Você está na página 1de 6

CENTRO UNIVERSITÁRIO FAEMA – UNIFAEMA

JULIO CÉSAR INOCH GORVEIA

LUCAS BOTELHO DA SILVA

RAYAN GABRIEL RECH GUEDES

THAYNÁ EDUARDA BONFIM MAIA

WICTOR HUGO DA LUZ CASTRO

ANÁLISE "DA RELAÇÃO INDIVÍDUO E SOCIEDADE (RESENDE, 2007)”

Ariquemes, RO
2023
2

JÚLIO CÉSAR INOCH GORVEIA

LUCAS BOTELHO DA SILVA

RAYAN GABRIEL RECH GUEDES

THAYNÁ EDUARDA BOMFIM MAIA

WICTOR HUGO DA LUZ CASTRO

ANÁLISE "DA RELAÇÃO INDIVÍDUO E SOCIEDADE (RESENDE, 2007)”

Projeto de Pesquisa apresentado ao curso de Graduação em Psicologia do Centro


Universitário FAEMA – UNIFAEMA, como requisito parcial de
componente curricular de: Psicologia Social.
MS. Pedro Octávio Gonzaga Rodrigues.

ARIQUEMES
2023
3

Introdução

O texto "Da relação indivíduo-sociedade" escrito por Resende (2007) discute a importância da relação entre indivíduo e sociedade na compreensão dos

processos sociais a partir das visões abordadas por Freud e Marx, além de referenciar outros autores como Horkheimer e Adorno. O autor destaca a necessidade

de entender o ser humano como um ser social e histórico, que se desenvolve em relação à sociedade e ao seu tempo. Nesse sentido, a análise da relação indivíduo-

sociedade se torna fundamental para compreendermos os fenômenos sociais e as transformações que ocorrem na sociedade, explicitando todo o processo do

homem enquanto um ser natural transformando-se em ser social. O homem inicialmente é rotulado como algo desenvolvido à priori, com uma natureza pré-

definida e não histórica, rótulo este que é radicalmente refutado por autores como Marx e Engels. Com o surgimento do Liberalismo e a tendência de buscar a

liberdade individual, crescem os debates acerca do homem quanto componente singular.

Desenvolvimento:

Para Resende (2007), a relação entre indivíduo e sociedade é fundamental para a compreensão dos processos sociais. O autor destaca que, apesar de sermos

seres individuais, não podemos nos entender completamente como tal, já que a nossa existência, inclusive a própria individualidade, é marcada por relações

sociais. Resende (2007) complementa sobre a relação homem-sociedade: “É, portanto, equivocado escolher ou privilegiar um dos termos dessa relação [...]”.

Nesse sentido, não deve ser conceituado o homem sem a sociedade. A análise da relação indivíduo-sociedade se torna fundamental para compreendermos os

fenômenos sociais e as transformações que ocorrem na sociedade, bem como pontuar a evolução da espécie humana moderna através de relações sociais.

A relação entre indivíduo e sociedade é entendida por Resende (2007) como uma relação dialética e não liberal, ou seja, uma relação em que há uma

interdependência entre as partes. Para o autor, não podemos entender a sociedade sem compreendermos as ações dos indivíduos que a compõem, bem como não

podemos entender o indivíduo sem compreendermos o contexto social em que ele está inserido. Isto é, o homem contribui socialmente e é socialmente construído,

numa relação ambígua em que não há homem sem sociedade e nem o inverso (Vygotsky, 1930/1996).

A visão instituída sobre a relação homem e sociedade durante o Liberalismo é duramente criticada por Resende (2007), que defende o inverso dos princípios

liberais, estes instituídos sobre um homem livre, que seria autônomo da sociedade, livre daquilo a que pertence, a qual é também debatido por Horkheimer e

Adorno (1974, p. 54) que conclui: individualmente, a definição de sociedade é tão abstrata quanto a de homem e vice-versa.

Para Resende (2007), o homem torna-se naquilo que é, homem, apropriando-se da natureza, isto é, da mediação da realidade de outros homens, para controlá-

lo-à e satisfazer suas necessidades básicas, provendo meios de sobrevivência a si e a outros homens, conforme os ideais propostos por Marx e Engels acerca da

sociabilidade humana: o homem se relaciona com a natureza, e também com outros homens, para satisfazer suas necessidades primárias de sobrevivência, onde

acabam, de fato, sanando as necessidades primárias, mas, gerando necessidades materiais e sociais. A partir daí, o homem cria a necessidade de se reproduzir e

acaba criando mais necessidades sociais, como a de família, relações de poder, grupos e instituições, criando e recriando suas necessidades de acordo com o

contato com a natureza e a sociedade.


4

Dessa forma, o autor destaca a importância da análise dos processos sociais e das transformações que ocorrem na sociedade. Para ele, as mudanças que ocorrem

na sociedade afetam diretamente o indivíduo, pois são elas que moldam o contexto social em que ele vive. Ao mesmo tempo, as ações dos indivíduos também são

fundamentais para a transformação da sociedade, já que são eles que atuam como agentes de mudança. O homem só é capaz de prostar-se como homem pois há

um espelho - outros homens - que possibilitam meios de comparação, reflexão e aprendizado. Isto é, só é possível reconhecer a si próprio quando lhe é proposto o

pensamento através de um semelhante universal (espécie) que possui individualidade própria (subjetividade e fenótipo).

