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Maria Flávia de Monsaraz

O Retorno ao Feminino

HUGIN
2000
2
INTRODUÇÃO

A ausência do Feminino na realidade Social dos nossos dias, é uma lacuna, um


vazio psíquico, um drama colectivo inconsciente...
A fidelidade à essência do Feminino em mim e a confrontação com as
exigências da Sociedade em que nasci, criou na minha Vida, ao longo dos Tempos,
um dos muitos conflitos a resolver.
Um desses conflitos com que longamente convivemos sem nos apercebermos
sequer da sua existência, mas que no íntimo nos limita e condiciona.
Até realizarmos que alguma coisa não está certa. Não só dentro de nós como
fora de nós. Dia em que tomamos consciência que o conflito talvez não seja apenas
nosso, mas expressão de um mal estar colectivo, de um modo ilusório de Vida, num
contexto social equívoco e redutor.
No advento de um novo Tempo Cósmico, importa redefinir os conceitos de
Feminino e Masculino, hoje tão adulterados e confundidos. Verdades de Sempre,
que podem levar a Humanidade a relacionar-se de um modo mais inteligente e mais
pacífico, em harmonia com as Grandes Leis que suportam o Mundo.
Este estudo, que se destina a Homens e a Mulheres de 'boa vontade", procura
sintetizar algumas perspectivas e conceitos Tradicionais, actualizá-los, para que
novamente sejam reconhecidos como padrões Eternos que nos podem referenciar.

E assim o Feminino possa ser reavaliado,


conscientemente assumido,
vivido no pleno do seu Poder
e do seu Mistério...

Maria Flávia de Monsaraz

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A Sabedoria dos Tempos
As Leis Universais

Ensina-nos a Sabedoria Taoísta


que a Unidade se desdobrou no
Pólo Yang
e no Pólo Yin do Mundo.

Yang é o Pólo Activo,


expansivo, diurno, criativo e emanador.
Do Yang surge a essência do Masculino.

Yin é o Pólo Passivo, receptivo, nocturno,


gestativo e acumulador.
o Yin nasce a essência do Feminino.

Yin e Yang
definem-se como realidade diferenciada
e fundamental.
Entre eles gera-se uma tensão
a que chamamos energia.
Tudo é energia.
O Universo é um todo energético,
dividido e polarizado.
São dois pólos contrários
que activarn os Ciclos Cósmicos,
que por sua vez geram a Vida.

Cada Ser Humano é Yin e Yang.


Tem em si as duas polaridade .

A dimensão receptiva, passiva


e interiorizada do Ser
é o seu pólo Yin,
o seu lado mais obscuro,
o que dificilmente hoje se manifesta.
Séculos de História,
criaram a supremacia do Yang.
Esta supremacia deu origem a uma Cultura
predominantemente Masculina.
Com o Tempo, a afirmação Yang
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levou à perda do Yin.

O nosso lado passivo, feminino,


interiorizado, meditativo e receptivo,
deixou progressivamente de ser valorizado
pelo pensamento comum.
Sem se darem conta, as Mulheres
ficaram condicionadas e limitadas
por uma Sociedade criada por Homens
e para Homens,
onde a sua contribuição feminina
não encontra lugar.

No séc. XX a afirmação do Yang


tornou-se de tal modo radical,
que o comum das pessoas e perdeu
das experiências mais profundas da Vida,
reveladas pela sua dimensão interior.

Já ninguém sabe lidar com a noite,


com a pausa,
com os intervalos na acção,
com tudo o que existe
quando se acaba o movimento.

Não se valoriza o Silêncio,


o que não tem forçosamente que ser dito,
o que se subentende.

As pessoas perderam-se do Yin,


confundidas no Yang,
na afirmação extrovertida da personalidade,
nas conquistas,
nas guerras de todas as naturezas.

O contrário da afirmação
significa receptividade,
a capacidade de receber o Mundo,
de sentir o reverso das coisas.
É a revelação da Vida interior,
isso que nos habita.

Receptividade
é saber dialogar com o mundo do Sentir,
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a presença da Alma em nós.
Diálogo tão necessário, tão absolutamente vital,
como a força que nos leva a expandir e a afirmar.
Isso é assumir o nosso Pólo Feminino,
que a mentalidade social não sabe sequer
identificar.

Hoje valoriza-se o Poder,


a Conquista, a Vitória.
Tudo o que nos torna capazes de intervir,
de afirmar, conquistar, vencer,
agir como Força no Mundo.
São tudo virtudes masculinas.

O Tempo que vivemos perdeu-se do Yin.


Esqueceu a força do Feminino,
o poder da fraqueza.
O poder da fraqueza
consiste na capacidade de realizar
através da não resistência...

Ao assumirem valores masculinos como os


únicos valores,
os Seres Humanos
acabaram por não saber dizer Sim.

O Grande Sim à Vida,


que na sua essência
é a Sabedoria da Alma,
a Força do Feminino.

O Sim que se traduz na aceitação da Matéria


como Mater,
como Mãe,
como suporte de Vida.

Dizer Sim à Vida,


obriga em primeiro lugar,
a aceitarmo-nos a nós próprios,
a fazer as pazes
com o facto de ter nascido.
Leva-nos igualmente
a aceitar coisas de que não gostamos,
mas que a Vida nos impõe.
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O Sim que nos faz perceber
que nem sempre o desejo,
como força Yang de afirmação do Eu,
pode ser vivido.

Dizer Sim, é uma postura de receptividade


e passividade.
Por vezes mais dinâmica,
mais criativa e mais poderosa,
que as guerras ilusórias
em que perdemos energia.

