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Práticas Laboratoriais

Critérios de Pureza
Ponto de Fusão
● Designa-se geralmente pelas letras P.F. ou M.P. (melting point) e pode ser definido como
a temperatura à qual, a uma dada pressão, as fases sólida e líquida estão em
equilíbrio

● A determinação desta temperatura de fusão é um fator de grande importância não só na


avaliação do estado de pureza de um composto, mas também na sua identificação

● De um modo geral, as substâncias orgânicas têm o seu ponto de fusão inferior a 350ºC,
sendo, no entanto, raras as substâncias que fundem instantaneamente
● O que na realidade se observa através de processos normais de determinação do ponto
de fusão é a existência de uma temperatura à qual a substância começa a fundir e outro
em que se verifica o termo de fusão, o que se designa por intervalo de fusão ou zona
de fusão

● Considera-se, em geral, como pura uma substância cuja zona de fusão tenha uma
amplitude de 1 a 3ºC, havendo, no entanto, substâncias puras cuja zona de fusão é
significativamente maior, outras que se decompõem antes de fundirem, e ainda outras,
que em vez de fundir, sublimam
● Deste modo, uma zona estreita é sinal que a amostra se encontra relativamente pura,
enquanto que uma zona larga poderá, em princípio, indicar a existência de impurezas na
amostra
● O ponto de fusão permite igualmente verificar a eficiência de um processo de purificação
(como a cristalização).

Ponto de Ebulição
● O ponto de ebulição (P.E.) define-se como sendo a temperatura à qual a tensão do
vapor líquido é igual à pressão de uma atmosfera

● A temperatura de ebulição (T.E.) de um líquido define-se como sendo a temperatura à


qual a tensão do seu vapor iguala a pressão exterior
● Destas 2 definições pode-se concluir que estes dois valores coincidem, se a pressão
exterior for de 760 mmHg (ou 1 atm), caso contrário, teremos que recorrer a tabelas que
nos indicarão o valor de T.E. em função da pressão exterior, a fim de obtermos um valor
correto para P.E.

● A temperatura de ebulição depende não só da natureza do líquido, mas também do


estado de pureza
● Um líquido diz-se puro se o seu P.E. é constante; caso contrário, isto é, se ao longo da
determinação do P.E. vai havendo variações de temperatura, o líquido não está puro
tratando-se, por conseguinte, de uma mistura

● Resumidamente teremos
o Se um líquido está puro, durante a sua ebulição a temperatura mantém-se
constante
o Se se trata de uma mistura, como regra, durante a sua ebulição a composição
do líquido varia e, consequentemente, a temperatura de ebulição não se
mantém constante

● O ponto de ebulição é uma das propriedades físicas mais importantes de um líquido, já


que pode ser, normalmente, determinado enquanto o líquido está a ser purificado por
destilação

Espetros de infravermelho
● Este método é muito utilizado como critério de pureza dada a sua fácil e rápida
execução
● Além disso, é um método muito sensível necessitando de uma pequena quantidade de
amostra (1mg), sendo ainda um método não destrutivo, podendo, deste modo, a
amostra ser recuperada se necessário

● Cada substância apresenta o seu espetro próprio, não existindo duas substâncias com o
mesmo espetro
● Deste modo, compara-se o espetro obtido a partir da nossa amostra, com um espetro
padrão da substância; se se verificar a existência, no espetro da amostra, de bandas de
absorção não presentes no espetro padrão, isto indica que a substância não se encontra
pura, sendo essas bandas “extras” resultantes da absorção de impurezas presentes na
amostra

Cromatografia em camada fina


● a cromatografia é um processo de purificação/ separação de componentes de uma
mistura, por ação do deslocamento de uma fase móvel relativamente a uma fase
estacionária

● existem várias técnicas cromatográficas, todas têm em comum a existência de duas


fases:
o uma estacionária (sólida ou líquida)
o uma móvel (líquida ou gás), que contacta com a primeira e que é designada de
eluente
● a separação dos componentes existentes verifica-se dada a diferença de velocidade dos
mesmos, como consequência das diferentes interações estabelecidas com a fase
estacionária

● a cromatografia em camada fina é uma técnica simples, barata e muito importante para
a separação rápida e análise quantitativa de pequenas quantidades de material

● é usada para:
o determinar a pureza de um composto,
o identificar componentes numa mistura comparando-os com padrões;
o acompanhar o curso de uma reação pelo aparecimento dos produtos e
desaparecimento dos reagentes
o isolar componentes puros de uma mistura

● na cromatografia de camada fina a fase líquida ascende por uma camada fina do
absorvente estendida sobre um suporte
o o suporte mais típico é uma placa de vidro

● a amostra é colocada na parte inferior da placa, através de aplicações sucessivas de


uma solução da amostra com um pequeno capilar
● deve-se formar uma pequena mancha circular
● a placa de cromatografia é depois colocada verticalmente num recipiente fechado que
contém uma pequena quantidade de solvente, este eluirá pela camada do absorvente
por ação capilar
● à medida que o solvente sobe pela placa, a amostra é compartilhada entre a fase líquida
móvel e a fase sólida estacionária
● durante este processo, os diversos componentes da mistura são separados

● podem ser usadas diferentes fases estacionárias ou adsorventes


o uma das mais vulgares é a sílica
o a superfície desta fase porosa apresenta grupos silanol (-Si-OH) e silozano
(Si-O-Si), podendo o primeiro estabelecer ligações de hidrogénio com o soluto
o a ação do adsorvente resulta pois, da interação destes grupos com as
moléculas polares dos solutos
o existem, assim, na superfície adsorvente, grupos que formam ligações de forças
diferentes
▪ fracas (grupos siloxanos)
▪ mais fortes (silanóis)
● no caso de solutos e eluentes apolares a atividade adsorvente é pequena, tendo como
consequência uma rápida e quase total mobilidade dos mesmos, logo baixos tempos de
retenção
● no caso de solutos e solventes polares, verificam-se fortes interações com o adsorvente,
resultando de tempos de retenção, bem como por vezes caudas nas bandas
● a capacidade de retenção de um componente pela fase estacionária permite a
separação dos diversos componentes, em virtude das suas diferentes velocidades de
movimento na fase móvel
● quando a fase móvel é um líquido, podem exprimir esta capacidade de retenção por um
fator de retardação, Rf
● o Rf é uma característica do soluto, que permite muitas vezes a identificação dos
compostos
Rf= distância percorrida pelo soluto/ distância percorrida pelo eluente

● Efetivamente, quando as condições de medida forem completamente especificadas o


valor de Rf é constante para qualquer composto dado e correspondente a uma
propriedade física
● Este valor deve apenas ser tomado com guia, já que existem vários compostos com o
mesmo Rf

● Depois do solvente ascender pela placa, esta é retirada da câmara cromatográfica e


seca até que esteja livre de solvente
● Cada mancha corresponde a um componente separado na mistura original

● Se os componentes são substâncias coloridas, as diversas manchas serão claramente


visíveis
● Contudo, é bastante comum que as manchas sejam invisíveis porque correspondem a
compostos incolores.
● Para a visualização deve-se revelar a placa
● Um método bastante comum é o uso de vapores de iodo, que reage com muitos
compostos orgânicos formando complexos de cor café ou amarela

Filtração
● Filtração - é a separação de partículas sólidas em suspensão num líquido, por efeito de
uma pressão sobre uma superfície porosa, ficando o sólido retido e passando o líquido
através do septo filtrante

● Toda a substância capaz de fazer a referida separação é denominada um filtro

● Os sólidos retidos pela membrana filtrante constituem o resíduo ao passo que o líquido
que o atravessa representa o filtrado

● A filtração é uma operação de maior importância quer do ponto de vista laboratorial,


quer industrial e pratica-se com 2 objetivos distintos
o Para isolar e aproveitar os sólidos em suspensão líquido
▪ Obtenção de precipitados com fins analíticos ou isolamento de cristais
formados no decurso de uma cristalização
o Para obter filtrados límpidos e altamente clarificados
● Os filtros podem ser constituídos pelas mais variadas substância que, no entanto,
devem obedecer a certas condições
o Serem inertes
o Sofrer o mínimo de alterações de ordem física

Filtração por ação da gravidade


● Neste tipo de filtração o conjunto filtrante-suporte mais largamente utilizado é o papel de
filtro-funil

● A regra é empregar o papel liso quando a filtração é realizada com o objetivo de se


aproveitar o sólido retido, devendo utilizar-se um filtro de pregas sempre que a
filtração tenha por fim obter um líquido limpo
● Regras gerais
o Nunca se devem vincar as dobras junto ao ápex
o Deve humedecer-se o filtro com o líquido a filtrar
o Ao verter o líquido a filtrar no filtro, aquele deve ser dirigido contra as suas
paredes
o O papel deve ser cortado com as dimensões precisas
● Aplicação
o Remover agentes de secagem sólidos ou líquidos orgânicos
o Remover impurezas sólidas de soluções quentes para recristalizar

