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7,4

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Estudo Cinético da Solvólise do Cloreto de t-butilla em
Mistura de Acetona-água
Larissa Camila S. de Freitas, 10348765; Pedro Henrique F. Venancio, 10509253

Disciplina: Química Orgânica Experimental; Profª. Dra. Camen L. Cardoso

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1. OBJETIVO segundo Erlenmeyer (2), também de 25


mL, pipetou-se 3 mL da solução de 0,1
O experimento teve como objetivo a mol/L de cloreto de t-butila em acetona.
determinação do tempo necessário para Em seguida, adicionou-se a
realizar a solvólise de 10% de cloreto de solução contida no frasco 1 (solução
terc-butila em 70% água – 30% acetona aquosa de NaOH) sobre a solução do
em temperatura ambiente, 10°C acima e frasco 2 (solução de acetona), agitando
abaixo da temperatura ambiente e na para total homogeneização. Nesse
metade da concentração inicial. instante, acionou-se o cronômetro para
Ademais, procurou-se determinar o dar início a contagem do tempo da
efeito do solvente sobre a velocidade de reação, mantendo o Erlenmeyer sob
solvólise do cloreto de t-butila e de um agitação constante com auxílio do
haleto de alquila. Determinação da agitador magnético. Quando ocorreu a
constante de velocidade de cada reação mudança de cor do indicador, parou-se o
realizada. cronômetro e anotou-se o tempo
decorrido e a temperatura do ambiente.
2. PROCEDIMENTO
II. Medida do tempo necessário
EXPERIMENTAL
para realizar a solvólise de 10% de
I. Medida do tempo necessário
cloreto de t-butila em 70% água –
para realizar a solvólise de 10% de
30% acetona, na metade da
cloreto de t-butila em 70% água –
concentração usada em I:
30% acetona:
Utilizou-se o mesmo
Em um Erlenmeyer (1) de 25 mL,
procedimento experimental do item I,
pipetou-se 0,3 mL da solução de 0,1
porém com a seguinte modificação:
mol/L de NaOH e adicionou-se 6,7 mL
antes de misturar ambas as soluções, no
de água destilada e uma gota de
Erlenmeyer 1 (que contém a solução
indicador azul de bromofenol. Em um
aquosa de NaOH), adicionou-se 10 mL
de uma solução de 30% de acetona em b) Temperatura de reação acima
água. Em seguida, misturou-se ambas as da temperatura ambiente:
soluções e manteve-se o Erlenmeyer sob Aqueceu-se um recipiente
agitação constante com o agitador contendo água a uma temperatura de
magnético. Nesse momento, acionou-se aproximadamente 10 ºC acima da
o cronômetro para iniciar a contagem do temperatura ambiente. Fez-se o mesmo
tempo da reação, e ao observar-se a procedimento que o item I, fazendo que
mudança de cor do indicador, parou-se a o conteúdo de ambos os Erlenmeyers
contagem e anotou-se o tempo e a entrassem em equilíbrio com a nova
temperatura do procedimento. temperatura. Anotou-se a temperatura da
III. Efeito da temperatura sobre a reação e o tempo que levou para ocorrer
velocidade de solvólise do cloreto de t- a mudança de cor do indicador.
butila IV. Efeito do solvente sobre a
a) Temperatura de reação abaixo velocidade de solvólise do cloreto de t-
da temperatura ambiente: butila:
Preparou-se um banho de água- Pipetou-se, em um Erlenmeyer, 2
gelo num recipiente, de forma que a mL da solução 0,1 mol/L de cloreto de t-
temperatura do sistema estivesse 10 ºC butila em acetona. Em outro Erlenmeyer,
abaixo da temperatura ambiente. Então, pipetou-se 0,2 mL da solução 0,1 mol/L
preparou-se as soluções da mesma de NaOH e adicionou-se 7,8 mL de água
maneira que no item I, porém, antes de destilada e uma gota de indicador azul de
misturar ambas as soluções, certificou-se bromofenol. Misturou-se ambas as
que a temperatura do conteúdo delas soluções, sob agitação constante, e
estivesse em equilíbrio com a anotou-se o tempo que levou para
temperatura do banho de água-gelo, e ocorrer a mudança de cor do indicador.
deixou-as nesse banho por cerca de 10 VI. Efeito do solvente sobre a
minutos. velocidade de solvólise de um haleto de
Da mesma maneira que os itens alquila:
anteriores, misturou-se as soluções e Repetiu-se os passos do item I,
manteve-se a agitação magnética. entretanto substituiu-se a solução 0,1
Anotou-se a temperatura da reação e o mol/L de cloreto de t-butila por uma
tempo que levou para ocorrer a mudança solução de 0,1 mol/L de brometo de
de cor do indicador. isopropila, com a mesma quantidade (3
mL). Agitou-se, e depois de 5 minutos de
agitação à temperatura ambiente, 3. QUESTÕES
aqueceu-se a mistura reacional em 1. (a) Represente os mecanismos
banho-maria a uma temperatura entre 60 envolvidos na solvólise do cloreto de
e 70 ºC por no máximo 10 minutos. terc-butila e mostre a estrutura de todos
os possíveis produtos formados.

