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UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

CENTRO DE ENSINO À DISTÂNCIA (CED) – CUAMBA

CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE BIOLOGIA

AVALIAÇÃO DAS CAUSAS DA MÁ NUTRIÇÃO EM CRIANÇAS DE


0-5 ANOS DE IDADE – CASO DO BAIRRO ADINE 3 (2016-2017)

ANASTÁCIO JOÃO GIMO

CUAMBA, SETEMBRO DE 2017


UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE

CENTRO DE ENSINO À DISTÂNCIA (CED) CUAMBA

CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE BIOLOGIA

AVALIAÇÃO DAS CAUSAS DA MÁ NUTRIÇÃO EM CRIANÇAS DE 0-


5 ANOS DE IDADE - CASO DO BAIRRO ADINE03 (2016 À 2017)

Anastácio João Gimo-708142125

Monografia Científica a ser apresentada ao Centro de


Ensino à Distância da Universidade Católica de
Moçambique, para obtenção do Grau de Licenciatura em
Ensino de Biologia.

Supervisor: dr. Adelino Mualape

CUAMBA, SETEMBRO DE 2017


ii
iii
Índice
Índice..........................................................................................................................................ii

Declaração de Honra..................................................................................................................v

Agradecimentos........................................................................................................................vi

Dedicatória...............................................................................................................................vii

Lista de Símbolos e Abreviaturas........................................................................................viii

Lista de Tabelas........................................................................................................................ix

Lista de Gráficos e figuras.........................................................................................................x

Resumo......................................................................................................................................xi

CAPITULO I: INTRODUÇÃO...............................................................................................12

1.1. Tema da Pesquisa..............................................................................................................13

1.2. Delimitação.......................................................................................................................13

1.3. Justificativa.......................................................................................................................13

1.4. Objectivos.........................................................................................................................14

1.4.1. Objectivo geral...............................................................................................................14

1.4.2. Objectivos específicos....................................................................................................14

1.5. Problematização................................................................................................................15

1.6. Hipóteses...........................................................................................................................16

1.6.1. Hipótese básica...............................................................................................................16

1.6.2. Hipóteses secundárias....................................................................................................16

1.6.3. Variáveis de estudo........................................................................................................16

1.7. Relevância.........................................................................................................................17

1.7.1. Relevância Social...........................................................................................................17

1.7.2. Relevância Científica.....................................................................................................18

CAPÍTULO II: MARCO TEÓRICO.......................................................................................19

2.1. Nutrição Infantil................................................................................................................19

2.2. Má nutrição.......................................................................................................................19

iv
2.2.1. Desnutrição....................................................................................................................20

2.2.1.1. Classificação da desnutrição.......................................................................................20

2.2.1.2. Causas da desnutrição.................................................................................................21

2.2.2. Hipernutrição..................................................................................................................22

2.2.2.1. Causas da hipernutrição..............................................................................................23

2.3. Diagnóstico da má nutrição...............................................................................................23

2.3.1. Diagnóstico da desnutrição............................................................................................24

2.3.2. Diagnóstico da hipernutrição.........................................................................................25

2.4. Tratamento da má nutrição................................................................................................26

2.4.1. Tratamento da desnutrição.............................................................................................26

2.4.2. Tratamento da hipernutrição..........................................................................................26

2.5. Alimentação de criança malnutrida...................................................................................27

2.5.1. Alimentação da criança portadora da desnutrição.........................................................27

2.5.2. Alimentação da criança portadora da hipernutrição.......................................................27

2.6. Situação nutricional em Moçambique...............................................................................27

CAPÍTULO III: METODOLOGIA.........................................................................................29

3.1. Tipo de pesquisa................................................................................................................29

3.1.1. Quanto aos objectivos....................................................................................................29

3.1.2. Quanto aos procedimentos Técnicos..............................................................................29

3.1.3. Quanto à abordagem......................................................................................................30

3.2. Métodos de pesquisa.........................................................................................................30

3.3. População e amostra..........................................................................................................30

3.3.1. Universo.........................................................................................................................30

3.3.2. Amostra e seu tamanho..................................................................................................30

3.3.3. Processo de amostragem................................................................................................31

3.4. Técnicas de recolha de dados............................................................................................31

CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS..........34

v
4.1. Resultados da observação aos moradores do bairro Adine3.............................................34

4.2. Resultados do questionário aplicado aos residentes do bairro Adine3.............................34

4.3. Resultados da entrevista direccionada aos enfermeiros do C.S. do Bairro Adine03........41

4.4. Resultados da entrevista aos T.D.S. da Cidade de Cuamba..............................................44

Analisando as respostas dos entrevistados pode-se chegar a seguinte interpretação...............45

CAPITULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES...................................................................46

5.1. Conclusões........................................................................................................................46

Sugestões..................................................................................................................................47

Referências Bibliográficas.......................................................................................................49

APÊNDICES............................................................................................................................LI

Apêndice I: Ficha de observação das famílias com crianças mal nutridas..............................LI

Apêndice II: Questionário direccionado aos residentes do bairro Adine-03..........................LII

Apêndice III: Entrevista direccionada aos enfermeiros do C.S. do Bairro Adine03..............LV

Apêndice IV: Entrevista direccionada aos TDSC-Cuamba...................................................LVI

Apendice V: Parte 2 dos resultados do questionario direccionado aos residentes do bairro


Adine3..................................................................................................................................LVII

vi
Declaração de Honra
Declaro por minha honra que este trabalho de Monografia Científica é resultado da minha
pesquisa individual e das orientações do meu supervisor, o seu conteúdo é original e todas as
fontes consultadas estão devidamente mencionadas no corpo textual e na bibliografia.

Declaro ainda que este trabalho não foi apresentado em nenhuma outra Instituição para
obtenção de qualquer grau académico.

Cuamba, aos 12 de Setembro de 2017

___________________________________

Anastácio João Gimo

vii
Agradecimentos
Muitas pessoas contribuíram para que este trabalho fosse levado a bom termo pelo que quero
externar os agradecimentos:

À Deus, todo grande e poderoso, por ter me dado saúde e forças na realização deste trabalho.

Ao meu supervisor, dr. Adelino Mualape, que duma forma incansável me ajudou na
orientação do presente trabalho.

Aos meus pais, que me deram o prazer e a responsabilidade de eu nascer nesta maravilhosa
África continente do futuro, com abraço, pela honestidade e educação informal que contribuiu
para a minha personalidade individual.

À minha irmã Ana Lúcia Papusseco, que considero ser heroína por me ter dado o seu apoio
moral e psicológico assim como incentivo nas horas difíceis e de desânimo ao longo da
formação.

À todos docentes do curso de Licenciatura em Ensino de Biologia que fizeram parte desta
formação académica, que duma forma enérgica, se dedicaram tanto contribuindo para minha
transformação intelectual e científica, através das disciplinas por eles leccionadas durante os
quatro anos que durou o curso.

À todos que de uma forma directa ou indirecta não se cansaram de me dar forças, dando-me
apoio incondicional para o estudo se tornasse realidade.

À todos, vai o meu muito obrigado!

viii
Dedicatória

Dedico este trabalho aos meus pais, que me deram o prazer e a responsabilidade de eu nascer
nesta maravilhosa África continente do futuro, com abraço, pela honestidade e educação
informal que contribuiu para a minha personalidade individual.

À minha irmã de nome Ana Lúcia Papusseco, que considero de ser heroína por me ter dado o
seu que me deu amor e apoio moral e psicológico assim como incentivo nas horas difíceis de
desânimo.

ix
Lista de Símbolos e Abreviaturas
a.C - antes de Cristo
CED- Centro de Ensino à Distância
E.T.D.S.C.C. - Enfermeiros e técnicos da Direcção da Saúde da Cidade de Cuamba
SPSS- Pacote Estatístico para as Ciências Sociais
O.M.S. – Organização Mundial da Saúde
D.D.S. – Direcção Distrital de Saúde
T.D.D.S.M.A.S.C.C. – Técnicos da Direcção Distrital da Saúde Mulher e Acção Social da
Cidade de Cuamba
dr. – Doutor

P.M.A. – Programa Mundial de Alimentação

A/I– Altura por idade

P/A – Peso por altura

P/I – Peso por idade

DP – Desvio padrão

IMCidade – Índice de massa corporal-para-idade

OMS – Organização Mundial da Saúde

MICS – Inquérito de Indicadores Múltiplos

x
Lista de Tabelas
Tabela 1: composição amostral ……………………...…………….……..…………...……...30
Tabela 2: Causas da falta de acompanhamento hospitalar …………….………...….………..37
Tabela 3 – 10: Vide nos anexos ……………………………………...……………............…60

xi
Lista de Gráficos e figuras
Gráfico1: Distribuição das idades dos residentes questionados…………………...…………34
Figura 1: Desnutrição em Moçambique por faixa etária, 2008 ……………………...………28
Gráfico 2: Distribuição dos residentes questionados por sexo …………………...………….35
Gráfico 3: nível de ensino dos participantes deste estudo ………………..…...……………..35
Gráfico 4: distribuição dos participantes nesse estudo por profissão. ……………...…..……36
Gráfico 5: distribuição das mulheres grávidas atendidas “pré-natalmente” ………….……...37
Gráfico 6: condição de nascimento das mulheres inqueridas ……………...…...…………....38
Gráfico 7: distribuição dos residentes por abastecimento de água ………...………...………39
Gráfico 8: distribuição dos inqueridos por iluminação eléctrica …………………...………..39
Gráfico 9: distribuição das idades dos enfermeiros entrevistados ………...………...……… 40
Gráficos 10 – 22: vide nos anexos …………………………………...……………...........….60

xii
Resumo
O presente trabalho intitulado: “Avaliação das Causas da Má Nutrição em Crianças de 0-5 anos de Idade –
Caso do bairro Adine3 (2016 à 2017) ”, tem como objectivo encontrar e explicar as suas principais causas. Foi
usado o método teórico, hipotético-dedutivo e estatístico com vista a compreender o modo de vida e fazer um
levantamento de crianças mal nutridas pertencentes à famílias do mesmo bairro. Os dados deste estudo foram
recolhidos através de referência bibliográfica, questionário, entrevistas e a observação; de uma amostra de 99
indivíduos da Cidade de Cuamba. Nestas condições foi constatado, durante a pesquisa, que há famílias do bairro
Adine3 com crianças mal nutridas devido as condições sanitárias inadequadas, consumo de alimentos de baixo
teor de vitaminas e nutrientes e insuficiência da alimentação das mães no período pôs parto. Os resultados
mostram que a maioria dos casos de má nutrição em crianças de 0-5 anos do bairro em causa é devido,
igualmente, a outros factores tais como baixo poder económico, maus hábitos alimentares e diarreias. Conclui-se
que a má nutrição é um problema da saúde pública ligada a insuficiência de orientação e/ou informação e os
cuidados de saúde inadequados são causas marcantes desta problemática. Foi sugerida a intervenção de todos,
pondo em prática os conhecimentos adquiridos neste estudo, de forma a mudar as atitudes e acções de modo a
melhorar a saúde das crianças mal nutridas.

