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Casos Práticos - Direito Fiscal - Dia 2022 - 2023
Casos Práticos - Direito Fiscal - Dia 2022 - 2023
1.Espécies de Tributos
Farto dos garridos reclamos e anúncios luminosos na cobertura de prédios
lisboetas, que segundo o presidente da CML desarmonizavam a estética da cidade e
afastavam os turistas, o executivo camarário de Lisboa apresentou à respetiva
Assembleia Municipal uma proposta de criação de uma Taxa Especial a incidir sobre
todo e qualquer objeto e estrutura publicitária colocado na cobertura ou telhado dos
imóveis sitos nos bairros históricos do Castelo, Mouraria, Príncipe Real e Chiado.
Ainda de acordo com a proposta, o tributo deveria assentar sobre (i) o valor tributário
dos prédios e, sempre que este valor se revele manifestamente desatualizado, (ii) sobre
uma ponderação da média dos rendimentos sujeitos a IRS declarados pelos proprietários
desses imóveis. A referida proposta propunha também a criação de isenções específicas
para (i) os imóveis cujo valor patrimonial não excedesse os € 2.500 e para (ii) as sedes
dos partidos políticos.
Quid iuris?
4.Princípio da legalidade
Após a outorga, por parte da Assembleia da República, de uma lei de
autorização legislativa, onde se permitia ao Governo «tributar em IRS todos os
rendimentos pessoais que decorram de uma relação de trabalho dependente», é
aprovado um decreto-lei que prevê:
«1 – As prestações a que o trabalhador tenha direito por efeito da lei ou do
contrato de trabalho, assim como as despesas cujo encargo a entidade patronal
assuma no predominante interesse daquele, serão tributadas em IRS.
2 – O valor tributável das prestações e despesas a que se refere o número
anterior será o seu valor nominal ou, na falta deste, o valor mais próximo das
condições normais de mercado.
3 – As despesas do n.º 1 não serão dedutíveis para efeitos do apuramento do
lucro tributável em IRC e, acaso se mostrem excessivas, serão tributadas
autonomamente à taxa de 42%.
4 – Será fixada, por Portaria, a lista das prestações a que referem os n. os 1, 2 e
3, bem como os critérios concretos para apuramento do seu valor.
5 – São isentados do pagamento do imposto os trabalhadores da construção
naval.»
O Governo aprovou finalmente o decreto-lei que procede à alteração do imposto
sobre a venda de imóveis, pondo termo à imensa fraude que se tinha instalado no sector
da construção civil.
O imposto passa a ser calculado de acordo com o “valor objetivo” de cada
imóvel, um valor a fixar pelos serviços de finanças atendendo à sua “localização”,
“equipamentos” e “antiguidade”, bem como a “outros fatores relevantes” que a lei em si
mesma não especifica. Por portaria do Ministro das Finanças haver-se-ia de precisar
melhor estes elementos e o peso relativo de cada um no cálculo do valor tributável.
Ao valor assim determinado aplicar-se-ia uma taxa única de 2% nas grandes
cidades, podendo, fora delas, oscilar a taxa entre os 0,8% e 1%, consoante deliberação
das assembleias municipais, uma solução que a Federação dos Municípios Portugueses
sustenta ser inconstitucional por comprimir em demasia a autonomia financeira local.
A proposta da Federação era antes a de que na generalidade dos municípios a
taxa pudesse oscilar entre os 0,5% e os 5% e que por deliberação das assembleias
municipais se pudessem isentar de imposto todos os imóveis situados em “zonas
degradadas”, tal como os próprios municípios as definissem
Quid iuris?