Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CAXITO – MARÇO
2023
ESCOLA DE MAGISTÉRIO KIMAMUENHO
AUTORA:
ORIENTADOR:
CAXITO – MARÇO
2023
-------AUTORA
O JURI
Presidente_________________________________________________________________
1º Vogal __________________________________________________________________
2º Vogal___________________________________________________________________
Orientador_________________________________________________________________
O Secretário _____________________________________________________________
DATA DA DEFESA______/________________________________/______________
DEDICATÓRIA
Primeiramente agradeço a Deus por tudo que ele tem feito na minha vida.
Agradeço também a minha família, amigos pelo apoio, aos professores pelos
ensinamentos e em especial ao meu orientador ________ pela dedicação e inspiração.
Para este trabalho foram traçados objectivos como, a compreensão dos conceitos de escola,
relação e família. Apesar de a família e a escola serem os principais contextos de
desenvolvimento humano, poucos estudos científicos têm-se dedicado a compreender de
forma sistemática a relação existente entre ambas. O problema em estudo tenta dar algumas
respostas relativamente ao que se referiu em cima, onde se tenta oferecer propostas de um
sistema de acções que visa solucionar a fraca relação família – escola no processo docente
educativo na escola nº 315 – 11 de Novembro no Município do Dande. Foram efetuados
inquéritos por questionário aos encarregados de educação dos alunos da turma escolhida, e
ainda entrevista ao diretores de turma escolhidos aleatoriamente, tendo este turma de anos
diferentes, de modo a conseguirmos obter uma maior diversificação de resultados. Os
professores e a escola aparecem aqui como parceiros insubstituíveis no “transporte” de
responsabilidades, unindo esforços, partilhando objetivos, reconhecendo a existência de um
mesmo bem comum para os alunos, onde todos (professores, pais e alunos) têm a ganhar com
uma colaboração genuína e educada. Ajudar os pais e encarregados de educação a ultrapassar
alguns obstáculos, e ainda ajudando toda a comunidade educativa, acreditando nos benefícios
que esta envolvência trará à escola, tendo a responsabilidade de ajudar as autoridades
escolares a perceberem que esta é uma aliança fundamental e cada vez mais urgente sendo de
extrema importância criarem-se espaços para receber os pais/encarregados de educação,
pedindo colaboração de outros técnicos de educação.
A intervenção dos pais na educação dos filhos é indiscutivelmente essencial. Dar apoio
e cuidados adequados ao filho é uma responsabilidade bastante exigente. Muitas vezes, os
pais estão preocupados/envolvidos com os outros problemas (profissionais, pessoais,
económicos, financeiros) que se esquecem de dar atenção aos seus filhos, o que leva muitas
vezes a um afastamento entre pais e filhos, e é precisamente isso que não se quer.
Consideramos fundamental nos dias de hoje, e com a constante evolução da sociedade que as
escolas devam acima de tudo ser promotoras de políticas/estratégias que promovam uma
maior aproximação dos pais à escola.
O trabalho em referência, faz uma abordagem sobre “A fraca Relação Família -Escola
no Processo docente educativo ”, na vertente estudo de caso realizado na escola nº 315 – 11
de Novembro.
A relação entre a escola e a família desde a antiguidade foi sempre uma relação
problemática, por motivos dos desencontros entre a escola e a família, onde a escola
marginalizou a família porque achava que a instituição escolar era a única que estava
preparada para exercer a prática educativa devido a sua especialização, sem a intervenção da
família.
Este estudo com o título “A fraca Relação entre a Família e a Escola – as suas
implicações no processo de ensino-aprendizagem”, insere-se numa temática muito falada, mas
ainda com grandes discrepâncias e lacunas por resolver. É fundamental que os pais se
integrem na vida escolar ativa dos seus educandos, de forma a conseguirem dar todo o apoio
que eles necessitam no seu crescimento escolar. A escola é um local onde os pais confiam a
educação dos seus filhos e encontram nela um tipo de apoio para as suas vidas, sendo mesmo
um elemento indispensável para os pais e encarregados de educação.