Palavras-chave: crianças, saúde, alimentos e má nutrição.

xiii
CAPITULO I: INTRODUÇÃO

O presente trabalho tem como tema ʺavaliação das Causas da Má Nutrição em Crianças de
0-5 anos de Idade – Caso do bairro Adine3 (2016 à 2017). ʺ Sabe-se a má nutrição em
crianças de 0 aos 5 anos de idade é um problema actual que preocupa as autoridades mundiais
e principalmente o Governo moçambicano. Diante dessa preocupação mundial e em particular
do crescente registo de crianças malnutridas no bairro Adine 3, formulou-se o problema
estudado nesta pesquisa.

A matéria revela-se escassa nas fontes bibliográficas e o seu tratamento merece destaque na
tentativa de melhorar a qualidade de vida das crianças de 0 aos 5 anos, contribuindo assim
para a erradicação de futuras doenças que possam surgir, pois o estado nutricional na faixa
etária escolhida determina a condição de saúde do futuro adulto. Partindo do pressuposto de
que a alimentação é essencial para o desenvolvimento integral da criança nos seus primeiros 5
anos, a presente pesquisa teve como objectivo encontrar e explicar as causas da má nutrição
em crianças de 0-5 anos de idade do bairro Adine3. Para o alcance deste objectivo, levou-se a
cabo uma pesquisa do tipo explicativa, cujos procedimentos foram de estudo de campo e
pesquisa-acção e com uma abordagem do tipo quali-quantitativa. Os dados pertinentes ao
estudo foram recolhidos através de questionário, entrevistas e a observação; a partir de uma
amostra de 99 indivíduos escolhida de uma forma aleatória.

Os resultados mostram que a maioria dos casos de má nutrição em crianças de 0-5 anos de
idade no bairro Adine3 é devido ao baixo nível económico, insuficiência de cuidados de saúde
aliada a falta de informação sobre cuidado que deve ser dada à alimentação das crianças.

Estruturalmente, o trabalho está organizado em cinco (5) capítulos, nomeadamente: Capítulo


I, que compreende uma secção introdutória que contextualiza o tema do estudo, faz a
problematização onde é formulado o problema principal da investigação, a justificativa, os
objectivos da pesquisa, as hipóteses, e a relevância do tema. O Capitulo II, desenvolve o
marco teórico, onde são tidas algumas ideias-chave dos livros publicados sobre o tema em
estudo com destaque para a avaliação das causas da má nutrição em crianças do 0 aos 5 anos
nas famílias do bairro Adine3. O Capítulo III, descreve a metodologia usada na qual se
apresenta a estratégia adoptada pelo estudo, os instrumentos que possibilitaram a recolha de
dados, os participantes e os procedimentos de recolha, análise e interpretação de dados. O

12
Capitulo IV onde é feita a análise, interpretação e discussão dos resultados do estudo, e por
fim Capítulo V, onde são dadas as conclusões e sugestões consideradas pertinentes para a
melhoria da saúde das crianças mediante os resultados obtidos.

1.1. Tema da Pesquisa

Segundo Lakatos (1991,p.102) “tema é um assunto que deseja provar ou desenvolver, que
pode surgir de uma dificuldade prática enfrentada pelo coordenador da sua curiosidade
científica, desafios encontrados na leitura de outros trabalhos ou da própria teoriaˮ.

Este trabalho tem como tema: Avaliação das Causas da Má Nutrição em Crianças de 0-5 anos
de Idade - caso do Bairro Adine 3 (2016 à 2017). E o seu objecto de estudo focalizou-se na
abordagem sobre nutrição infantil (crianças de 0-5 anos de idade), com objectivo de encontrar
e explicar as causas da má nutrição em crianças de 0-5 anos de idade do bairro Adine 3.

1.2. Delimitação
Este estudo decorreu no distrito de Cuamba concretamente no bairro Adine 3, no período de
2016 à 2017. Portanto, o trabalho tem dimensão espácio-temporal, pois identificou factores
associados a má nutrição em crianças de 0-5 anos de idade no bairro Adine 3, Cidade de
Cuamba, nos últimos 2 anos.
O presente tema enquadra-se na disciplina de Biologia, 8ª classe, concretamente na unidade 3,
que trata sobre metabolismo no organismo.

1.3. Justificativa
Segundo Lakatos e Marconi (1991, p. 15) justificativa “consiste numa exposição sucinta,
porém, completa razões de ordem teoria dos motivos de ordem prática que tornam importante
a realização da pesquisa.”

As razões da escolha deste tema é pelo facto de o autor verificar um elevado número de
crianças no bairro Adine3 malnutridas. Diante deste facto, surgiu o interesse de desenvolver a
temática desta natureza. Além disso, durante debates protagonizados pelo autor com colegas,
amigos e representantes de famílias residentes na cidade de Cuamba sobre a má nutrição nas
crianças de 0 aos 5 anos, despertou interesse no autor a abordar este tema, visto que segundo
Martins (2009, p.07) “a má nutrição também pode ser devido ao consumo excessivo de

13
nutrientes”, que é um problema decorrente do desenvolvimento e no bairro Adine3 é possível
encontrar famílias de diferentes níveis económicos e hábitos alimentares.

Há quem pode querer questionar por que um professor se interessou sobre este tema muito
ligado a saúde. Mas a razão é muito convincente. Um educador comprometido com o seu
trabalho procura sempre resolver os problemas da população inserida no meio onde se
localiza a sua escola e a sua comunidade. Por que as crianças hoje malnutridas futuramente irá
trazer esse problema na escola na qualidade de aluno. E nesse momento, pode ser tarde, para
uma intervenção sustentável. Por isso, o autor julga ser imprescindível traçar linhas de
orientação das comunidades, segundo um perfil educativo para a melhoria da vida dos
cidadãos.

A escolha da faixa etária de 0 aos 5 anos de idade é pelo facto de Zancul (2004) afirmar que
“o estado nutricional na faixa etária escolhida determina a condição de saúde do futuro adulto,
contribuir no aumento do nível de desenvolvimento cognitivo”, que resultará em alto
aproveitamento escolar, como também o aumento das habilidades no local de trabalho e o
potencial ao longo da vida activa, assim como para a economia.

Os resultados desta pesquisa serviram de base para melhorar não só a saúde da criança, mas
também contribuiu para proporcionar uma vida livre de doenças, porque é nesta fase que se
verifica um intenso desenvolvimento da criança, contribuindo desde cedo, para uma boa
qualidade de vida e prevenção de infecções e patologias, que pode trazer consequências
(obesidade, subnutrição e outros distúrbios alimentares), imediatas e futuras para a criança,
família e ao país em geral.

1.4. Objectivos

1.4.1. Objectivo geral


Explicar as principais causas da má nutrição em crianças de 0-5 anos de idade do bairro
Adine3.

1.4.2. Objectivos específicos


 Encontrar indicadores da má nutrição em crianças de 0 - 5 anos do bairro Adine3.
 Analisar os principais factores associados a má nutrição em crianças de 0-5 anos de
idade.

14
 Identificar actividades realizadas pelo sector da saúde na disseminação da informação
sobre má nutrição.

1.5. Problematização

Segundo Gil (2006, p. 50), “problema é qualquer questão não resolvida e que é objecto de
discussão, em qualquer domínio do conhecimento”.

Desde a sua existência, o ser humano se preocupou em prolongar a sua vida, evitando a morte
precoce, ou seja, recorrendo a vários métodos de prevenção e combate a doenças ou
enfermidades. Apesar deste esforço e de avanço tecnológico no geral e da medicina em
particular, persistem casos de doenças que levam a morte de milhares de pessoas no mundo,
com mais destaque nos países em via de desenvolvimento, em que Moçambique faz parte, tais
como: doenças diarreicas (a cólera), doenças de pele (sarna), a desnutrição, a obesidade, entre
outras doenças negligenciadas.

No decorrer dos anos 2016 à 2017 na Cidade de Cuamba, em particular na comunidade do


bairro Adine-03, se observa subidas constantes e generalizadas do número de crianças
desnutridas ou obesas, no entanto tem sido construída uma ideologia, subscrevendo-se pelos
residentes da cidade de Cuamba, e do bairro Adine3 em concreto, que a má nutrição em
crianças de 0 aos 5 anos, só pode afectar famílias com um poder económico baixo,
sustentando que esses não têm a possibilidade de adquirir certos alimentos que possam suprir
suas necessidades nutricionais.

Contudo, verifica-se que não é só uma diminuição na ingestão de nutrientes que pode
condicionar a má nutrição, pois também pode ser devido ao consumo excessivo de nutrientes;
além disso, determinantes biológicos, como a constituição genética, sexo, ambiente intra-
uterino, estatura dos pais, assim como factores ambientais, sócio económicos, culturais e
também influenciam o processo de crescimento e desenvolvimento do Homem. Estes aspectos
resultam de um desequilíbrio entre as necessidades corporais e o consumo de nutrientes
essenciais.

Ora, o crescimento do corpo humano é um processo complexo e não linear durante as várias
fases da vida, considerando-se os primeiros anos de vida, um dos períodos mais vulneráveis.

15
(JELLIFFE & JELLIFFE, 1989, p. 123), pois, o organismo encontra-se ainda frágil e em
processo de desenvolvimento.

Implicações da má nutrição, em crianças de 0 a 5 anos são amplamente sobretudo conhecidas


pelos nutricionistas, apontando-se nomeadamente: fraco desempenho escolar, problemas de
crescimento, demência, modificações na pele e no cabelo. Sendo que se não for previamente
resolvido pode levar a morte do indivíduo.

Portanto, a realização do presente estudo, permitiu trazer aspectos importantes para o


seguimento e resolução da problemática que tem a ver com a má nutrição das crianças de 0 a
5 anos de idade.

Diante dos factos acima arrolados, levanta-se a seguinte questão: Quais as principais causas
associadas à má nutrição em crianças de 0-5 anos de idade no bairro Adine3?

1.6. Hipóteses
1.6.1. Hipótese básica
A falta de boa nutrição em crianças de 0 - 5 anos de idade do bairro Adine3 pode estar
associada ao baixo nível económico da comunidade daquele bairro.

1.6.2. Hipóteses secundárias


 A falta de acesso à fontes e alimentos ricos em vitaminas pode influenciar a má
nutrição, a disponibilidade inadequada de serviços de saúde e o saneamento.
 A má nutrição em crianças pode ser devido à ingestão de alimentos de baixo teor de
nutrientes.

1.6.3. Variáveis de estudo


a) Variável dependente
Má nutrição em crianças de 0-5 anos.

b) Variáveis independentes
 Variáveis biológicas
i. Sexo: masculino, feminino
ii. Idade da criança: em meses
16
 Variáveis socioeconómicas
i. Renda mensal familiar per capita
ii. Posse de bens de consumo das famílias: geladeira, ventilador, televisão.
iii. Alfabetização: analfabeta, lê e escreve
iv. Nível de ensino: 5ª classe, 7ª Classe, mais que 7ª Classe,

 Variáveis ambientais
i. Número de pessoas por casa: 1-3 pessoas, 4-6 pessoas, mais que 6 pessoas
ii. Condições das habitações
iii. Abastecimento de água: com ou sem canalização interna
iv. Destino do lixo: colecta pública ou não
v. Presença de casa de banho

 Variáveis reprodutivas
i. Idade materna: em anos
ii. Assistência pré-natal: sem assistência, menos de 6 consultas, seis ou mais
consultas
iii. Peso ao nascer: baixo peso (menor de 2500g), peso insuficiente (2500 a
2999g), peso adequado (maior ou igual a 3000g). As crianças com peso ao
nascer igual ou superior a 4000g foram agrupadas juntamente com as de peso
adequado.
iv. Aleitamento materno: Não recebeu leite materno e recebe ou recebeu leite
materno.

