que o nível de significância,
valor de p, foi igual a 0,072. Enquanto que, o nível de escolaridade concluído pelas gestantes
em estudo apresenta uma dependência estatisticamente significativa em relação a anemia
durante a gestação, pois apresento o valor de p = 0,018.
38
Tabela 3: Relação entre as características sociodemográficas e a ocorrência da anemia
durante a gestação
Ocorrência da anemia durante a gestação
Variável
Não Sim Total Valor de P
N % N % N (%)
Idade da gestante
18-25 88 36,4 27 11,2 115(100) 0,000
26-35 38 15,7 40 16,5 78(100)
36-45 23 9,5 20 8,3 43(100)
> 45 0 0,0 6 2,4 6(100)
Estado civil 0,072
Solteira 32 13,2 25 10,3 57(100)
Casada 105 43,4 66 27,3 171(100)
Divorciada 11 4,5 0 0,0 11(100)
Viúva 1 0,4 2 0,8 3(100)
Nível de escolaridade
0,018
concluído
Nenhum 3 1,2 17 7,0 20(100)
Primário 49 20,2 45 18,6 104(100)
Secundário 61 25,2 39 16,1 100 (100)
Universitário 12 4,9 6 2,4 18(100)
Número de agregado
0,001
familiar
2a4 35 14,5 29 12,0 64 (100)
5a8 111 46,0 52 21,5 163(100)
>8 3 1,2 12 4,9 41(100)
Ocupação 0,000
Doméstica 13 5,4 33 13,6 46(100)
Estudante 77 31,8 28 11,5 105 (100)
Emprego remunerado 59 24,4 32 13,2 91 (100)
Total 242(100)
39
Tal resultado obtido, pode justificar pelo facto de que o baixo rendimento familiar faz com
que haja menos recursos financeiros para a obtenção de alimentos ricos em ferro, que na sua
maior parte são de origem, os mais ricos em ferro, e apresentam um custo elevado no
mercado.
Na tabela 4 abaixo, mostra que das gestantes com rendimento salarial abaixo de salário
mínimo, o número mais elevado das gestantes, 7,4% (18), eram anémicas em relação 3,7% (n
= 9) que não apresentaram anemia durante a gestação.
No contexto das variáveis pré-natais, a tabela 5 mostra a análise bilateral entre estas variáveis
e a ocorrência da anemia durante a gestação, tendo como resultado vários valores de p.
entretanto, pode-se observar que a idade gestacional das gestantes não influenciou na
ocorrência da anemia durante a gestação, isto é, não houve uma dependência estatisticamente
significativa entre essas duas variáveis, tal que o valor de p foi maior que o,05, isto é, igual a
0,082.
O mesmo não foi encontrado quendo se referiu ao período que a gestante fez a primeira
consulta, pois o valor de p foi igual a 0,008, que mostrou que existe uma dependência
estatisticamente significativa entre as variáveis, para as gestantes que fizeram a primeira
consulta pré-natal ainda no primeiro mês da sua gravidez, a sua maioria não apresentou
40
anemia, em relação as gestantes que tiveram a primeira consulta pré-natal no quarto mês de
gravidez, onde a maioria teve anemia.
Em relação ao número de consultas pré-natais feitas pelas gestantes até o momento de recolha
de dados, constatou-se que quanto mais consultas as gestantes referiram ter feito durante a sua
gravidez, menos probabilidades tiveram de serem diagnosticadas anémicas, pode-se ainda
confirmar através do valor de p que foi igual a 0,000.
Há que referir que, também, o facto de a gestante ser primípara ou multípara pode influenciar
na ocorrência da anemia durante a gestação, na tabela 5 é possível observar que em relação a
questão que fazia referência ao número de partos que a gestante já teve até o momento de
recolha dedos, dentre as que tiveram mais de 7 partos a maioria teve anemia, diferentemente
das gestantes com 0 a 3 partos apenas, onde a sua maior parte referiu não ter anemia. A
análise estatística para esta variável, apresentou um valor de p igual a 0,000.
42
Capitulo V: Discussão de resultados
Aqui neste capítulo, constam algumas discussões e confrontos sobre os factores aqui
estudados, baseando-se em estudos já realizados por diferentes autores com temas similares a
este. Portanto, as variáveis aqui discutidas são as sociodemográficas, socioeconómicas e pré-
natais, o diagnóstico da anemia durante a gestação, assim como também, o presente capítulo,
faz menção sobre a relação que os três factores têm com a ocorrência da anemia durante a
gestação.
