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Apresentação memorial do convento

Viagem da família real (capítulo 22)


Vou apresentar um pouco da viagem da família real, viagem esta realizada
para acompanhar D. Maria Bárbara no seu casamento com o príncipe D.
Fernando de Castela, representando assim a união das famílias reais
portuguesa e espanhola. Além disso, vai se realizar o casamento de Mariana
Vitória, princesa espanhola, com o futuro rei D. José, pelo que mais tarde se
realiza a cerimónia da troca das princesas no rio Caia. Vou também centrar me
um pouco na perspetiva de D. Maria Bárbara perante a sua realidade
envolvente.
Tal como vimos anteriormente no casamento de D. João V e D. Maria Ana
Josefa, estes dois casamentos são também contratuais, isto é, não se observa
qualquer carácter sentimental, apenas se visa a união de reinos e, por isso,
benefícios materialistas. E este aspeto é, mais uma vez alvo de crítica por parte
de José Saramago.
O cortejo real não segue em conjunto, já que o rei D. João V parte primeiro, em
direção a Montemor e passando por Vendas Novas. Já, mais tarde, dadas as
condições meteorológicas precárias, as carruagens reais que transportavam a
rainha, a princesa e Scarlatti, que iria tocar nas cerimónias, são obrigadas a
parar e a pernoitar uma noite em Vendas Novas. Dado que nesta viagem, a
enorme comitiva real é acompanhada de “pedintes e outos vadiantes”, entre os
quais João Elvas, o ex-soldado e amigo de Sete-Sóis, na tentativa de
angariarem algumas esmolas, estes acabam por ser forçados a trabalhos na
via para que a família real possa seguir para o seu destino. São realçadas as
condições severas nas quais os mendigos trabalham enquanto a realeza
descansa, confortavelmente, nos seus coches reais.
Durante o resto da viagem, Saramago dá-nos a conhecer um pouco do espaço
psicológico de D. Maria Bárbara enquanto esta reflete com a sua mãe. A
princesa questiona-se pelo facto de nunca ter visitado o Convento de Mafra
sendo que a sua construção se deve ao seu nascimento. Ao qual a sua mãe
responde que a princesa não deve perder tempo com tais pensamentos, pois
era a vontade de D. João V e de Deus. Neste seguimento, a princesa mostra
muita sensibilidade neste tópico, refletindo e desvalorizando-se, bem como
aqueles que a rodeiam. (ler) Com isto, a rainha mostra a dor e sofrimento que
certos episódios da sua vida lhe trouxeram e que ao longo dos anos essa dor
vai se acumulando até que a luz da vida se vai desvanecendo.

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