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Introdução
Caro (a) Aluno (a) neste material, destacaremos as contribuições da Psicologia, ao
longo dos anos, para a aprendizagem humana, ou seja, compreenderemos os
aspectos que envolvem esse processo tão complexo que é o de ensino e
aprendizagem. Apresentaremos os principais autores que trabalharam e trabalham
com essa temática, além das possíveis estratégias metodológicas que o educador
pode utilizar ao lidar com seus alunos em sala de aula, a fim de favorecer o
processo de ensino e aprendizagem.
Objetivos de Aprendizagem
Logo que nasce, a criança conhece o cheiro e a voz da mãe. Com alguns dias,
aprende que ao chorar sua mãe vem ao seu encontro. No primeiro ano, acostuma-
se com objetos e pessoas que fazem parte de seu mundo. Aos cinco e seis anos, vai
à escola e inicia a aprendizagem dirigida, adquire costumes, hábitos e assim
sucessivamente. A aprendizagem, obtida ao longo da vida, propicia ao homem se
ajustar ao seu ambiente físico e social, ou seja, viver melhor. Cada pessoa é o que é
pela aprendizagem que adquiriu ao longo de sua vida. E em novas necessidades de
ajustamentos, poderá aprender adequando seus comportamentos a novos
padrões.
Saiba mais!
Desde o início da gestação, o bebê é afetado pelo humor e
sentimentos da mãe, uma vez que está exposto aos mesmos
hormônios que ela. Diante de inúmeros ruídos, como o batimento do
coração da mãe, os borbulhos do intestino, os ruídos vindos de fora, o
som que predomina é a voz da mãe, pois alcança os seus ouvidos por
dois canais distintos: vindo de fora (propagada pelo ar) e transmitido
pelo próprio corpo da mãe, por meio de suas cordas vocais. Quando
ele nasce, o som que mais o acalma é o que ouviu ao longo dos nove
meses que permaneceu no ventre.
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Platão: criou uma teoria dualista, na qual o corpo era visto separado da alma.
Foi discípulo de Sócrates, mas reelaborou suas ideias, com sua doutrina da
“reminiscências”. Para ele, a alma estava sujeita à metempsicose e
armazenava lembranças da encarnação anterior que, por meio da
percepção, voltavam à consciência. Assim, considerava que a aprendizagem
era uma reminiscência.
Concepções de aprendizagem na
Modernidade:
Copérnico, Bacon, Galileu, Descartes, Locke, entre outros pioneiros, que lançaram os
fundamentos da ciência moderna, voltaram a utilizar o método indutivo de
Aristóteles, priorizando provas experimentais e evidências empíricas, a fim de
compreender as generalizações sobre o homem e a natureza. Locke, Bacon e
Descartes propiciaram uma nova crença no conhecimento, baseada na senso-
percepção e raciocínio lógico. Dessa forma, o método de análise científico e
predição de eventos foi estabelecido, necessitando da observação e
experimentação, bem como medida e classificação da experiência. É nesse clima
de avanço científico que vão surgindo as concepções modernas de aprendizagem.
Locke: autor do século XVII, resgata o princípio de Aristóteles de que nada está na
inteligência sem ter antes passado pelos sentidos. Se posiciona contrário às ideias
inatas de Platão e defende que o espírito seria uma “tábula rasa”. Se opõe a ideia de
“disciplina formal”, ou de que o espírito se formaria somente por exercícios de sua
faculdade. Aceitou a transferência e generalização dos conhecimentos. Suas ideias
tiveram grande repercussão na área da educação na Alemanha, Estados Unidos e
Inglaterra. Foi considerado precursor de Frobel, Pestalozzi e Comenius. Muitas de
suas ideias foram sistematizadas posteriormente por Herbart.
Lloyd Morgan: formulou sua teoria de ensaio e erro. Em vez de treino intelectual ou
ideias advindas da impressão das coisas, como imagens, sensações, ideias, juízos,
raciocínio e generalizações, começou a admitir as ações (comportamentos) como
base da aprendizagem.