Formulação de problema
Outrossim, temos notado na comunidade algumas crianças sentadas ao lado umas das
outras influênciando-se mutuamente quer na escola como fora dela; pais que não se conhecem
uns aos outros; crianças que passam grande parte do tempo fora da escola sós ou com outras
crianças, sem a supervisão dos adultos que são responsáveis por elas.
Por outro lado, algumas famílias pensavam que a única responsável pela educação dos
filhos era a escola, provocando a ausência ou a fraca relação entre a família e a escola,
afectando o processo de ensino e aprendizagem e elaborou-se as seguintes questões de
partida:
Formulação de Hipóteses
A falta de abertura da escola para a família faz com que esta se sinta marginalizada,
isto é, a família não participa.
O baixo nível de formação académica de alguns pais e encarregados de educação, faz
com que haja pouca compreensão da linguagem da escola, dificultando a sua
participação.
As condições sociais tais como a pobreza constitui um factor que impossibilita a
participação da família na escola.
Objecto de Estudo
Objectivo geral
Oferecer propostas de um sistema de acções que visa solucionar a fraca relação família
– escola no processo docente educativo na escola nº 315 – 11 de Novembro no
Município do Dande.
Objectivos específicos
Justificativa
A escolha deste tema deveu-se ao problema que vem inquietando a escola, pelo fraco
grau de participação dos pais e encarregados de educação, afectando negativamente o
processo de ensino e aprendizagem, principalmente no rendimento escolar dos alunos.
Limitação e Delimitação
Neste capítulo foram abordados conceitos como escola, ensino, aprendizagem, família
por lado, por outro os principais temas que serviram para o desenvolvimento deste estudo,
foram enfatizados os seguintes: Caracterização da pareceria entre a escola e família no
processo de ensino e aprendizagem, o papel do professor como mediador na aprendizagem do
aluno.
Vários termos foram necessários para compreensão do tema em estudo como podemos
verificar a descriminação ao longo do trabalho.
1.1.1. Relação
1.1.2. Família
Segundo Leandro (2001, p.92), o termo família é derivado do latim famulus, que
significa “escravo doméstico”. Este termo foi criado na Roma Antiga para designar um novo
grupo social que surgiu entre as tribos latinas, ao serem introduzidas à agricultura e também
escravidão legalizada. No direito romano clássico a "família natural" cresce de importância,
esta família é baseada no casamento e no vínculo de sangue.
De acordo com Declaração Universal dos Direitos do Homem 1948, apud Leandro
(2001, p.15) “A família é o elemento natural e fundamental da sociedade e tem direito à
proteção desta e do Estado” Art.º 16, al. 3.
Para Diogo (1998, p.37), A família, espaço educativo por excelência, é vulgarmente
considerada o núcleo central do desenvolvimento moral, cognitivo e afetivo, no qual se
“criam” e “educam” as crianças, ao proporcionar os contextos educativos indispensáveis para
cimentar a tarefa de construção de uma existência própria. Lugar em que as pessoas se
encontram e convivem, a família é também o espaço histórico e simbólico do qual se
desenvolve a divisão do trabalho, dos espaços, das competências, dos valores, dos destinos
pessoais de homens e mulheres. A família revela-se, portanto, um espaço privilegiado de
construção social da realidade em que, através das relações entre os seus membros, os factos
do quotidiano individual recebem o seu significado.
1.1.3. Escola
Para Gadotti (2007, p. 11) a “escola é um lugar de esperança e de luta; um lugar bonito,
um lugar cheio de vida, seja ela uma escola com todas as condições de trabalho, seja ela uma
escola onde falta tudo; é um espaço de relações”.
Já para Piletti (2007, p. 17) a escola é “uma instituição de ensino que funciona e que
seja administrada adequadamente, que só conseguirá preencher essa função quando houver o
entrosamento dos pais com a escola e com a comunidade”.
Até ao final da idade média, a aprendizagem das condutas e do saber necessário para a
integração social processava-se sobretudo no seio da família e da comunidade. Com o início
da idade moderna, a escola, enquanto espaço especializado de processos educativos
internacionais, passa a substituir gradualmente a família e a comunidade. Numa primeira fase,
a Igreja desempenhou um papel fundamental na criação e controlo dos novos dispositivos de
formação, que assumiram uma grande variedade de configurações estruturais (NOVOA, 1987,
p. 65).
