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ENSAIO VISUAL

2.1. Finalidade

O ensaio visual tem por finalidade determinar as condições superficiais da peça, alinhamento de superfícies
justapostas, formas, evidências de vazamentos, entre outros.

2.2. Aplicação

A inspeção por meio do ensaio visual é uma das mais antigas atividades nos setores industriais. É o primeiro
ensaio não destrutivo aplicado em qualquer tipo de peça ou componente e está frequentemente associado
a outros ensaios de materiais.

Pode ser utilizado para se detectar uma grande variedade de descontinuidades tais como trincas, corrosão,
descoloração devido ao superaquecimento, erosão, deformação, irregularidades no acabamento superficial,
erros de montagem em sistemas mecânicos, alterações dimensionais, etc.

2.3. Vantagens do ensaio

• Ensaio de baixo custo operacional;

• Permite detectar e eliminar eventuais descontinuidades antes da próxima etapa de processamento;

• Pode ser executado em equipamentos em operação;

• Proporciona uma diminuição da quantidade de reparos na peça e de uma maior produção dos outros
ensaios não destrutivos, diminuindo o custo.

2.4. Limitações do ensaio

• Possibilidade de se detectar somente descontinuidades superficiais;

• Permite detectar as descontinuidades maiores e geralmente indica pontos de prováveis


descontinuidades, que devem ser examinadas por outro tipo de ensaio não destrutivo.

2.5. Principal ferramenta do ensaio visual

A principal ferramenta do ensaio visual são os olhos, considerado um órgão pouco preciso. A visão varia
de indivíduo para indivíduo e, para minimizar essas variáveis, deve-se padronizar fatores como a
luminosidade, a distância ou o ângulo em que é feita a observação.

2.6. Fatores que podem influenciar na detecção de descontinuidades no ensaio visual

• Tipo de luz utilizada: o tipo de luz influi muito no resultado da inspeção visual. A luz branca natural, ou
seja, a luz do dia é uma das mais indicadas; porém, por problemas de layout, a maioria dos exames é
realizada em ambientes fechados, no interior de fábricas. Utilizam-se, então, lâmpadas elétricas, que
devem ser posicionadas atrás do inspetor, ou em outra posição qualquer, de modo a não ofuscar sua
vista;

• Intensidade da iluminação: a região a ser ensaiada deve apresentar iluminamento mínimo de 1000lux;

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• O ângulo do feixe de luz: o ângulo do feixe de luz em relação a superfície examinada deverá ser de no
mínimo 30°.

• Limpeza da superfície: as superfícies das peças ou partes a serem examinadas devem ser
cuidadosamente limpas, de tal forma que resíduos como graxas, óleos, poeira, oxidação etc. não
impeçam a detecção de possíveis descontinuidades e/ou até de defeitos;

• Acabamento da superfície: o acabamento superficial resultante de alguns processos de fabricação -


fundição, forjamento, laminação - pode mascarar ou esconder descontinuidades; portanto, dependendo
dos requisitos de qualidade da peça, elas devem ser cuidadosamente preparadas (decapadas,
rebarbadas, usinadas) para, só então, serem examinadas;

• Contraste entre a descontinuidade e o resto da superfície: a descontinuidade superficial de um


determinado produto deve provocar um contraste, ou seja, uma diferença visual clara em relação à
superfície de execução do exame. Esta característica deve ser avaliada antes de se escolher o exame
visual como método de determinação de descontinuidades, para evitar que possíveis defeitos sejam
liberados equivocadamente;

• Fadiga visual dos inspetores: um fator de fracasso na inspeção visual é a fadiga visual dos inspetores,
que observam os mesmos tipos de peças durante longos períodos de trabalho. Para minimizar esse
problema, deve-se programar paradas para descanso. Outro recurso é colocar esporadicamente na linha
de inspeção peças-padrão, com defeitos mínimos conhecidos, a fim de avaliar o desempenho dos
inspetores.