Assumir o Yin é dizer Sim


a tudo aquilo que a Vida nos tira
e nos dá.
Quando bem entendida,
esta postura revela-nos os Sinais
por detrás das aparências.
Sinais que nos devolvem o oculto,
a verdade da Intenção Primordial.

Com a dessacralização dos Tempos,


perdeu-se o saber do Invisível,
presente no Visível.

Diz Kabir, poeta do séc. VI AC:


"O Sem Forma habita todas as formas,
eu canto a Glória das Formas".

Intuir o Sem-Forma que dinamiza a Forma,


é inteligir o reverso das coisas,
o lado nocturno da Vida.
É também o poder do Yin.

Tudo isso foi esquecido, negado, desrespeitado,


neste Tempo colectivo
em que nos encontramos.
Nele nascemos por condição do nosso Destino
particular.
Vítimas que somos de uma Cultura masculina,
extrovertida, materialista
incapaz de nos "orientar",
de nos ensinar a resolver os conflitos
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do nosso psiquismo.

Todos nascemos prisioneiros de medos


inconscientes.

Medos que não sabemos denunciar e que a cada


minuto colidem com a realidade exterior.
Medos que activam mecanismos de defesa.
As pessoas sempre se defendem.
Ao defenderem-se
não aceitam pôr-se em causa, fragilizar-se.
Porque não se fragilizam,
não aceitam sentir-se,
nem exprimir o que sentem.

Aqui começa a grande ausência do Yin,


a recusa da realidade interior.
Então fabricam-se máscaras, falsas personalidade
aparentemente seguras e afirmativas,
mas dissociadas do seu íntimo Sentir.
Sem uma atenção receptiva,
não é possível intuir
a subtil presença da Vida em nós,
da Vida em-Si,
da Vida em toda a realidade.

As pessoas esqueceram
o que habita no seu mais dentro,
fechadas à essência do Universo.

A mentalidade Ocidental
está apenas focalizada no pólo Yang,
um dos pólos do Movimento.

Quando um Pólo domina, o outro enfraquece,


o movimento desequilibra.
Perde-se a harmonia rítmica, a alternância,
o fluxo e refluxo das energias.

Ao desvalorizar-se a Realidade Interior,


o mundo da Memória,
o mundo da Água,
as pessoas desertificam.
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"Desertificar" ,
como sinónimo de deserto interno,
de vazio emocional,
de incapacidade de bem-se-sentir.

Ao sentirem-se mal, as pessoas projectam-se


em algo ou alguma coisa exterior.
É Maya, a grande Ilusão,
geradora de todo o Sofrimento.
Não sabem procurar-se dentro de si.

Dentro, encontram apenas aridez


como consequência
da incapacidade de se aceitarem,
de se sentirem em harmonia com a Vida.

A visão do Mundo tornou-se estática,


equivocamente racionalista,
emocionalmente pobre.

É o Mundo da Intelectualidade:
crítico, rígido, arrogante, endurecido,
a que falta Coração.
Mundo frio, exclusivamente Mental,
em que as pessoas, salvo raras excepções,
perderam o poder de encantamento.

Emoção e encantamento
são o contrário da aridez.
Só acontecem
quando a capacidade de receber
e de Sentir o que se recebe,
é realidade dentro de cada um.

As pessoas vivem da Mente, vivem da acção.


Vivem da Terra e do Ar,
sem a inteligência das Águas...

O excesso de acção, sem integrar sentimentos,


também seca.
Assim, as pessoas secam, desertificam,
adoecem, são solitárias e infelizes.
Esta atitude revela a ausência do Feminino,
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o Pólo Yin do Movimento Cósmico.

Não há ritmo sem alternância.

A Vida são dois tempos de uma respiração:


Inspirar e expirar.
o equilíbrio do Yin e do Yang.

Quando soa uma nota,


o Yin está sempre presente
como reverso do Yang.

Ao ouvir música, o Som recorta-se no Silêncio.


Novamente o Silêncio, devolve-nos o Som.
Não pode haver melodia
se não houver Pausa e Silêncio.

Há que valorizar novamente o Yin,


para que o advento de uma Nova Cultura,
um Novo Tempo Social,
possa iluminar a Humanidade.

No livro O Percurso da Heroína


ou A Feminilidade reencontrada,
é dito:
"hoje em dia os homens e as mulheres
sentem dentro de si um vazio.
A natureza feminina desceu aos infernos”.

Esse vazio feminino só pode ser resolvido


por uma conjunção interna,
por uma harmonização de polaridades.
Aí se diz igualmente:
“no plano cultural, a Ordem estabelecida,
é uma Ordem de Valores Patriarcais,
onde o domínio do masculino
mais forte, mais poderoso,
Imprimindo a tónica da mentalidade colectiva.
A nossa sociedade é androcêntrica.
Vê o Mundo do ponto de vista masculino".

Assim,
as Mulheres avaliam-se pelo seu contrário.
Vítimas de uma cultura definida pelos Homens,
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sentem confusamente
que lhes faltam as qualidades
que eles protagonizam.

Ao procurarem ser competentes


como os Homens,
as Mulheres afastaram-se da sua natureza
feminina.

Ao desvalorizarem-se como Mulheres,


conhecem-se pela negativa,
ou seja,
por aquilo que ainda lhes falta realizar,
afirmar, provar que são capazes.
Em todos os empregos é pedido às Mulheres
provarem estar à altura daquilo que os Homens fazem.

Este falso conceito de Feminilidade


foi estipulado
pela Cultura Ocidental Masculina.
É um conceito Yang de masculinidade.
Equivale à supremacia do Homem
como força, sucesso e poder.