Dentre as contribuições brasileiras, podemos citar Rui Barbosa pelo livro Lições de
coisas, que refletiu sobre o “método intuitivo” e ideias de seus “Pareceres” sobre o
ensino, apresentados na Câmara dos Deputados, no ano de 1882. Além dos citados
anteriormente, podemos destacar as contribuições de Dewey, Piaget, Pavlov,
Watson, Lewin, Freud, Adler, Jung, Sarte, Skinner, Bruner, dentre muitos outros.
Teorias da aprendizagem
Existem várias teorias da aprendizagem que poderiam ser genericamente
condensadas em duas categorias: “cognitivista” e do “condicionamento”. As teorias
do condicionamento compreendem a aprendizagem por suas consequências
comportamentais e frisam as condições do ambiente como força que interfere na
aprendizagem, pois há uma conexão entre o “estímulo” e a “resposta”. Após a
instalação da aprendizagem, estímulo e resposta estão tão unidos que, ao
aparecimento do estímulo, a resposta já aparece. Já a teoria cognitivista
compreende a aprendizagem como um processo de relação entre o mundo interno
e externo do indivíduo. A aprendizagem é vista como um elemento advindo do
mundo e que se acumula em forma de riqueza de conteúdos cognitivos. Estamos
falando de organização de informações e integração do material por meio da
estrutura cognitiva. O sujeito adquire novas ações para conseguir ser inserido em
seu meio (BOCK, et al., 2002).
FIGURA 3 Aprendizagem
FONTE: Estrutura cognitiva
A Aprendizagem Cognitivista
Caro(a) aluno(a), a aprendizagem cognitivista é aquela em que predominam os
elementos de natureza intelectual, como a memória, a percepção, raciocínio etc. A
seguir, veremos alguns conceitos básicos e imprescindíveis para a aprendizagem
intelectual.
Atenção: ela faz com que, entre vários estímulos, o sujeito selecione e perceba
somente alguns. Dentre os fatores responsáveis pela atenção estão: novidade,
intensidade do estímulo, subitaneidade da mudança, relevância para as
necessidades do sujeito etc.
Memória: embora a aprendizagem não seja somente memorização, sem ela
o aprendiz não fixa, retém, evoca e nem mesmo reconhece a aprendizagem.
Ela é um dos fatores que contribui para o exercício das funções do raciocínio e
generalização. Uma pessoa não consegue compreender uma determinada
situação se não tiver antes armazenado imagens relacionadas à essa
situação e sem que, posteriormente, consiga evocá-las e associá-las com
outras imagens atuais (CAMPOS, 2005).
Aprendizagem de condicionamento
Todos os nossos comportamentos representam meios para fins específicos, ou seja,
realizados com um determinado propósito. Estudamos para obter boas notas,
compramos alimentos para saciar nossa fome, trabalhamos para receber
recompensas financeiras e assim por diante.
Aprendemos ao longo de nossa vida que, com base na forma como nos
comportamos, podemos ser recompensados ou punidos. Um certo comportamento
leva a um certo desfecho particular. A esse tipo de aprendizagem chamamos de
“Comportamento instrumental” ou “Comportamento operante”.
Skinner serve como referência até hoje para todos os pesquisadores que estudam o
“Comportamento operante”. Caro(a) aluno(a), você deve se lembrar que, na
Unidade II, estudamos brevemente sobre o experimento que esse autor
desenvolveu: a “Caixa de Skinner”, por meio da qual ele ensinou um rato a
pressionar uma alavanca toda vez que queria beber água. Esse estudo realizado
com camundongos foi um marco na vida do pesquisador, uma vez que foi a partir
dele que desenvolveu toda a sua teoria.
Teorias de ensino
Após as contribuições de autores que desenvolveram teorias sobre a
aprendizagem, foram criadas algumas teorias de ensino. Tais teorias buscavam
discutir e sistematizar o processo de ensino e aprendizagem. Dentre os inúmeros
autores, podemos destacar Jerome Bruner. Ele concebeu o processo de ensino e
aprendizagem como captar as relações entre os fatos, ou seja, adquirindo novos
conhecimentos, transformando-os e transportando para outras situações. Para ele,
caro(a) acadêmico(a), o ensino envolve a organização da matéria a ser aprendida
de maneira eficaz e significativa para o educando. Nesse ponto de vista, o professor
deveria se preocupar não somente com a matéria, mas essencialmente com a
estrutura (BOCK et al., 2002).
