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Educacao de Adultos - Pagina do Andragogo

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terça-feira, 31 de outubro de 2017

Percurso da Educação Ambiental em Moçambique.

Percurso da EducaçãoAmbiental em Moçambique


Resumo
O presente trabalho, pretende apresentar os traços que marcaram a educação ambiental
em Moçambique sob o ponto de vista da sua evolução histórica e das tendências
pedagógicas privilegiadas Para que fosse possível , o autor baseou-se em pesquisa
bibliográfica e documental e relatos de algumas figuras do sector do ambiente da cidade de
Nampula. Tomou-se como referência os anos 90, foi neste período que Moçambique
participou, pela primeira vez, numa Conferência Mundial sobre meio Ambiente (1992) e em
seguida criou uma instituição pública, o então Ministério para Coordenação da Acção
Ambiental, com o papel de velar pelas questões ambientais em geral e de educação
ambiental em particular. Hoje, pode-se afirmar que a história de educação ambiental no
País, está em construção, com poucos elementos dignos de registo e com duas tendências
pedagógicas, nomeadamente as liberais: tradicional e tecnicista (Educação formal) e a
progressista crítica (na educação Não-formal). Apesar desta contrariedade e tomando em
conta a importância e relevância desta educação, é preciso privilegiar a ligação entre a
teoria e a prática ambiental, em todas modalidades educativas, com o envolvimento activo
dos beneficiários, organizados em associações, fóruns, núcleos, ou oficinas sobre de Meio
Ambiente.
Palavras - Chave: Educação. Meio Ambiente. Tendências Pedagógicas

Introdução
A educação ambiental constitui uma das estratégias importantes para a prevenção dos
problemas ambientais no País e é definida pelo governo de Moçambique âmbito do
Programa de Educação Comunicação e Divulgação Ambiental, como a primeira acção a ter
em conta na Gestão Ambiental a todos níveis.
Pressupõe-se que enquanto o Homem, que é o “maior problema ambiental”, estiver
:
educado ambientalmente, estará apto a participar activamente na tomada de medidas
individuais, colectivas e ou sectoriais face aos problemas ambientais locais e globais “por si
provocados.
Percurso histórico da educação ambiental em Moçambique, pretende descrever os
principais marcos que nortearam a educação ambiental no Pais assim como as tendências
pedagógicas da mesma.
Para a produção do presente trabalho o autor baseou-se em consultas documentais e
bibliografias sobre o ambiente com destaque para a documentação produzida e em uso em
instituições públicas ligadas a Educação Ambiental (Ministério para Coordenação da Acção
Ambiental e Centros de Desenvolvimento Sustentável). Igualmente, foram tomados, relatos
de alguns funcionários do sector do ambiente na cidade de Nampula em que o autor
manteve encontros separados.
A presente comunicação foi apresentada na Conferência sobre o pensamento pedagógico
de Samora Machel, levada a cabo pela Universidade Pedagógica em Nampula. Abordar
sobre o tema nesta conferência, tornou-se importante uma vez que era preciso analisar,
discutir e trazer novas abordagens para a educação ambiental, com vista a dar um novo
rumo a esta modalidade educativa, tornando-a comprometida com os reais problemas
ambientais das populações.
Depois desta introdução, o trabalho apresenta em seguida uma conceituação dos termos
educação, meio ambiente e educação ambiental; o percurso histórico, as principais
tendências pedagógicas e as conclusões.
A educação ambiental em Moçambique, tem o seu início na década 1990, com a criação do
então Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental. Ela hoje, é realizada tomando
em conta as três modalidades de educação, nomeadamente: Não-formal, Informal e formal.
1.1 Conceituação
Na perspectiva de abordar a Educação ambiental, há que ter conta três conceitos que estão
interligados nomeadamente: Educação, Meio ambiente ou simplesmente Ambiente e
Educação ambiental.
Falar de Educação, importa lembrar que desde sempre, em qualquer sociedade ela é
organizada para permitir a transmissão das experiências, os conhecimentos ou cultura, às
novas gerações para permitir a sobrevivência e desenvolvimento dos indivíduos, pois se
não o fizer, estes desaparecem e ninguém ficará para recordá-la e identificar-se com ela.
O termo educação sempre preocupou os homens e as sociedades e tem merecido, ao
:
longo do tempo e da história, as mais definições diferentes, pelos diversos autores e a
seguir apresenta-se algumas (MAHOQUE:2008:15):