A associação entre as variáveis foi mesurada através da razão de prevalência e do teste qui-
quadrado, considerando-se o nível de significância estatístico de 5%.

1.7. Relevância
1.7.1. Relevância Social
O estudo da má nutrição em crianças de 0 aos 5 no bairro Adine3 é pertinente, pois contribuiu
para a erradicação de futuras doenças em crianças da cidade de Cuamba. O tema ajudou a
solucionar o problema da má nutrição em crianças observadas naquela região em estudo. A

17
avaliação das causas da má nutrição em crianças de 0 aos 5 no bairro Adine3 é pertinente,
pois contribuiu para a erradicação de futuras doenças, aumento no nível de desenvolvimento
cognitivo que resultará em alto aproveitamento escolar, como também o aumento das
habilidades no local de trabalho e o potencial ao longo da vida activa, contribuindo assim para
a economia da cidade de Cuamba, pois sustenta-se que o estado nutricional na faixa etária
escolhida determina a condição de saúde do futuro adulto.

O tema ajudou positivamente aos leitores a combater a má nutrição de menores de 5 anos


verificados naquele povoado e a disseminar a informação de melhoria no uso de alimentos
locais. Este estudo melhorou a dieta alimentar diária e a saúde de crianças naquela urbe. Ao
nível social, a avaliação das causas de má nutrição em crianças de 0 aos 5 anos de idade no
bairro Adine3 trouxe uma nova abordagem de como deve ser concebida a má nutrição (no
aspecto excesso e défice de nutrientes) no seio da comunidade da cidade de Cuamba.

1.7.2. Relevância Científica


O tema envolve aspectos relacionados com a má nutrição das crianças com idade de 0 aos 5
anos. Os aspectos que foram tratados nesta pesquisa podem ser usados pelas comunidades no
geral, em particular do bairro Adine3 pois contribuem para o aumento do nível de aquisição
de informações úteis para a vidas dos indivíduos que resultará em alto aproveitamento
escolar, como também o aumento das habilidades no local de trabalho e o potencial ao longo
da vida activa.

Olhando a parte a académica a pesquisa, serve como fonte de estudo e obras do homem do
amanhã. Por se tratar de um trabalho de pesquisa, permitiu o aprofundamento dos conteúdos
adquiridos durante a formação na disciplina de Bioquímica e Fisiologia Animal e Humana,
bem como a produção de um conhecimento científico de iniciação à pesquisa. Além disso, os
resultados desta pesquisa serão aproveitados no enriquecimento literário do público em geral
nos aspectos relacionados com a má nutrição.

18
CAPÍTULO II: MARCO TEÓRICO

2.1. Nutrição Infantil


A nutrição estuda os alimentos e as necessidades nutricionais do paciente, em diferentes
estados de saúde e de doença. Trata-se de um conjunto de processos, desde a ingestão até a
excreção dos nutrientes e tem a finalidade de produzir energia e manter as funções do
organismo.

A nutrição é um factor essencial na manutenção da saúde. Através de refeições balanceadas


constitui um dos recursos utilizados pela medicina preventiva, alicerçados a outros para
determinar uma vida saudável e duradoura. (DARTORA, et al, 2006, p. 201).

Segundo a Organização Mundial da Saúde (2009), a nutrição pode ser definida como a
ingestão de alimentos ou ciência que estuda a composição dos alimentos,  levando em
consideração as necessidades nutricionais do indivíduo.

A boa nutrição com dieta adequada e balanceada, combinada com actividade física regular
são fundamentais para uma boa saúde. A má nutrição pode levar à redução da imunidade,
aumento da susceptibilidade a doenças,  sendo prejudicial ao desenvolvimento físico e mental,
reduzindo a produtividade.

Portanto, podemos perceber que oferecer uma boa alimentação a criança é questão de atenção
especial, pois é importante variar a alimentação para que o organismo receba todos os tipos de
nutrientes, vitaminas, proteínas, carbohidratos, etc., e possa assim desenvolver-se durante seu
crescimento para a vida adulta com o máximo de qualidade.

2.2. Má nutrição
Má nutrição é definida como algo global, resultado do desequilíbrio entre as necessidades do
corpo e a ingestão de nutrientes. Com isso, a consequência é a deficiência, a toxicidade ou a
obesidade. (MARTINS, 2009, p.07).

Para Ismael (2013, p.5), “pode ser o resultado de uma diminuição da ingestão de nutrientes
(desnutrição) ou de um consumo excessivo (hipernutrição). Ambas as condições são o
resultado de um desequilíbrio entre as necessidades corporais e o consumo de nutrientes
essenciais”. Em suma entende-se por má nutrição como sendo a falta ou excesso de nutrientes
no organismo, resultando num desequilíbrio corporal que de acordo com a gravidade pode

19
levar a morte. A má nutrição é causada pela diminuição de nutrientes, que seria a
subnutrição/desnutrição, ou pelo aumento excessivo da alimentação, mais conhecida como
hipernutrição/ a toxicidade ou a obesidade.

2.2.1. Desnutrição
A desnutrição também chamada subnutrição ocorre quando o aporte de alimento é
insuficiente para suprir as necessidades nutricionais. “É responsável por mais de 1/3 das
mortes de crianças em todo o mundo. As crianças desnutridas são menos capazes de resistir a
infecções, agravando ainda mais o estado de nutrição.” (ROMANI; LIRA, 2004).
A desnutrição infantil é a principal causa subjacente contribuinte para o elevado nível de
mortalidade infantil em Moçambique.

2.2.1.1. Classificação da desnutrição


A desnutrição pode ser classificada como leve, ligeira, moderada, grave ou severa,
independentemente de ser aguda ou crónica. Segundo o programa mundial de alimentação
(PMA) de 2013, 35% de crianças com menos 5 anos apresentavam desnutrição crónica, sendo
que os países africanos apresentavam os valores mais elevados. Gomez et al (s/d, p.43)
classificam a desnutrição em três graus, tendo em conta o peso para idade (P/I), enquanto que
Waterlow et al (1999) apud Martins (2009, p.60) adoptaram a classificação com base no peso-
altura (P/A) e altura para idade (A/I), classificando assim a desnutrição em aguda a crónica.

A desnutrição crónica é definida como baixa estatura para a idade (crianças baixinhas), a
baixa estatura para a idade desenvolve-se no período entre a concepção e os dois anos, e
dificilmente é recuperada depois desse período.

Assim, a desnutrição crónica, é causada pela desnutrição tanto da mãe antes e durante a
gravidez, e na lactação, bem como da criança durante os primeiros dois anos de vida. Esta
falha precoce de crescimento aumenta a mortalidade na primeira infância e diminui a função
cognitiva, mental e motora da pessoa, reduzindo o rendimento escolar e produtividade da
pessoa. Alguns autores estimaram que, em Moçambique, as perdas de produtividade por
desnutrição crónica são da ordem de 2-3% do Produto Interno Bruto (KHAN et al., 2004)
apud Martins (2009, p.60). A desnutrição crónica pode ser eliminada em crianças menores de
dois anos de idade; ela não tem origem genética, e crianças de todas raças têm o mesmo
potencial para crescer (WHO, 2006, p.56) apud Martins (2009, p.64).

20
Desnutrição Aguda (Peso/Altura) é definida como baixo peso para a altura (criança magra
para a altura; magrinha). A desnutrição aguda pode aparecer em qualquer época da vida como
resultado duma redução de consumo ou associado a infecções. Pode ser recuperada
facilmente, através de boas práticas alimentares e cuidados de saúde adequada (KHAN et al.,
2004) apud Ismael (2013).

Normalmente a desnutrição aguda ocorre em situações de emergência ou de insegurança


alimentar; no caso das crianças é normal acontecer quando estas passam do aleitamento
materno para a alimentação complementar. Este indicador é recomendado em avaliações de
programas de intervenção, por ser sensível as mudanças do estado nutricional do menor
(ISMAEL, 2013, p.5).

Desnutrição actual (Peso/idade) é definida como baixo peso para a idade. É o indicador
normalmente usado pelo sistema de Saúde para o controle de crescimento dos menores de 5
anos (cartão de saúde da criança); e serve para monitorar o crescimento da mesma (ISMAEL,
2013, p.6).

De um modo geral, a desnutrição afecta todos os grupos etários de uma comunidade. No


entanto, os recém nascidos e crianças pequenas são os indivíduos mais vulneráveis, assim
como as mulheres grávidas. Dai ser relevante aprofundar este tema de forma a contribuir para
a melhoria das crianças.

2.2.1.2. Causas da desnutrição


A maioria dos casos, a desnutrição é o resultado de uma ingestão insuficiente de nutrientes,
fome, e doenças. A desnutrição infantil é uma doença de origem multi-causal e complexa que
tem suas raízes na pobreza. Ocorre quando o organismo não recebe os nutrientes necessários
para o seu metabolismo fisiológico, devido à falta de aporte ou problema na utilização do que
lhe é ofertado. (ACC/SCN apud MONTE, 2000, p.288).

Segundo ROCHA, et al (2007, p.288), dentre os factores que contribuem para a desnutrição
na criança encontram-se as suas necessidades relativamente maiores, tanto de energia como
de proteínas, em relação aos demais membros da família; o baixo conteúdo energético dos
alimentos complementares utilizados e administrados com frequência insuficiente; a

21
disponibilidade inadequada de alimentos devido à pobreza, desigualdade social, falta de terra
para cultivar e problemas de distribuição intra-familiar; as infecções virais, bacterianas e
parasitárias repetidas, que podem produzir anorexia e reduzir a ingestão de nutrientes, sua
absorção e utilização, ou produzir a sua perda; as fomes causadas por secas ou outros
desastres naturais ou guerras; as práticas inadequadas de cuidado infantil tais como
administração de alimentos muito diluídos e/ou não higienicamente preparados.

Muitos outros factores podem contribuir para as elevadas taxas de desnutrição infantil,
principalmente a instabilidade política, fraco crescimento económico, doenças infecciosas
frequentes, falta de educação, fraca qualidade de cuidados primários de saúde (UNICEF,
2007; BLACK, 2008; VICTORA, 2008) apud Monte (2000, p.288).

A desnutrição em crianças, independentemente de sua etiologia, é um dos maiores problemas


de saúde dos países em desenvolvimento MONTE (2000).

Em suma, a desnutrição pode classificar-se desnutrição como aguda ou crónica. Ela é


complexa e tem origem em diversas causas tais como má ingestão de nutrientes essenciais
para o corpo e pode ser causada por meio de uma dieta pobre, pela absorção deficiente pelo
intestino dos alimentos ingeridos ou pela perda excessiva de nutrientes causada por diarreia,
hemorragia ou insuficiência renal entre outros.

O diagnóstico precoce da desnutrição tem grande importância durante o crescimento e


desenvolvimento infantil, pois a desnutrição ocorrida em crianças, alem dos seus reflexos
presentes em alterações na estrutura e massa corporal, está associada a maior mortalidade e
risco de doenças infecciosas, alem de comprometer o desenvolvimento psicomotor,
rendimento escolar e capacidade produtiva na idade adulta (UNICEF, 2007; BLACK, 2008;
VICTORA, 2008) apud ROCHA, et al (2007, p.290).