Filtração a quente
o O aquecimento de certos produtos facilita a sua filtração por 2 razões distintas
▪ Porque faz diminui a viscosidade dos líquidos
▪ Porque provoca a coagulação das substâncias proteicas e de outros
produtos
o É utilizada
▪ Para filtrar óleos e gorduras
▪ Para evitar a formação de cristais, quando se pretende eliminar as
impurezas insolúveis

Filtração por sucção


● A filtração por sucção é um processo bastante usado, pois torna esta operação muito
mais rápida, uma vez que cria uma maior diferença de pressão nos 2 lados do
septo filtrante

● A filtração por sucção é especialmente indicada quando se utilizam certas superfícies


filtrantes rígidas, cujos poros são tão apertados que tornariam a filtração demasiado
lenta se fosse praticada nas condições normais de pressão
● Método rápido de isolamento de um sólido de uma mistura sólido-líquido ou para
remover de grandes quantidades de líquidos

Filtração sob pressão


● Neste tipo de filtração utiliza-se uma pressão exercida sob o próprio líquido para
aumentar a velocidade de escoamento
● Este tipo de filtração é muito menos utilizado no laboratório

● Está indicada para filtrar líquidos com certas características


o Muito viscosos
o Que tenham elevadas tensões de vapor
o Que contenham um gás em apreciável quantidade

Cristalização
● O processo de cristalização é um dos métodos mais importante de que o químico dispõe
para a purificação de substâncias sólidas
● Este método consiste na solubilização, a quente da amostra sólida num solvente
apropriado e da sua posterior insolubilização por abaixamento da temperatura da
solução
● Tem, assim, como base uma eventual diferença de solubilidade entre a substância a
cristalizar e as impurezas que a acompanham

● Por coeficiente de solubilidade entende-se a concentração da solução saturada de uma


dada substância num determinado solvente a uma certa temperatura

● Sendo assim, a solubilidade de uma substância é função não só da sua estrutura, e da


do solvente, como também da temperatura, aumentando geralmente com o aumento
desta, e diminuindo à medida que se baixa a temperatura
● É nesta diferença de solubilidade de uma substância num solvente a quente e a frio que
se baseia o processo de cristalização

● Admitamos ainda que o coeficiente de solubilidade da substância A é inferior ao


coeficiente de solubilidade das impurezas que a acompanham para o solvente utilizado

● Adicionando-se à amostra uma determinada quantidade de solvente e promovendo o


aquecimento deste, pode obter-se uma solubilização total da amostra
● Promovendo-se em seguida o arrefecimento da solução, atinge-se, a determinada
temperatura, o coeficiente de solubilidade da substância A dando-se inicio à
insolubilização sob a forma cristalina

● Uma vez iniciada a cristalização da substância A, as moléculas deste composto ainda


em solução tendem a fixar-se sobre os cristais pré-existentes constituídos pelo mesmo
tipo de moléculas, uma vez que se fixam melhor na rede cristalina constituída por
moléculas da mesma estrutura
● Por outro lado, as impurezas que acompanham a substância, dado o seu maior
coeficiente de solubilidade, continuam em solução podendo ser separadas da substância
pretendida por filtração
● Deste modo, após filtração, obtém-se um filtrado designado por águas mães onde se
encontram as impurezas que contaminavam a amostra e, ainda um bocado de
substância A que não chegou a cristalizar
● No filtro, obtém-se um resíduo que é constituído pela substância A isenta de maior parte
das impurezas que a acompanhavam
● Este resíduo é lavado com o mesmo solvente que serviu para a cristalização, devendo
este encontrar-se arrefecido de modo a não dissolver a substância a lavar

Solventes de Cristalização
● São muitos os solventes que se podem utilizar em cristalização, no entanto, a sua
escolha deve ter em atenção determinados fatores
o Os solventes devem ser inertes, ou seja, não devem reagir com a substância a
purificar
o Devem possuir um ponto de ebulição tão baixo quanto possível
o O coeficiente de solubilidade da substância a purificar deve ser o mais baixo
possível a temperaturas próximas de 0ºC, devendo, no entanto, esse coeficiente
de solubilidade ser elevado para temperaturas próximas do ponto de ebulição do
solvente
o Os coeficientes de solubilidade da substância a purificar e das impurezas que a
acompanham devem ser significativamente diferentes
o Deve-se ter em conta a polaridade relativa da substância e do solvente

Escolha do solvente
● Se a natureza da substância a cristalizar é conhecida, o solvente apropriado para a sua
cristalização vem geralmente, indicado na literatura

● Se a natureza da substância a cristalizar é desconhecida, há que proceder à escolha do


solvente mais apropriado à sua cristalização tendo-se em conta os fatores anteriormente
indicados
● Esta escolha requer ensaios em pequenas quantidades de amostra e uma ampla
variedade de solventes
o Num tubo de ensaio, colocam-se alguns miligramas da substância e umas gotas
do solvente a ensaiar, devendo este encontrar-se à temperatura ambiente
o Agita-se e observa-se
o Se se verificar a solubilização à temperatura ambiente, o solvente é rejeitado, e
com uma nova quantidade de amostra, ensaia-se outro solvente
o Não se observando solubilização da amostra à temperatura ambiente,
procede-se ao seu aquecimento em banho de água
o Se uma vez aquecida a amostra não se verificar uma solubilização apreciável, o
solvente não serve para se efetuar a cristalização tendo de se começar a
ensaiar desde o início com outro solvente
o Se, após aquecimento, se verifica uma solubilização da substância, arrefece-se
o tubo sob corrente de água e observa-se se há formação de cristais
o Se isto se verificar, pode-se utilizar este solvente para efetuar a cristalização da
substância em estudo

● Nem sempre se encontra o solvente ideal, ou seja, aquele que obedece às


características que foram indicadas anteriormente
● Nestes casos, é necessário recorrer a um sistema de solvente, sistema este constituído
pela mistura de dois solventes miscíveis nas proporções usadas
● Esta mistura é constituída por um solvente em que a substância a cristalizar é muito
solúvel, e por um outro em que a substância a cristalizar é pouco solúvel

● Tendo-se uma substância que se pretenda cristalizar e sendo esta muito solúvel no
solvente S1 e pouco solúvel no solvente S2, procede-se do seguinte modo
o Dissolvem-se uns miligramas da substância no solvente S1 e aquece-se um
pouco a solução
o Uma vez aquecida, junta-se lentamente umas gotas do solvente S2 até
aparecimento de uma ligeira turvação
o A mistura é, então, aquecida um pouco mais, devendo-se verificar o
desaparecimento da turvação, com dissolução total da substância
o Se isto se verificar procede-se ao arrefecimento da solução devendo-se
observar a deposição de cristais à medida que a temperatura da solução baixa

Cristalização propriamente dita


● Pesa-se uma determinada quantidade de amostra que se dissolvem a quente, no
solvente ou sistema de solventes previamente escolhido

● A solução quente é rapidamente filtrada por algodão ou papel de filtro, tendo esta
filtração por finalidade eliminar possíveis impurezas, pouco solúveis no solvente a
quente, que possam existir em suspensão

● O algodão/ papel pelo qual se efetuou a filtração é lavado previamente com o solvente
aquecido de modo a que não se verifique a insolubilização da substância a purificar nas
paredes frias do funil
● Esta lavagem com o solvente permite também libertar fibras soltas que possam existir no
algodão/papel, ao mesmo tempo que permite escolher um ritmo apropriado de queda do
líquido

● A escolha de um ritmo de queda do líquido é importante, na medida em que, quando o


algodão se encontra pouco compacto a filtração será muito rápida e as impurezas
podem não ficar todas retidas no filtro
● Por sua vez, se o algodão se encontra muito compacto, a solução contacta demasiado
tempo com as paredes frias do funil, podendo ocorrer cristalização na superfície do filtro
por arrefecimento da solução

● O tubo contendo a solução é arrefecido de modo a se dar a formação dos cristais da


substância a purificar
● O ritmo a que se efetua o arrefecimento é muito importante para o sucesso das
cristalizações
● Um arrefecimento muito brusco provoca a formação de muitos cristais de pequenas
dimensões, que podem adsorver muitas impurezas, dada a sua grande superfície total
● Por outro lado, um arrefecimento muito lento leva à formação de cristais de grandes
dimensões que podem aprisionar no seu interior grandes quantidade de solvente
● O modo mais correto de efetuar o arrefecimento, é o de deixar arrefecer inicialmente à
temperatura ambiente, colocando depois debaixo de água corrente e finalmente
arrefecer o tubo em banho de gelo

● Após a formação dos cristais, o conteúdo do tubo é filtrado sob pressão reduzida através
de um funil Buckner ou outro dispositivo adequado
● Os cristais retidos no filtro são lavados duas ou três vezes com o solvente, devendo este
ter sido arrefecido em banho de gelo de modo a que não provoque a solubilização dos
cristais

