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João Pedro Fróis (Lisboa, 1957) O livro que João Pedro Fróis agora nos apresenta é um elemento precioso

a é um elemento precioso para Em janeiro de 1938, perto de cumprir 39 anos de idade,

JAIME FERNANDES Fusões entre o humano e o animal


Doutorado pela Universidade de Lisboa. Investigador a compreensão e análise da vida interior dum homem que manteve intacta Jaime Fernandes (1899-1969), foi internado no Hospital
a sua capacidade de criar. O imaginário de Jaime Fernandes exprime-se através Miguel Bombarda (Lisboa). Tudo indica ter começado
Auxiliar Convidado da Faculdade de Medicina
do desenho, apesar da doença, do isolamento e da reclusão. No seu extraordinário
da Universidade de Lisboa. Trabalhou como psicólogo a desenhar alguns anos antes da sua morte. O percurso
na área dos cuidados de saúde mental e reabilitação
processo e impulso criativo o mundo converte-se numa emanação do Self, expressão João Pedro Fróis criativo de Jaime foi acompanhado pelo médico psiquiatra
duma mitologia privada. Os desenhos transportam-nos para um universo de
de crianças e jovens. Coordenou o Programa Gulbenkian sonhos, metamorfoses e fusões, entre o mundo humano e animal, entre a realidade Fernando Medina (1924-1965) e a terapeuta ocupacional
Investigação e Desenvolvimento Estético. e a imaginação. A sua arte longe das convenções a que nos habituámos, permite Etelvina Brito (1935-2008). Parte dos desenhos foram
É Fellow da International Association of Empirical ultrapassar um sentimento inicial de estranheza se estivermos abertos a um espaço realizados em regímen de terapêutica ocupacional,
visionário de liberdade e de comunicação da experiência interior. A obra de Jaime mostrados em várias exposições – na I Exposição
Aesthetics (IAEA) e Investigador afiliado do Center
Fernandes é um desafio para a nossa perceção estética e pode ser grande a tentativa

JAIME
for Phenomenological Psychology and Aesthetics de Artes Psicopatológicas (1963) organizada no Hospital
de interpretar os desenhos dum ponto de vista meramente psiquiátrico e procurar
(CPPA) da Universidade de Copenhaga. associá-los a um diagnóstico. Devemos evitar qualquer tipo de reducionismo Miguel Bombarda, no V Congresso Mundial de Psiquiatria
Áreas de investigação: Psicologia da Estética,
Criatividade e Artes Visuais.
e reconhecer a importância da experiência estética que Jaime Fernandes nos
proporciona com a sua arte.
Maria Luísa Figueira, Secção Arte e Psiquiatria
FERNANDES (México, 1971) e na XVI Bienal de Arte de São Paulo
(1981). Duas dezenas de desenhos, feitos a caneta
esferográfica, distribuem-se pelo Centro de Arte Moderna
da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental Fusões entre o humano da Fundação Calouste Gulbenkian, a Collection

Maria João Heitor, Presidente da Sociedade Portuguesa de Psiquiatria e Saúde Mental e o animal de l’Art Brut (Lausanne, Suíça) e a Collection abcd
Art Brut | Bruno Decharme (Paris). Em Portugal,
tornou-se conhecido através do filme homónimo
João Pedro Fróis shines a magnifying glass on the history of Portuguese psychiatry,
realizado por António Reis (1927-1991).
and reveals the story of Jaime Fernandes, a man of peasant origin from a village
in the countryside of the Portuguese hinterland who in 1938, at the age of 39,
is interned in the Miguel Bombarda Psychiatric Hospital in Lisbon. In asylum isolation, Jaime praticou o desenho sem outra motivação
and forever away from home, Jaime Fernandes spent the last 30 years of his life, a não ser a de obter o prazer que resultava do exercício
and mysteriously decided to devote every day of his last 10 years to drawing. caligráfico e demorado de revisitação das memórias.
Today, Jaime Fernandes’ work is exhibited in major European collections of Art Brut, Nesse prazer, terá encontrado o gosto do imaginário,
restoring to its author an identity long denied, and challenging the dominant
do sonho e das fantasias da criação e ser amado
perspective on art.
por todos os que participavam nas suas figurações.
Carole Tansella, Contemporary Outsider Art Section Editor,
Epidemiology and Psychiatric Sciences (EPS), Cambridge University Press

João Pedro Fróis


O esquisso biográfico apresentado neste livro resulta
da investigação nos acervos documentais de diferentes
Il règne dans les œuvres de Jaime Fernandes (1899-1969) une atmosphère troublante entidades e das memórias transmitidas pelos que
et mystérieuse. Personnages, animaux et figures hybrides tiennent une place
estiveram nos lugares onde Jaime viveu. A primeira parte
imposante dans les compositions et invitent souvent le spectateur à un face à face
étrange. Le réseau de lignes multiples qui constitue les créatures confère à celles-ci do livro vive da narrativa a partir dessas fontes,
une densité et une présence forte. João Pedro Fróis réunit dans cet ouvrage un grand com apontamento breve, sobre a Psiquiatria e as artes
nombre d’œuvres, ainsi que des écrits, et se penche avec attention sur la production plásticas. Nesta parte, surgem as refrações dos desenhos
de l’un des plus grands auteurs d’Art Brut portugais. Il s’interroge avec pertinence de Jaime nas várias exposições de arte bruta, incomum
sur ces dessins oniriques que Fernandes a créés quelques années avant sa mort, ou outsider em que foram mostrados. Na segunda parte,
dans l’isolement asilaire, dans l’urgence et la nécessité extrême.
apresenta-se um resumo em inglês sobre a biografia
Lucienne Piery, Historienne de l’art de Jaime. A terceira parte, resulta da demorada
localização das obras de Jaime, álbum escolhido
de trabalhos representativos da obra plástica deste autor.

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