Em Platão a educação consiste em dar ao corpo e à alma toda a perfeição de


que são capazes;

Para Kant, a educação significa o desenvolvimento, no indivíduo, de toda a


perfeição de que é capaz;

Enquanto para Johann Friedrich Herbert, a educação é a ciência que tem por fim
a formação do indivíduo por si mesmo, despertando nele a multiplicidade dos
interesses;

Em James Mill, a educação tem por objecto fazer do indivíduo, um instrumento


de felicidade para si mesmo e seus semelhantes

Finalmente, Stuart Mill, amplia o conceito de educação para fazê-lo abranger


todas as forças que se exercem sobre o desenvolvimento do indivíduo, quer se
trate ou não de influências humanas.

De acordo estes pensadores, percebe-se aqui que a educação é uma das necessidades
fundamentais do Homem, ela constitui um instrumento essencial do desenvolvimento da
personalidade e uma das condições indispensáveis ao exercício das actividades sociais.

BRANDÃO (1993) considera que “no sentido técnico, a educação é o processo contínuo de
desenvolvimento das faculdades físicas, intelectuais e morais do ser humano, a fim de
melhor se integrar na sociedade ou no seu próprio grupo”.
Nestes termos, percebe-se que a educação constitui uma das primeiras preocupações de
qualquer sociedade, comunidade ou grupo social, com vista a sua manutenção.
A educação é a fonte básica, instrumento necessário para conhecer, compreender o mundo
e poder transformar a natureza assim como a sociedade em seu benefício. Por isso, que o
desenvolvimento de qualquer nação no planeta terra, incluindo Moçambique, depende da
educação.
No processo de educação, tomam-se em conta três tipos. A educação formal, aquela
altamente institucionalizada, sistemática, organizada, estruturado, intencional, planificada e
gerida de acordo com determinadas leis ou normas e tem como base o ensino, envolvendo
necessariamente o tripé professor ou educador/aluno ou educando/escola ou instituição
educadora. Por sua vez, a educação informal, compreende os processos didácticos,
:
destinados a informar e sensibilizar a sociedade. Finalmente a Educação Não-formal,
aquela que se realiza através da partilha de experiências em espaços e acções colectivas
do dia-a-dia, com vista a fortalecer a cidadania, e tem como base a instrução.
O segundo termo que se aborda em seguida tem a ver com o ambiente. Antes importa dizer
que comumente, ou seja, em sentido lato, meio ambiente é a natureza, ou seja, todas as
coisas vivas e não-vivas que ocorrem na Terra, ou em alguma região dela, que afectam os
ecossistemas e a vida dos humanos.
Na Conferência de Estocolmo[1], organizada pelas Nações Unidas em 1972, o Ambiente foi
definido como sendo "o conjunto de componentes físicos, químicos, biológicos e sociais
capazes de causar efeitos directos ou indirectos, em um prazo curto ou longo, sobre os
seres vivos e as actividades humanas.
Em Moçambique, a Lei do Ambiente, define- o tomando em conta os seus componentes,
tal como a visão de Estocolmo. De acordo esta lei, o ambiente é considerando como
sendo:
O meio em que o Homem e outros seres vivos vivem e interagem entre si e com o próprio meio e inclui: (i) O ar, a luz, a terra e a água;

(ii) Os ecossistemas, a biodiversidade e suas relações ecológicas; (iii) Toda a matéria orgânica e inorgânica; e (iv) Todas condições

sócio-culturais e económicas que afectam a vida das comunidades (Lei 20/97 de 2 de Outubro).