● Os cristais são agora secos, fazendo-se uma forte aspiração e sujeitando estes a uma
corrente de ar quente

● Os cristais depois de secos são destacados com uma espátula para um tubo de ensaio
ou para um vidro de relógio previamente tarados

● Os cristais obtidos são sujeitos a um ensaio de pureza, como por exemplo a


determinação do ponto de fusão
● Por comparação do ponto de fusão da amostra inicial com o ponto de fusão dos cristais
obtidos pode-se ter uma noção da eficiência da cristalização efetuada
● Pode-se efetuar a determinação do rendimento da cristalização, pesando os cristais
obtidos e comparando com o peso da amostra inicial

● Por vezes não é suficiente uma só cristalização, sendo necessário recristalizar várias
vezes a amostra, até se obter a pureza pretendida
Sublimação
● Sublimação – purificação de substâncias sólidas que apresentam a propriedade de
passar do estado sólido ao estado de vapor e vice-versa, sem passar pelo estádio
intermédio
● Ocorre antes que a substância funda ou destile
𝑆Ó𝐿𝐼𝐷𝑂 ↔𝑉𝐴𝑃𝑂𝑅

● Podem ser comparados tendo como referência o diagrama pressão-temperatura

● A sublimação é um processo útil para purificar uma substância de impurezas que sejam
essencialmente não voláteis

Destilação
● O processo de destilação consiste no aquecimento de um líquido até uma temperatura à
qual ele se converte em vapor, e então condensar o vapor de novo a líquido numa outra
parte do aparelho

Destilação simples
● A destilação simples, é muito usada para separar um líquido de uma substância não
volátil ou para separar líquidos com pontos de ebulição muito diferentes

● Se um líquido puro é aquecido num balão acoplado a um condensador que está aberto
para a atmosfera no outro extremo a sua pressão de vapor aumentará, a pressão de
vapor do líquido excederá ligeiramente a da atmosfera, e o vapor começará a
expandir-se para fora do aparelho, através do condensador

● É a função do condensador arrefecer os vapores e reconverte-los em líquido


● Numa destilação, o condensador está disposto de modo a que o condensado não
retorne ao balão, em contraste com o seu uso como condensador de refluxo

● No caso de líquidos puros enquanto houver líquido no balão, a temperatura do vapor


destilante não aumenta
● O continuo fornecimento de calor serve, somente, para dar o calor de vaporização
necessário para converter mais líquido a vapor
● A temperatura à qual a destilação tem lugar a uma pressão total de 1 atmosfera é
designada ponto de ebulição normal desse líquido
● Se a pressão no aparelho, não é exatamente igual a 1 atmosfera, a temperatura à qual a
ebulição se inicia será diferente do ponto de ebulição normal
● É por vezes desejável destilar a substância a uma temperatura tão baixa quanto
possível, usando um aparelho no qual a pressão possa ser reduzida

● Na destilação as características significativas de um líquido puro são


o A composição do líquido, do vapor, e do condensado são identificas durante o
processo
o As temperaturas do líquido e do vapor são constantes e, idealmente, iguais ao
longo da destilação

Destilação fracionada
● No caso de misturas, na destilação simples, as primeiras frações do destilado, temos
uma composição mais rica do componente mais volátil
● Conforme o processo se mantém, temos o surgimento gradual do componente mais
volátil, que impurifica o anterior
● Quando a diferença dos pontos de ebulição dos compostos é alta, podemos, no entanto,
prever esta etapa, de forma a poder recolher separadamente as diferentes frações

● Mas, em misturas de compostos com pontos de ebulição próximos, necessitamos


realizar inúmeras vezes este processo
● Assim torna-se vantajoso usar uma coluna de fracionamento, realizando a destilação
fracionada

● Para a destilação fracionada é utilizada uma coluna de destilação de Vigreux ou Hempel,


um condensador e um recetor
● A mistura a ser purificada é colocada no balão de destilação, que é aquecido
● Surge então vapor quente que sobe pela coluna, mas que arrefece por contacto com os
pratos e uma parte acaba por condensar-se
● Com a condensação, o composto volta a forma liquida, que retorna à fonte ao balão
● O ciclo vaporização, condensação ocorre repetidas vezes ao longo de todo o
comprimento da coluna

● Os vários obstáculos instalados na coluna forçam o contacto entre o vapor quente


ascendente e o líquido condensado descendente, gerando sucessivas destilações
simples
● Quanto maior a quantidade de estágios de vaporização-condensação e quanto maior a
área de contacto entre o líquido e o vapor no interior da coluna, mais completa é a
separação e mais purificada é a matéria final
● Ao longo da coluna, a fase vapor vai se enriquecendo com os compostos mais voláteis,
enquanto a fase liquida se concentra com os compostos mais pesados de maior ponto
de ebulição

● A atenção à temperatura é importante


● A cada salto de temperatura no termómetro, devem-se recolher os destilados
correspondentes

Técnicas de destilação
● Uma taxa de aquecimento constante é essencial para o ótimo desempenho de
qualquer aparelho de destilação
● Os banhos de óleo aquecidos eletricamente e as mantas de aquecimento fornecem
uma fonte de calor constante e são facilmente reguláveis
● Se não é necessária uma alta eficiência, um banho de vapor pode ser usado a uma
temperatura superior ao dos materiais inflamáveis
● Pode usar-se uma chama com substância de ponte de ebulição elevado

● A taxa de destilação é controlada pela taxa de fornecimento de calor


● Quanto maior a temperatura acima do ponto de ebulição da mistura, maior a taxa de
destilação
● Quanto menor a velocidade da destilação, maior a eficiência de qualquer aparelho de
destilação
● No caso de uma separação fácil, uma velocidade de recolha do destilado de uma a três
gotas por segunda quase sempre será um compromisso razoável entre velocidade e
eficiência

● Em fracionamentos cuidadosos, a relação de refluxo deve ser bastante elevada, e a


taxa de recolha menor do que esta
● Uma vez que a taxa de fornecimento de calor requerida por uma dada relação de
destilação depende de quanto melhor a coluna está isolada contra as perdas de calor,
esta é melhor determinada por ensaio
● Mesmo com um fornecimento de calor constante, a taxa de aquecimento não será
sempre constante
● Algumas vezes verificam-se períodos alternados de sobreaquecimentos seguidos
por ebulição tumultuosa
● Este fenómeno, designado Bumping, evita que o equilíbrio seja estabelecido dentro da
coluna de fracionamento
● Uma ebulição uniforme pode ser conseguida adicionando-se várias aparas de
destilação
o Estas podem ser pedaços de porcelana não vidrada ou pequenas esferas de
vidro
o As pequenas bolhas de ar presas nos poros destes materiais previnem o
sobreaquecimento, fornecendo o núcleo para a formação da bolha
o O uso de várias aparas é recomendado sempre que tenha que se levar à
ebulição um líquido, nas recristalizações como nas destilações

● Para que uma coluna de destilação opere com a máxima eficiência, deve ser isolada
contra perdas de calor
o A forma mais frequente de isolamento é uma camisa de alto vácuo que é
uma parte integral da coluna
o Algumas vezes é feito um aquecimento elétrico
o O modo mais simples de conseguir algum isolamento para estas colunas é
envolve-las com um par de camadas de folhas de alumínio
o Uma substância de ponto de ebulição elevado é mais facilmente condensada
pela coluna
o Se a coluna é alta e fracamente isolada, pode ser impossível fornecer tanto
calor À caldeira quanto aquele perdido pela coluna

● O volume de líquido no balão de destilação não deve exceder um meio da sua


capacidade

● Se é necessário remover uma grande quantidade de solvente antes de destilar uma


pequena quantidade de um composto de ebulição elevado, é melhor destilar a maior
parte do solvente em então, transferir o resíduo para um balão mais pequeno para
fazer a última parte da destilação
● As perdas na transferência podem ser prevenidas enxaguando com uma pequena
quantidade de solvente que foi removido
● Se está a tentar completar a destilação a partir de um balão grande, não só as perdas
serão maiores devido ao maior volume de vapor e área superficial, mas também as
paredes do balão atuarão como condensadores

● Há várias razões para que o material seja perdido na destilação


o O volume do vapor do balão resultará numa perda de 0,3 a 0,6g por 100ml:
o as paredes do balão de destilação, adaptadores e a coluna também retém uma
certa quantidade

● Uma vez que a temperatura do vapor é muito frequentemente tomada como sendo o
ponto de ebulição do destilado correspondente deve ter-se cuidado
o Para evitar o sobreaquecimento do vapor
o O bolbo do termómetro deverá situar-se abaixo da base do braço lateral que dá
para o condensador

Destilação a pressão reduzida


● Um líquido entra em ebulição quando a sua pressão de vapor iguala a pressão à
superfície
● Isto significa que se pode ferver uma substância a uma temperatura inferior à do seu
ponto de ebulição normal, destilando-a num aparelho no qual a pressão à superfície
possa ser reduzida