Por sua vez Oliveira, Barros & Ferreira (2015), em seu estudo realizado em 428 gestantes,
sobre os factores de risco associados à anemia em gestantes da rede pública de saúde de uma
capital do Nordeste do Brasil, em 2015, mostrou que 66,8% (n = 286) das gestantes
encontravam-se com idades compreendidas entre 20 a 34 anos.
Quanto ao estado civil das gestantes, Araújo et al. (2020), refere em seu estudo realizado
sobre a incidência de anemia ferropriva em mulheres no período gestacional com amostra de
14 gestantes cadastradas para realização do pré-natal em uma unidade de saúde no município
de Patos – PB, feito em 2020, mostrou que as gestantes entrevistadas em sua maioria 11
(78,6%), relataram serem casadas, seguido de 02 (14,3%) sendo solteiras, e 01 (7,1%) em
união estável.
Portanto, corroborando com este estudo, o estudo de Machado (2011), sobre anemia em
gestantes atendidas em Unidades Básicas de Saúde da Região Administrativa do Butantã,
município de São Paulo, relativamente ao estado civil das gestantes mostrou que a maior
parte, 52,2% (n = 238), eram casadas.
Concordando com este estudo, Pessoa1 et al. (2015), com o seu estudo sobre a evolução
temporal da prevalência de anemia em adolescentes grávidas de uma maternidade pública do
Rio de Janeiro, realizado em 628 gestantes nos períodos de 2004 a 2013, verificaram que a
maioria das gestantes apresentava renda familiar total <1 salário mínimo por mês (63,1%). No
entanto, este é um caso diferente ao que acontece neste estudo, onde a maior parte das
gestantes tinham uma renda familiar que se situava entre um a dois salários mínimos.
Num estudo realizado com gestantes da cidade de Arequipa (Perú), observou-se que o baixo
nível socioeconómico se relacionava com uma maior frequência de anemia. A baixa renda
acarreta menor poder de aquisição de alimentos fontes de ferro de alta biodisponibilidade
(carnes, aves e peixes), itens de maior custo na cesta básica, o que, associado à baixa adesão à
suplementação de ferro, contribuiria para a elevada prevalência de anemia entre as gestantes
avaliadas.
Estes estudos comprovam os resultados obtidos na presente pesquisa, que também foi
possível constatar que a baixa renda influenciou na ocorrência da anemia na gestação, pois de
acordo com este estudo as gestantes com um nível de rendimento familiar inferior ao salário
mínimo referiram ter anemia durante a gestação.
Pessoa1 et al. (2015), ainda verificaram em seu estudo que, a ocorrência de gestantes
anémicas aumentou com a evolução da gravidez35. Esses resultados não são tão diferentes aos
resultados encontrados neste estudo, pois foi possível observar neste estudo que, quanto mais
tempo a gestação tem, mais probabilidade a gestante tem de ser anémica.
Portanto, com os dados colhidos neste estudo verificou-se que também podemos encontrar a
mesma situação, devendo-se concluir que a idade gestacional influencia na ocorrência da
anemia em gestantes. Estes achados, em parte, podem estar relacionados à hemodiluição,
visto que as adaptações fisiológicas da gestação prevêem desde o 1º trimestre a expansão do
volume plasmático e do conteúdo eritrocitário, o qual ocorre mais rapidamente no
2° trimestre, atingindo um platô no período entre a 32ª e a 34ª semana de gestação.
A assistência pré-natal também atrela-se às condições sociais e económicas, pois quanto mais
baixo o nível socioeconómico da cidade/região e menor a escolaridade, maior a chance de se
ter uma menor cobertura do pré-natal e ou de baixa qualidade.
Duarte (2012), defende ainda que, as mulheres grávidas que recebem assistência no início da
gestação e comparecem a mais consultas de pré-natal tendem a apresentar melhores resultados
maternos e perinatais comparado às gestantes que o iniciam tardiamente ou entre aquelas que
tiveram as consultas mais concentradas em um único trimestre.
Um dos factores pré-natais, é número de partos que a gestante tem no seu histórico, em
relação a isto, Ferreira, Moura & Júnior (2008), em seus estudo sobre prevalência e factores
associados à anemia em gestantes da região semiárida do Estado de Alagoas, observaram que
do total de 150 gestantes, 62,5% das gestantes tinham de um a quatro filhos, 26,6% eram
nulíparas e 10,9% tinham mais de cinco filhos.
Dentre os principais motivos que provocam anemia gestacional frisam-se o baixo nível
socioeconómico, maior número de partos, baixo nível educacional e idade gestacional mais
avançada. (Stefany, 2014)
45
Capítulo VI: Conclusões e sugestões
5.1. Conclusões
Terminado o longo percurso da investigação, apresentam-se aqui as conclusões a que o estudo
chegou. Vale lembrar que o estudo teve como tema: Análise de factores sociodemográficos,
económicos e pré-natais que influenciam na ocorrência da anemia em mulheres gestantes do
centro de saúde 25 de Setembro, Nampula, 2023. Este teve como objectivo principal analisar
os factores sociodemográficos, económicos e pré-natais que influenciam na ocorrência da
anemia em mulheres gestantes do centro de saúde 25 de Setembro.