Para quem se interessa pelas relações entre a família e a escola a questão da sua
origem, das condições que permitiram a sua emergência, assume um interesse evidente. Saber
como nasceu este interesse pelas relações entre a família e a escola, torna-se indispensável, se
quiser compreender como é que as famílias e aqueles que trabalham nas escolas vivem e
pensam nos nossos dias, as suas relações e fazer uma ideia da importância ou da necessidade
dessas relações. (idem).
No início do nosso século, a maioria das famílias não se relacionava com a escola
pública, nem tinha meios para expressar ou fazer valer, enquanto grupos distintos, uma atitude
crítica. As autoridades escolares preocupavam-se pouco com as suas opiniões. Os pais de
grande parte dos alunos eram considerados ignorantes, que era preciso educar. De uma
maneira geral, as famílias privilegiadas tinham a possibilidade de contratar um professor
particular que se deslocava a casa ou, quando tal não acontecia, matriculavam os filhos nas
escolas que melhor respondiam as suas necessidades (MANTADON e PERRENOUD, 2001,
p. 13-14).
Para as famílias populares, quando as crianças iam a escola não havia escolha, como,
aliás, ainda, hoje acontece. Mais preocupados com os problemas materiais da existência
quotidiana, não podiam, e, provavelmente, não imaginavam que podiam intervir no domínio
escolar. Por vezes algumas vozes sindicais e outras, fizeram-se ouvir, exprimindo, quer as
suas suspeições e descontentamentos em relação à escola burguesa, quer as esperanças que
depositavam na instituição. (idem).
Uma das profissões mas difíceis é de ser pai, e é a única para a qual não há formação
(cit. In Ausloos, 1996, p.153).
Quando se fala das escolas do passado, o modelo de referência é o que vigorou até às
vésperas do 25 de abril, modelo este marcado fortemente pela disciplina. Nas escolas desta
época, não era apenas a existência de um Reitor nomeado pelo poder central que garantia um
funcionamento sem grandes sobressaltos, era também um regime de ditadura que refletia o
estilo de vida daquele período.
Nesse tempo, havia padrões de comportamento para cada grupo que determinavam até
a maneira de vestir. Os estudantes não eram exceção. Formavam um grupo específico que se
desejava “uniformizado”. E essa uniformização passava, por exemplo, pelo uso obrigatório da
bata no caso das raparigas, pelo uso obrigatório de gravata no caso dos rapazes que
frequentavam o liceu, pela proibição absoluta de usar calças no caso das raparigas e de deixar
crescer o cabelo no caso dos rapazes.
A simples infração de regras tão superficiais como estas anteriores, podiam ter como
consequência o aluno ser suspenso ou até expulso. Reprimir radicalmente os desvios fazia
parte integrante do sistema educativo, onde raras eram as famílias que se atreviam a reclamar
mesmo contra castigos que considerassem despropositados ou excessivos. Desta forma, e
apesar de tudo não há nada nas escolas do regime que possamos aproveitar e transportar para
as escolas do século XXI, pois estas pretendem encontrar o modelo certo de gestão e
administração que assegure em simultâneo disciplina e liberdade, autoridade e cooperação,
exigência e tolerância, tradição e inovação, identidade histórica e multiculturalidade, tutela de
poder central e autonomia.
Estudos recentes mostram que em vários países, nas últimas décadas, que se os pais se
envolverem na educação dos filhos, eles por ora, obtêm melhor aproveitamento escolar. De
muitas variáveis que se estudaram, o envolvimento dos pais no processo educativo foi a que
obteve maior impacto, estado este impacto presente em todos os grupos sociais e culturais
(Marques, 2001). A comunicação entre professor e pais do aluno aparece como o primeiro,
constituindo a forma mais vulgar de colaboração.
Perrenoud (citado por Pereira, 2008, p.39), refere que a educação precisa de mudar e
que as mudanças podem ser negociadas entre os diferentes agentes educativos, cabendo à
escola o papel de as tornar mais visíveis e reais, ficando as famílias mais interessadas,
próximas e conscientes da sua importância.