● Porque muitas substâncias sofrem decomposição apreciável a temperaturas elevadas, a


destilação a pressão reduzida é desejável para estas substância de modo a minimizar a
decomposição

● Uma regra útil na estimativa do ponto de ebulição a pressão reduzida, é que em geral o
ponto de ebulição de um composto diminui em cerca de 20-30ºC sempre que a pressão
externa é reduzida por um fator 2

● É possível efetuar destilações a pressão reduzida num aparelho de destilação normal,


lingado uma fonte de vácuo à tubuladura lateral do adaptador de destilação

● Para separações que requeiram mais do que uma simples remoção do solvente volátil,
destilando no vácuo o produto a partir de um resíduo não volátil, deve usar-se um
aparelho mais especializado
● Este aparelho deve permitir a recolha de frações de diferentes temperaturas de ebulição,
sem variação da pressão interna ou interrupção do processo de destilação

● O tipo mais simples é designado por coletor de frações; usa um adaptador que pode ser
rodado de modo a colher o destilado em diferentes recipientes
● As desvantagens deste tipo de coletor de frações são o número limitado de frações
permitidas e o facto de as frações mais voláteis poderem destilar nas menos voláteis no
decurso da destilação

● Uma outra aproximação a este problema de como recolher frações sem perturbar o
equilíbrio no aparelho é usar um adaptador de destilação o qual permitirá remover e
substituir o recipiente sem quebras no aparelho de destilação

Extração líquido-líquido
● A extração líquido-líquido pode ser continua ou descontinua

● Na extração descontinua utiliza-se uma ampola de decantação, onde ambos os


solventes são adicionados
o Com a agitação da ampola, o soluto passa para a fase na qual está o solvente
com maior afinidade
o Após separação de fases procede-se à recolha da fase mais densa por
escoamento através da torneira
o A extração líquido-líquido descontínua é indicada quanto existe uma grande
diferença do soluto nos dois solventes
● Na extração líquido-líquido continua, o solvente orgânico passa continuamente sobre a
solução contendo o soluto
● É um processo útil quando a diferença de solubilidade do soluto em ambos os solventes
não é muito grande

Trabalho prático nº1 – Preparação do Ácido Acetilsalicílico


● Objetivo
o A obtenção do analgésico mais consumido pelo homem, a aspirina, baseia-se
numa reação de acetilação do ácido salicílico que reage com o anidrido acético,
produzindo o ácido acetilsalicílico
o Pretende-se com este trabalho obter ácido acetilsalicílico e efetuar a sua
purificação através da técnica de cristalização
o Este método consiste na solubilização a quente de uma amostra sólida num
solvente apropriado e da sua posterior insolubilização por arrefecimento
● Procedimento experimental
o Na hotte adicionar a um balão de 25mL, 5g de ácido salicílico e 10mL de
anidrido acético.
o A esta mistura adicionar 25 gotas de ácido fosfórico 85%, misturar e adicionar
aparas de destilação
o Adaptar ao balão, um condensador de refluxo e aquecer a mistura numa manta
de aquecimento 🡪 aquecimento muito moderado. Manter a ebulição 5 minutos
aproximadamente
o Após breve arrefecimento da mistura, adicionar 10mL de água duma só vez pelo
condensador abaixo. O excesso de anidrido acético será hidrolisado e o
conteúdo do balão começa a ferver.
o Quando a vigorosa reação terminar, transferir a solução para um gobelé de
250mL e arrefecer a mistura até à temperatura ambiente
o Agitar a solução e, se necessário, esfregar as paredes do gobelé com uma
vareta para induzir a cristalização. Deixar a mistura em repouso num banho de
gelo até cristalização completa
o Tarar o filtro e uma caixa de papel de filtro.
o Obter os cristais por filtração por sucção e lavar com um pouco de água gelada
o Secar os cristais durante pelo menos 24h numa estufa a 50ºC-60ºC no
recipiente previamente tarado
o Reservar alguns cristais para posteriormente determinar o ponto de fusão
o Recristalizar o restante ácido acetilsalicílico. Para tal fazer um ensaio de
recristalização, dissolvendo a quente num tubo de ensaio 100mg do produto na
quantidade mínima de solvente necessário para ocorrer recristalização (começar
com 2mL)
▪ Solventes a testar: água desionizada, etanol e acetona
o Após pesagem do produto sólido restante, transferi-lo para um balão de 250mL
com a ajuda do solvente de recristalização, cujo volume deverá obedecer à
proporção determinada no ensaio de recristalização. Promover a dissolução dos
cristais por aquecimento em refluxo
o Filtrar a solução a quente através de um funil de vidro e um filtro de pregas e
recolher o filtrado num gobelé de 250mL. Cristalizar
o Filtrar por sucção com um filtro previamente tarado, lavar com a água gelada e
secar os cristais obtidos num recipiente tarado na estufa

Relatório do trabalho prático nº1


● Objetivo
o Obtenção de ácido acetilsalicílico, vulgarmente conhecido por aspirina, através
da reação de acetilação do ácido salicílico com anidrido acético e,
posteriormente, realizar a sua purificação através da cristalização. Pretende-se
ainda descobrir qual o solvente mais apropriado a usar no processo de
cristalização e determinar os pontos de fusão, após uma filtração a quente da
amostra.

● Introdução
o A aspirina é um fármaco comercializado para o alívio de dores, febre e
inflamação cujo princípio ativo é o ácido acetilsalicílico (𝐶9𝐻8𝑂4)
o Trata-se de um composto cristalino, branco e solúvel em água, que até há
alguns anos atrás possuía um sabor bastante ácido.
o A alteração do sabor ácido do fármaco deve-se à conversão do grupo fenol –OH
num éster acetato, dando assim origem a um ácido acetilsalicílico com as
mesmas propriedades analgésicas, mas com um teor menos corrosivo para o
organismo humano
o Este composto é possível obter tanto em laboratório como industrialmente a
partir da reação de acetilação do ácido salicílico (𝐶7𝐻6𝑂3) com o anidrido
acético (𝐶4𝐻6𝑂3).
o É simultaneamente acrescentando ácido fosfórico 85%, que irá funcionar como
um catalisador de modo a acelerar a reação química.
o A reação pode ser traduzida pela seguinte equação:
▪ 𝐶7𝐻6𝑂3 (𝑠) + 𝐶4𝐻6𝑂3 (𝑙) → 𝐶9𝐻8𝑂4 (𝑠) + 𝐶𝐻3𝐶𝑂𝑂𝐻 (𝑙)

o Após a mistura dos reagentes anteriormente referidos, irá efetuar-se um


aquecimento em refluxo com recurso a um condensador.
o Este processo permite que a mistura, que, entretanto, atingiu o seu ponto de
ebulição, sofra uma condensação, para que os gases formados regressem ao
balão no estado líquido, evitando desta forma a perda destes mesmos.
o O aquecimento deve ser gradual e deve-se ainda adicionar aparas de
destilação, de forma a que a ebulição da mistura seja homogénea.
o No final deste processo, deve-se juntar água de forma a hidrolisar o excesso de
anidrido acético presente no balão.
o Como o produto desta reação teremos ácido acetilsalicílico com impurezas.
o De forma a eliminar estas impurezas será necessário recorrer a técnicas de
separação e purificação, de modo a obter-se o composto no seu estado mais
puro.
o Procede-se primeiramente à cristalização da amostra impura, ou seja, à sua
solubilização a quente num solvente apropriado e à posterior insolubilização em
banho de gelo.
o Ter em atenção que a solução não deve ser transferida diretamente para o
banho de gelo, mas deve primeiro arrefecer a temperatura ambiente.
o Irão ser efetuadas várias cristalizações, visto que uma não será suficiente para
obter a amostra pura.
o Para que a cristalização seja efetuada nas condições mais favoráveis, é
necessário escolher o solvente mais adequado, recorrendo a testes e atendendo
às características do solvente ideal.
o Uma outra condição a atentar aquando a cristalização é o ritmo de
arrefecimento da substância.
o Um arrefecimento muito abrupto poderá levar à formação de cristais muito
pequenos, enquanto uma diminuição lenta da temperatura levará à formação de
cristais muito grandes, o que resultará na acumulação de várias impurezas.
o De forma, a evitar estas ocorrências deveremos proceder com um arrefecimento
lento à temperatura ambiente, seguido de uma passagem por água corrente e
só depois finalizar com um banho de gelo
o Após a cristalização, a substância é sujeita a uma filtração por sucção com o
intuito de obter os cristais.
o Como filtração entende-se separação de um filtrado, um líquido límpido, de um
resíduo, ou seja, a substância sólida que se encontrava originalmente em
suspensão na mistura.
o Adicionalmente, na segunda cristalização, efetuamos também uma filtração por
efeito de gravidade.
o Os cristais obtidos serão transportados para estufa onde serão secos para, mais
tarde, se efetuar a determinação do ponto de fusão.
o Como ponto de fusão entende-se a “temperatura à qual, a uma determinada
pressão, as fases sólida e líquida se encontram em equilíbrio”
o Uma amostra diz-se pura sempre que o “intervalo de fusão” se situe entre 1ºC e
3ºC, caso este intervalo seja ultrapassado, a amostra contém impurezas.
o Quanto maior o intervalo de fusão, maior a percentagem de impurezas contidas
numa amostra.
o No caso do ácido acetilsalicílico, o seu ponto de fusão situa-se nos 135ºC.
o Com este trabalho laboratorial pretendemos efetuar o cálculo do rendimento do
ácido acetilsalicílico e determinar se a amostra é pura ou não através da
determinação do intervalo de fusão.
● Cálculos e resultados experimentais
o Escolha do Solvente
Solvente Dissolução a Dissolução a Observações
temperatura quente
ambiente
Água desionizada Não Sim Apropriado
Etanol Sim - Inapropriado
Acetona Sim - Inapropriado