Nestes termos, percebe-se que o ambiente, deixou de ser apenas a natureza, tal como era
defendido pelos naturalistas até meados do Século XX e para integrar aspectos de natureza
social, económica, política, cultural, entre outros.
Em última abordagem, apresenta-se o conceito de educação ambiental. Os naturalistas
consideravam a educação ambiental, como sendo o gosto pela natureza, ou seja, educar as
pessoas a gostar e cuidar da natureza.
Nos dias de hoje, a educação sobre meio ambiente ou simplesmente educação Ambiental,
constitui uma forma abrangente de educação que se propõe a atingir todos os cidadãos,
inserindo a variável meio ambiente em suas dimensões física, química, biológica,
económica, política e cultural em todas as disciplinas e em todos os veículos de
transmissão de conhecimentos.
Em MEDINAL[2], ela é uma modalidade da educação que aproxima o fenómeno educativo
da realidade em que ocorre.
Educação Ambiental integra conteúdos que facilitam a visão integrada do ambiente para
que os indivíduos e a colectividade possam compreender a natureza complexa do ambiente
e adquirir os conhecimentos, os valores, os comportamentos e as habilidades práticas para
participar eficazmente da prevenção dos problemas ambientais.
:
De acordo DELEVATT, a educação ambiental é um sistema que integra dimensões como a
ética, a cidadania, a participação, com a interdisciplinaridade, com o conhecimento da
realidade local, desta forma a sua abrangência tende a uma modificação na maneira de se
conceber e fazer um processo educativo.
Em suma, a Educação Ambiental é processo de educar: (i) Sobre o ambiente (Partilha na
transmissão de conhecimentos, informações, experiências e valores); (ii) No ambiente
(Realização de actividades práticas em contacto com o ambiente); e (iii) Para o ambiente
(Acções para o alcance de um Desenvolvimento Sustentável).
A finalidade de educação ambiental é para que ela seja estendida a todos cidadão
(crianças, jovens e adultos), tanto no sistema escolar assim como o extra- escolar com vista
a:

Fazer compreender a interdependência Económica, Social, Política e Ecológica;

Aquisição de conhecimentos, valores, interesse activo e atitudes para proteger e


melhorar o ambiente; e

Induzir novas formas de conduta nos indivíduos ou grupos e na sociedade a


respeito do ambiente.

A educação ambiental, busca valores para a convivência harmoniosa das espécies do


planeta com o Ambiente, auxiliando na análise crítica do princípio antropocêntrico baseado
nos seguintes pressupostos: (i) A natureza não é fonte inesgotável de recursos por isso a
necessidade do seu uso racional; (ii) As diferentes espécies do planeta merecem nosso
respeito para sua manutenção; e (iii) É necessário planear o uso e ocupação do solo nas
áreas urbanas e rurais.
Os princípios defendidos pela educação ambiental são cinco, nomeadamente:
(i) Sensibilização (conhecimento dos componentes e mecanismos dos sistemas naturais);
(ii) Compreensão (reconhecimento do Homem como principal protagonista);
(iii) Responsabilidade (processo de alerta para alcançar o pensamento sistémico);
(iv) Competência (referente a capacidade de avaliar e agir efectivamente no sistema); e (v)
Cidadania (promoção de uma nova ética: ambiente vs sociedade)
Estes princípios, ajudam a formular os objectivos a ter em conta no processo de educação
ambiental, ou seja, qualquer objectivo a ser formulado no âmbito da educação ambiental,
deve ter em conta cada um dos princípios da mesma.
:
1.2 Percurso histórico
Em Moçambique podem ser tomados três principais momentos de gestão ambiental, que
constituiram a base para a educação ambiental. O primeiro, é caracterizado pelo que se
passava até à proclamação da independência nacional que consistia em medidas pontuais
de gestão de florestas, fauna bravia e algumas acções de protecção da zona costeira.
Acrescia-se a isto, acções de alguns sectores/subsectores como a agricultura, saúde,
pescas e turismo que dispunham de leis e regulamentos próprios de conservação dos
recursos naturais mas praticamente destituídos de formas de coordenação intersectorial.
O segundo momento, vigorou desde os finais dos anos 1980 e princípios dos anos 1990,
procurou trazer a gestão ambiental para junto de algumas estratégias de desenvolvimento
económico e social mas sem ainda se abraçar os princípios de sustentabilidade ambiental.
Neste período, foram ratificadas algumas convenções internacionais, criados grupos de
trabalho ambiental e divulgadas noções de gestão ambiental
O terceiro e último momento, vigora desde os princípios dos anos 1990 aos nossos dias, e
teve um dos seus momentos mais marcantes a criação da Comissão Nacional do Ambiente
(que foi a base para a criação do então Ministério para Coordenação da Acção Ambiental,
em 1994). É caracterizado pelo abraçar das noções de desenvolvimento sustentável
inspiradas nas conferências do Rio em 1992 e de Joanesburgo em 2002. É em torno deste
último período que parecem estar a colocar-se desafios sérios sobre o ambiente em geral e
educação ambiental em particular (MICOA:2009),
Hoje no País, a educação ambiental tem um enquadramento legal, Estratégico, Social e
Económico. A Política do Ambiente, elaborada pelo Governo em 1995, preconiza que
Educação Ambiental visa desenvolver uma consciência ambiental entre a população, para a
participação pública na gestão ambiental e dos Recursos Naturais” (Resolução Nº 5/95).
Ela, ainda está plasmada na Lei do Ambiente. Esta Lei, regula o uso e a gestão do
ambiente com a intenção de promover o desenvolvimento sustentável, ao mesmo tempo,
contém uma série de definições e estabelece princípios baseados no direito Constitucional
a um ambiente favorável (MACHILI:2013).
No âmbito da Educação Ambiental, a lei prevê que o Governo deve criar, em colaboração
com a comunicação social, mecanismos e programas para a Educação Ambiental a todos
níveis (Lei 20/97, de 1 de Outubro).
A alínea c, no 2, Artigo 117 da Constituição da República aprovada em 2004 preconiza que:
O estado, deve adoptar politicas para promover integração de valores do ambiente nas
politicas e programas educacionais
:
O segundo Plano de Acção para Redução da Pobreza Absoluta (PARPA II), aprovado pelo
governo para 2010/14 considerou que: A educação e a identificação de fontes alternativas
de geração de rendimentos, para os agregados mais pobres poderão contribuir para aliviar
a pressão da pobreza sobre o ambiente.
O Plano Quinquenal do Governo para 2010-2014, tinha como um dos objectivos na área do
ambiente, Promover a Educação Ambiental e difundir a pertinência da preservação do
ambiente junto das comunidades através de: Massificação de programas de Educação
Ambiental; Promoção de campanhas de plantio de árvores; e Programas de capacitação
das comunidades.
O então Ministério para Coordenação da Acção Ambiental, como sector que velava pelo
ambiente, para orientar a Educação Ambiental, produziu a partir de 2006 dois instrumentos
orientadores:

Estratégia de Comunicação Divulgação da Educação Ambiental (ECODEA), que


visava dar uma orientação e uma tomada de novas atitudes individuais,
colectivas e sectoriais, face aos problemas ambientais vigentes; e

Programa de Educação, Comunicação e Divulgação Ambiental (PECODA), que


visava a promoção de uma comunicação ambiental destinada às comunidades
divulgando conhecimento de questões ambientais para conduzir à mudança de
atitude.

No âmbito da implementação do PECODA em 2009 a 2012, o Ministério criou aos níveis


central, provincial e distrital, uma rede de educadores ambientais. Esta rede, tinha em vista
promover a educação ambiental a todos os níveis associada `as campanhas: “Um líder,
uma floresta” e “Um aluno uma árvore”.
As principais acções levadas a cabo pelo País para atender a educação ambiental, dez
anos depois da Conferência Rio-92 e nos primeiros anos do funcionamento do MICOA
agrupam-se em 3 componentes nomeadamente: Consciencialização pública, Capacitação
institucional e Currículo escolar.
Para a consciencialização pública, foram realizadas actividades como: Séries televisivas de
Educação Ambiental, com destaque para ABC do Ambiente e Recursos e Vida; Programas
radiofónicos de divulgação, em parceria com a Rádio Moçambique e Rádios Comunitárias
locais; Produção e distribuição da Revista Moçambiente especializada sobre o ambiente;
Realização de Jornadas de Consciencialização nas comunidades urbanas e rurais; e Feiras
:
de exposição sobre o ambiente.
A quando da integração do País nas questões ambientais, notava-se uma fraca capacidade
institucional para atender a educação ambiental. Neste sentido, importa destacar duas
actividades que impulsionaram o primeiro núcleo de pessoal ambientalista, nomeadamente:
Formação do pessoal a todos níveis em matérias de Ambiente e Sustentabilidade (enviados
para a Europa e América do sul); e A participação de técnicos nacionais em estágios,
colóquios e seminários sobre ambiente. Estas duas actividades foram levadas a cabo
através do governo e parceiros de cooperação.
No âmbito do currículo escolar, numa primeira fase, foi introduzida a componente ambiental
nos dois graus iniciais do ensino básico (EP1 e EP2). Em seguida, foram introduzidas
Cadeiras sobre o ambiente nos Institutos Técnicos, Escola do Jornalismo e posteriormente
o nível superior. Hoje, existem cursos de graduação e pós-graduação em matéria de
Ambiente em geral e de educação ambiental em particular.
1.3 Tendências pedagógicas da Educação Ambiental
Na história da educação formal moçambicana predominou, por muito tempo, o ensino
tradicional, que consistia em transmitir conhecimentos que deveriam ser memorizados e
depois repetidos pelo aluno ao professor, por meio de provas e testes para verificar o
aprendizado.
Para a educação ambiental, existe uma grande variedade de abordagens e tendências
pedagógicas de educação ambiental. Elas compõem o extracto do que `a partir de
Estocolmo, se denominou educação não formal, como o da educação formal ou informal.
Uma das tendências que tem predominado na educação ambiental em Moçambique hoje, é
a tendência Conservacionista, cujos ensinamentos conduzem ao uso “racional' dos
recursos naturais e a manutenção de um nível óptimo de produtividade dos ecossistemas
naturais ou daqueles gerados pelo homem (RAMOS:1996).
As práticas pedagógicas de educação ambiental, até hoje, tem sido norteadas por ''temas
geradores", relacionados a poluição ou aos diferentes ecossistemas e seus recursos
naturais que traduzem a mesma perspectiva conservacionista. Um exemplo típico que
ocorre nesse sentido são as campanhas realizadas nas várias “datas ambientais" como a
distribuição de árvores no dia Mundial do Meio Ambiente.
Duas outras tendências pedagógicas podem ser consideradas como sendo predominantes
na Educação Ambiental em Moçambique, nomeadamente: Liberal e Progressista.
Na tendência pedagógica liberal, utilizam-se métodos de exposição e demonstração verbal
de conteúdos ambientais através de modelos e os professores são protagonistas que têm
:
maior domínio sobre os conteúdos ambientais a dar e os alunos apenas os aprendem. Tais
conteúdos estão previstos em conteúdos programáticos elaborados pelo sector de
educação.
Esta tendência, em algum momento, tem sido utilizada em educação não-formal, através de
palestras públicas mal preparadas e conduzidas pelos seus palestrantes, quando apenas
se preocupam em apresentar os conteúdos e não criam espaço de interacção com o
público-alvo.
Igualmente, ao nível formal, nota-se a predominância da tendência liberal tecnicista ou
tecnicismo educacional, caracterizada pela utilização de manuais técnicos de ambiente e
pela racionalização do ensino. Esta tendência, por sua vez, tem sido aplicada ao nível do
ensino técnico-profissional (escolas de artes e ofícios, institutos básicos, médios e
superiores), que ministram cursos sobre ambiente.
A Tendência Progressista caracteriza-se por: Buscar uma educação articulada com os
interesses concretos do povo (crítica da educação); Buscar métodos centrados nas
discussões de temas sócio-ambientais e políticos da vida dos educandos (crítico-
libertadora); e Confrontar conhecimentos ambientais sistematizados com experiências
sócio-culturais e a vida concreta (crítica dos conteúdos).
A tendência progressista, tem sido veiculada gradualmente na modalidade não-formal da
educação em que instituições públicas e privadas, ONG\s (Nacionais e estrangeiras),
Associações com interesses em educação, privilegiam as mesmas tendências para atingir
aos seus grupo-alvos.
Seminários, debates, fóruns, palestras são espaços em que os actores de educação
ambiental no seu dia-a-dia com os grupos interessados, analisa, discute e identifica
alternativas dos problemas ambientais locais. Tanto os problemas assim como as soluções
são propostas pelos educandos com base nas suas possibilidades, aspirações ou
capacidades.
Enquanto a educação ambiental uma prática social, se realize na escola ou for a dela, deve
ser dentro um quadro geral: “a combinação entre teoria ambiental (reflexão, estudo, análise,
compreensão) e praxis ou prática ambiental (acção, compromisso, luta). Trata-se mais
exactamente de dois momentos de um mesmo processo ou de dois tempos de uma mesma
caminhada libertadora.