"...na procura da sua identidade, as filhas


identificaram-se com os pais, rejeitando as
mães, que lhes apareceram como seres não
inteiramente realizados, não-autónomas,
frustradas, condicionadas por uma antiga
ordem de valores que exprimem submissão,
passividade, restrição e inferioridade feminina."

Isto também traduz a demissão dessas Mulheres.

Mulheres que um dia se sujeitaram


àquilo que os Homens fizeram delas.
Por assim se sujeitarem, demitiram-se de si
próprias,
da fidelidade aos Valores Femininos.
Valores Eternos, Valores de sempre.
Desvalorizaram a sua Feminilidade,
sentindo-se frustradas, não-livres.

“As filhas não viram nas mães


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a Força do Feminino.
Daí as terem rejeitado.
Ao rejeitarem as mães, ao aderirem a conceitos
e padrões Masculinos de afirmação,
as filhas perderam-se também
da sua própria Feminilidade.
Criou-se uma cisão interior.
A ruptura com as mães abriu nas mulheres
uma ferida interna,
a negação do seu pólo Feminino.
Assim, pela pressão do colectivo, as mulheres
perderam-se da riqueza do seu mundo interior,
do seu Sentir profundo".

do livro: O percurso da Heroína

A riqueza do seu mundo interior,


o seu sentir profundo,
esse Saber nocturno das Origens,
que as tornava Papisas, Magas, Mães...

Na simbologia milenar do Tarot,


a primeira carta é o Homem, o Yang,
a lidar com o equilíbrio dos elementos.
A segunda carta é a Mulher,
a polaridade Yin, a Papisa.

A Papisa é o símbolo da Mulher:


nocturna e sábia por instinto.
Porque ligada a forças da Terra,
porque ligada à fonte da Vida.
Vida que nela nasce,
ao receber a potência Yang do Masculino.

Ao negarem a sua verdadeira essência,


as Mulheres de hoje deixaram de ser Papisas.
Deixaram de saber o Saber da Vida em Si,
a Vida das suas profundezas.
Passaram a reger-se por uma mentalidade de
acção extrovertida.
Mentalidade de conceitos de Poder,
de Produtividade, de Afirmação.
Conceitos que são
concepções masculinas do Mundo.
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A perda progressiva da sua interioridade,
secou a Vida interna na Mulher.
Vida como fonte de inspiração,
como Visão Interior.

As Mulheres perderam-se de si próprias.


Os Homens perderam-nas
e ao perdê-las,
perderam-se de si, igualmente.

Assim surgiu uma Sociedade neurótica,


doente, esquizóide
que todos os dias nos pressiona.
Sociedade onde não se equilibram as
polaridades, onde ninguém tem consciência
do seu potencial de troca,
nem da forma como deveriam Sentir,
exprimir a riqueza da complementaridade.

Ao perderem a sua dimensão interior


que no fundo é a Sabedoria da Alma
criou-se o vazio interior nas próprias Mulheres.
Tornaram-se instáveis e inseguras,
insatisfeitas e ambiciosas, como os Homens.
Dependentes das mesmas realidades
quer no sucesso, quer no dinheiro,
quer no poder.
Acreditam ilusoriamente
que tudo isso lhes poderá trazer
o que realmente lhes falta:
a sua postura Yin, a sua Força,
a sua Sabedoria Milenar.

A desertificação da sua capacidade emocional,


intuitiva, telúrica, ancestral e divina,
criou nelas uma falsa identificação
com os valores masculinos.
valores de prestígio,
de êxito social, de autoridade.

Aceitaram
uma auto-imagem de competitividade
que jamais poderá devolver-lhes
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a segurança da sua verdadeira natureza.

Por se extroverterem,
as Mulheres separam-se da sua íntima vivência.
Da sua inspiração.
Daí o sentimento de vazio
que hoje as acompanha.
Vazio por falsa segurança,
por equivoco de Identidade.
Equívoco que as leva a não se conhecerem,
a não saberem verdadeiramente quem são.

Enquanto assim for,


as Mulheres de hoje em dia
não podem dar aos Homens
a complementaridade que a eles lhes falta.
Para que eles, ao reconhecê-las,
se possam também reconhecer.

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A Água e o Fogo
No Livro das Mutações
Para que a noção de Masculino e Feminino
possa ser novamente reconhecida
como dois pólos complementares
de um Padrão Cósmico Imutável,
subjacente a toda a manifestação,
recorri ao mais antigo livro do Mundo:

o Livro das Mutações, o I'Ching.

O I'Ching é um Livro de Sabedoria.


Expressão de um pensamento
que é considerado,
um Genesis Filosófico,
o Taoísmo.

Vivido por 74 gerações de Mestres


há mais de 2.000 anos,
o seu ensinamento é inequívoco.

Este Livro informa


sobre o comportamento das energias,
entre a Terra e o Céu.
Revela as Leis Eternas que regem o Mundo.

É, no I'Chíng, que vamos encontrar


a mais rigorosa definição
de Masculino e Feminino.

O Masculino é activo e é forte,


Yang à superfície.
No entanto é frágil, receptivo,
Yin em profundidade.

Inversamente,
o Feminino é receptivo e frágil,
Yin à superfície.
No entanto é forte, seguro,
Yang nas profundezas.

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Ambos definem um Ser Total, bi-polarizado,
mas de polaridades inversas.

O Homem é Yang, activo, criativo,


capaz de fecundar.
Ao fazê-lo torna-se vazio,
Yin como última resposta.

A Mulher é Yin, receptiva, vazia,


aberta à potência Yang, do criativo.
Ao recebê-la, torna-se forte, cheia, fecundada,
geradora de Vida.
Passa ela a ser Yang, como última resposta.
Dá-se uma inversão de polaridades.