Hoje em dia existe cada vez mais a necessidade de a escola estar em perfeita sintonia
com a família. A escola é uma instituição que complementa a família e juntas tornam-se
lugares agradáveis para a convivência de todos.
De acordo com Perrenoud & Montandon (citado por Diogo, 1998, p.47), “as famílias
preocupam-se, também cada vez mais com o desabrochar e a felicidade dos seus filhos,
esperando que a escola os discipline sem os anular e os instrua sem os privar da sua infância”.
Consequentemente, a Escola é, com frequência, atentamente vigiada pelos pais que lhe
confiam os seus filhos com uma mistura de confiança e de desconfiança. Para estes autores
que referem que o diálogo com a Escola não se instaura numa base de igualdade e que,
individualmente, os pais não se relacionam numa base de igualdade, facto que se acentua
ainda mais quando em presença dos lugares mais elevados na hierarquia escolar.
não deve ser só um lugar de aprendizagem, mas também um campo de ação no qual
haverá continuidade da vida afetiva que deverá existir a 100% em casa. É na escola que se
deve conscientizar a respeito dos problemas do planeta: destruição do meio ambiente,
desvalorização de grupos menos favorecidos economicamente, etc. Na escola deve-se falar
sobre amizade, sobre a importância do grupo social, sobre questões afetivas e respeito ao
próximo.
Como podemos compreender, a relação entre todos os agentes educativos origina uma
complexa rede de relações que vão influenciar o relacionamento entre o educador e o
educando a que se chama, embora numa acepção mais ampla, relação educativa. Aqui
incidiremos sobre a relação entre professor – aluno o educador e o educando. ALARCÃO e
ALARCÃO (2005, p. 147).
A dimensão individual engloba as actividades levadas a cabo por cada pai ou docente
ou mesmo aluno, no âmbito da relação aqui em causa. É frequente a existência de contactos
individuais por parte de docentes e pais, quer através de notas escritas, de telefonemas,
pessoalmente ou oralmente através dos educandos. A actividade parental individual é a mais
frequente, por quanto se trata da defesa directa dos interesses dos seus próprios filhos (idem).
Por vezes é uma força de trabalho para a preparação das refeições, os trabalhos
domésticos ou as tarefas profissionais quando uma empresa familiar- agrícola ou comercial
por exemplo- tem interesse em mobilizar toda a família. A este mobile tradicional junta-se
tudo o que participa do sentimento da infância, nas sociedades modernas. A criança é uma
criação, uma expressão do casal, da família, se permanece como possessão, é cada vez mais
como força de produção ou garante da descendência, e cada vez mais como fonte de prazer e
de orgulho, objecto de amor e de preocupação, razão de viver, forma de organização
(KELLERCHLS e PASINI, 1976, p. 27). Isto não exige a presença contínua da criança, mas a
sua partida a horas fixas pode ser sentida como um desapossamento, em particular para as
mães que estão em casa.
A entrada na escola pode ser vivida como uma ruptura decisiva na relação entre a mãe
e o seu filho: pela primeira vez ele escapa-lhe para ser cuidado por outros adultos. Esta
separação nem sempre é vivida como frustração. Durante várias horas por dia a escola alivia
os pais da preocupação de vigiar a criança, de se ocupar dela. A sua liberdade vê-se acrescida
a sua responsabilidade aligeirada (MONTADON e PERRENOUD, 2001, p. 84).