2.2.2. Hipernutrição

Ela também é chamada por má nutrição por excesso de nutrientes ou obesidade. Ela é
decorrente da ingestão em excesso de nutrientes essenciais para o corpo ou por meio da
utilização exagerada de vitaminas ou suplementos alimentares. A hipernutrição ocorre em
estágios, sendo que no primeiro estágio acontecem alterações na concentração de nutrientes
no sangue. Posteriormente, as alterações são notadas nos níveis das enzimas e no mau

22
funcionamento de órgãos e tecidos do corpo, resultando em doenças que são prejudiciais à
saúde, podendo levar inclusive à morte.
A hipernutrição – é determinada pelo Índice de Massa Corporal, que se calcula através do
peso da pessoa dividido pela altura ao quadrado; quando o resultado é igual ou superior a 25
diz-se que a pessoa tem sobre-peso e quando é igual ou superior a 30 diz-se que a pessoa é
obesa. (ISMAEL, 2013, p.6).

2.2.2.1. Causas da hipernutrição

Segundo Coana, et al (2012), diversos factores podem causar obesidade infantil. Entre as mais
comuns estão factores genéticos, má alimentação, sedentarismo ou uma combinação desses
factores. Além disso, a obesidade em crianças também pode ser decorrente de alguma
condição médica, como doenças hormonais ou uso de medicamentos a base de corticoides.
Apesar de ser uma doença com influência genética, nem todos os pais e mães com obesidade
também terão filhos com o problema, assim como pais e mães dentro do peso podem gerar
filhos com obesidade. Isso porque a obesidade infantil também tem ligação com os hábitos
alimentares da criança e da família, bem como a realização de actividades físicas. Dessa
forma, a alimentação da criança a quantidade de exercício que ela pratica são factores
determinantes para o aparecimento da obesidade infantil, ainda que exista histórico familiar
do problema. (COANA, et al , 2012).

2.3. Diagnóstico da má nutrição

Segundo Martins (2009, p.67) “o estado nutricional é o resultado da relação entre o consumo
de alimentos e as necessidades nutricionais.” A avaliação do estado nutricional serve para
identificar indivíduos em risco, colaborar para a promoção ou recuperação da saúde e
monitorizar a sua evolução. Um parâmetro isolado não pode ser usado como indicador fiável
da condição nutricional de um indivíduo, sendo necessário associar vários indicadores do
estado nutricional para aumentar a precisão do diagnóstico.

“Na prática clínica, utilizam-se vários métodos, tais como a análise da história clínica,
dietética e psicossocial, dados antropométricos e bioquímicos.” (MARTINS, 2009, p.67-68).

23
2.3.1. Diagnóstico da desnutrição
Existem diversos métodos de diagnosticar a desnutrição. Eles vão desde uma avaliação clínica
(observação de características como peso, altura e idade) até uma completa avaliação do
estado nutricional do paciente, incluindo, além da análise clínica, dados sobre alimentação,
avaliação bioquímica e imunológica, avaliação metabólica e diagnóstico nutricional. Os
profissionais capacitados para fazer tal diagnóstico são o nutricionista e o médico. (MAHAN,
1995).
a) História clínica
A avaliação e cuidadoso acompanhamento clínico da criança é o guia mais importante para o
diagnóstico e para definir e monitorizar o tratamento da criança. A clínica da criança é
soberana em todos os momentos do tratamento, inclusive nas situações de impossibilidade de
realização ou de dificuldades de interpretações de exames laboratoriais. Onde os recursos
permitirem, exames laboratoriais podem ser feitos para ajudar no tratamento. (MONTE, 2000,
p.289).
b) Exame clínico
No entanto, é importante lembrar que, no caso da criança desnutrida grave, a interpretação dos
resultados dos exames deve ser cuidadosa, uma vez que os mesmos podem ser alterados pela
própria desnutrição, confundindo os trabalhadores de saúde menos experientes. (MONTE,
2000, p.290).
c) Determinação do estado nutricional
A antropometria é o método básico utilizado para avaliar o estado nutricional e estabelecer o
perfil nutricional de populações em virtude de sua praticidade e baixo custo. Baseia-se na
medição das dimensões físicas do corpo humano, o que pressupõe o uso de referências,
cuidadosamente definidas e descritas, para a padronização dos seus procedimentos e medidas.
A avaliação antropométrica é considerada a técnica mais utilizada, quer em epidemiologia,
quer na prática clínica, uma vez que é um método não invasivo, de fácil utilização e
padronização, indolor, de baixo custo, permitindo uma avaliação rápida do risco de
desnutrição no ser humano.
Segundo Martins (2009, p.79) “os parâmetros antropométricos mais avaliados são o peso,
altura, perímetro cefálico, pregas tricipital, subcutânea, e a circunferência muscular do braço
esquerdo. Os dados antropométricos permitem calcular indicadores do estado nutricional:
altura por idade (A/I), peso por altura (P/A) e peso por idade (P/I)”.

24
O índice A/I é um indicador que reflecte uma situação de desnutrição reportado ao passado.
Um afastamento deste indicador abaixo de -2 desvios padrões (DP) indica que a criança tem
um défice de altura para a idade, mas um desvio menor que -3 DP indica uma situação mais
severa de desnutrição crónica. Por conseguinte, o índice A/I mede os efeitos de uma
desnutrição crónica. Por esta razão não serve para avaliar mudanças bruscas ou sazonais da
disponibilidade de alimentos.

O índice P/A é um indicador que reflecte o estado nutricional presente. Quando o seu valor
está abaixo de -2 DP é indicativo de que a criança é portadora de desnutrição aguda. Este é
um indicador útil para monitorizar intervenções clínicas em casos de desnutrição e na
reabilitação nutricional.
Em crianças, os índices antropométricos mais frequentes utilizados são o peso-para-idade, a
estatura-para-idade e o peso-para-altura e, mais recentemente, o índice de massa corporal-
para-idade (IMCidade). Esses índices são obtidos comparando-se as informações de peso,
altura, idade e sexo com curvas de referências recomendadas pela organização mundial de
saúde, sendo a curva actualmente adoptada a WHO-2006.

2.3.2. Diagnóstico da hipernutrição


Para saber se uma criança está acima do peso ou com obesidade, é necessário fazer a conta do
índice de massa corporal. As faixas de índice de massa corporal para as crianças mudam de
acordo com a idade e o sexo, e para orientar os médicos existem tabelas da Organização
Mundial da Saúde (OMS) para fazer esse cálculo. (MAHAN, 1995). No entanto, o índice de
massa corporal não considera factores como a quantidade de massa muscular (magra) e a
estrutura física da criança, uma vez que o crescimento pode variar muito de uma para outra.
Dessa forma, o médico ou médica pode avaliar outros tópicos para determinar se o peso da
criança está afectando sua saúde.
O médico ou médica pode solicitar exames de sangue:
 Colesterol total e fracções;
 Glicemia de jejum;
 Exames de sangue para verificar se desequilíbrios hormonais.

25
2.4. Tratamento da má nutrição
2.4.1. Tratamento da desnutrição
Na dependência da sua gravidade, as crianças desnutridas podem ser tratadas em hospital,
centros de nutrição, ambulatórios e na comunidade/domicílio.

2.4.2. Tratamento da hipernutrição


De acordo com COANA, et al (2012), o tratamento da obesidade é complexo e
multidisciplinar. Não existe nenhum tratamento farmacológico em longo prazo que não
envolva mudança de estilo de vida. Há várias opções de tratamento para a obesidade infantil e
o sobrepeso. Quanto maior o grau de excesso de peso, maior a gravidade da doença. As
crianças devem ser abordadas individualmente e conforme a idade, uma vez que cada uma
pode apresentar diferentes factores que aumentam seu risco para obesidade. Para as crianças
que estão acima do peso ou com obesidade leve, sem risco de desenvolver outras doenças,
pode ser recomendada apenas a manutenção. A explicação: o crescimento da criança pode
fazer com que ela entre numa faixa de índice de massa corporal saudável, sem
necessariamente precisar emagrecer. Já para crianças com obesidade instalada e risco de
desenvolver outras doenças, a perda de peso é recomenda. O emagrecimento deve ser lento e
constante, e os métodos são os mesmos adoptados para adultos – ou seja, comer uma dieta
saudável e praticar exercícios. O sucesso depende em grande parte de seu compromisso de
ajudar seu filho ou filha a fazer essas mudanças. (COANA, et al, 2012).
 Prática de actividade física
Além de queimar calorias, os exercícios físicos também ajudam a fortalecer os ossos e
músculos das crianças, melhoram seu humor e ajudam no sono. Outro factor importante é que
o incentivo à actividade física na infância pode fazer com que a criança mantenha esses
hábitos no futuro, evitando a obesidade ao longo da vida. Crianças devem fazer pelo menos
um tipo de actividade física todos os dias, seja ela programa (academia, desportos ou aulas de
dança, por exemplo) ou não programada (brincadeiras, como pega-pega, esconde-esconde e
usar os brinquedos de um parque).
 Medicamentos
Para casos graves de obesidade infantil, já associados com outras condições, podem ser
prescritos medicamentos. No entanto, o tratamento farmacológico não é frequentemente
recomendado para adolescentes e crianças – a não ser que ele tenha alguma doença que
necessite de tratamento com remédios como distúrbios da tiróide ou colesterol alto. Contudo,

26
os medicamentos não substituem a adopção de hábitos saudáveis, como dieta e prática de
exercícios.

2.5. Alimentação de criança malnutrida


2.5.1. Alimentação da criança portadora da desnutrição
A alimentação da criança deve iniciar logo após a admissão, com refeições pequenas, de baixa
osmolaridade e baixo teor de lactose, oferecidas a cada 2, 3 ou 4 horas, dia e noite. Boas
práticas de alimentação e estimulação psicológica devem ser continuadas em casa.

2.5.2. Alimentação da criança portadora da hipernutrição


Os pais são os que compram a comida, cozinhar os alimentos e decidir onde o alimento é
ingerido. Mesmo pequenas mudanças podem fazer uma grande diferença na saúde do seu
filho:
 Invista nas frutas, legumes e vegetais;
 Prefiro alimentos integrais aos refinados;
 Evite alimentos como biscoitos, bolachas e refeições prontas. Elas são ricas em açúcar,
sódio e gorduras – tudo o que sua filha ou filho não pode comer em exagero;
 Limite o consumo de bebidas adoçadas, incluindo os sucos industrializados. Essas
bebidas são muito calóricas e oferecem poucos ou nenhum nutriente;
 Reduza o número de vezes em que a família vai comer fora, especialmente em
restaurantes de fast-food. Muitas das opções do menu são ricas em gordura e calorias;
 Sirva porções adequadas, uma vez que as crianças comer bem menos do que os
adultos. Se sua filha ou filho não conseguiu comer todo o prato, não o force a
terminar.

2.6. Situação nutricional em Moçambique


Os indicadores usados para avaliar o estado nutricional das crianças em Moçambique são:
peso para altura (desnutrição aguda), peso para idade (baixo peso), altura para idade
(desnutrição crónica) e os valores bioquímicos do nível de micronutrientes. (MIDS 2003,
2006, p.12).