Esta é a inter-acção definida


pelas Leis do Universo.

O I'Ching ensina uma estrutura simbólica,


a Roda do Tai-Chi.
Define as oito etapas
da Metamorfose das Energias,
no seu Movimento Cósmico,
descendente e ascendente
entre a Terra e o Céu.

O Céu é Yang.
Simbolizado por três traços cheios.
É a Imagem do Criativo.

A Terra é Yin.
Representada por três traços abertos.
É a Imagem do Receptivo.

Na etapa descendente das energias,


do Céu para a Terra,
encontramos Kan, a Água.

Na etapa ascendente,
da Terra para o Céu,
encontramos Li, o Fogo.

Li, o Fogo, é assim definido:


o que se agarra, ou Espírito.
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O Criador tomou sobre si
dois traços fortes à superfície
e no centro um traço fraco,
um traço aberto, receptivo.
Assim nasceu Li, o Fogo.

O Fogo significa a Natureza


em toda a sua expansão,
quando se expande em Claridade.

O que se expande em Claridade


deve ter sempre no seu interior
“algo a que se agarre" ou a que se submeta,
sob pena de se consumar totalmente
e assim não poder brilhar de modo durável.

Se o Yang for totalmente Yang,


se não souber receber alguma coisa de dentro,
queima-se a si próprio,
consome-se, enfraquece.
Se não há receptividade,
o Fogo queima aquilo a que se agarra
e apaga-se.

Para que o Yang seja durável,


para que o Fogo perdure,
para que o Masculino possa sempre ser forte,
tem de ter em si algo receptivo,
algo Feminino.

Assim, o Homem Superior


agarra-se ao que é Justo,
para poder pode modelar o Mundo.

As pessoas não modelam o Mundo


porque são fortes.
Modelam o Mundo
porque aceitam as Grandes Leis Universais,
as referências que lhes ensinam
o que é Justo e Verdadeiro.
Quando aceitam identificar-se
com alguma coisa que lhes dá força,
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para poder agir de uma forma segura.

Há pois, no Masculino,
algo Yin que recebe,
para que a sua Força se possa manifestar.

Quando esta dependência é voluntária,


quando o Masculino
lida bem com a sua fraqueza e receptividade,
o Homem atinge a Claridade
e encontra o seu lugar na Terra.

A Água identifica-se com o Feminino.


A sua Imagem traduz-se
por dois traços abertos à superfície.
No centro, um traço forte, cheio, o Yang.

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__________
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O Fogo identifica-se com o Masculino.
A sua Imagem traduz-se
por dois traços cheios à superfície.
No meio corre um traço aberto, o Yin.

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__________
O Receptivo
adquiriu o traço Yang médio do Criador.
Assim nasceu Kan, a Água,
a causa da Vida sobre a Terra.

A Água é onde tudo nasce,


o elemento Matricial,
a Grande Mãe.

Kan, a Água,
representa o coração,
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a Alma ou a Vida fechada no corpo.
A Luz contida nas Trevas.

A Água é sem interrupção


e atinge sempre o seu fim.
Nada faz perder à Água
a sua natureza essencial.
A sua Imagem é o Insondável.

O Poder Original do Yin é sombrio,


maleável, receptivo, submisso .
A sua Imagem é a Terra frente ao Céu.

A Terra que se abre, que se abandona,


que se entrega passivamente
para poder receber, conter,
e gerar Vida.

Essa é a Imagem do Feminino.


A Imagem da Grande Mãe.
A Imagem da Terra como Mãe Cósmica,
fecundada pela potência do Sol
faz germinar a Natureza.

Mater ou Matéria,
a sua correspondência ao nível Psíquico
é a Mãe.

O Arquétipo Feminino
tem como resposta última
a Maternidade.
A capacidade de Sustentar,
Nutrir, e Conservar a Vida.

O Homem é Fogo.
A Mulher é Água.

Diz a Sabedoria Taoísta:

quando a Água se une ao Fogo,


o Céu e a Terra
desvendam os mistérios da Criação.

O Tao ensina-nos a equilibrar o vazio do Yin,


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o Princípio Feminino,
pela receptividade à plenitude do Yang,
o Princípio Masculino.

Culmina na União do Homem e da Mulher,


do Fogo e da Água,
do Céu e da Terra.

É o equilíbrio das Polaridades,


a Grande referência Primordial.

Hoje, as relações são tão pouco lúcidas,


tão permissivas, referenciadas a conceitos
e justificações tão confusamente relativos,
as polaridades encontram-se
de tal modo confundidas,
esquecidas ou perversamente invertidas,
que é necessário o retorno à Tradição.

Para que a Imutabilidade das Leis Universais


possa ser novamente entendida e respeitada.

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A inter-acção polarizada dos chakras
O modo como se dinamizam inversamente
no Homem e na Mulher,
os circuitos do Amor

Textos recreados por Maria Flávia de Monsaraz


a partir do livro de Zulma Reyo - "Karma e Sexualidade

A Água e o Fogo
definem circuitos energéticos internos
numa qualquer relação-a-dois.
Exprimem igualmente
a verdade do comportamento das energias,
obedecendo à Lei da Polaridade.

Na dinâmica de um relacionamento,
vamos encontrar em cada um dos sete Chakras
uma inter-acção polarizada
de polaridades inversas,
no Homem e na Mulher.