É importante lembrar que, o problema que se levantou para a elaboração deste tema foi quais
são os factores sociodemográficos, socioeconómicos e pré-natais que influenciam na
ocorrência da anemia durante a gestação?
Fizeram parte da amostra deste estudo 242 gestantes atendidas no centro de Saúde 25 de
Setembro, da cidade de Nampula. Das quais eram constituída por gestantes com uma faixa
etária jovem, sendo que estas tinham, pelo menos, concluído o nível primário de escolaridade.
Estas gestantes, vivem em lares com agregados não mitro grandes e por sua vez estes
agregados, na sociedade são considerados de renda familiar média, uma vez que varia entre
um e dois salários mínimos vigentes em Moçambique.
Os dados pré-natais das gestantes revelaram que, estas têm frequentado às consultas pré-
natais, apesar de se considerar ainda em Moçambique que é um desafio incentivar a
participação massiva das gestantes nas consultas pré-natais. No entanto, segundo os resultados
obtidos neste estudo, pode-se concluir que, muitas das gestantes tem aberto as fichas pré-
natais logo no segundo mês de gravidez, tal facto, pode ser justificado pela maior parte das
gestantes esperar a ausência da menstruação para descobrir a gravidez.
Contudo, há que referenciar neste estudo que, são poucos os casos de anemia durante a
gestação, pelo menos, no Centro de Saúde 25 de Setembro, isto pode ser por causa dos
inúmeros esforços que o Ministério da Saúde em Moçambique tem trabalhado e dados mais
atenção neste período gravítico.
Há ainda que se observar que, com base nesta investigação, pode se concluir que existem
factores, neste caso, os factores sociodemográficos, socioeconómicos e pré-natais que,
influenciam na ocorrência da anemia durante a gestação. Este estudo, comprova que a relação
existente entre essas variáveis com a ocorrência da anemia em gestantes, não é apenas
46
subjectiva, mas também estatística, pois os resultados da análise estatística através do teste
bilateral de Qui-quadrado de Pearson confirmaram que não é apenas um palpite, existe sim
uma relação de dependência entre as características aqui estudadas com a ocorrência da
anemia durante a gestação.
5.2.Sugestões
Diversos são os factores que contribuem para a ocorrência de frequências elevadas de anemia
durante o período gestacional, tornando-se necessários estudos mais amplos que evidenciem
eficazmente a real prevalência da anemia em gestantes e a identificação da magnitude dos
factores associados.
47
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52
Apêndices
Deste modo gostaria de convidá-la a participar do estudo, que vai consistir na assinatura deste
termo de termo. Portanto, ao participar do estudo a senhora não terá nenhum custo ou vantagem
financeira, o mesmo não proporciona nenhum risco para ti, apenas será pedido um pouco do seu
tempo e paciência para fornecer a informação solicitada agradecendo se desde já que responda
com máximo rigor e honestidade. Será esclarecida sobre o estudo em qualquer aspecto que
desejar e está livre para participar ou recusar-se a participar. Poderá retirar seu consentimento ou
interromper a participação a qualquer momento. Não serão mencionados os nomes das
participantes no estudo.
Inquirida Inquiridora
_________________________ __________________________
53
Apêndice B: Questionário
Universidade Católica de Moçambique
Faculdade de Educação e Comunicação
Curso de Licenciatura em Ensino de Biologia
No da participante:____
Data:____/_____/_______
1.DADOS SOCIODEMOGRÁFICOS
1.1.Idade:_____(Anos)
1.2. Estado civil: Solteira ( ) Casada ( ) Viúva ( ) Divorciada ( )
1.3. Número de filhos:______
1.4. Número de agregado familiar:___
1.5. Nível de escolaridade concluído: Nenhum ( ) Primário ( ) Secundário ( ) Superior ( )
1.6. Ocupação: Doméstica ( ) Estudante ( ) Funcionária como remuneração ( )
2. DADOS SOCIOECONÓMICOS
2.1. Rendimento: Abaixo de 8 758mt ( ) 8 758mt – 17 516mt ( ) 17 516mt – 26 274mt__
Acima de 26 274mt ( ).
3. DADOS PRÉ-NATAIS
4. DIAGNÓSTICO DE ANEMIA
54
Anexos
Anexo I: Credencial
55