A figura 1 mostra que a desnutrição crónica aumenta até aos 24 – 36 meses, demonstrando
assim qual é o período mais importante para acções de prevenção. De acordo com a figura 1, a

27
prevalência da desnutrição crónica em crianças menores de seis meses é alarmante, já que esta
é uma idade em que não se espera que a prevalência seja muito alta. De acordo com MIDS
2003 (2006, p.12), isto pode ser o resultado de três factores:
 Estado nutricional das mães antes e durante a gravidez.,
 Altas taxas de baixo peso a nascença,
 Baixas taxas de aleitamento materno exclusivo.

Figura 1. Desnutrição por faixa etária

Fonte: MIDS 2003 (2006, p.12)

28
CAPÍTULO III: METODOLOGIA

3.1. Tipo de pesquisa

3.1.1. Quanto aos objectivos


Por consideração dos objectivos deste estudo, levou-se a cabo uma pesquisa do tipo
explicativa, pois neste estudo explicam-se as razões da má nutrição das crianças de 0 aos 5
anos de idade do bairro Adine3, aliás “Esse tipo de pesquisa consiste em investigações de
pesquisa empírica cujo objectivo principal é o teste de hipóteses que dizem respeito a relações
de tipo causa-efeito”, (LAKATOS e MARCONI, 2003, p.189).

3.1.2. Quanto aos procedimentos Técnicos


Quanto aos procedimentos técnicos o trabalho enquadrou-se, nas seguintes pesquisas:
 Estudo de campo
A presente pesquisa é de campo, pois procurou aprofundar uma realidade específica, e
basicamente realizou-se por meio da observação directa das actividades do grupo estudado,
envolvendo os enfermeiros do Centro de Saúde do bairro Adine03, técnicos da Direcção
Distrital da Saúde e da Mulher e da Acção Social, e da comunidade em estudo, e também
realizou-se entrevistas com informantes para captar as explicações e interpretações daquilo
que ocorre na realidade.

Como enfatiza o Ventura (2002, p. 79), “a pesquisa de campo deve merecer grande atenção,
pois devem ser indicados os critérios de escolha da amostra, a forma pela qual serão
colectados os dados e os critérios de análise dos dados obtidos”.

 Pesquisa-acção
Este estudo considera-se como sendo uma pesquisa-acção, pois a sua classificação apoiou-se
nas ideias de Thoillent (1986), que realça que “este tipo de pesquisa é concebida e realizada
em estreita associação com uma acção ou com a resolução de um problema colectivo e no
qual os pesquisadores e participantes do problema estão envolvidos de modo cooperativo ou
participativo. (p. 14).

29
3.1.3. Quanto à abordagem
Quanto à abordagem a pesquisa pode ser classificada em qualitativa e quantitativa. E para a
presente pesquisa enquadra-se na pesquisa qualitativa. Considera-se que é qualitativa
apoiando-se nas ideias de Cervo e Bervian (1983), que argumentam o seguinte:

A pesquisa qualitativa baseia-se na observação directa num determinado ambiente natural,


procura-se registar de forma precisa e detalhada de tudo que acontece no ambiente,
consequentemente obtém-se sua interpretação e análise dos dados descrevendo e narrando-
os. Este tipo de pesquisa é geralmente utilizado em estudos etnográficos, naturalistas,
interpretativa, fenomenológica, pesquisa-participante e pesquisa-ação.

3.2. Métodos de pesquisa


Para concretização deste trabalho, o autor aplicou:
 O método teórico que consistiu na consulta bibliográfica sobre desnutrição em
crianças de 0-5 anos de idade; usou-se também,
 O método hipotético-dedutivo, que se iniciou pela percepção de uma lacuna nos
conhecimentos acerca da qual formulamos hipóteses e, pelo processo dedutivo, testa a
ocorrência de fenómenos abrangidos pela hipótese. E, finalmente aplicamos,
 O método estatístico, que na visão de Lima (2005, p. 47) passa a caracterizar-se por
“razoável grau de precisão, o que a torna bastante aceito por parte dos pesquisadores
com preocupação de ordem quantitativa”. Portanto, este método foi usado na análise
de dados, a partir das respostas do questionário dirigido aos moradores do bairro
Adine3, baseando-se em estatísticas descritivas com recurso ao programa SPSS versão
13.0.

3.3. População e amostra


3.3.1. Universo
O universo desta pesquisa é constituído por todos funcionários do Centro de Saúde de
Adine03, técnicos da Direcção Distrital da Saúde e Acção Social da cidade de Cuamba e
residentes do bairro Adine-03.

3.3.2. Amostra e seu tamanho


Do universo referenciado anteriormente, a amostra foi de 99 elementos, distribuídos da
seguinte maneira:

30
Tabela 1: Composição amostral
Indivíduos Tamanho
Enfermeiro 5
Residentes 91
Técnicos 3
Total 99
Fonte: autor
3.3.3. Processo de amostragem
A técnica de selecção da amostra foi por extractos e aleatório, pois tirou-se uma parte de cada
um dos 3 grupos que constitui a população, isto é, escolheu-se aleatoriamente enfermeiros,
residentes do bairro e técnicos. No entanto, cada elemento da população envolvido neste
estudo teve a mesma probabilidade de ser escolhido e fazer parte do mesmo. Para isso, foi
feita uma distribuição aleatória dos instrumentos conforme descritos aos 99 participantes
deste estudo.

3.4. Técnicas de recolha de dados


Os dados deste trabalho foram obtidos através das seguintes técnicas de colecta de dados:
 Observação directa
Neste estudo, usou-se a observação directa não participativa que consistiu num contacto
visual do local de estudo, com vista a inteirar-se dos mecanismos usados pelos responsáveis
das crianças de 0 aos 5 anos mal nutridas, que consistiu na obtenção de dados mediante a
observação do ambiente em que ocorrem os factos.

Segundo Chizzotti (1998, p. 90) a observação directa:

Permite uma descrição fina dos componentes de uma situação, nomeadamente, os sujeitos e
seus aspectos pessoais e particulares, o local e suas circunstâncias, o tempo e as variações,
as acções e suas significações, os conflitos e a sintonia de relações interpessoais e sociais e
atitudes e os componentes diante da realidade, uso de fotografias.

Por sua vez, o autor permaneceu fora da realidade a ser estudada. Seu papel foi de espectador,
não interferindo ou envolvendo-se na situação. Portanto, o contacto com as famílias das
crianças mal nutridas identificadas naquele bairro (Adine3), permitiu observar seus hábitos
alimentares e de higiene durante 120 minutos num período de 3 vezes em cada 2 semanas.

Outro facto de privilégio da técnica de observação directa, está relacionada com a exiguidade
de fontes sobre o tema a pesquisar, deste modo, houve a necessidade de se deslocar ao campo,
com vista a observação directa dos pormenores importantes sobre o tema estudado. Através

31
deste meio conheceu-se as condições de habitação, hábitos alimentares e os alimentos mais
frequentemente consumidos.

 Questionário
Neste estudo, aplicou-se também o questionário misto, com dois tipos de questões: questões
fechadas e outras abertas. Muitas das questões são fechadas do tipo sim ou não.

O questionário é composto por 30 questões, subdivididas em três grupos: grupo A. Renda


mensal e despesas, B. registo/caracterização da mulher e, grupo C. Referente a condições das
casas.

O questionário foi entregue pessoalmente ao líder comunitário do bairro Adine3 que por sua
vez entregou aos seus moradores, e a devolução foi feita ao autor dias depois. Portanto, a
recolha do questionário preenchido foi feita indirectamente através da entrega de um terciário
(o líder do bairro).

Pessôa (2007, p. 40) afirma que “este instrumento de colecta de dados é constituído por uma
série ordenada de perguntas que devem ser respondidas, por escrito, e sem a presença do
entrevistador. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante, pelo correio ou
por um portador”.

Interagiu-se com a pessoa responsável pela família através da aplicação de um questionário


visando conhecer a composição da família, condições de habitação, de saúde, hábitos
alimentares e os alimentos mais frequentemente consumidos.

 Entrevista
As duas entrevistas foram direccionadas aos enfermeiros do centro de saúde do bairro Adine3
e aos técnicos da direcção distrital de saúde da cidade de Cuamba. Elas consistiram na recolha
de informações, através de perguntas direccionadas aos técnicos, sobre as actividades feitas
pelo Governo para o combate a má nutrição e, também aplicou-se a entrevista com intuito de
perceber dos enfermeiros do centro de saúde do bairro no tocante a questão da má nutrição.

De acordo com Gil (2008, p.109) uma entrevista é um diálogo efectuado face a face, em que
uma das partes busca colectar dados e a outra se apresenta como fonte de informação. Para o
efeito, desenvolveu-se uma entrevista estruturada ou padronizada – pois seguiu-se muito de

32
perto um roteiro de perguntas feitas a todos os entrevistados de maneira idêntica e na mesma
ordem; o que permitiu uma comparação dos dados e melhor tratamento estatístico, pois
muitas respostas foram uniformes umas as outras.

Neste estudo procurou-se seleccionar pessoas que realmente tem o conhecimento necessário
para a informação requerida neste estudo – enfermeiros do centro de Saúde de Adine03 e
técnicos da Direcção distrital da saúde Cuamba.

Entre as principais vantagens das entrevistas estão “a eficiência para a obtenção de dados em
profundidade acerca do comportamento humano, a sua rapidez e o facto de não exigirem
exaustiva preparação dos pesquisadores, o que implica custos relactivamente baixos”. (GIL,
2008, p.110).
Para a colecta de dados sobre as causas da reforma foi elaborada uma das entrevistas compõe-
se por uma série de 5 perguntas previamente elaboradas objectivamente, abertas e destinadas
especificamente ao enfermeiros do centro de Saúde de Adine03 e outras 4 aos técnicos da
Direcção distrital da saúde Cuamba, o que permitiu obter o conhecimento dos mesmos em
relação ao tema.
A opção por uma entrevista estruturada reside nas vantagens que ela oferece no tocante à
facilidade de articulação e clarificação dos factos e fenómenos abordados pelo entrevistado. A
entrevista foi respondida verbalmente e em contacto directo entre os entrevistados e o
entrevistador e as respostas foram registadas em bloco de notas.

Feitas as actividades no campo, seguiu-se a fase de tratamento de dados, onde foi usado o
Pacote Estatístico de análise de dados SPSS versão 13.0 com auxílio do Microsoft word-
Microsoft Excel para a obtenção dos resultados (tabelas e gráficos).

Foi aplicado o teste N (teste de distribuição normal), com um nível de confiança de 95% com
um erro de 0.5, isto é, com incerteza de 5% na inferência dos resultados e os desvios de erros
durante a análise dos dados seja inferior a 0.5 para maior confiabilidade dos resultados o que
conduziu a autora a tirar conclusões do estudo.

33
CAPÍTULO IV: APRESENTAÇÃO, ANÁLISE E INTERPRETAÇÃO DE DADOS

A análise de dados consistiu em tabulações e processamento de dados em software


informático especializados o SPSS versão 13.0 com auxílio do Microsoft word - Microsoft
Excel para a obtenção dos resultados (tabelas e gráficos).