"a iniciação aos Mistérios Interiores


da Natureza e do Ser
é dada à Mulher:
No entanto, não pode ser outorgada
sem uma infusão da energia Masculina,
como catalizadora",

1º Nível vibratório
Ao nível do 1º Chakra, o Chakra de Raiz,
a pulsão sexual é vivida da forma mais primária e instintiva.
Passa-se numa esfera puramente irracional.
É o que há de mais básico e animal
no Ser Humano.

Neste nível, quem é Yang é o Homem.


Yin, a Mulher.

Isto quer dizer que o impulso sexual básico,


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imediato, instintivo, primário, é Masculino.
A receptividade a esse impulso, Feminina.

2º Nível vibratório
Sendo o 2º Chakra,
o Oceano dos Sentimentos,
a sede de todos os medos,
as relações sexuais que se processam a este nível
nascem como forma se compensação psíquica,
como tentativa de libertação
das inseguranças individuais,
pela projecção do Eu no outro.

Esta projecção produz uma descentragem,


a perda de liberdade interior
e consequente dependência emocional.

É neste nível vibratório


que nascem os equívocos
e dramas amorosos.

É o Mundo da Paixão,
da compensação pela posse do outro,
onde cabem todos os Jogos de Poder Psíquico,
próprios do Signo de Escorpião.

Jogos em que as pessoas se perdem


em vez de se encontrarem.
Onde chamam de Amor
à projecção da sua carência,
que ilusoriamente confundem com
abundância.

É a "guerra dos sexos":


a manipulação psíquica, o ciúme,
a violência emocional, a culpabilização do outro,
de quem se espera a segurança desejada.

Este equívoco emocional e instintivo


tem como inevitável e triste epílogo,
a ruptura do relacionamento.
Contém em si
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o gérmen da sua própria morte.

Neste 2° nível vibratório,


quem é Yang é a Mulher,
Yin o Homem.

É o Homem que irá ser receptivo


ao equilíbrio que a Mulher
souber encontrar.

A Mulher, mais facilmente que o Homem,


pode reencontrar o equilíbrio
das suas fundações,
o seu Centro interno.

Ela pode sintonizar,


mais directamente que o Homem,
a Força da Vida em si.
Vida, que a liga à Terra.

A Força da Terra
revela-lhe o sentido da Vida na Matéria,
por ser ela própria portadora de Vida.
Inicia-a nesse Saber instintivo, Feminino,
contido no Arquétipo Materno
que é o sentimento de nutrição e protecção.

Por ser geradora de Vida,


a Mulher vai ligar-se interiormente
e biologicamente,
à sua essência,
ao que tem de mais feminino.
É ela que irá então dar ao Homem
a segurança interna que lhe falta,
a ele, encontrar.

3º Nível vibratório.
Ao nível do 3° Chakra, o Plexo Solar,
onde o Eu afirma a sua Identidade
frente ao mundo exterior que lhe é adverso,
quem é Yang é o Homem.
Yin, a Mulher.
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O Homem tem mais necessidade
de se projectar dírectamenre
na realidade material,
para testar o seu Poder de afirmação
e competição face aos outros Homens.

A Mulher pode ser


menos directamente interveniente,
sem que isso afecte
o seu sentimento de Identidade.

A Mulher não precisa afirmar-se


no mundo exterior
para que se sinta realizada.
A sua realidade é mais psíquica,
mais próxima da Alma.
Ela não precisa agir no exterior
para se conhecer.
Pode conhecer-se através dos circuitos interno
da Vida profunda.

Ao sintonizar
com a realidade da sua Alma,
que lhe irá revelar a sua Força íntima,
a percepção sensível da Vida em si...

O Homem, para sentir o seu Plexus Solar,


para assumir a sua virilidade,
tem de agir no Mundo.
Transformar a matéria,
saber-se dinâmico e produtivo.
A sua realização
devolve-lhe a segurança nas suas capacidades,
que o levam a saber quem é.

Isto não invalida que haja


homens mais receptivos
e mulheres que se afirmem
poderosamente.

Uma das grandes conquistas


da Mulher no séc. xx,
foi descobrir o seu lado Yang.
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No entanto, ao fazê-lo,
a maioria das Mulheres deste século
perdeu a consciência do seu lado Yin,
que em toda a Mulher é primordial.
Rompeu o contacto com a sua
dimensão Interior,
com a sua essência.
Perdeu-se da única realidade
que a pode devolver a si própria.
Ao esquecer o seu Ser mais profundo,
perdeu-se de Si.

Ao nível deste 3° chakra, o Plexus Solar,


os relacionamentos sexuais
são igualmente intensos,
com uma tônica ego-centrada e dominadora.
É ainda o drama passional:
o desejo irracional, o ciúme,
os sentimentos de posse, a agressão,
o choque das personalidades,
as projecções perversas de poder recíproco,
a que ilusoriamente se chama Amor.

Nesta forma de projecção instintiva e emocional


de incomunicabilidade psíquica,
o respeito pelo outro, a liberdade recíproca
e a partilha interior
ainda não estão presentes.

É o comportamento das relações comuns.


Vibram em níveis energéticos baixos,
os níveis dos primeiros Chakras,
abaixo do diafragma.

O diafragma representa, no Plano Físico,


uma divisão.
Algo que separa o Ser Humano
ainda preso à Terra,
das energias do Céu.

Corresponde ao que se pode chamar


"a barreira do Ego", do Medo, da Solidão.

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Nesta dimensão,
o que anima o fluxo das energias,
é ainda a Força da Terra.

O Amor, a Unídade-a-dois
como resultado da fusão das energias reciprocas,
só pode ser vivido sexualmente,
acima do diafragma.
No 4° Nível vibratório,
no Chakra do Coração.

4º Nível vibratório.
Aqui, a energia instintiva sobe até ao Coração.