Resende (2007) entende que a relação entre homem e natureza é mediada pelo trabalho, sendo o homem uma causa natural, uma força não-braçal, mas, natural;

força natural pois agindo sobre a natureza, torna a parte não-natural em natural. Se o trabalho age entre homem e natureza, este é, também, constituinte do

conceito de homem. Portanto, é no trabalho que o homem se constrói e se torna coletivo-individual, individual quanto a si próprio como um ser dotado de

individualidade e subjetividade e coletivo quanto ao social.

Além disso, Resende (2007) destaca a importância da análise dos processos de socialização na relação indivíduo-sociedade. Para ele, a socialização é o processo

pelo qual o indivíduo aprende e internaliza as normas e valores da sociedade em que está inserido, tornando-se assim um ser social. A socialização só é possível

graças a universalidade e particularidade da espécie humana. O homem só é capaz de socializar por identificar outro homem, reconhecer-se nele e comparar-se.

Dessa forma, a socialização é fundamental para a manutenção e reprodução da ordem social, bem como para a transformação da sociedade, já que novos valores e

normas podem ser incorporados pelos indivíduos.

Segundo Resende (2007):

É nessa perspectiva que se entende que Freud apresentou um modelo “revolucionário” para a compreensão da relação entre o indivíduo e a
sociedade. Freud encontrou, nos mecanismos psíquicos mais íntimos do indivíduo particular, a expressão das forças sociais mais gerais. Porque
analisou profundamente o psiquismo individual é que pôde mostrar no que as instituições sociais se converteram e se convertem. [...] A psicologia
individual de Freud não é, portanto, uma psicologia qualquer: é uma psicologia que, exatamente porque penetra a dinâmica individual mais

profunda, apanha seus inúmeros nexos e revela as forças sociais que constituem oseu dinamismo psíquico.

Faz-se entender que Freud (1927), com sua conceituação do aparelho psíquico, identifica a relação indivíduo-sociedade nos níveis mais profundos da sociedade.

A pulsão, energia que move o homem, seja para vida ou morte, constitui a parte interna da vida psíquica, sendo a parte externa as relações sociais. Desta maneira,

a psicologia individual e social faceiam a mesma problemática que o indivíduo e a sociedade: ambas são um todo e, ao mesmo tempo, uma parte do todo.
5

Segundo Mezan (1985) a identificação, que é parte do processo de socialização, é o processo em que o indivíduo visualiza, compara e assimila partes de outro

indivíduo e os integra ao seu ego, e, portanto, se modifica. Em outras palavras, identificar-se com outro resulta em querer sê-lo, e, mediante a incompatibilidade

do desejo (id) com a realidade (ego), o sujeito tende a acrescentar ao seu ego o que lhe é conveniente. Para Freud, o indivíduo não tem existência meramente em

si, mas também em outros, aguçando sua subjetividade em confrontos com objetos externos a si.

Para Resende (2007) Freud empenhou-se e aventurou-se no mundo do psiquismo humano que, segundo o próprio autor, não foi e nem sempre será o mesmo, e,

talvez por conveniência do destino, suas teorias e estudos esbarraram no cerne da questão proposta por Marx: a relação indivíduo-sociedade. Embora tenha um

corpo teórico semelhante ao de Marx, Freud entendeu a relação indivíduo-sociedade através da análise do mecanismo psíquico feita na Primeira e Segunda

Tópica. Não se pode dizer que para Freud e Marx o trabalho tem exatamente o mesmo significado, mas pode-se afirmar que em ambos os estudos o trabalho é

relevante e parte constituinte do homem. Ambos os autores - Freud e Marx - esbarram um em outro (embora em tempos distintos), da mesma forma que Marx

parte do trabalho e social e chega a subjetividade e individualidade, Freud parte da subjetividade e chega ao social.

Conclusão:

Diante do exposto, podemos afirmar que a relação entre indivíduo e sociedade é fundamental para a compreensão dos processos sociais. O texto "Da relação

indivíduo-sociedade" escrito por Resende (2007) destaca a importância da análise dessa relação, enfatizando a interdependência entre as partes. Nesse sentido, a

análise dos processos de socialização e das transformações que ocorrem na sociedade se torna fundamental para compreendermos os fenômenos sociais e as

transformações que ocorrem na sociedade. Pode-se concluir que a sociedade e o indivíduo não se dão como componentes distintos. Ao contrário, partem e se dão

do mesmo processo: o sujeito se forma enquanto internalização da objetividade social e, posteriormente, subjetivação da mesma, e a sociedade se sacramenta

enquanto a pluralidade dessas expressões objetivadas da subjetividade. Sendo assim, compreender a relação indivíduo-sociedade é fundamental para que

possamos entender a complexidade da sociedade e os desafios que se apresentam para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária.
6

REFERÊNCIAS

ADORNO, Theodor. La Revisión del Psicoanálisis, in: Sociológica II, p. 141.

FREUD, Sigmund. Historia do Movimento Psicanalítico [1914]. In: Obras completas. Madrid, Biblioteca Nueva, 1981.

FREUD, Sigmund. Psicologia de massas y analise do eu [1921]. In: Obras completas. Madrid, Biblioteca Nueva, 1981.

MEZAN, Renato. Freud, Pensador da Cultura, São Paulo, Brasiliense, 1985.

VIGOTSKI, L. S. (1930/1996b) A psique, a consciência e o inconsciente. In: Teoria e método em psicologia. São Paulo: Martins Fontes, pp. 137-159.

Você também pode gostar