4.1. Resultados da observação aos moradores do bairro Adine3


Durante a observação o autor constatou os seguintes aspectos:
 A maior parte das famílias no bairro Adine03 não usa frutas em suas refeições, a
maioria delas come Chima de farinha celeste cujo caril frequente é o peixe salgado, e
as vezes feijões (bóer, nhemba e jugo) e folhas de mandioqueira.
 A maior parte das crianças naquele bairro são muito magras, outras são raquíticas,
barrigas grandes, outros membros como é o caso de pernas e cabeças estão
deformados. Vale ressaltar ainda que é frequente se ver parte das crianças daquele
bairro que não têm o que comer e, outras comendo ao excesso, o que lhes modifica a
estatura corporal.
Diante de tudo isso pode-se concluir que o nível socioeconómico influencia na má nutrição
em crianças de 0-5 anos de idade.

4.2. Resultados do questionário aplicado aos residentes do bairro Adine3


Os resultados da pesquisa mostram que dos 92 residentes do bairro Adine3, 75 deles tinham
18 a 25 anos de idade, seguido de 13 com idade compreendida entre 26 a 45 anos, e 4 com
idade de 46 anos para diante, como ilustra o gráfico abaixo.

Gráfico1: Distribuição das idades dos residentes questionados

34
Fonte: autor a partir dos resultados do Estudo (2017)

Os resultados do estudo mostram que foi predominante a população masculina do que a


feminina, isto é, dos 92 interrogados que participaram no estudo apenas 34% foram de sexo
feminino, como ilustra o gráfico 2 abaixo.

Gráfico 2: Distribuição dos residentes questionados por sexo

Fonte: autor (2017)

Entre as variáveis socioeconómicas, no grupo das mães analfabetas a prevalência da


desnutrição nas crianças foi maior do que entre as mães que sabiam ler e escrever. O baixo
rendimento familiar influi no crescimento infantil retratando-o, o que explica a alta
prevalência de má nutrição no bairro Adine3.

Um dos factos estudados foi o nível de escolaridade da população do bairro Adine3. De


acordo com o gráfico 3 que se segue pode-se constatar que há presença de moradores não
escolarizados, ou seja, que não estudaram; sendo que ainda, outros são do nível primário do 1º
ciclo. Este é um dos factores associados aos maus hábitos alimentares e higiénicos o que leva
a perigar a vida das crianças uma vez que há poucos cuidados no segmento do
desenvolvimento da criança.

35
Gráfico 3: nível de ensino dos participantes deste estudo

6% 1%

12% Não estudou


14% 1ª a 5ª cla sse
6ª a 7ª cla sse
8ª a 10ª classe
25% 42% 11ª a 12ª classe
Nivel superior

Fonte: AUTOR (2017)

Os dados colhidos revelam que a maior parte dos residentes no bairro Adine3, participantes
neste estudo são camponeses. O gráfico abaixo ilustra essa constatação.

Gráfico 4: distribuição dos participantes nesse estudo por profissão.

3%

6%
4%

Campones
Professor
Seguranca
Outras

87%

Fonte: AUTOR (2017)

Segundo MOURA (2009, p.39) “a prevalência da má nutrição também tem na renda familiar
um factor importante na sua determinação, pois esta possibilita a aquisição de bens que, por
sua vez irão contribuir para o desenvolvimento da capacidade de enfrentamento das condições

36
biológicas e de morbidade”. Assim, medidas que aumentem a renda familiar e a qualidade das
moradias são potencialmente úteis para melhorar a saúde das crianças.

Também houve associação entre o nível de escolarização das mães e a desnutrição das
crianças. Isto é, quando as mães tinham menor nível de ensino em comparação com as mães
alfabetizadas também as crianças tendem ser desnutridas.
Foi observado por Facchini apud Moura (2000, p.40) que,

A maior inserção materna no trabalho remunerado garantia um maior ganho de peso


infantil do que o trabalho domiciliar exclusivo, no qual a mãe dedica mais tempo aos
cuidados da prole. Crianças de famílias cujas mães não trabalham tinham maior risco de
deficit estatural, pois o trabalho materno está associado a filhos e em outras questões
prioritárias.

Desta forma depreende-se que a falta de informação/educação sobre bons hábitos de


alimentação influi na vida real das famílias e na forma como cuidam a alimentação das
crianças.

Um dos factos analisados neste estudo foi a falta de oportunidade, a ausência de serviços
públicos básicos, isto é, formulou-se uma questão que compreende-se a insuficiência ou não
de orientação e/ou informação e cuidados de saúde inadequados por parte da população do
bairro Adine3. Os resultados revelam que a maior parte das mulheres das famílias inqueridas
e moradoras no bairro não teve recebeu atendimento pré-natal, conforme ilustra o gráfico
abaixo.

Gráfico 5: distribuição das mulheres grávidas que receberam atendimento pré-natal

22%

Sim
Não

78%

Fonte: autor (2017)

37
As causas da falta de acompanhamento hospitalar para recepção ao atendimento pré-natal por
parte de mulheres grávidas constata-se que muitas mulheres acharam desnecessário o
acompanhamento hospitalar.

Tabela 2: Causas da falta de acompanhamento hospitalar


Frequência Percentagem Validade Cumulativo
Percentagem Percentagem
Não teve problema de saúde 23 31,9 31,9 31,9

Validad Achou desnecessário 40 55,6 55,6 87,5


e
Teve dificuldade ao posto de saúde 9 12,5 12,5 100,0
Total 72 100,0 100,0
Fonte:AUROR (2017)

Factor condição de nascimento. Nessa questão, os dados mostram que as condições de


nascimento mais frequentes são precárias e arriscadas, neste caso, aponta-se o parto a
cesariana. Este factor de nascimento por via cesariana pode estar na origem da má nutrição. O
gráfico 6 abaixo, ilustra essa constatação.

Gráfico 6: condição de nascimento das mulheres inqueridas

41%
Normal
Cesariana
59%

Fonte: AUTOR (2017)

Também mostrou a importância da determinação social no crescimento infantil,


particularmente a da escolaridade (Facchini apud Moura, 2000, p.41). Com efeito, ao
estudamos encontramos em mães analfabetas um risco quase duas vezes maior de ter um filho
com deficit estatural do que mães com maior nível de escolaridade. Portanto, o nível de
escolaridade materno influencia nos cuidados preventivos e curativos que a mãe realiza e a
sua atenção aos filhos, além de outras práticas que promovam a saúde infantil.
38
As variáveis formuladas tiveram associados com má nutrição também estão focalizadas neste
trabalho como peso ao nascimento, assistência pré-natal, e estado nutricional materno. O
efeito do peso ao nascimento talvez deve-se em parte a dificuldade no estabelecimento da
alimentação e complicações clínicas da criança.

Um outro dado constatado durante a realização do estudo é que 87% dos residentes do bairro
Adine3 e inqueridos não tem água canalizada, eles recorrem a nascentes e/ou poços ali
disponíveis.

39
Gráfico 7: distribuição dos residentes por abastecimento de água

13%

Canalizacao interna
Poco ou nascente

87%

Fonte: autor (2017)

Em termos de iluminação eléctrica, os dados indicam que poucos inqueridos têm iluminação
eléctrica. O gráfico 8, a seguir, mostra essa constatação.

Gráfico 8: distribuição dos inqueridos por iluminação eléctrica

22%

Tem
Não tem

78%

Fonte: autor (2017)

Portanto, não possuir água e energia aumentou a probabilidade de má nutrição, conforme


ilustra os gráficos 7 e 8, anteriores.

40
Considerando as variáveis ambientais, foi evidenciado risco de maior má nutrição em casas
com 6 ou mais pessoas, em casas sem casa de banho. As demais variáveis não apresentaram
associação significante com a má nutrição.

As condições estruturais da sociedade podem viabilizar o acesso da família a serviços de


melhor qualidade e melhores condições económicas.

É importante ressaltar que os restantes 22 gráficos e/ou tabelas estão disponíveis nos anexos
deste trabalhos, páginas 60-67.

4.3. Resultados da entrevista direccionada aos enfermeiros do C.S. do Bairro Adine03

Os resultados da pesquisa mostram que dos 5 enfermeiros do Centro de Saúde do Bairro


Adine03, 3 deles tinham 25 a 29 anos de idade, e os restantes dois tem idades compreendida
entre 30 a 40 anos, e o outro com idade de mais de 40 anos, como ilustra o gráfico abaixo.

Gráfico 9: distribuição das idades dos enfermeiros entrevistados

Fonte: AUTOR (2017)

Seguindo a linha de abordagem das questões levantadas na entrevista, constatam-se as


seguintes respostas dadas pelos respondentes aludidos em 4.3 do presente trabalho.

41
Será que tem registado situações de desnutrição de crianças neste centro de saúde?
Resposta: Sim, nos últimos anos, neste centro de saúde temos vindo a registar casos de
desnutrição sobre tudo provenientes na maioria das vezes no bairro Adine3, em seguida o
bairro de Nacaca. Há registos de casos que são possíveis de reverter com uma boa orientação
e acompanhamento hospitalar, no entanto há outros que digamos são irreversíveis.

1. Será que todas as crianças mal nutridas melhoram com o tratamento que é
diagnosticado pelos enfermeiros deste Centro de saúde?
As respostas dos entrevistados em volta desta pergunta se resumem nos seguintes pontos
fortes:

Em geral, quando uma pessoa padecer de uma doença é aconselhável buscar uma ajuda
médica. O peso e desenvolvimento das crianças devem ser acompanhados por profissionais de
saúde. Se você tiver quaisquer preocupações com o desenvolvimento do seu filho ou filha ou
você tem alguma condição que pode aumentar o risco de desnutrição, procure ajuda médica.
Existem diversos métodos de diagnosticar a desnutrição. Eles vão desde uma avaliação clínica
(observação de características como peso, altura e idade) até uma completa avaliação do
estado nutricional do paciente.

Há tratamentos em volta dessa doença. A dieta e educação alimentar pode ser uma alternativa.
Mas, em alguns casos, a desnutrição é tão grave que deve ser tratada no hospital. Nesses
casos, a pessoa pode precisar se alimentar por meio de tubos, como a sonda nasogástrica (que
liga o nariz ao estômago) e a gastrostomia endoscópica (um tubo cirurgicamente colocado no
estômago através do abdómen). Se um tubo de alimentação não pode ser colocado, a nutrição
pode ser feita directamente na veia. A pessoa também pode necessitar de tratamento adicional
para a causa subjacente de sua desnutrição.

Uma dieta equilibrada e saudável é a maior arma na prevenção da desnutrição. Ter uma
alimentação rica em frutas, verduras e cereais integrais, bem como proteínas magras, ajuda no
combate à desnutrição. Alimentos e bebidas ricos em gordura ou açúcar não são essenciais
para a maioria das pessoas e só devem ser consumidos em pequenas quantidades. Se você
possui alguma condição que aumenta o risco de desnutrição, busque tratamento.

4. Quais são os sinais de Desnutrição?

Para esta pergunta as respostas mais predominantes são:

42
No caso de adultos: Se você perder de 5 a 10% do seu peso corporal ao longo de três a seis
meses e não está fazendo dieta, você pode estar em risco de desnutrição.