o Cálculo do Solvente
▪ m(cristais) = 100mg
▪ V(solvente) = 2mL
▪ m(cristais)= 0,88g
−3 −3
100𝑥10 𝑔 − 2𝑥10 𝐿
0, 88𝑔 − 𝑥
−3
0,88𝑔 𝑥 (2𝑥10 𝐿)
𝑥= −3 ⇔𝑥 = 17, 6𝑚𝐿
100𝑥10 𝑔

o Dados
▪ m (ácido salicílico) = 5,00g
▪ V (anidrido acético) = 10,00mL
▪ c (anidrido acético) = 0,98kg/L
▪ V (ácido fosfórico) = 25 gotas
▪ M (ácido salicílico) = 138,13 g/mol
▪ M (anidrido acético) = 102,09 g/mol

o Cálculo do reagente limitante


▪ Ácido salicílico
𝑚 5,00𝑔 −2
𝑛= ⟺𝑛 = ⟺ 𝑛 = 3, 6198 𝑥 10 𝑚𝑜𝑙
𝑀 138,13 ( ) 𝑔
𝑚𝑜𝑙

▪ Anidrido acético
𝑐=
𝑚
𝑉
⇔ 0, 98𝑥10 ( )=
3 𝑔
𝐿
𝑚
−3
10,00 𝑥 10 𝐿
⇔𝑚 = 9, 8𝑔

𝑚 9,8𝑔 −2
𝑛= 𝑀
⇔𝑛 = 𝑔 ⇔𝑛 = 9, 5994 𝑥 10 𝑚𝑜𝑙
102,09 ( 𝑚𝑜𝑙
)

o Dados das Massas


▪ 1ª caixa
● m (caixa + filtro) = 2,58g
● m (caixa + filtro + cristais) = 3,65g
𝑚(𝑐𝑟𝑖𝑠𝑡𝑎𝑖𝑠) = 𝑚(𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 + 𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 + 𝑐𝑟𝑖𝑠𝑡𝑎𝑖𝑠) − 𝑚(𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 − 𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜)
𝑚(𝑐𝑟𝑖𝑠𝑡𝑎𝑖𝑠) = 3, 65𝑔 − 2, 58𝑔 = 1, 07𝑔

o Após testes de solventes:


▪ m (caixa + filtro + cristais) = 3,46g
𝑚(𝑐𝑟𝑖𝑠𝑡𝑎𝑖𝑠) = 𝑚(𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 + 𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜 + 𝑐𝑟𝑖𝑠𝑡𝑎𝑖𝑠) − 𝑚(𝑐𝑎𝑖𝑥𝑎 − 𝑓𝑖𝑙𝑡𝑟𝑜)
𝑚(𝑐𝑟𝑖𝑠𝑡𝑎𝑖𝑠) = 3, 46𝑔 − 2, 58𝑔 = 0, 88𝑔
o 2ª caixa
▪ m (caixa + filtro) = 2,60g
▪ m (cristais + filtro + caixa) = 2,60g

o Cálculo da Massa Esperada


−2
▪ n (ácido salicílico) = 3, 6198 𝑥 10 𝑚𝑜𝑙
▪ M (ácido acetilsalicílico) = 180, 154g/mol
𝑚
𝑛= 𝑀
⇔𝑚 = 𝑛 𝑥 𝑀

𝑚 = 3, 6198 𝑥10
−2
𝑥 180, 154 ( )⇔𝑚 = 6, 522𝑔
𝑔
𝑚𝑜𝑙

o Cálculo do Rendimento
▪ 1ª Cristalização
𝑚𝑜𝑏𝑡𝑖𝑑𝑜
µ= 𝑚𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜
𝑥 100%

1,07𝑔
µ= 6,522𝑔
𝑥 100% ⟺ µ = 16, 41%

▪ 2ª Cristalização
𝑚𝑜𝑏𝑡𝑖𝑑𝑜
µ= 𝑚𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜
𝑥 100%

0𝑔
µ= 6,522𝑔
𝑥 100% ⟺ µ = 0%

o Intervalo de Fusão
▪ Ponto de fusão esperado: 135ºC
▪ Intervalo de fusão obtido: 115ºC a 124ºC
▪ ∆ = 9º𝐶

● Conclusão
o Através dos resultados obtidos tanto do rendimento como do intervalo de fusão,
conclui-se que a síntese de ácido acetilsalicílico, por outras palavras Aspirina,
não ocorreu com sucesso, pelo que obtivemos após a conclusão de todos os
passos um rendimento de 0%.
o Em primeiro lugar foram conduzidos testes com o intuito de identificar o solvente
mais apropriado para a experiência laboratorial em questão.
o Atentando aos critérios de escolha de solvente previamente mencionados na
introdução, foi utilizada a água destilada como solvente para purificação do
ácido acetilsalicílico.
o Verificou-se que nos tubos que continham etanol e acetona, houve dissolução a
temperatura ambiente dos 100mg de ácido acetilsalicílico, que tivera sido
previamente sintetizado.
o No entanto ao acrescentar água destilada aos 100mg de ácido acetilsalicílico
verificou-se que este solvente apenas dissolvia os cristais a quente, ou seja
quando colado num banho-maria, tal como se pretendia.
o Como os testes foram bastante claros nos resultados, pensamos nós que a
escolha do solvente não poderá ter sido a causa para o insucesso desta
experiência, visto que houve outros grupo que conseguiram que a experiência
fosse sucedida, utilizando o mesmo solvente, ou seja, a água destilada.
o Ponderamos então os motivos para os quais a experiência não revelou os
resultados esperados, colocando a questão em que parte do projeto laboratorial
terão sido cometidos os erros que levaram ao insucesso da experiência.
o O erro tanto pode ter ocorrido durante a 1ª cristalização, que equivale à primeira
parte do projeto, como durante a recristalização efetuada na segunda parte do
trabalho.
o Na 1ª cristalização, que compunha a primeira parte da experiência, podemos ter
deixado a mistura pouco ou demasiado tempo em banho-maria ou,
possivelmente, não ter deixado aquecer o tempo suficiente de forma a ser
realizada a hidrólise, tendo assim havido uma hidrólise incompleta, apesar de
após ligeiro arrefecimento da mistura, terem sido adicionados 10mL de água
desionizada de forma a hidrolisar o excesso de anidrido acético presente na
mistura.
o Já nesta etapa, a cristalização demorou mais tempo do que o esperado, o que
nos levou a pensar de que não iríamos obter o resultado esperado.
o A formação de cristais foi relativamente lenta em comparação com outros
grupos, que tinham efetuado a experiência previamente.
o No final, acabamos por obter uma massa relativamente baixa em cristais 1,07g,
obtendo assim um rendimento da primeira cristalização de somente 16, 41%.
o Se compararmos com os dados obtidos pelo grupo de antigos alunos que
efetuou a experiência no ano de 2011, verificamos uma diferença tanto na
massa como no rendimento, visto que este grupo conseguiu obter um
rendimento de 23%, valor que se encontra relativamente mais alto do que o
nosso.
o Poderemos então concluir, que já na primeira parte conseguiríamos observar um
desvio em relação ao padrão esperado.
o Esta diferença de massas obtidas nesta etapa poderá explicar parcialmente o
resultado obtido na recristalização.
o Na purificação, segunda parte da experiência, onde se observou claramente o
insucesso do trabalho laboratorial, pensamos que os seguintes fatores podem
ter levado ao rendimento de 0%.
o Fatores estes que são:
▪ o ponto de ebulição pode não ter sido mantido ao longo do aquecimento
▪ poderá, então, não ter ocorrido hidrólise, nem a síntese de ácido
acetilsalicílico
▪ o facto de não terem sido colocadas aparas de cristalização, que
permitem a homogeneização da mistura
o Ao observarmos os dados retirados de um antigo relatório de alunos da Escola
Superior de Biotecnologia, reparamos que o rendimento obtido após purificação
é relativamente baixo, admitindo o valor de somente 3% com uma massa obtida
de 0,215g.
o Ponderamos, então, se o facto de inicialmente após a primeira cristalização
termos obtidos um rendimento já relativamente baixo, poderá também ter levado
ao rendimento de 0% após purificação dos cristais.
o Relativamente ao intervalo de fusão que demonstrou uma diferença de 9ºC
(115ºC a 124ºC), concluímos que a mistura que foi sintetizada obtinha algumas
impurezas.
o O facto de se encontrarem impurezas no ácido acetilsalicílico poderá estar
relacionado com ritmo de arrefecimento, visto que um arrefecimento muito lento
ou demasiado abrupto levará à acumulação de impurezas.
o Os erros que ocorreram ao longo do trabalho experimental poderão também ter
derivado dos erros associados ao material utilizado no laboratório e das perdas
involuntárias do composto ao longo do procedimento.
o Como comparação utilizamos os dados de um outro grupo de trabalho, que
apesar de apresentar um rendimento positivo, os seus intervalos de fusão ainda
foram bastante extensos apresentando uma diferença de 21ºC na primeira
leitura e de 16ºC na segunda leitura.
o Estas altas diferenças de entre os intervalos de fusão demonstram um alto teor
de impurezas no composto sintetizado.
o Assim propomos para a determinação das impurezas contidas na mistura uma
das seguintes técnicas de purificação: Cromatografia ou Espectro de
Infravermelhos.
o Tratam-se de dois processos simples e de rápida execução: em que no primeiro
verificar-se-á o deslocamento da fase móvel em relação à fase estacionária,
destacando assim os diferentes compostos contidos na mistura e, no segundo
irão ser comparados o espectro obtido com o especto padrão da substância a
sintetizar
Trabalho prático nº2 – Obtenção de Biodiesel
● Objetivo
o Familiarizar o aluno com reações de transesterificação
o Alertar para a importância do aproveitamento de óleos vegetais usados para a
produção de diferentes produtos com o valor acrescentado, como seja o
biodiesel, e a glicerina