A relação de Amor que se passa a este nível,


vibra em alta frequência.

Aqui os Seres Humanos unem-se pelo afecto,


pela ressonância psíquica das suas Almas.

Ninguém chega
a esta alta frequência vibratória,
sem passar pelo doloroso processo
a sua Alquimia Interior.

Ninguém se funde neste nível energético,


senão tiver previamente atingido
uma libertação das ilusões astrais
e denunciado os equívocos de afirmação
do seu Plexus Solar.

Quando o Homem se abandona


à segurança interior da Mulher,
então há Amor:
a perfeita fusão de dois Seres Humanos
que através um do outro se entregam à Vida.

É a fusão de dois Campos Vibratórios


de que o Corpo Físico é mero suporte.
Só é possível se o Homem
confiar incondicionalmente na Mulher.

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Por sua vez, a Mulher
tem que confiar incondicionalmente
na Força de Vida que a anima,
a Paz do seu mundo Interior.
Só então ela pode
receber o Homem em liberdade,
além das sombras das suas projecções
inconscientes.

Ao nível do 4° Chakra,
na vibração do Coração,
quem é Yang é a Mulher.
Yin o Homem.

É o nível da vivência do Amor


como comunhão de duas Almas.

Aqui, quem "segura" a relação,


quem recebe e sustém,
quem está ligada à Fonte da Vida,
é a Mulher.
O Homem é quem se entrega.

"...enquanto uma Mulher


se submete ao nível físico,
o Homem submete-se
ao nível do Coração.

Dentro da dinâmica do Centro do Coração


reside o «grande segredo»,
que dará fim à guerra dos sexos:

a arte de conquistar a Força


através da vulnerabilidade."

5º Nível vibratório
É o nível do 5º Chakra,
o Chakra da garganta,
o domínio da Palavra.

Aqui há novamente
uma inversão de polaridades:
27
Yang é o Homem,
Yin é a Mulher.

O Homem verbaliza,
afirma-se no Plano Mental.
A Mulher é mais intimista, mais recolhida.
Ao falar, fala geralmente a partir do que sente.
Afirma-se mais no Plano Emocional.
Nela a Palavra nasce do Silêncio,
da interiorização.

Toda a Mulher que fale


a partir do Plano exclusivamente Mental,
através da sua Mente Inferior,
não é Feminina.

6º Nível vibratório
É o nível do 6º Chakra, o Chakra Frontal.
Aqui, quem é Yang é a Mulher.
Yin, o Homem.

Por estar menos directamente ligado


às Forças da Terra,
o Homem,
neste nível vibratório,
é mais passivo.

A Maga,
a que sempre soube gerir as forças ocultas,
a que sempre sentiu as Leis da Vida,
foi, através dos Tempos, a Mulher.

Na sua maioria, as Mulheres deste século,


esqueceram as suas capacidades,
a sua antiga Sabedoria.
Perderam a segurança Intuitiva,
Mágica e Oculta,
que lhes era concedida
pelos poderes da 3a visão.

28
7º Nível vibratório
É o nível último,
o 7º Chakra.
O Chakra do Espírito.

Nesta alta frequência,


Yang é o Homem.
Yin, a Mulher.
Os Mestres Espirituais do Passado
foram quase todos masculinos.

29
O Homem e a Mulher
Quando o Homem e a Mulher
se mantêm em perfeito e mútuo equilíbrio,
formam um poderoso dínamo de força
que pode alquimicamente
transformar o Fogo em, Luz,
que pode mudar o Mundo.

Para isso a Mulher


deve assumir o seu verdadeiro Poder.
Quando o assume,
o Homem pode elevar o seu,
Uma vez que a energia masculina
do Plexus Solar,
só gera amor competitivo, ilusão e divisão,"

Se as Mulheres de hoje não sentem


a polaridade positiva ao nível do Coração,
se não sentem a segurança amorosa
de quem sabe receber sem cobrar,
é porque estão descentradas ao nível da Alma,
empobrecidas na sua Vida Interior.

Enquanto assim se encontrarem,


perdidas do seu Centro interno,
o Amor a dois não é possível.

Onde há Medo não há Amor.

Enquanto a Mulher
não tiver transcendido o seu Medo Existencial,
enquanto não se tiver ligado à Vida
como Fonte de íntima segurança,
a expansão da Vida-a-dois,
a fusão dos Corações,
não pode acontecer.

A perfeita experiência de união emocional,


só a pode sentir quem sabe amar.
É um nível de Consciência atingido.

Quando se mitifica o Amor,


30
quando se procura a felicidade a dois
como compensação
de medos inconscientes,
então os jogos-de-poder,
a possessividade, as recriminações e os conflitos,
vão obviamente surgir.

Nesse baixo nível vibratório,


atraem-se relações
que ensinam por ausência,
por carência,
por violência emocional
e manipulações psicológicas,
aquilo que o Amor não é.

Numa primeira etapa da Vida,


Evoluímos por Oposição.
Quando percebemos quem não somos,
Então descobrimos quem somos.
Ao atrair desamor
denunciamos as nossas projecções ilusórias.
De desilusão em desilusão,
chegamos um dia à consciência
de que não é na carência,
mas na abundância
que o Amor se revela.

Na dádiva profunda, no dom-de-si,


mora o "segredo" da capacidade de amar...

“A Espiritualização de um relacionamento,
depende da elevação da energia do Homem
pela consciência da Mulher."

Sempre que ela lhe souber passar a segurança


da sua Paz interior,
o Poder Feminino do Chakra do Coração.

“A Mulher acciona no Homem


esse «salto quântico»,
ao nível da nutrição emocional positiva...”