Outros sinais de desnutrição podem incluir:


 Cansaço e falta de energia;
 Demorar um longo tempo para se recuperar de infecções;
 Demora na cicatrização de feridas;
 Irritabilidade;
 Falta de concentração;
 Dificuldades para se manter aquecido;
 Diarreia persistente;
 Depressão.

Para as crianças: Os sintomas de desnutrição em crianças podem incluir:


 Incapacidade de crescer dentro da taxa esperada
 Mudanças de comportamento, como sentir irritação, ansiedade ou letargia (sonolência)
 Mudanças na cor dos cabelos e cor da pele.
 Perda de peso inexplicada (Extrema magreza)
 Fadiga constante;
 Anemia;
 Dificuldade para se concentrar;
 Crescimento deficiente;
 Raquitismo;
 Problemas de visão;
 Perda de cabelo;
 Alterações na pele;
 Fraqueza e falta de energia;
 Má cicatrização de cortes ou feridas.

5. A má nutrição pode causar morte se não for tratada?


Respostas:

43
- A ausência das vitaminas pode ocorrer pela falta de alimentos na dieta das pessoas. Por
exemplo, a carência de vitamina A pode causar a famosa “cegueira nocturna”, a qual, se não
for tratada, pode provocar lesões na córnea e deixar a pessoa cega. Além desta consequência,
o sistema imunológico na infância pode ser afectado e assim levar à morte por infecções, já
que o combate sem a vitamina A, mostra-se mais difícil. Mas as vitaminas são importantes na
medida certa, tendo a quantidade calculada pela idade e necessidade de cada pessoa. O
excesso de vitamina A pode causar, pele seca, dores no osso e articulação, tontura, queda de
cabelo, entre outros.

Dependendo da gravidade, a doença pode ser dividida em primeiro, segundo e terceiro grau.
Existem casos muito graves, cujas consequências podem chegar a ser irreversíveis, mesmo
que a pessoa continue com vida. Entretanto, a desnutrição pode ser leve e traduzir-se, sem
qualquer registo de sintomas, numa dieta inadequada.

4.4. Resultados da entrevista aos T.D.S. da Cidade de Cuamba

1. Quais são as acções concretas que são feitas pela Direcção distrital sobre a sensibilização
das comunidades no consumo de alimentos variados?

Resposta: Tem se feito trabalhos no sentido de promover a educação alimentar, passando nos
bairros assim como também a mobilizar e incentivar os centros de acolhimento de crianças
com uma carência económica. O exemplo, é o centro nutricional são Miguel que cita no
mercado cajueiro. Eis algumas actividades feitas no sentido de sensibilizar as comunidades no
consumo de alimentos ricos em vitaminas e outros nutrientes:

 Promover encontros de sensibilização ao nível das comunidades;


 Potenciar palestras no seio das comunidades, indicando alimentos que a comunidade
deve produzir e consumir;
 Promover o plantio de árvores e a cultura de hortícolas nos quintais ou então nas
bermas do rio para quem tem uma parcela de terreno;
 Mobilizar os pais a procurar diversificar os alimentos;
 Conscientizar a população a fazer consultas médicas.
1. O que deve ser feito para evitar a má nutrição em crianças em idades muito
menores?

44
Resposta: A prioridade é o fornecimento equilibrado dos nutrientes considerados essenciais
para o desenvolvimento da criança como um todo. São medidas simples, como organizar as
refeições por horários e pelos seus nutrientes. Não desmamar cedo o bebe, pois o desmame
precoce também está entre as causas de desnutrição, uma vez que o leite materno contém
nutrientes essenciais que dificilmente são encontrados em quantidades adequadas na
alimentação sólida.

Desse modo, para prevenir que seu filho fique desnutrido você deve antecipar o tratamento
mesmo que ele não dê sinais de desnutrição. A alimentação saudável e equilibrada é a chave
para evitar o problema.

2. A D.D.S., tem explicado aos residentes do bairro Adine-03 sobre má nutrição?

Resposta: Em algumas vezes os residentes se mostram receptivos a mensagem e outros se


mostram indisponíveis na hora em que transmitimos as mensagens nos bairros.

Analisando as respostas dos entrevistados pode-se chegar a seguinte interpretação

O fornecimento equilibrado dos nutrientes é essencial para o desenvolvimento da criança


evitando a desnutrição ou ma nutrição. Traçar medidas simples, como organizar as refeições
por horários e pelos seus nutrientes. Não desmamar cedo o bebe, pois o leite materno contém
nutrientes essenciais que dificilmente são encontrados em quantidades adequadas na
alimentação sólida. Ou seja a alimentação saudável e equilibrada é a chave para evitar o
problema.

45
CAPITULO V: CONCLUSÕES E SUGESTÕES

5.1. Conclusões
Segundo os resultados obtidos com base nos objectivos propostos e nas condições em que foi
realizado o presente estudo, conclui-se que a má nutrição é uma questão de saúde pública,
intrinsecamente ligada às condições sócio-económicas da população. A má nutrição também
pode ser determinada por questões orgânicas, relacionadas à história de gestação e condições
de nascimento (normal ou cesariana).

O problema da má nutrição está relacionado não apenas aos hábitos alimentares ou questões
fisiológicas, mas também a falta de oportunidade e, a ausência de serviços públicos básicos,
ou seja, insuficiência de orientação e/ou informação e os cuidados de saúde inadequados que
interferem na saúde da população.

Os dados revelam também o nascimento de meninas com idade abaixo de 17 anos,


aparecendo como um dos factores da má nutrição apesar de ser de menor destaque (em termos
estatísticos). Outro aspecto colhido que merece salientar é que muitas vezes, a falta de
recursos financeiros é o maior obstáculo a uma alimentação correcta o que mais implica a
desnutrição. Por outro lado, conforme o grupo analisado, a posse demasiada de recursos
financeiros é determinante da obesidade.

Diante do exposto acima, pode-se refutar a hipótese de que a falta de acesso a fontes e
alimentos ricos em vitaminas e o baixo nível económico são factores determinantes na má
nutrição, pois evidencia-se neste estudo que só o consumo de alimentos variados e
equilibrados é que podem proporcionar a boa nutrição.

Em suma, as principais causas da má nutrição são a ingestão inadequada de alimentos e, a


falta de oportunidade e a ausência de serviços públicos básicos, ou seja, insuficiência de
orientação e/ou informação e os cuidados de saúde inadequados. As condições
socioeconómicas, o nascimento precoce, o nível de escolaridade/ensino, o não possuir água e
energia interfere também na saúde da população.

É de salientar que para uma criança levar uma vida saudável, é necessário ter o apoio de todos
que estão a sua volta para ela não perder a linha de raciocínio de se ter uma alimentação
equilibrada e, de que isso é benéfico para sua vida futura. Ou seja, pais, familiares,
professores, FIPAG, a escola e a sociedade em geral são responsáveis por esse estímulo, e se
46
não seguem uma alimentação saudável em suas vidas, é muito provável que a criança também
não vá seguir.

Sugestões
O estudo mostrou que a alimentação e nutrição adequadas são condições básicas para que se
alcance um desenvolvimento físico, emocional e intelectual satisfatório, factor determinante
para a qualidade de vida e o exercício da cidadania, em particular para a aprendizagem.
Neste contexto, para minimizar casos de má nutrição naquele bairro e em Moçambique em
geral podem resultar de muita utilidade a transmissão de conhecimento às crianças em idade
escolar, aos cuidadores de menores de cinco anos e aos técnicos de saúde das Unidades
Sanitárias é um passo para o desenvolvimento e para a luta contra esse mal. Assim, sugere-se
que:
 As famílias por serem os primeiros responsáveis pela formação das crianças, devem
incentivar preferências alimentares mais saudáveis possíveis aos indivíduos desde a
infância de cada indivíduo, pois factores genéticos e hereditários interferem e muito
nesses hábitos.
 Ainda as famílias devem ter um cuidado nutricional baseado na pirâmide alimentar,
diminuindo as gorduras e ingerindo produtos lácteos magros como carnes magras e
aves sem pele. Contudo, vale ressaltar que todas essas alterações e mudanças de
hábitos devem ser acompanhadas por um profissional da área da saúde. É muito
interessante envolver as crianças nas compras e preparação dos alimentos para tornar a
relação e a refeição mais agradáveis e saudáveis, com conversas e partilha, dando às
crianças uma sensação de cumplicidade
 Aos pais devem oferecer diariamente alimentos sadios e nutritivos, como frutas e
legumes; Ficarem atentos a sinais de fome e de saciedade de seus filhos e servir
porções adaptadas à sua idade, para evitar que comam demasiado. Ainda devem
ensinar a seus filhos a reconhecer seus sinais de saciedade e a comer lentamente,
fazendo com que a hora das refeições seja agradável, sem estresse nem
distracção; Ainda aos pais devem oferecer acessórios adaptados para que seus filhos
possam comer mais facilmente (por exemplo, utensílios adaptados à sua idade, copos
com bico tipo canudo, cadeirões altos) e encorajar as refeições em família sempre que
possível;  evitar, igualmente, expor as crianças às telas (televisão, computador, etc.)
antes da idade de 2 anos, a partir desta idade, limitar o tempo passado diante de uma
tela a 1-2 horas por dia. E deve-se encorajar seus filhos a manter actividade física.
47
Finalmente, um dos melhores meios de encorajar seus filhos a se alimentar de forma
saudável consiste em dar o bom exemplo. Sendo assim os líderes e secretários dos
bairros devem promover acções de plantio de árvores frutíferas nos quintais, fazendo
igualmente a inclusão da fruta nas refeições do dia-a-dia das pessoas.
 As direcções das escolinhas/creches, possam implementar acções de orientação e
educativas com um papel importante no combate a males como a desnutrição, pois
quando eles estão na escola, os pais não têm como ter um acompanhamento de perto.
 A direcção do curso de licenciatura em ensino de Biologia são sugeridas a promover
nas Práticas Pedagógicas com recurso a palestras nas escolas/comunidades sobre
educação nutricional, de modo a melhorar a saúde das crianças;
 Aconselhamento nutricional nos serviços de atenção à criança, incluindo
demonstrações culinárias sobre alimentação complementar adequada, usando
alimentos locais;
 Aos Ministérios da Educação e Desenvolvimento Humano e da Saúde que
estabeleçam, em conjunto, um programa de capacitação dos agregados familiares
sobre práticas melhoradas de processamento e conservação de alimentos, incluindo
aspectos de nutrição, horários alimentar, higiene e segurança alimentar;
 Que os futuros estudos aprofundem o temo trazendo mais elementos que melhor
ajudem as comunidades a colmatar a problemática da ma nutrição tendo em conta que
é tema poucas fontes de consulta.

48
Referências Bibliográficas

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Cientifico: Intervenção Nutricional na Infância e Aspectos Preventivos. Nestle
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2. Cervo, A. L. e Bervian, P. A. (1983). Metodologia Científica: Para Uso dos


Estudantes Universitários. (3ª ed.). McGraw-Hill, Brasil.

3. Chizzotti, A. (1998). Pesquisa em Ciências Humanas e Sociais (3a ed.). São Paulo:
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Janeiro: Elsevier;

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infantil. Brasil.
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9. Ismael, C. (2013). Conceitos de Nutrição: Definições, causas e consequências.