● Procedimento
o Filtrar através de um funil com gaze cerca de 150mL de óleo vegetal usado para
um matraz de 250mL
o Medir por pipeta graduada cerca de 10mL de óleo vegetal filtrado para matraz
de 100mL
o Adicionar 25mL de solução de éter dietílico: etanol (50:50) e 5 gotas de solução
de fenolftaleína
o Titular lentamente, o óleo vegetal filtrado com a solução de NaOH a 0,2% (m/v)
até a solução apresentar cor rósea 🡪 ponto de viragem do indicador
o Pesar para um vidro de relógio uma quantidade de NaOH igual à massa
calculada + 0,5g
o Medir na hotte cerca de 20mL de metanol (atenção tóxico) por pipeta graduada
para um matraz de 100mL. Ainda na hotte, adicionar, lentamente com agitação
numa placa de agitação magnética o NaOH previamente pesado, ao metanol 🡪
composto formado é tóxico. Deixar dissolver completamente
o Medir por proveta cerca de 100mL de óleo vegetal usado filtrado e verter para
um matraz com tampa de 250mL e aquecer o 48ºC-54ºC
o Sem deixar arrefecer, colocar o matraz numa placa de agitação magnética sem
aquecimento, adicionar lentamente a solução de NaOH em metanol, preparada
o Colocar a mistura a agitar vigorosamente durante 50min com o matraz tapado
o Decantar o biodiesel (menos denso que a glicerina) para uma ampola de
decantação
o Lavar com duas porções de 25mL de água desionizada, agitar lentamente e
deixar repousar alguns minutos para separação de fases. Verificar a
neutralidade da água com papel indicador
o Secar com sulfato de sódio anidro e filtrar por gravidade
o Numa placa de TLC (Thin Layer Cromotography) de alumínio recoberta com
sílica, fazer 3 aplicações de cerca de 20µL de, respetivamente, óleo vegetal
usado, óleo vegetal novo e biodiesel obtido
o Aplicar as amostras cerca de 1cm de fundo da placa de TLC. Deixar secar 2 a
3min.
o Colocar na câmara de cromatografia contendo cerca de 25mL de solvente de
eluição (hexano: éter dietílico: ácido acético; 85:15:1), o nível do líquido deve
situar-se abaixo da zona em que foram colocadas as amostras
o Fechar a câmara e deixar decorrer a eluição até cerca de 1cm do cimo da placa
o Após eluição, retirar a placa da câmara de cromatografia e deixar secar na
hotte, cerca de 3min.
o Para revelação das manchas introduzir na câmara de revelação (contendo
cristais de iodo), a placa previamente seca (aproximadamente 5min)

Relatório do trabalho prático nº2 – Obtenção de Biodiesel


● Objetivo
o Obtenção de biodiesel (e glicerina) a partir de óleo vegetal usado, através de
uma reação de transesterificação.

● Introdução
o A procura por alternativas aos combustíveis fósseis tem-se revelado uma
necessidade que tem vindo a crescer ao longo do tempo, uma vez que até aos
tempos de hoje são maioritariamente utilizadas como fontes de produção de
energia componentes não renováveis como o carvão, o petróleo e o gás natural,
cuja existência é limitada e incerta no futuro próximo.
o Neste sentido, o “biodiesel” surge como o substituto ideal aos combustíveis à
base de petróleo que existem atualmente disponíveis no mercado.
o Trata-se de um biocombustível formado por ésteres de ácidos gordos, ésteres
alquilo e ácidos carboxílicos de cadeia longa, que se pode obter a partir de uma
reação de transesterificação.
o A reação de transesterificação traduz-se na reação química de um lípido como o
óleo de origem vegetal ou animal com um álcool como por exemplo metanol ou
o etanol, na presença de um catalisador.
o Para a produção de biodiesel é geralmente é utilizado o hidróxido de sódio,
NaOH.
o Nesta reação obtém-se para além do biodiesel como produto primário, a
glicerina como subproduto desta reação.
o A glicerina é conhecida por ser o reagente que origina o sabão.
o Quimicamente biodiesel denomina-se de um éster que é composto por
monoésteres de ácidos graxos.
o Esta reação pode ser traduzida pela seguinte equação:

o O biodiesel revela-se mais vantajoso que os combustíveis atualmente


disponíveis por diversas razões como:
▪ a sua característica de ser biodegradável,
▪ ser auxiliar a evitar o desperdício, visto que na sua produção vão ser
utilizados óleos alimentares usados
▪ não libertar gases poluentes, que contribuem para o agravamento do
efeito de estufa durante a sua queima
▪ e por poder ser utilizado juntamente com o diesel comum sem provocar
qualquer alteração no engenho.
o No entanto, a produção de biodiesel apresenta uma grande desvantagem que
provem da grande quantidade de glicerina que é obtida que, na queima.
o Esta pode originar uma substância denominada de acroleína, um composto que
é suspeito de ser cancerígena.
o Primeiramente é necessário determinar a quantidade a utilizar de catalisador,
que neste caso será a substância hidróxido de sódio (NaOH), para adicionar a
100mL de óleo vegetal usado.
o Esta determinação é efetuada através da titulação de 10mL de óleo vegetal
usado com o catalisador NaOH, observando o ponto de viragem de cor da
solução, ou seja, o momento em que o indicador de pH, neste caso a
fenolftaleína, adquire uma cor rosa.
o O catalisador tem como objetivo acelerar a reação entre o álcool, mais
concretamente o metanol, e o óleo vegetal usado, ou mais precisamente, os
triglicéridos.
o Em seguida, após a adição do metanol (uma solução com um nível de
toxicidade elevada) e do hidróxido de sódio ao óleo usado, procede-se ao
aquecimento da mistura de forma a auxiliar no processo de transesterificação.
o Posteriormente, e depois de bem misturada, a solução é deixada a repousar
para mais tarde se proceder à sua decantação.
o Na produção deste biocombustível, é necessário separar os componentes
presentes na mistura: o biodiesel e a glicerina.
o Como estes possuem densidades distintas, vão estar separados por fases, por
isso é possível recorrer à decantação para os separar.
o A glicerina sendo o componente mais denso encontrar-se-á no fundo do
recipiente.
o Após a separação dos componentes, o biodiesel que ficou na ampola é lavado
com porções de água desionizada de forma a remover o catalisador NaOH.
o Para verificar a eficácia da remoção do catalisador, após cada lavagem
efetua-se a medição do pH com o auxílio uma fita de pH.
o O objetivo é atingir o valor neutro, pH=7, com as duas lavagens inicias.
o Caso isso não se verifique, procede-se com as lavagens até esse valor ser
obtido.
o Depois, retira-se a água, que por ser mais densa que o biodiesel, estará na fase
inferior e seca-se o biodiesel com sulfato de sódio anidro que, como é
hidroscópio, é insolúvel no biodiesel e absorve a água em excesso presente na
solução.
o Seguidamente, efetua-se a filtração por efeito de gravidade de forma a remover
o sulfato de sódio de anidro em excesso e com o objetivo de obter uma solução
de biodiesel pura.
o No final, executa-se um teste de cromatografia em camada fina de modo a
comparar as distâncias percorridas pelo óleo vegetal velho, óleo vegetal novo e
o biodiesel produzido em laboratório.
o Por cromatografia entende-se o “processo de purificação ou separação de
componentes de uma mistura, por ação do deslocamento de uma fase móvel
relativamente a uma fase estacionária”
o Para isso, coloca-se uma gota de cada óleo numa placa TLC de sílica (é
necessário ter em atenção o espaçamento entre cada gota e entre as bordas da
placa) de modo a ocorrer a eluição.
o Coloca-se a placa numa câmara cromatográfica, que contem cerca de 25mL de
eluente e deixa-se decorrer a eluição por uns minutos.
o Em seguida, coloca-se a placa numa câmara de revelação, visto que as
substâncias são incolores e é necessário dar cor às manchas obtidas na placa
de forma a conseguir retirar conclusões sobre as distâncias percorridas por cada
óleo.
o Apesar de existiram inúmeras técnicas de cromatografia, utilizou-se a
cromatografia em camada fina por ser um processo simples, pouco dispendioso
e por possibilitar a análise de pequenas quantidades de amostra.