(b) Qual é o produto que permitiu o 2. (a) Qual é o ponto de viragem do


acompanhamento da reação? indicador azul de bromofenol?
O ponto de viragem do indicador azul de
O produto na qual foi possível observar
bromofenol é entre 3,0 e 4,6.
o acompanhamento da reação é o álcool
(b) Quais são as suas cores de viragem e
t-butílico, uma vez que em sua formação
em quais meios?
ele consome os íons OH- mudando o pH
Em meios, cujo pH é abaixo de 3,0, a
do meio reacional, o que causa a
coloração apresentada é a amarela. E
mudança na coloração devido ao uso do
quando o meio tem pH acima de 4,6, a
indicador azul de bromofenol.
coloração apresentada é azul/púrpura.
3. (a) Mostre todos os resultados 4. (a) Mostre como é calculada a
obtidos dos itens I a VI do roteiro, na constante de velocidade para a reação de
solvólise do cloreto de terc-butila em
forma de tabelas. (b) Para cada um dos
uma mistura de água-acetona.
itens a seguir, obtenha o valor médio de
tempo necessário para ocorrer a solvólise A solvólise do cloreto terc-butila é uma
reação de primeira ordem, dessa forma, a
de 10% do cloreto de terc-butila em uma constante é calculada utilizando um
mistura de água-acetona. gráfico da concentração do reagente pelo
Tabela 1. Tempos de reação obtidos no item I. tempo de reação.
Temperatura
Amostra Tempo ln⁡[(𝐶𝐻3 )3 𝐶𝑙]0 − 𝑘. 𝑡.
°C
Média 25 50”12 → (Eq. de⁡reação⁡de⁡1ª⁡ordem)

Tabela 2. Tempos de reação obtidos no item II A derivada da equação é a representação


Temperatura gráfica de ln[(CH3)3Cl]t vs. t resultando
Amostra Tempo em uma reta com inclinação -k e
°C
Média 25 32”07 intercepta em ln[(CH3)3Cl]0.

Tabela 3. Tempos de reação obtidos no item III Sabendo que a reação consome 10% do
(a). reagente:
Temperatura
Amostra Tempo [(𝐶𝐻3 )3 𝐶𝑙]𝑡 = 0,9[(𝐶𝐻3 )3 𝐶𝑙]0
°C
Média 15 1’29”22
Dessa forma temos:
Tabela 4. Tempos de reação obtidos no item III
(b). ln(0,9[(𝐶𝐻3 )3 𝐶𝑙]0 )
Temperatura = 𝑙𝑛[(𝐶𝐻3 )3 𝐶𝑙]0 − 𝑘. 𝑡.
Amostra Tempo
°C
Média 35 14”25 𝑘. 𝑡. = 𝑙𝑛[(𝐶𝐻3 )3 𝐶𝑙]0
− ln(0,9[(𝐶𝐻3 )3 𝐶𝑙]0 )
Tabela 5. Tempos de reação obtidos no item
𝑘. 𝑡. = ln 1/0,9
IV.
Temperatura 𝑘 = 0,1054/𝑡
Amostra Tempo
°C
Média 25 12”97 (b) Para cada tempo médio obtido na