- Primeira atitude: Os pais são considerados como clientes, que não sabem nada de
pedagogia ou de gestão. Consequentemente, a única coisa a fazer é informá-los. A informação
prestada é, frequentemente, sobre assuntos relativamente pouco importantes. Satisfaz alguns
pais, mas deixa outros desapontados. Sem dúvida, apesar de extraordinárias possibilidades
técnicas em matéria de informação, a tarefa de bem informar continua a ser um desafio para a
maior parte das organizações. A informação fornecida pela escola nem sempre passa e não
conduz necessariamente a um processo de comunicação;
- Segunda atitude: Os pais são considerados como uma caução; são consultados para
se obter um feedback, uma informação de retorno. Isto pode dar às autoridades uma ideia do
afastamento entre as suas políticas e as expetativas dos pais. É, por vezes, uma forma de
manter a consciência tranquila. Raramente as autoridades conseguem dizer como é que as
distâncias podem ser atenuadas, com efeito não é dada qualquer garantia aos pais de que as
suas ideias ou recomendações serão tidas em conta;
Em nossa opinião existem pais que se contentam com um contacto individual com o
professore do seu filho e que apreciam este contacto pessoal centrado na criança e no seu
desenvolvimento. Se existir um problema, a propósito do seu filho ou programa, eles não
perspectivam a possibilidade de desenvolverem uma acção num quadro colectivo; tentam a
hierarquia escolar, procurando sempre os contactos individuais (com a direcção da escola).
Existem pais que preferem estabelecer relações através da comissão de pais.
Nota-se, frequentemente, uma confusão quanto à quem cabe a educação das crianças e
quais aspectos são especifico para cada instituição. Alguns professores queixam-se de que as
famílias delegam a eles toda a educação dos filhos e, com razão, sentem-se sobrecarregados e
mesmo incapazes de realizar tal tarefa. Algumas vezes, as famílias sentem-se desautorizados
pelo professor que toma para se tarefas que são da competência da família. (SZYMANSKI,
2011: 111).
Em nossa opinião, a relação dos pais com a escala deve ser feita de ambas partes e de
igual modo existem pais que não se interessam pela educação dos filhos não cumprem a sua
obrigação de cooperadores, não comparecem na escola quando são convocados, apenas se
preocupam com os filhos no final do ano, pressionando os professores no sentido de
facilitismo.
Nos tempos mais recentes tem havido, a nível internacional, uma maior abertura da
escola ao exterior, através da multiplicação e diversificação das suas formas de contacto com
as famílias, desde a presença de representantes dos pais nos órgãos de gestão dos
estabelecimentos de ensino às sessões informativas, aulas abertas, exposições, noites
recreativas e, até, piqueniques. (LIMA, 2002, p. 133-134).
Uma ligação estreita e continuada entre os professores e os pais leva pois a muita coisa
mais que a uma informação mútua: este intercâmbio acaba resultando em ajuda recíproca e,
frequentemente, em aperfeiçoamento real dos métodos. Ao aproximar a escola da vida ou das
preocupações profissionais dos pais, e ao proporcionar, reciprocamente, aos pais um interesse
pelas coisas da escola; chega-se até mesmo a uma divisão de responsabilidades (PIAGET,
1972, p. 50)
Bastiani (1987) faz uma classificação que poderíamos escalonar na ordem inversa a
que fazíamos nos dois casos anteriores. De menos para mais:
Fig. nº 2. Patamares de envolvimento dos pais na vida da escola (LIMA, 2002:147).
No primeiro patamar, os pais são vistos enquanto meros receptores de informação
(geralmente enviada a distância) que recebem cartões (eventualmente telefonemas) com
mensagens dos professores e da escola, assinam fichas informativas respeitantes aos seus
filhos, eventualmente acompanham-nos nos trabalhos de casa, mas mantenham-se a distância
do estabelecimento escolar propriamente dito, a não ser em visitas esporádicas normalmente
em ocasiões festivas e com pouca relevância para vida escolar dos filhos.
O Plano Nacional de Educação nos primeiros anos que se seguiram à independência, procurou
estimular as famílias a participarem nas actividades dos filhos na luta pela redução do
analfabetismo por meio de organização de salas de aulas, não apenas nos espaços escolares,
mas também nas fabricas, nos quarteis militares, em cooperativas agrícolas e nos bairros para
a alfabetização de adultos (NGULUVE, 2010: 62).
Em Angola as possíveis causas da falta de diálogo entre a escola e a família não difere
das outras regiões do mundo.