2.7. Técnicas de inspeção

2.7.1. Exame visual direto

O ensaio visual direto pode ser realizado quando o acesso é suficiente para que o examinador posicione os
olhos a até 600mm da superfície a ser examinada e a um ângulo não menor que 30°. Podem ser utilizados
espelhos para aumentar o ângulo de visão e instrumentos auxiliares como lentes de aumento ou outros
dispositivos, para melhorar a condição da inspeção.

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2.7.2. Exame visual remoto

Nos casos em que não for possível a realização do ensaio visual direto, o ensaio visual é realizado de
maneira remota. Para sua execução podem ser utilizados dispositivos como espelhos, boroscópios,
fibroscópios, câmeras ou outros instrumentos adequados. Os sistemas utilizados devem apresentar uma
resolução pelo menos equivalente à obtida através do ensaio visual direto.

2.8. Equipamentos e acessórios

Em certos tipos de inspeções - por exemplo, na parede interna de tubos de pequeno diâmetro e em partes
internas de peças - é necessário usar instrumentos ópticos auxiliares, que complementam a função do olho
humano. Os instrumentos ópticos mais utilizados são:

• Lupas: a lupa é uma lente biconvexa de pequena distância focal, geralmente de 5 a 10 cm, que produz
uma imagem virtual, aumentada, do objeto. Assim, quando o inspetor utiliza uma lupa, ele está
enxergando a imagem do objeto e não o próprio objeto. Esta imagem virtual é maior e forma-se atrás
dele. Algumas lupas possuem uma escala graduada que permite dimensionar as descontinuidades.

• Microscópios: são constituídos por conjuntos de lentes denominadas objetivas e oculares. Elas
possibilitam ampliar descontinuidades até milhares de vezes. Na maioria dos casos, eles são utilizados
na inspeção de peças pequenas, como molas, fios, parafusos, mas em casos especiais podem ser
acoplados a peças grandes.

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• Espelhos: na indústria, espelhos são usados para inspeção de cantos, soldas e superfícies onde nossos
olhos não alcançam.

• Boroscópios e fibroscópios: são instrumentos ópticos construídos com os mais variados diâmetros e
comprimentos, que geralmente possuem seu próprio dispositivo de iluminação. Da mesma forma que
os microscópios, possuem lentes objetivas e oculares, cuja imagem do objeto é transmitida até a
extremidade do mesmo onde se encontra uma lente ocular que amplia ainda mais a imagem. Podem
ser acoplados a uma câmera de tevê (videoscópio) permitindo ao inspetor executar o exame de
superfícies a grandes distâncias; este recurso deve ser utilizado quando o ambiente em que se encontra
a peça, ou a parte dela a ser examinada, não é favorável devido a gases tóxicos, altas temperaturas ou
radiação. Também é usado quando se realiza uma inspeção de longa duração e que não pode ser
interrompida.

Uma característica importante para o seu funcionamento é que eles giram em torno do eixo do seu tubo,
permitindo uma inspeção visual circunferencial.

Boroscópio rígido Fibroscópio flexível Videoscópio flexível

2.9. Registro de resultados

Os resultados devem ser registrados de modo que se permita a rastreabilidade do local efetivamente
inspecionado e seus dados relacionados. É aconselhável fotografar áreas inspecionadas que se considerem
críticas. Deve-se, sempre que se fotografar alguma região com dano, utilizar marcações de identificação
nas áreas e padrões de medida junto às descontinuidades. O relatório de inspeção deve conter:

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• Identificação numérica;

• Identificação da peça inspecionada;

• Identificação do procedimento;

• Técnica utilizada

• Normas e/ou valores de referência para interpretação dos resultados;

• Registro das indicações (com relatório fotográfico, se for o caso);

• Laudo indicando aceitação, rejeição ou recomendação de ensaio complementar;

• Data do ensaio;

• Identificação do inspetor e assinatura. Quando exigido pela Seção de Código de Referência, nível de
qualificação desse.

Este registro deve ser executado durante o ensaio ou imediatamente após concluído o mesmo.

2.10. Critério de aceitação das indicações

O CRITÉRIO DE ACEITAÇÃO DE DESCONTINUIDADES DEVE SEGUIR A NORMA OU ESPECIFICAÇÃO


APLICÁVEL AO PRODUTO OU COMPONENTE FABRICADO E INSPECIONADO.

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