Tabela 6. Tempos de reação obtidos no item questão 3b, calcule a constante de


VI. velocidade da solvólise de 10% do
Temperatura cloreto de terc-butila em uma mistura de
Amostra Tempo
°C
água-acetona.
Não
Média 25
reage
𝑘 = 0,1054/𝑡
0,1054 Utilizou-se 2 mL de cloreto de butila em
𝐼:⁡𝑘 = → 2,10.10−3 𝑠 −1
50,12 acetona + 0,2 mL de NaOH em água +
0,1054 7,8 mL de água destilada, totalizando 10
𝐼𝐼:⁡𝑘 = → 3,29.10−3 𝑠 −1
32,07 mL. Portanto:
0,1054
𝐼𝐼𝐼(𝑎):⁡𝑘 = → 1,18.10−3 𝑠 −1 8⁡𝑚𝐿
89,22 Á𝑔𝑢𝑎 = 𝑥100% = 80%
10⁡𝑚𝐿
0,1054
𝐼𝐼𝐼(𝑏):⁡𝑘 = → 7,40.10−3 𝑠 −1
14,25 2⁡𝑚𝐿
𝐴𝑐𝑒𝑡𝑜𝑛𝑎 = 𝑥100% = 20%
10⁡𝑚𝐿
0,1054
𝐼𝑉:⁡𝑘 = → 8,13.10−3 𝑠 −1
12,97 Portanto, a proporção de solvente
5. (a) Calcule o número de moles do utilizada na parte IV do experimento foi
cloreto de terc-butila e de hidróxido de de 80% para a água e 20% para a
sódio que foram utilizados nesta parte (I) acetona.
do experimento.
7. Mostre quais são os novos
3 mL de cloreto de t-butila (C4H9Cl) volumes de 0,1 mol/L de cloreto de terc-
0,1M: butila em acetona, do hidróxido de sódio
(0,003⁡𝐿)𝑥(0,1⁡𝑚𝑜𝑙) 0,1 mol/L e da água, utilizados na parte
𝑛=
1⁡𝐿 V do experimento.
−4
= 3𝑥10 ⁡𝑚𝑜𝑙⁡𝑑𝑒⁡𝐶4 𝐻9 𝐶𝑙
0,3 mL de NaOH 0,1M: Para realização da reação de solvólise de
(0,0003⁡𝐿)𝑥(0,1⁡𝑚𝑜𝑙) 10% de cloreto de terc-butila na mistura
𝑛=
1⁡𝐿 de solvente 60% de água – 40% acetona
−5
= 3𝑥10 ⁡𝑚𝑜𝑙⁡𝑑𝑒⁡𝑁𝑎𝑂𝐻 (V), é necessário calcular os novos
volumes de 0,1mol/L de cloreto de terc-
(b) Qual foi a razão molar desses dois
butila em acetona, de NaOH 0,1mol/L e
reagentes?
da água. Com um volume total de 10mL
[𝑛⁡(𝑁𝑎𝑂𝐻)] 0,00003⁡𝑚𝑜𝑙 e sabendo que as concentrações de
= = 0,1
[𝑛((𝐶𝐻3 )3 𝐶𝑙))] 0,0003⁡𝑚𝑜𝑙 ambas as soluções são iguais, temos que
→ 1: 10 os volumes são:

6. Qual a proporção de solvente 𝑉𝑜𝑙. 𝑑𝑒⁡𝑎𝑐𝑒𝑡𝑜𝑛𝑎


utilizada na parte IV do = 40%⁡𝑥⁡ 10𝑚𝐿⁄100%
experimento? = 4𝑚𝐿
Nesses 4mL temos o cloreto terc-butila. sobre a solvólise do cloreto de terc-
Para a solvólise de 10% desse volume foi butila?
necessário 0,4mL de NaOH. Calculando
A reação SN1 tem uma energia de
a razão molar, obtém-se um resultado de
ativação grande, e para ser favorecida
0,1 ou seja 10%.
necessita ocorrer em uma temperatura
Para completar o volume final de 10mL, acima da temperatura ambiente.
contando com um total já obtido de Aumentando a temperatura, a energia
4,4mL (terc-butila + NaOH) restam livre de Gibbs diminui (G = H – TΔS)
apenas 5,6mL que é exatamente o devido à maior contribuição entrópica,
volume de água que falta ser adicionado sendo assim, a reação se torna mais
ao meio. favorável, o que aumenta a velocidade da
reação.
8. Com base nos resultados dos
procedimentos I e II, quais são as No caso do experimento em questão, fica
conclusões que podem ser tiradas sobre evidente que com o aumento da
o mecanismo de solvólise do cloreto de temperatura, a reação ocorre mais
terc-butila? rapidamente devido a maior energia das
partículas, há uma maior probabilidade
Observando as médias dos tempos de
de ocorrer um choque efetivo e correto,
solvólise, é possível notar que há uma
logo a reação se procede de maneira mais
boa diferença. A reação é de primeira
rápida, sendo que o oposto ocorre
ordem, e o mecanismo SN1 depende
quando temos baixas temperaturas.
somente da concentração do haleto de
alquila, como em (II) essa concentração Em relação a constante k, é possível
é a metade de (I) e a reação ocorre mais observar que a temperatura também
lentamente uma vez que se tem uma influencia, com o aumento da
menor quantidade de reagentes temperatura, a constante também
disponíveis e o meio se tornou mais aumentou.
polar. Essa característica é valida para
10. (a) A água e a acetona aparecem
qualquer haleto somente se o mecanismo
no passo determinante do mecanismo
de reação for SN1.
para a reação de solvólise do cloreto de
9. Quais as conclusões que podem terc-butila?
ser tiradas sobre o efeito da temperatura
Não aparecem, pois a etapa determinante 4. CONCLUSÃO
da velocidade é a formação do
Através do experimento foi
carbocátion pela saída do íon cloreto da
possível determinar o tempo para
molécula de cloreto de t-butila.
solvólise do cloreto de t-butila em várias
(b) Como se explique que as situações de temperatura e concentração,
porcentagens relativas dos solventes com exceção na reação com um haleto de
apresentam um efeito marcante sobre a alquila, no qual não houve reação. É
velocidade da reação? possível concluir, então, que, conforme
aumenta-se a temperatura, mais rápida é
A porcentagem que faz diferença na
a reação (mais rápido observa-se a
velocidade é a do cloreto de t-butila (que
mudança de cor do indicador utilizado),
está presente na acetona), e não a dos
e o mesmo vale quando a concentração é
solventes (esses não participam da etapa
reduzida pela metade.
determinante da velocidade da reação).
Assim sendo, quando aumenta a O experimento foi proveitoso e
porcentagem de acetona, a reação torna- importante, visto que conseguimos
se mais lente, demorando, portanto, mais relacionar a teoria com a prática
para ocorrer. Essa demora é devido à aprofundando mais sobre cinética
maior concentração de cloreto de t-butila química e as reações orgânicas que
na solução. envolvem a substituição nucleofílica
unimolecular (SN1).
(c) Existe um solvente que facilita a
reação? Qual é esse solvente e como ele 5. REFERÊNCIAS
age?
Constantino, M. G. “Química Orgânica
Os solventes que facilitam a reação são – Curso Básico Universitário” –
os polares próticos, visto que favorecem Volume 1, LTC: Rio de Janeiro, 2008.
reações do tipo SN1. Esses solventes
ENGEL. R. G. et al. Química Orgânica
podem solvatar vigorosamente os íons
Experimental: Técnicas de escala
formados na etapa lenta da reação,
pequena. Trad. 3ª ed. americana.
favorecendo, portanto, a separação das
Cengage Learning, 2013.
cargas formadas no carbocátion terciário
e no íon cloreto, o que facilita a reação.
Um exemplo é a água.

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