Não há partilha de poder no sentido de gestão participada na escola (a maior parte das
organizações escolares opta pelos modelos burocráticos e centralizados), os encarregados de
educação têm uma expectativa em relação à escola problemática que colocam em causa a
ética e o profissionalismo dos docentes (corrupção, descriminação dos aluno, etc). Existem
factores culturais que influem no relacionamento entre a escola e a família (não há uma
cultura de participação em muitos casos há uma diferença entre a cultura das famílias e a das
escolas, etc). Muitos directores e professores não aceitam a participação das famílias e
consideram que se trata de uma intromissão num campo que não lhes pertence, há problemas
de incompatibilidades de horários, falta de meios de transporte enfim, um conjunto de factores
que impedem a aproximação da família à escola, criando-se um abismo entre ambas as partes
que em nada favorece o processo escolar (MENEZES, 2010: 59).
Certamente, uma escola que se perceba a si mesma como uma comunidade formada
pelos seus diferentes agentes educativos, mais do que como uma organização, tem mais
possibilidades de estimular as interacções sociais que conduzem à acumulação de capital
social, favorecendo a aprendizagem efectiva da criança.
CAPITULO 2. METODOLOGIA
A entrevista é um encontro entre duas ou mais pessoas a fim de que uma delas obtenha
informações a respeito de um determinado assunto, mediante uma conversa de natureza
profissional (GIL, 2012: 180).
Foi efectuada uma entrevista estruturada ao director geral que continha 12 questões,
com a duração de 25 minutos.
No que refere a idade dos professores, constata-se que a faixa etária varia entre 25 a 50 anos,
onde indivíduos de 41 – 45 anos representam 38,4% que são a maioria.
Quanto ao género: 30% dos professores são do género masculino e 70% são do género
feminino que na maior parte são donas de casa e têm uma responsabilidade a dobrar.
Tabela nº 4. Caracterização da amostra das habilitações literárias dos professores
inqueridos.
Habilitações Literárias
Nível Académico Frequência %
Técnico Médio 8 62
Bacharel 4 30
Licenciado 1 8
Total 13 100%
No que concerne ao nível académico, 62% dos professores são técnicos médios, 30%
são bacharéis e 8% são licenciados.
Tabela nº 5. Caracterização da Amostra do tempo de serviço dos professores
inqueridos.
Tempo de serviço
Ano Frequência %
6 à 10 4 31
11 à 15 3 23
16 à 20 5 38
21 à 25 1 8
Total 13 100%
Nível académico: 10% dos encarregados têm o ensino de base, 60% são técnicos
médios, 10% são bacharéis e 20% são licenciados, num total de 100%.
Profissões
Tipos de profissões Freq. %
Pintores 2 20
Educadora de Infância 1 10
Ferreiro 1 10
Enfermeira 1 10
Secretária 1 10
Gestores 1 10
Professores 3 30
Total 10 100%
Os pais e encarregados de educação têm como profissão: 20% são pintores, 10% são
educadores de infância,10% são ferreiros, 10% são gestores e 30% são professores.
Quanto ao género, 40% são do género masculino e 60% são do género feminino, que fazem o
total de 100% todos da 9ª classe.
Na nossa opinião, todos os alunos, de uma forma geral, necessitam do acompanhamento dos
pais e encarregados de educação porque melhora o rendimento escolar do aluno, o processo
de ensino e aprendizagem e também prepara-os para a sua inserção na sociedade.
Neste item, pretende-se identificar vários aspectos relacionados com o campo de estudo
como: situação geográfica da escola, número de docentes, de alunos, de pais e encarregados
de educação, estrutura física e a data da inauguração da escola. Fica situada, no Município de
Belas, Comuna de Camama, onde a Norte encontra-se a Cidade Universitária, à Sul o
Condomínio Jardin do Éden, à Oeste o Hospital Geral de Luanda e à Este a Centralidade do
Kilamba. A escola foi inaugurada em 22 de Janeiro de 2010. Quanto à estrutura física, a
escola dispõe de 15 salas de aulas, 8 WC, Gabinete do Director Geral, Gabinete do
Subdirector Pedagógico, Gabinete do Subdirector Administrativo, Secretaria, Cantina, Campo
desportivo, jardim, Guarita e pátio. A escola funciona em dois turnos: um no período da
manhã com o ensino primário e outro no período da tarde com o primeiro Ciclo do ensino
secundário.
