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5/1/23, 12:56 PM Nove anos depois, Fux cassa ato do CNJ contra TJ paulista - 01/05/2023 - Frederico Vasconcelos - Folha

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Fux cassa decisão sobre normas para TJ-SP designar juiz

auxiliar

Caso começa em 2014 com punição ao juiz Roberto Corcioli depois anulada pelo CNJ

1º.mai.2023 à 0h14

O ministro Luiz Fux cassou decisão do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) que, em
2014, determinara ao Tribunal de Justiça de São Paulo editar, no prazo de 60 dias,
ato normativo com critérios objetivos e impessoais para as designações de juízes
auxiliares na capital e nos plantões judiciais.

Nove anos depois, Fux entendeu que não cabe ao CNJ impor a normatização, sob
pena de desrespeito ao pacto federativo.

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O CNJ decidira que "a designação de magistrados com grau máximo de


discricionariedade, sem critérios objetivos e impessoais afronta a garantia da
inamovibilidade, o princípio do juiz natural e vulnera a independência judicial".

Ministro Luiz Fux cassa decisão do CNJ que impunha normas ao TJ-SP para designar
juízes auxiliares

Ministros do STF Ricardo Lewandowski (aposentado) e Luiz Fux durante sessão do Supremo
Tribunal Federal - Carlos Moura/SCO/STF-Divulgação

Em 2014, o ministro aposentado Ricardo Lewandowski concedeu liminar em favor


do TJ-SP sustando a medida do CNJ. Entendeu que seria inconciliável a
normatização infralegal diante da escassez de juízes auxiliares na maior
metrópole do país. Disse que o ato do CNJ esbarrava em obstáculos
constitucionais.

Julgou questionável o CNJ determinar que o chefe do Poder Judiciário estadual


pratique ato não exigido pelo legislador local. Registrou que a sessão do CNJ havia

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sido presidida pelo então corregedor nacional, ministro Francisco Falcão,


contrariando a Constituição e o Regimento Interno.

Na mesma sessão, o colegiado ordenara a recolocação do nome do juiz Roberto


Luiz Corcioli Filho na lista de juízes auxiliares da Capital para varas criminais.

O caso tem origem em pedido de providências proposto por Corcioli, julgado pelo
CNJ em 16 de junho de 2014, sob a relatoria da então conselheira Gisela Gondim
Ramos.

O juiz relatou que recebera a comunicação informal, por e-mail, de que sua
designação para oficiar em Vara Criminal havia cessado em razão da propositura
de representação disciplinar contra si. Foi vislumbrado vício do ato administrativo
por desvio de finalidade.

O motivo da remoção de Corcioli foi um procedimento aberto pela corregedoria


estadual diante de representação de 17 promotores de Justiça que o acusavam de
promover, nos plantões judiciais, soltura "maciça de indivíduos cujo
encarceramento é imprescindível".

Em 2018, o TJ-SP aplicou a pena de censura a Corcioli. Entre as acusações feitas


pelos promotores, alegou-se que o juiz "possui ideologia contra o modelo de
Sistema Penal vigente e favorável ao desencarceramento e absolvições,
especialmente nos casos de tráfico de entorpecentes."

Em 2021, o CNJ anulou a censura aplicada (https://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2021/02/23/cnj-


cancela-censura-ao-juiz-roberto-corcioli-filho-acusado-de-soltar-muito/). O colegiado entendeu que a punição

fere a independência da magistratura. Vários juristas fizeram manifestações de


apoio a Corcioli.

A então corregedora nacional de Justiça, Maria Thereza de Assis Moura, concluiu


que Corcioli "exerceu sua independência, ainda que invocando teorias
minoritárias" (https://blogdofred.blogfolha.uol.com.br/2021/03/02/corregedora-elogia-juiz-mas-vislumbra-erro-judicial/).

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Dois casos suscitaram dúvidas. Corcioli havia revogado a internação de dois


adolescentes acusados de ato infracional análogo ao tráfico de drogas.
Argumentou que o tráfico de drogas é semelhante ao comércio de drogas lícitas. A
corregedora viu analogia para ilustrar que o tráfico de drogas "não é, em si,
cometido com violência ou grave ameaça à pessoa".

Corcioli aplicou pena abaixo do mínimo legal a um ex-policial por estupro de


vulnerável, substituiu por penas restritivas de direito e concedeu detração em
triplo pela prisão no curso do processo. Para Maria Thereza, o réu denotava "um
perfil de predador sexual".

Luiz Fux, então presidente do CNJ, acompanhou a maioria, mas criticou


magistrados com "postura egocêntrica".

"É preciso frear esses impulsos que comprometem a função pedagógica da


Justiça", recomendou.

Na decisão monocrática do último dia 13, Fux considerou as provas e os


argumentos "insuficientes para demonstrar, de plano, suposta ilegalidade ou
abuso", porque seria necessário examinar toda a situação jurídica e atuação
profissional de Corcioli.

Afirmou que não cumpre aferir no mandado de segurança se "a presidência do TJ-
SP está ou não se valendo de sua competência discricionária para fins de
afastamento de determinado magistrado de forma casuística e pessoal."

O advogado Andre Kehdi, que defende Corcioli, disse que a decisão de Fux "é
autorização para que o TJ-SP continue com a sua prática antirrepublicana de

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permitir que sua cúpula designe juízes auxiliares em total desacordo com as
regras democráticas".

Um experiente juiz paulista diz que o STF começa a questionar o posicionamento


ideológico do TJ-SP.

O relator atual, conselheiro Giovanni Olsson, determinou a suspensão da


tramitação do procedimento por prazo indeterminado, sem prejuízo de sua
imediata retomada em caso de nova deliberação do STF ou da certificação do
trânsito em julgado.

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