Teorias contemporâneas
Caro(a) aluno(a), a seguir estudaremos as principais teorias e pensadores
contemporâneos. Vamos começar?
Lev Vigotski
Lev Vigotski nasceu em 1896, na Rússia. Desde muito cedo teve uma riqueza
intelectual muito significativa. Passou praticamente toda a sua vida questionando
sobre o homem e a sua cultura. Em 1914, estudou medicina e direito. Cursou ainda
Psicologia, Literatura, Filosofia e História. Suas inquietações diante da aprendizagem
e da construção do conhecimento perpassavam a cultura, como sendo adquirida
por meio das relações sociais. Por isso, buscou entender melhor as relações
históricas sociais, a fim de comprovar que o desenvolvimento do homem se dá por
meio do conhecimento adquirido nas relações humanas.
Para Vigostski, a educação ocorre por meio das relações interpessoais. A relação do
sujeito com o mundo é mediada pelo outro. É impossível pensar acerca do mundo
sem o outro, o qual fornece os significados para que seja possível pensar o mundo
a nossa volta. O desenvolvimento do homem é um processo em que inclui a
maturação do sujeito, contato com cultura e relações sociais que permitem a
aprendizagem. O outro é aquele que nos orienta no processo de apropriação da
cultura. Sendo assim, o desenvolvimento ocorre de fora para dentro.
A escola é um espaço privilegiado, uma vez que o contato com a cultura é realizado
de forma sistematizada, intencional e planejada. Professores e colegas servem de
mediadores da cultura, o que propicia um grande avanço no desenvolvimento da
criança. O contato com a escrita e com as operações matemáticas oferecem a
base para o desenvolvimento dos processos internos e complexos do pensamento
do aprendiz.
Atenção!
A mediação do professor, buscando estimular o desenvolvimento do
aluno, é essencial para o processo de ensino e aprendizagem. Uma
escola que favorece essa troca de experiências e vivências, colabora
para que o seu aluno se torne um adulto autônomo, capaz de ser
responsável em suas ações e de saber agir no mundo de forma ética,
humanizada e mais feliz.
A escola deveria se tornar um espaço que privilegia o contato social entre os seus
integrantes, favorecendo para que se tornem mediadores da cultura. Para Vigotski,
o professor deveria ser uma figura fundamental, que planeja as atividades a serem
desenvolvidas, a fim de favorecer a interação entre todos. Os colegas de classe
deveriam ser parceiros importantes e a escola um local de construção humana
(BOCK et al., 2002).
Jean Piaget
Jean Piaget nasceu na Suíça, em 1896. Sempre foi uma criança precoce, desde os 7
anos de idade já demonstrava interesse por questões científicas.
Emília Ferreiro
Emília Ferreiro nasceu na Argentina, em 1937. Ela é psicopedagoga e doutora,
orientada por Jean Piaget. Em 1980, mudou-se para o México, onde trabalha até
hoje, buscando elucidar a realidade social e cultural da América Latina,
relacionado-a com suas pesquisas na área da Educação.
FIGURA 7 Linguagem escrita
FONTE: Anna Om, 123RF.
Indicação de Leitura
Nome do livro: Construtivismo: de Piaget a Emília Ferreiro
Editora: Ática
ISBN: 9788508102990
Atividade
Caro(a) aluno(a), leia atentamente a afirmativa a seguir e assinale a
alternativa que corresponde à questão correta no que diz respeito ao
filósofo Sócrates.
Atividade
Atividade
Síntese
Parabéns!
Referências Bibliográficas
AZENHA, Maria da Graça. Construtivismo: de Piaget a Emilia Ferreiro. São Paulo:
Ática: 2000.
BOCK, Ana Mercês Bahia et al. Psicologias: uma introdução ao estudo de psicologia.
13. ed. São Paulo: Saraiva, 2002.
FELDMAN, Robert. S. Introdução à Psicologia. 10. ed. Porto Alegre: Artmed, 2015.
GAZZANIGA, Michael et al. Ciência psicológica. 5. ed. Porto Alegre: Artmed, 2018.
SALVADOR, César Coll et al. Psicologia do ensino. Porto Alegre: Artes Médicas Sul,
2000.
SCHULTZ, Duane P.; SCHULTZ, Sydney Ellen. História da psicologia moderna. São
Paulo: Cultrix, 2002.