Segundo o director da escola nº 315 -11 de Novembro “ há pais que não acompanham
os seus filhos e as crianças precisam de alguém para lhes orientar, é necessário que o
encarregado esteja em primeiro lugar e em segundo lugar a escola. A família é o elo de
ligação com a escola, a mesma não pode trabalhar isoladamente, deve haver um intercâmbio
mútuo”.
Tabela nº14. Reuniões e encontros que a direcção convoca aos pais e encarregados de
educação.
Sim Não As vezes Total
Portanto, 60% dos pais e encarregados de educação disse que tem participado às
reuniões e encontros que a direcção da escola convoca, porque os pais preocupam-se com os
seus educandos e com as actividades escolares dos mesmos. Ainda, os pais disseram que a
direcção necessita do seu contributo às reuniões. Por isso, ficam a saber do comportamento e
desenvolvimento dos seus educandos. Finalmente para poder ajudar o desenvolvimento da
escola e dos seus filhos, tendo em conta que têm uma responsabilidade com eles, não
deixando só com a escola. 40% dos pais e encarregados de educação disse que tem
participado às reuniões ou encontros que a direcção da escola convoca, às vezes, por falta de
disponibilidade, razões de trabalho, os filhos transmitem muito tarde a convocatória. Existem
encarregados que não comparecem às reuniões, mais mandam outros membros da família.
Segundo o director da escola nº 315 -11 de Novembro “a escola reúne com os pais três
vezes ao ano, e as reuniões têm uma agenda de trabalhos, onde abordam alguns pontos, tais
como comportamento e aproveitamento dos alunos”.
50% dos pais e encarregados de educação disse que a sua participação é boa porque
dão o seu apoio, a fim de que as actividades da escola ocorram da melhor maneira. O papel de
um pai é de educar o seu filho, e esse tipo de actividade é bom para o desenvolvimento da
relação de pai para filho, para o bem da escola, dos alunos e do ensino.
50% dos pais e encarregados de educação disse que o seu papel na participação das
actividades da escola é razoável porque vários pais e encarregados de educação não
participam e nem se preocupam com as actividades da escola. Segundo o pronunciamento do
inquérito nº 7 dos pais e encarregados de educação “nem sempre há tempo para uma
participação mais activa por estar ocupado com outras actividades de maior
responsabilidade”.
3.4. Condições sociais como factor que influencia no relacionamento entre a escola e a
família.
Tabela nº 16. Condições sociais como factor que influência no relacionamento entre a escola e
a família.
40% dos pais e encarregados disse que a falta de condições sociais adequadas é um factor que
influencia no relacionamento entre a escola e a família porque a escola e a família possuem
um conjunto de normas, regras e valores.
60% dos pais e encarregados de educação disseram que a falta de condições sociais
adequadas é factor que não influência no relacionamento entre a escola e a família, porque
Deus nunca permite que isso aconteça, as condições sociais não adequadas não pode terminar
a relação entre a escola e a família.
Na nossa opinião a falta de condições sociais como: alimentação, vestuário, material escolar,
etc. são factores que não devem influenciar negativamente no relacionamento da família com
a escola.
20% dos alunos disse que tem acesso às reuniões que a escola tem feito com a família.
67% dos alunos disse que não tem acesso às reuniões que a escola tem feito com a família
porque é um dia em que os professores falam do seu comportamento para os pais. Segundo o
pronunciamento do inquérito nº 3 dos alunos “assim que eles chagam em casa nós
perguntamos e ficamos a saber o que se abordou na reunião”. Ainda outros alunos disseram
que “ a reunião é marcada somente para os encarregados de educação, alguns encarregados
não gostam que os filhos os acompanham às reuniões. Normalmente não permitem, só se vier
com o próprio encarregado”.
13% dos alunos disse que tem acesso às reuniões que a escola tem feito com as famílias, às
vezes, porque temos de ir às reuniões para ouvir que a directora ou o professor querem nos
transmitir.
60% dos alunos disse que os pais vêm à escola porque vindo à escola é a maneira de
estar mais informado sobre o filho, é mais prático os pais irem à escola saberem dos filhos e
conhecerem os professores. O encarregado de educação deve contactar o professor para saber
das notas e do comportamento e saber se o seu filho é aplicado nos estudos.