É a própria expressão
do Arquétipo Feminino de Maternidade,
31
como alimento de Vida.

A Mulher recebe a força Yang Masculina,


quando o Homem,
seguro pela paz da Mulher,
lhe entrega amorosamente as suas armas.

”A perda do interesse sexual


é uma perda de polaridade.

Há que aprender
a preservar o sentido da diferença,
o respeito pelo espaço pessoal do outro,
para salvar o princípio da atracção,
ao nível da energia pura."

Importa denunciar o deserto amoroso


que actualmente existe no mundo.
Tentar perceber porquê.
Não é por acaso que as pessoas vivem
no caos emocional.
Esqueceram a ordem natural das coisas
que permite a harmonização das energias.
Afundaram-se na dor psíquica de desamor
e de mútua incompreensão,
no desconforto do mal estar interior.

Quando nos sentimos mal


é porque algo está errado.
A Alma, isso que em nós sente, nunca se engana.
Se nos sentimos mal
é porque alguma coisa em nós
não está em ordem, não flui amorosamente.

Ensina a Ciência Esotérica


que o Sistema Solar
vibra no 2° raio da Criação:
Amor-Sabedoria.

Isto significa que


a intenção evolutiva do Sistema Solar,
é a expansão da Consciência Humana,
orientada na aprendizagem do Amor.

32
Amar é unir, é refazer o Mundo.
Sair da dualidade, do drama Universal.

Se não o cumprimos este Programa Cósmico,


caímos no Caos, na dor, na doença, na solidão,
na loucura.

Nascemos divididos num Universo dividido.


A Vida é a grande oportunidade
de sair da divisão.

Pela Sabedoria do Amor.

33
Anima/Animus
O conceito junguiano de Complementaridade Psíquica

Numa abordagem Astrológica,


o Sol simboliza o poder afirmativo do Eu,
o nosso lado masculino,
a força Yang do Ser.

A Lua simboliza a natureza receptiva,


o nosso lado feminino,
a força Yin do Ser,
a carência da Alma.

Jung diz que


o Sol
representa o
Princípio Arquetípico da Paternidade.
A Imagem do Pai.
A Lua representa
o Princípio Arquetípico da Maternidade.
A Imagem da Mãe.

Assim, as imagens parentais, o Pai e a Mãe,


suportam respectivamente a nossa identificação
activa e receptiva.

O lado Yang e o lado Yin


presentes em nós.

Todos temos um lado receptivo


e um lado activo,
uma Lua e um Sol.

Para lá da identificação com a Mãe biológica,


está a identificação com
o Arquétipo Feminino protector,
capaz de dar alimento físico e psíquico,
capaz de suportar e "segurar" crises emocionais.
É a segurança Materna,
Yin do Mundo.

34
Se for bem vivida esta identificação
devolve-nos a Consciência do Feminino
Interiorizada.

Para lá da Identificação com o Pai biológico,


está a identificação
com o Arquétipo Masculino de força:

Paternal, Espiritual, Criativo,


Yang do Mundo.

Esta é a dimensão Arquetípica


de Pai e de Mãe.

Transcende a relação real do pai e da mãe


que possamos ter ou ter tido.
É uma memória anterior.
Pertence aos registros Universais da Psique,
mais profundos e abrangentes.

Os nossos Pais biológicos vão suportar


a projecção desta memória ancestral.

Se o pai biológico for verdadeiramente Yang,


incarna bem o Arquétipo,
cumpre a sua Função Psíquica Masculina,
com a qual precisamos de nos identificar.

Caso o nosso pai não tenha sido capaz


de materializar
o Poder do Arquétipo Masculino,
se não tiver sido um pai Yang,
seguro, virilmente protector,
essa carência arquetípica irá permanecer.
Em adultos, iremos procurar satisfazer
esse sentimento de desprotecçâo,
projectando sobre alguém
a mesma expectativa infantil,
na procura ilusória do pai que não tivemos.

Identificamo-nos com o Pai,


para que possamos um dia
reconhecer o Arquétipo,
que iremos consciencializar
35
como sendo nós-próprios.
Se o não pudermos projectar no nosso pai real,
se este nos desilude,
a ausência desta projecção acompanha-nos.
Vamos transportá-la como um vazio,
como algo por viver,
como sentimento de desprotecção.

Insegurança que mais tarde nos irá


impossibilitar assumir plenamente
a nossa identidade Masculina.

Com o Arquétipo Feminino passa-se o mesmo.

Ou a nossa mãe biológica é a Grande Mãe,


essa que é sempre o nosso "porto de abrigo",
e nos oferece pela sua receptividade,
a dimensão Arquetípica do Feminino,
ou, no caso de ela não ter sido
essa Mãe Universal,
iremos crescer com a não-memória
da sua segurança,
com a Imagem de Mãe não interiorizada,
com o Arquétipo não vivenciado.

Vamos então transportar em adulto


o desequilíbrio desse vazio materno.
Imaturidade emocional
que nos leva a não saber lidar
com o nosso lado Yin,
que a nossa Mãe não nos soube espelhar
nem devolver.

Essa ausência de mãe,


vai ter como consequência,
a rejeição do Feminino,
por bloqueio interior.

Ou, se assim não for,


a dependência de alguém
sobre quem se projecta
a expectativa
da Mãe
36
que faltou.

Ensina-nos a Astrologia Kármica,


que vamos nascer exactamente
dos pais e das mães que merecemos.
Vamos nascer daqueles que melhor podem
materializar, no sentido de espelhar,
a Proposta Evolutiva das energias
que trazemos para a Vida
como herança nossa.