● Cálculos e resultados experimentais


o Primeiramente é necessário recorrer ao cálculo da quantidade em gramas de
catalisador (NaOH) necessário para reagir com 100mL de óleo vegetal. Este
𝑚
cálculo tem como base a titulação de NaOH ( 𝑣
= 0, 2%) com 10mL de óleo
vegetal usado.
o Volumes obtidos:
▪ Volume inicial = 16mL
▪ Volume final = 18mL
▪ ΔV = 2mL

o Cálculo da massa de NaOH para titular 100mL de óleo vegetal


10 𝑚𝐿 ó𝑙𝑒𝑜 − 2𝑚𝐿 𝑑𝑒 𝑁𝑎𝑂𝐻
100𝑚𝐿 ó𝑙𝑒𝑜 − 𝑥
→ 𝑥 = 20𝑚𝐿
🡺 Com este cálculo sabemos, então, que para titular 100mL de óleo vegetal vão
ser necessários 20mL de hidróxido de sódio (NaOH)

o Utilizando hidróxido de sódio sólido é necessário efetuar o cálculo de conversão


de volume em gramas:
▪ Sabendo que % ( ) = 0, 2%
𝑚
𝑣
𝑥
0, 2% = −3
20𝑥10

−3
(
0, 2% 𝑥 20𝑥10 )= 𝑥
𝑥 = 0, 04𝑔

o Massa teórica = 0,04g + 0,5g = 0,54g


o Massa prática = 0,5346g
🡺 Nota: visto que não vão ser efetuados cálculos de rendimento, não é
necessária uma medição de peso muito rigorosa, pelo que a massa prática e a
massa teórica diferem por 0,0054g

● Conclusão
o Primeiramente, de forma a ser possível efetuar uma reação de
transesterificação a partir de um óleo usado, é necessário adicionar uma
solução de éter dietílico.
o Esta solução é composta por etanol (50:50) e 5 gotas de solução de
fenolftaleína e é utilizada com o intuito de solubilizar o óleo usado, que sendo
uma gordura é insolúvel em água, pois só será possível solubilizar soluções
apolares com uma outra solução apolar.
o Para a produção de biodiesel é utilizado hidróxido de sódio (NaOH) como
catalisador da reação.
o Um catalisador é uma substância, que não é consumida numa reação e que tem
como objetivo aumentar a velocidade de uma reação química ao diminuir a
energia de ativação.
o A energia de ativação é a energia mínima necessária para dar início a uma
reação química.
o De forma a calcular a quantidade de massa de hidróxido de sódio necessária
para titular 100mL de óleo usado é efetuado um este com somente 10mL de
óleo usado.
o A este volume foram adicionadas gotas de hidróxido de sódio (0,2%) por
titulação até ao ponto em que a solução sofreu uma mudança de cor (cor rósea).
o Sabendo que foram consumidos 2mL de NaOH para ser possível observar esta
alteração, é possível calcular a massa necessária para a titulação de 100mL.
o A massa necessária será 0,04g mais 0,5g adicionais, equivalendo a um total de
0,54g.
o Atentando que não é necessário efetuar cálculos de rendimento da reação é
possível observar que a massa teórica difere da massa utilizada na prática (Δm
= 0,0054g).
o Como previamente mencionado na introdução do relatório é utilizado neste
procedimento experimental como processo de purificação a cromatografia de
camada fina.
o Este processo resume-se na purificação ou separação de componentes de uma
mistura através da ação de deslocamento de uma fase móvel em relação a uma
fase estacionária.
o Para este trabalho experimental foi utilizado uma placa de TLC (thin layer
cromotography) de alumínio revestida por sílica.
o Após a aplicação de uma gota de 20µL de cada solução disponível (óleo novo,
óleo usado e biodiesel), a placa é colocada numa câmara de cromatografia, que
contem como solvente de eluição.
o As soluções utilizadas são incolores, pelo que após a eluição é necessário
colocar a placa de cromatografia numa câmara de revelação.
o Na câmara de revelação encontramos cristais de iodo, que em contacto com
uma vasta gama de compostos orgânicos reagem num composto complexo com
uma coloração amarela.
o Ao observar o cromatograma obtido podemos concluir que a substância que se
deslocou por uma maior distância é o biodiesel.
o Existem duas razões que justifiquem esta observação:
▪ Biodiesel tem uma massa molecular reduzida (292,2g/mol) comparando
com óleo vegetal novo ou usado (874,8g/mol)
▪ As forças intermoleculares de biodiesel são também reduzidas
relativamente a óleo vegetal novo e óleo vegetal usado
o A observação das diferentes distâncias percorridas pelas três diferentes
amostras permite concluir que uma solução homogénea de éster com mono-, di-
e triglicéridos demonstra uma maior viscosidade e densidade em comparação
com a solução de biodiesel, que apresenta como componente éster puro.
o De salientar é como no cromatograma apresentado as manchas sobrepõem-se
por parte e podem ser consideradas relativamente largas.
o Isto deve-se ao facto de as gotas de cada solução terem sido colocadas
demasiado aproximadas umas das outras e numa quantidade relativamente
elevada.
o Com a técnica de cromatografia de camada fina podemos concluir que o
biodiesel produzido é relativamente puro em comparação com o óleo vegetal
usado e novo.
o Esta experiência laboratorial permitiu demonstrar como a reutilização de
material usado como óleo vegetal culinário é uma fonte segura e viável para a
produção de alternativas ao combustível comum como o biodiesel.
Trabalho prático nº3 – Isolamento de R – (+) – Limoneno a partir da casca de laranja
● Objetivo:
o Familiarizar o aluno com as técnicas de destilação e extração múltipla
líquido/líquido
o Este trabalho consiste na obtenção de R-(+)-Limoneno a partir da casca de
laranja utilizando técnicas acima mencionadas
o O R-(+)-Limoneno é o principal constituinte do vapor volátil do óleo de toranja ou
da casca de laranja
o Pode ser isolado como uma substância com cerca de 97% de pureza pela
simples destilação da casca de citrinos
o É o responsável pelo característico odor da casca de citrinos

● Procedimento experimental
o Descascar duas laranjas, cortar a casca em pedaços de cerca de 5-10mm e
colocar num balão de 500mL, juntamente com 250mL de água e aparas de
destilação
o Destilar a mistura rapidamente, aquecendo o balão em manta de aquecimento,
até recolher cerca de 50mL de destilado
o Colocar o destilado numa ampola de decantação e extrair o R-(+)-Limoneno a
partir do destilado com 2x20mL de diclorometano
o Recolher duas porções de diclorometano num matraz rolhado
o Adicionar ao extrato uma espátula de sulfato de magnésio anidro, agite e deixe
repousar durante alguns minutos
o Isolar o R-(+)-Limoneno, filtrando o extrato através de um funil de vidro e filtro de
pregas para um balão de 100mL previamente tarado e remover o solvente por
destilação sob pressão reduzida (rotavapor)
o Colocar o balão a secar durante cerca de 10 minutos numa estufa a 60ºC e
pesar o produto obtido após arrefecimento

Relatório do trabalho prático nº3 – Isolação de R-(+)-Limoneno


● Objetivo
o Obtenção do R- (+)-Limoneno a partir de cascas de laranjas com recurso a
técnicas de destilação simples, destilação sob pressão reduzida (rota vapor),
extração múltipla líquido-líquido e filtração por gravidade.