13% dos alunos disse que os pais mandam bilhete, porque não têm tempo suficiente de
irem à escola, trabalham de segunda-feira à sexta-feira, e sábado dizem que estão cansados.
27% dos alunos disse que os pais contactam o professor por telefone porque têm tido
pouco tempo para ir à escola, o meio mais rápido é ligando. Eles acham que é o melhor
método e o mais rápido. Segundo o pronunciamento do inquérito nº 1 dos alunos é importante
que os pais acompanhem o desenvolvimento dos filhos dentro da escola como o fazem dentro
da família. Alguns alunos disseram que os pais não os acompanham à escola para saberem das
suas notas e do seu comportamento porque eles trabalham e saem tarde do trabalho, são muito
ocupados e não têm tempo, ou então estão cansados.
6% dos alunos disseram que os pais e encarregados de educação ajudam nas tarefas que a
escola manda para casa. Segundo o pronunciamento do inquérito nº2 dos alunos “os meus
pais ajudam nas tarefas para que eu tenha boas notas. 27% dos disseram que os pais não
ajudam nas tarefas que a escola manda para casa. Alguns pronunciamentos do inquérito dos
alunos:
- os meus pais não têm tempo para me ajudar nas tarefas diárias porque chegam muito tarde
do trabalho.
- Alguns alunos disseram que não precisam da ajuda dos pais para fazerem as tarefas.
67% dos alunos disseram que os pais ajudam nas tarefas que a escola manda para casa, às
vezes, porque nem sempre têm tempo, ajudam quando estão desocupados, eles não têm tempo
todos os dias; outros disseram que nem sempre pedem ajuda aos pais. Segundo a Directora
geral, “o fraco desempenho ou ausência dos pais e encarregados de educação afecta no
rendimento escolar dos alunos porque, em alguns casos, o aluno apresenta um baixo
rendimento escolar por alguns motivos como fome, doenças e outros problemas que o
professor desconhece; é necessária a presença dos pais na escola para darem a conhecer ao
professor”.
Assim, o resultado dos dados obtidos não confirmam a primeira hipótese do tema em
estudo “a falta de abertura da escola para a família faz com que esta se sinta marginalizada,
isto é, a família não participa”, percebe-se que a escola está aberta para a família a partir de
reuniões, encontros para limpeza da escola e assinaturas de boletins.
A terceira hipótese não foi confirmada “as condições sociais, tais como a pobreza,
constituem um factor que impossibilita a participação da família na escola”. Os factores
sociais não influenciam a participação da família na escola.
O presente estudo apresenta limitações à medida que começou a ser elaborado em tão pouco
tempo, aí num espaço de dois meses antes das provas dos exames de 2012. Não foi possível
colher mais dados, porque o tempo foi insuficiente.
Com todos os imprevistos citados, anteriormente, neste trabalho cometeu-se possíveis lacunas
que poderão ser superadas num próximo estudo.
AMOSTRA
SUGESTÕES
Todo trabalho científico exige uma contínua e sistemática pesquisa.
BIBLIOGRAFIA
DONATELLY, Dante. Quem me educa “ a Família e a Escola diante da (IN) Disciplina. ed.
Arx : São Paulo, 2004.
FILIPE ZAU: Educação em Angola “Novos trilhos para o desenvolvimento. Editora Movi
livros, 2009.
GUERRA, Miguel Ângelo Santos. Participação de pais na escola. Porto Editora, 2002.
HAYDT, R. C. Curso de Didáctica Geral. 8ª ed., São Paulo: Editora Ética, 2009.
MAIA, Rui Leandro, et al. Dicionário de Sociologia: Dicionário Temático. Porto Editora,
2002.
MERICI, I.G. Didáctica geral. 23ª ed. São Paulo: Editora Ética, 1992.
GIL, A. C. Métodos e Técnicas de Pesquisa social. 6ª Ed. São Paulo: Atlas, 2008.
Piletti, C. (2010). Didáctica Geral. 23ª Edição. Editora Atena. São Paulo.
[2] Idem.