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10. Jelliffe D.B, Jelliffe E.F.P: Direct assessment of nutritional status. Anthropometry:
major measurements. In: JELLIFFE B, JELLIFFE eds. Community Nutritional
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New York: Oxford University Press;

11. Lakatos, E.M. & Marconi (1991,) Metodologia de trabalho Cientifico (2a ed.).São
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12. Lakatos, E. M. e Marconi, M. de A. (2003). Metodologia de Investigação Cientifica.
5ª Edição. São Paulo. Editora atlas A.A.
13. Lima, A. B. (2005). Metodologia da Pesquisa Científica. Portugal.
49
14. Mahan, L. K.; e Arlin, M. T. (1995). Krause: alimentos, nutrição e dietoterapia. 8ª
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15. Martins, C. Introdução a Avaliação do Estado Nutricional. Brasil. 2009.

16. Monte C.M.G, Sá MLB, eds. (1998). Guias alimentares para as crianças de 6-23
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19. Pessôa, V. L. S. (2007). Fundamentos de Metodologia Científica para Elaboração de
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20. Thiollent, M. (1986). Metodologia da Pesquisa-acção. São Paulo: Cortez Editora.

21. Valente, F. L. S. (2003). Fome, desnutrição e cidadania: inclusão social e direitos


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22. Ventura, D.  (2002). Monografia jurídica.  Porto Alegre: Livraria do Advogado.

23. Werner, D. (1994), Onde não há médico, edição ampla.

24. WHO Department of Equity, Poverty and Social Determinants of Health Report on
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25. Zancul, M. de S. (2004). Consumo alimentar de alunos nas escolas de ensino


fundamental em Ribeirão Preto. São Paulo.

26. ______MIDS 2003. Nutrição de crianças e mães em Moçambique. Cadernos de


gráficos de nutrição em África. 2006.

50
APÊNDICES

51
UNIVERSIDADE CATÓLICA DE MOÇAMBIQUE
CENTRO DE ENSINO À DISTÂNCIA (CED) CUAMBA
CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE BIOLOGIA
Apêndice I: Ficha de observação das famílias com crianças mal nutridas
Objectivos desta observação:
 Identificar crianças mal nutridas de 0 – 5 anos de idade no bairro Adine3.
 Inteirar-se dos mecanismos usados pelos responsáveis pelas crianças de 0 aos 5 anos mal
nutridas, observando seus hábitos alimentares e de higiene durante 120 minutos num
período de 3 vezes em cada 2 semanas.

Aspectos a observar:
1. Observação do número das crianças malnutridas no bairro.
2. Observação das características do bairro Adine3.
3. Observação dos alimentos que as famílias consomem frequentemente.
4. Observar a quantidade de comida consumida pelas crianças nas suas refeições.
5. Observar a regularidade de horas de comida.
6. Observar o nível económico da comunidade.
7. Observar os hábitos alimentares da comunidade.

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CENTRO DE ENSINO À DISTÂNCIA (CED) CUAMBA
CURSO DE LICENCIATURA EM ENSINO DE BIOLOGIA

Apêndice II: Questionário direccionado aos residentes do bairro


Adine-03
Estimado Senhor(a)! O questionário que tem na mão faz parte de uma pesquisa com o tema:
Avaliação das Causas da Má Nutrição em Crianças de 0-5 anos de Idade - caso do Bairro
Adine03 (2016 à 2017). O questionário pretende identificar os factores associados a má
nutrição em crianças menores de 5 anos de idade. Para cada pergunta escolha uma alternativa
de resposta que mais se adequa à sua opinião, marcando X dentro do quadradinho
correspondente.

A. RENDA MENSAL E DESPESAS


1. Idade do chefe de casa: anos de idade

2. Género do chefe de casa

Masculino Feminino

3. Nível de ensino do chefe de casa


Não estudou/analfabeto 1ª – 5ª classe 6ª – 7ª classe 8ª – 10ª classe
11ª – 12ª classe Nível superior
4. Profissão do chefe de casa _________________(camponês)
5. Quantas pessoas moradoras na casa que trabalharam nos últimos 2 anos? P pessoas E
qual foi o rendimento?
6. Quantas pessoas moradoras nesta casa que receberam pensão, nos últimos dois anos?
Pessoas
7. Quanto pediu emprestado a alguém de fora para completar as despesas da casa no último
mês? Meticais

B. REGISTO DA MULHER
8. Idade:
9. Com que idade teve a primeira gravidez? anos
10. Quando esteve grávida, recebeu atendimento pré-natal? Sim Não

53
11. Se não, por que não fez?
Não fiz por falta de informação sobre as consequências provocadas por falta de atendimento
pré-natal.
Não teve problema de saúde Achou desnecessário Teve dificuldade de acesso ao
posto de saúde? Outra:

12. Se sim: em que mês de gestação iniciou o pré-natal?


13. Quantas consultas fez? consultas
14. Recebeu orientação sobre aleitamento materno? Sim Não
15. Onde nasceu? Hospital-Maternidade Em casa Outro:
16. Como foi o parto? Normal Cesariana Não sabe
17. Quem fez parto?
Médico Enfermeiro Parteira Outro Não sabe
18. Quanto pesava ao nascer? kg
19. Até que idade mamou? Anos Mes (és) Dia (s)
20. Porque deixou de mamar? Porque nunca mamou?
Leite insuficiente Criança não queria Criança estava doente
Mãe doente Mãe trabalhava/estudava Problema no seio
Ainda mama Não sabe Outro

C. CONDIÇÕES DAS CASAS


21. Quantas pessoas vivem na casa? pessoas
22. Regime de ocupação:
Própria já paga Própria em aquisição Cedida por empregador
Cedida por outro Alugada Invadida Outro
23. Paredes da casa:
Alvenaria/tijolo Madeira Matope Outro:

24. Piso da casa:


Cimento Terra Pedra Madeira Outro:

25. Tipo de cobertura:


Capim Chapa de zinco Telha Outra:

54
26. Abastecimento de água:
Com canalização interna: rede geral Poço ou nascente
27. Iluminação eléctrica: Tem Não tem

28. Rádio/som: Tem Não tem

29. Televisão: Tem Não tem

30. Congelador: Tem Não tem

31. Ventilador: Tem Não tem

Fim

Obrigado pela colaboração!

55
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Apêndice III: Entrevista direccionada aos enfermeiros do C.S. do Bairro Adine03

O presente inquérito faz parte de uma pesquisa com o tema: Avaliação das Causas da Má Nutrição em
Crianças de 0-5 anos de Idade - caso do Bairro Adine03 (2016 à 2017). O mesmo tem intuito de Perceber
dos enfermeiros do Centro de Saúde do bairro Adine-03, se tem registado situações de má nutrição de
crianças naquele bairro.

1. Qual é o intervalo de idade do Sr. (a) enfermeiro (a)?


2. Será que tem registado situações de má-nutrição de crianças neste centro de saúde devido
a falta de vitaminas?

3. Será que todas as crianças desnutridas melhoram com o tratamento que é diagnosticado
pelos enfermeiros deste centro de saúde?
4. Quais são os sinais de desnutrição?

5. A má nutrição causada pode causar a morte se não for tratada?


Fim

Obrigado pela colaboração!

56
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Apêndice IV: Entrevista direccionada aos TDSC-Cuamba


O presente inquérito faz parte de uma pesquisa com o tema: Avaliação das Causas da Má
Nutrição em Crianças de 0-5 anos de Idade - caso do Bairro Adine03 (2016 à 2017). O
inquérito tem por objectivo: Identificar as acções feitas ao nível das comunidades para o
combate da má nutrição.

1. Quais são as acções concretas que são feitas pela Direcção distrital sobre a sensibilização das
comunidades no consumo de alimentos variados?
2. O que deve ser feito para evitar a má nutrição das crianças em idades muito menores de 5
anos de idade?
3. A Direcção Distrital da Saúde, tem explicado aos residentes do bairro Adine-03 sobre o tipo
de alimentos a consumir rico em vitaminas?
4. Quais são os alimentos ricos em vitaminas de fácil acesso em que a comunidade deve
consumir para obtenção das vitaminas para o bom funcionamento do organismo?
Fim
Obrigado pela colaboração!

57
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Apendice V : Parte 2 dos resultados do questionario direccionado aos residentes do bairro
Adine3
A. RENDA MENSAL E DESPESAS
5. Quantas pessoas moradoras na casa que trabalharam nos últimos 2 anos? pessoas E
qual foi o rendimento?
Tabela 3: Quantidade de pessoas que trabalharam nos últimos 2 anos moradoras na casa
Frequência Percentagem Validade Percentual Cumulativo Percentual

Validade

Fonte: autor (2017)


6. Quantas pessoas moradoras nesta casa que receberam pensão, nos últimos dois anos?
Pessoas

Tabela 4: Quantidade de pessoas moradoras nesta casa que receberam pensão, nos últimos dois

anos
Frequência Percentagem Validade Percentual Cumulativo Percent

Validade

Fonte: autor (2017)

7. Quanto pediu emprestado a alguém de fora para completar as despesas da casa no último
mês? Meticais

Tabela 5: Valor pedido por emprestado a alguém de fora para completar as despesas da casa no

último mês
Frequência Percentagem Validade Percentual Cumulativo Percentual
0
1 – 500
Valido
501 – 1000
Mais que 1000

58
Total

Fonte: autor (2017)

B. REGISTO DA MULHER
8. Com que idade teve a primeira gravidez? ____________ Anos

Tabela 6: Idade com que se teve a primeira gravidez


Idade (anos) Frequência Percentagem Validade Cumulativo Percentual
Percentagem
13
14
15
16
17
18
19
20 a 25
Total
Fonte: autor (2017)

10. Se não, por que?


Tabela 7: Causas da falta de acompanhamento hospitalar
Frequência Percentag Valid Cumulativo
em Percentual Percentual
Não teve problema de saúde
Achou desnecessário
Valido
Teve dificuldade ao posto de saúde
Total
Fonte: autor(2017)

11. Se sim: em que mês de gestação iniciou o pré-natal?


12. Quantas consultas fez?
13. Recebeu orientação sobre aleitamento materno?
14. Onde nasceu?
15. Quem fez parto?
17. Quanto pesava ao nascer?
Tabela 8: Peso ao nascer
Peso (kg) Frequência Percentag Valido Percentual Cumulativo Percentual

Validade 1-2
2
3
3–5

59
Total
Fonte: autor (2017)

18. Até que idade mamou?


19. Porque deixou de mamar? Porque nunca mamou?
Tabela 9: Causas de desmame
Frequência Percentag Valido Percentual Cumulativo Percentual

Leite insuficiente
Criança doente
Mãe estudava/trabalhava
Problema no seio
Valido
Ainda mama
Criança não queria
Não sabe
Total
Fonte: autor (2017)

C. CONDIÇÕES DAS CASAS


20. Quantas pessoas vivem na casa?
21. Regime de ocupação:
Tabela 10: regime de ocupação de casa
Frequência Percentual Validade Cumulativo
Percentual Percentual
Própria já paga
Própria em aquisição
Valido Cedida por empregador
Cedida por outro
Total
Fonte:autor (2017)

22. Paredes da casa


23. Piso da casa:
24. Tipo de cobertura
27. Rádio/som
28. Televisor
29. Congelador
30. Ventilador
Fim

Obrigado pela colaboração!

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