● Introdução
o O limoneno, 1-metil-4-isoprenilciclohex-1-eno (IUPAC), é um composto orgânico
pertencente à família dos terpenos, classe dos monoterpenos.
o Terpenos são polímeros de isopreno e os principais constituintes dos óleos
essenciais.
o Trata-se de um hidrocarboneto cíclico, natural e insaturado, de fórmula
molecular (𝐶10𝐻16), e que se caracteriza por possuir uma textura oleosa e ser
volátil, sendo responsável pelo odor dos citrinos, nomeadamente o limão e a
laranja.
o De acordo com a IUPAC, o limoneno apresenta dois isómeros configuracionais:
o R- (+) -Limoneno, presente na casca das laranjas, e o S-(+)-Limoneno,
presente na casca dos limões.
o Por isómeros configuracionais entende-se isómeros da mesma estrutura que
diferem na configuração espacial dos átomos.
o No que diz respeito ao R- (+) -Limoneno, possui um ponto de fusão baixo
(-74ºC), um ponto de ebulição que varia entre 177ºC e 178ºC e uma densidade
de 0.84 g/cm3 .
o O Limoneno é um composto muito inflamável e irritável ao toque, que pode ser
utilizado para processos de limpeza como por exemplo a remoção do óleo de
componentes mecânicos e pode ser usado como diluente para tintas e resinas.
o De maneira a obter-se o R- (+) -Limoneno isolado, primeiramente deverá
proceder-se a uma destilação simples da mistura, ou seja, aquecê-la para a
posterior extração do destilado, tendo por base os diferentes pontos de ebulição
dos líquidos da mistura
o Para que seja uma destilação bem-sucedida é necessário que o fornecimento
de calor seja constante (para esse efeito, usa-se uma manta de aquecimento) e
que o aquecimento seja uniforme (para tal, usa-se aparas de destilação).
o Após a recolha de 50 ml do destilado, segue-se a extração líquido-líquido que
consiste na mistura de duas soluções com diferentes densidades e solubilidades
o Neste procedimento experimental, é preciso que o R- (+) -Limoneno tivesse um
maior coeficiente de solubilidade num novo solvente, e para isso utiliza-se o
diclorometano, um solvente orgânico volátil e insolúvel em água.
o Sendo que o diclorometano possui uma densidade superior à do destilado, este
vai ficar na fase inferior, possibilitando a obtenção do R-(+)-Limoneno.
o Repete-se o procedimento duas vezes (2x20ml de diclorometano).
o No final do procedimento, obtém-se uma mistura de R- (+) -Limoneno,
diclorometano e uma quantidade residual de água.
o De maneira a extrair a água presente na mistura, utiliza-se o sulfato de
magnésio anidro (MgSO4) que, por ser hidroscópico, irá atrair as moléculas de
água e, desta forma, secar a mistura.
o Em seguida, efetua-se uma filtração por gravidade, ou seja, a separação de
resíduos sólidos suspensos num líquido para retirar qualquer excesso de
MgSO4 que ainda esteja presente na mistura.
o Desta forma, obtemos uma mistura de R- (+) -Limoneno com diclorometano.
o Posteriormente, realiza-se uma destilação a pressão reduzida com recurso ao
rotavapor, de maneira a que o diclorometano que possa ter ficado na mistura,
evapore.
o Esta técnica revela-se eficaz na remoção de solventes voláteis.
o É também utilizada esta técnica, visto que o diclorometano tem um ponto de
ebulição relativamente baixo de 37ºC.
o Por fim, a mistura é colocada numa estufa a 60ºC durante 10 minutos, de forma
a obter-se o R- (+) -Limoneno livre de resíduos de diclorometano e da água
proveniente do balão.
o Após a colocação do balão na estufe, este é pesado e o rendimento é calculado.

● Cálculos e resultados experimentais


o Dados
▪ 𝑚(𝑏𝑎𝑙ã𝑜 + 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑖ç𝑎) = 86, 6664𝑔
▪ 𝑚1(𝑏𝑎𝑙ã𝑜 + 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑖ç𝑎 + 𝑙𝑖𝑚𝑜𝑛𝑒𝑛𝑜) = 95, 54𝑔
▪ ∆𝑚 = 𝑚1 − 𝑚
▪ ∆𝑚2 = 95, 54𝑔 − 86, 6664𝑔 = 8, 8736𝑔
▪ 𝑚3(𝑏𝑎𝑙ã𝑜 + 𝑐𝑜𝑟𝑡𝑖ç𝑎 + 𝑙𝑖𝑚𝑜𝑛𝑒𝑛𝑜) = 87, 71𝑔
▪ ∆𝑚4 = 𝑚3 − 𝑚
▪ ∆𝑚 = 87, 71𝑔 − 86, 6664𝑔 = 1, 0436𝑔

o Após ser calculada a massa de limoneno extraída a partir da casca de duas


laranja, é calculado o rendimento da reação:
𝑚𝑜𝑏𝑡𝑖𝑑𝑜
𝑅𝑒𝑛𝑑𝑖𝑚𝑒𝑛𝑡𝑜 (ɳ) = 𝑚𝑒𝑠𝑝𝑒𝑟𝑎𝑑𝑜
𝑥 100

o Sabendo que em média é obtido um rendimento de 0,84g no processo de


extração de R- (+) -Limoneno da casca de uma laranja. No cálculo do
rendimento (em ambas as tentativas), multiplica-se a massa teórica por um fator
de 2, por terem sido utilizadas duas laranjas no procedimento experimental.

o Cálculo do rendimento
▪ 1ª tentativa
8,8736𝑔
ɳ= 2 𝑥 0,84𝑔
𝑥100 = 528, 19%

▪ 2ª tentativa
1,0436𝑔
ɳ= 2 𝑥 0,84𝑔
𝑥100 = 62, 119% = 62, 12%

● Conclusão
o Após execução do trabalho laboratorial foi possível obter 1,0436g de R- (+)
-Limoneno puro.
o A pesagem equivale, então, a um rendimento de 62,12%. Sabendo que o
rendimento médio de isolamento de R- (+) -Limoneno da casca de somente uma
laranja corresponde a 0,84g, verificamos que por uma laranja obtivemos um
valor de 0,5218g, encontrando-se assim o resultado obtido abaixo da média por
cerca de 0,32g.
o A discrepância de valores é justificável através dos seguintes fatores:
▪ O acondicionamento errado do sistema de destilação, que ao não estar
apropriadamente fechado e isolado, pode levar à perda de vapores de
R- (+) -Limoneno no decorrer do processo de aquecimento
▪ Durante o processo de extração, é possível que tenha ficado uma
porção de R- (+) -Limoneno retida na ampola de decantação, devido a,
por exemplo, uma agitação insuficiente
▪ No final do procedimento, o balão poderá não ter ficado tempo
suficiente em repouso dentro da estufa
o Como é possível verificar através dos resultados, foi necessário efetuar duas
tentativas para conseguir obter um rendimento lógico da execução laboratorial.
o Na primeira tentativa foi obtido um valor de 528,19% para o rendimento da
experiência.
o Este valor poderá dever-se a um erro durante o processo de decantação, ou
seja, de extração do limoneno que se encontrava em solução com
diclorometano.
o Como foi previamente explicado durante a introdução, no processo de extração
é necessário que existam duas soluções, separadas em fases, com densidades
e solubilidades diferentes numa ampola de decantação, para que seja possível
extrair a solução pretendida.
o Durante a extração do R- (+) -Limoneno o erro que poderá ter ocorrido é que ao
extrair o limoneno em solução com o diclorometano é que tenha sido também
retirada mais água do que a desejada.
o Mesmo tendo adicionado sulfato de magnésio MgSO4 de forma a remover a
água em excesso que se encontrava presente em solução, o agente secante
pode não ter sido colocado em proporções adequadas quanto à quantidade de
água em excesso.
o Como na destilação a pressão reduzida o rotavapor alcança somente uma
temperatura de cerca 40ºC a água que ainda se encontra em excesso não
condensa.
o O rotavapor é colocado somente à temperatura adequada para condensar o
diclorometano que se encontra em solução com o R- (+) -Limoneno.
o Verificamos, então, que após repouso na estufa por cerca de 10 minutos dentro
do balão volumétrico não se encontra R- (+) -Limoneno extraído da casca de
laranja, mas sim R- (+) -Limoneno em solução aquosa de 𝐻2𝑂.
o Este fenómeno foi possível também notar através do aroma que provinha do
balão, pois comparando com a experiência de um outro grupo, do nosso balão
volumétrico provinha somente um aroma muito fraco a limoneno.
o De forma a contornar este obstáculo, foi necessário recuar três passos no
procedimento, ou seja, na solução foi adicionado uma generosa quantidade de
sulfato de magnésio na tentativa de secar a água em excesso ainda presente na
água.
o Após a colocação do agente secante, a solução foi filtrada e depois novamente
deixada a repousar dentro da estufa.
o Foi, então, pesada novamente a solução e verificado que o peso tinha
decrescido significativamente por cerca de 7g.
o Só assim, foi possível obter um valor de rendimento lógico, alcançando este o
valor de 62,12%.
o É de salientar, que na segunda tentativa, de forma a agir realmente
corretamente, teria sido necessário recuar no procedimento ao passo da
extração através da ampola de decantação e repetir os passos que depois se
seguiam.

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