As coisas são o que são,


dizem os mestres chineses.

Não há mães que falham, ou pais incapazes.


Há sim as pessoas certas
que melhor nos dinamizam.
Que melhor espelham os nossos equívocos.
É a Lei do Karma.

Em cada um de nós, sempre se encontra


um Princípio Materno
e um Princípio Paterno
que pedem consciencialização.
Fazem parte da nossa infra-estrutura Psíquica.

De acordo com o nosso propósito Evolutivo


e com as energias do nosso Destino,
os nossos pais podem, ou não,
preencher a função desses dois Princípios.

Diz Jung.

"O Homem detém a semente do Feminino


na sua Psique, através da sua Anima,
o lado reprimido da sua Personalidade.

A Mulher detém a semente do Masculino


na sua Psique, através do seu Animus,
o lado inseguro e reprimido
da sua Personalidade.

O Homem tem de experimentar


a sua outra metade Feminina.
37
A Mulher tem de experimentar
a sua outra metade Masculina."

Na Mulher, a figura Paterna


suporta a projecção do seu Animus.

Isto significa que a Mulher vai procurar no pai


o seu lado masculino,
que reprime e desconhece.
O seu Arquétipo Masculino, a sua força Yang,
o seu poder individual de intervenção
no Mundo.
sua própria Imagem do Masculino.

O Pai irá devolver-lhe essa Imagem,


que um dia irá projectar nos Homens
por quem se sente atraída.

Se o Pai respondeu bem


a essa referência Masculina,
essa Mulher irá procurar a sua
complementaridade,
identificando-a
com a Imagem do seu próprio Pai.

Se o Pai a não compensou,


ela irá projectar o seu Animus
de uma forma desequilibrada e descompensada
que a fará sentir-se atraída pelos Homens,
não pela sua segurança como Mulher,
mas por razões da sua imaturidade.
Na esperança de encontrar em alguém,
esse Pai que não teve.

No Homem, a figura Materna


suporta a projecção da sua Anima.

Isto significa que o Homem irá encontrar na Mãe


o lado Feminino que reprimiu:
seu lado sensível, emocional, frágil e receptivo.

Se a mãe responder bem ao Arquétipo,


ele irá um dia procurar e projectar
a Imagem da sua própria Mãe,
na Mulher que ama.
38
Através da Mãe, se nela confiar,
o Homem pode descer ao mais fundo de si,
deixar cair a máscara
que escondia a sua vulnerabilidade
e assim sentir a sua realidade interior.

Para que um Homem possa aceitar


o seu lado frágil,
necessita de segurança materna.

Segurança que lhe vem da Mãe,


ou, mais tarde, de uma Mulher
que ele identifique com essa Mãe.
Alguém seguro que o possa segurar.
Alguém ligado à Fonte-da-Vida.

Ao permitir-se ser vulnerável,


o Homem encontra o seu lado Yin,
a sua dimensão receptiva, a sua Anima,
a sua Alma.

Anima/Animus, são complementares.


A vivência da Anima e do Animus
devolve-nos à Unidade.

O Homem tem que aprender a sentir-se


e a exprimir o que sente.
Aprender a contactar a sua dimensão interior:
o seu lado Yin, Feminino.

A Mulher tem que aprender


a exprimir a sua força de intervenção
e expansão no Mundo exterior:
o seu lado Yang, Masculino.

O Homem, através da profundidade


de um verdadeiro relacionamento feminino,
pode ser levado a inteligir os seus sentimentos,
e assim despertar para a Vida da Alma.

Se um Homem não vive um relacionamento


de incondicional complementaridade,
a sua "Sombra"
pode nunca ser plenamente integrada.

39
Inversamente,
se a Mulher não afirma a sua autonomia,
a responsabilidade social
que lhe cabe assumir,
a sua "Sombra"
pode nunca ser plenamente integrada.

O Animus,
o lado reprimido da sua personalidade,
pode nunca ser expresso ou experimentado.

Quando assim for,


as pessoas permanecem divididas, imaturas,
obviamente desequilibradas.

O sentido da Vida só pode nascer


da expressão do Ser Total.

Só nos podemos encontrar


como Seres plenamente realizados
quando ao nível do nosso psiquismo básico
estes dois factores Yin e Yang
se exprimem e se harmonizam.

Há quem afirme,
neste Tempo de grandes equívocos,
e os Homens e as Mulheres são iguais.
Assim não é.
Provam-no as Grandes Leis
que regem o Mundo.

A Mulher
vive primeiro
ao nível da Terra e da Água.
O Homem,
ao nível do Ar e do Fogo.

Assim, há inversão
de complementaridade.

Não se podem alterar os pólos,


correspondem à Ordem do Mundo.

O que corresponde à Ordem do Mundo


é Eterno.

40
Alma e Espírito
a Unidade da Consciência
Somos Alma e Espírito.

A Consciência é a manifestação da Alma


progressivamente iluminada.

A plena Consciência é o Espírito,


vibrando num Ser
novamente Unificado.

O Espírito é Masculino, Criativo, Yang.

A Alma é Feminina, receptiva, Yin.


Intermediária
entre a Fonte-da-Vida e a Personalidade.

A coexistência no Ser Humano do Yin e Yang,


é a coexistência do Receptivo e do Criativo,
do Sensível Anímico e do Espiritual.

A Alma e o Espírito,
ou Consciência Iluminada,
é a verdadeira androginia.
Os dois Pólos,
Masculino e Feminino do Ser.

Para sairmos da divisão-da-Mundo


o Espírito tem que iluminar a Alma
e assim realizar em nós a Unidade.

OM
A Via da Universalidade

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