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UNIVERSIDADE FEDERAL DE CAMPINA GRANDE

CENTRO DE HUMANIDADES
UNIDADE ACADÊMICA DE CIÊNCIAS SOCIAIS
PERÍODO: 2022.2
TEORIA ANTROPOLÓGICA II
PROF. RODRIGO DE AZEREDO GRÜNEWALD
ALUNO: FELIPE TORRES MEIRA
SEGUNDO EXERCÍCIO DA UNIDADE I

1)
Faça um texto sobre as noções de Radcliffe-Brown de função, hipótese funcional,
estrutura social e forma estrutural. (4 pontos)

Primeiramente, para entendermos o conceito de função em Radcliffe-Brown faz-se


necessário compreender que a base de seu pensamento constitui-se a partir de uma analogia
entre vida social e vida orgânica. Para o autor, a função se encontra como a contribuição que
determinada atividade proporciona à atividade total da qual é parte, similar a um organismo
vivo, onde a função tem um “papel” específico para o funcionamento do todo. Em uma ótica
social entendemos que a função é a contribuição que a instituição dá para o organismo social.
Sobre a hipótese funcional, vemos que ela é uma “ferramenta de trabalho” que o
cientista social pode utilizar para estudar uma determinada sociedade, nela vemos que as
instituições devem ter uma função e que vale a pena iniciar o trabalho buscando identificar tal
função, sobre isso duas observações são ressaltadas pelo autor:

“Uma é que a hipótese não precisa ser assertiva dogmática de que tudo na vida de
toda comunidade tenha função. Exige apenas a pressuposição de que pode ter uma,
e que vale a pena investigá-la. A segunda é que o que parece ser o mesmo costume
social em duas sociedades pode ter funções diferentes nas duas.” (Radcliffe-Brown,
1973. p. 227)

Passando agora para a ideia de estrutura social podemos discorrer novamente a partir
de uma analogia entre o mundo social e o orgânico, dessa forma Radcliffe-Brown descreve:

“Os fenômenos sociais constituem uma classe distinta de fenômenos naturais. São
todos, de um modo ou outro, relacionados com a existência de estruturas sociais,
neles implicados ou resultante deles. As estruturas sociais são tão reais quanto os
organismos individuais. O organismo complexo é um conjunto de células vivas e
fluidos intersticiais dispostos em certa estrutura; e a célula viva é analogamente uma
disposição estrutural de moléculas complexas” (Radcliffe-Brown, 1973. p. 235)

Com isso entendemos que a estrutura equivale ao organismo na totalidade, no qual as


relações sociais constituem a estrutura social, ou seja, as relações entre os indivíduos da
sociedade estudada formam a sua estrutura. Em outras palavras, a estrutura social é a rede de
relações existentes, fazendo parte todas as relações de pessoa a pessoa. É importante citar que
faz parte da estrutura social uma diferenciação de indivíduos e classes a partir de seus
desempenhos sociais (Radcliffe-Brown, 1973. p. 236)
Já sobre a forma estrutural, vemos ela como um modelo abstrato da estrutura social,
uma forma de análise do pesquisador leia-se:

“Esta importante distinção entre estrutura e realidade concreta existente, a ser


observada diretamente, e forma estrutural, como o que o pesquisador de campo
descreve, pode ser esclarecida talvez pela consideração da continuidade esta que
não é estática como a de um edifício, mas dinâmica, como a estrutura orgânica do
corpo vivo: Por toda a vida de um organismo sua estrutura está sendo sempre
renovada; e de modo idêntico à vida social constantemente renova sua estrutura.”
(Radcliffe-Brown, 1973. p. 237)

De forma geral pode-se entender que a forma estrutural funciona como um modelo,
ou descrição (feita pelo pesquisador), relativamente estável de dada estrutura social.

2)
Escreva sobre a proposta de Radcliffe-Brown para a Antropologia Social e de como deve
ser feito o uso do método comparativo e com qual objetivo. (2 pts)
Inicialmente, faz-se importante entender que Radcliffe-Brown (1952) defende uma
separação entre método comparativo, característico da Antropologia Social e método
histórico, característico da Etnologia. Sobre o método comparativo vemos que serve “como
um estudo generalizador dos aspectos das sociedades humanas.” (p. 58) Ou seja o método
comparativo pretende generalizar, passando assim “do particular para o geral, do geral para o
mais geral, com o objetivo em vista de que podemos desse modo chegar ao universal, a
características que podem ser encontradas em diferentes formas em todas as sociedades
humanas.” (p. 57). Em outras palavras, realizando comparações de instituições similares em
diferentes sociedades, busca-se formular “leis” tanto sobre as condições de existência como
sobre as regularidades encontradas nos sistemas sociais analisados. Então Radcliffe-Brown
dispõe de uma visão valorativa para o chamado “antropólogo de gabinete”, pois é essa figura
que a partir de diferentes etnografias de sociedades particulares, pode compará-las e
estudá-las utilizando o método comparativo.

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