Considerações finais.
:
A educação ambiental deve ser um processo, que se responsabiliza em formar/informar, de
forma holística, indivíduos desprovidos da visão antropocêntrica sobre o meio ambiente,
pois estes são parte daquele. Enquanto uma prática educativa, ela é hoje, uma componente
essencial e permanente da educação nacional, que está presente e de forma articulada em
todos os níveis e modalidades do processo educativo, em carácter formal (no sistema
formal de ensino) informal (para informar e consciencializar a sociedade) e não formal
(partilha de experiências em espaços e acções colectivas do dia-a-dia).
Descrever o percurso histórico da educação ambiental em Moçambique, enquanto desafio
pessoal, acalentou dificuldades imensas. Usando a pesquisa bibliográfica/documental como
base para a pesquisa, houve dificuldades de recolher dados e informações suficientes, uma
vez que pouco foi escrito a respeito ou, se foi, então pouco divulgado. Em contra partida, há
figuras destacadas no País que viveram e vivem as questões ambientais em geral e de
educação ambiental em particular que podem constituir uma fonte de informação
importante. Pesquisas futuras sobre esta matéria devem alargar a metodologia de recolha
de dados incluindo para além pesquisa bibliográfica e documental, as fontes orais em todo
País.
Os programas de educação ambiental levados a cabo no País, foram realizados sob a
forma de campanhas de consciencialização com enfoque teórico (palestra, panfletos,
debates, jornadas de limpeza, plantio de árvores, entre outras. Tais campanhas, foram
organizadas por instituições pública/privadas, ONG`s, Associações com interesse na área
ambiental nas comunidades. Esta metodologia precisa ser revertida privilegiando a teoria e
prática em programas de educação ambiental. Para tal, deve se incentivar que as
comunidades se organizem em: Associações, Núcleos, Fóruns, Oficinas ou Centros
ambientais para permitir que as iniciativas seja `a partir da base com envolvimento dos
grupos interessados
A educação ambiental inspirada no pensamento pedagógico de Samora Machel, deve ser
um processo que privilegia a ligação entre a teoria e a prática, direccionada a todos
cidadãos em todas modalidades educativas. Ela deve assentar em princípios como: o
ensino e a ajuda mútua, a cooperação entre educador e educandos, a gestão colectiva e
democrática do ambiente, a luta contra o autoritarismo e a burocracia ambiental.

Bibliografia
BRANDAO, Carlos Rodrigues. O que é Educação. 33ª Ed. São Paulo. Brasiliense. 1995.
:
DELAVATTI, Dionei. Sociedade e Meio Ambiente. S/D. S/L
MACHILI, Tomas Benjamim. Contribuição da Geografia Escolar na Educação Ambiental:
Caso da 11ª classe na Escola Secundaria 12 de Outubro- Nampula. Dissertação de
Mestrado. Supervisores: Profªs Doutoras Rachael Thompson e Alice Freia. Universidade
Pedagógica. Maputo. 2013
MAHOQUE, Luís Alberto. A família e a escolar como parceiros fundamentais no sucesso do
educando no 1º grau do ensino básico. Monografia de Licenciatura. Universidade
Pedagógica. Maputo. 2008.
MEDINAL, N. N. A formação dos professores em Educação Ambiental. Panorama da
educação ambiental no ensino fundamental. Brasília, 2001.
Ministério para Coordenação da Acção Ambiental. Estratégia Nacional de Educação
Ambiental. MICOA. Maputo. 2002.
___________________________________________ Programa de Educação,
Comunicação e Divulgação Ambiental. MICOA. Maputo. 2009.
___________________________________________ Análise do PES e Políticas sectoriais
2005-2009. Iniciativa Pobreza e Meio Ambiente. Maputo.2009.
____________________________________________Programa de Educação,
Comunicação e Divulgação Ambiental. MICOA. Maputo. 2009.
RAMOS, Elisabeth Christmann. Educação Ambiental: Evolução histórica, Implicações
teóricas e sociais. Uma avaliação crítica. Dissertação para Mestrado. Orientadora: Prof.a
Dr.a Acácia Zeneida Kuenzer. UFPR. Curitiba.1996.
República de Moçambique. Constituição da República. Aprovada pela Assembleia da
República em 16 de Novembro. Maputo. 2004. Artigo 117

[1] Conferência de Estocolmo na Suécia, Discutiu sobre Desenvolvimento e Ambiente e considerou a Educaçao Ambiental como campo de acção

pedagógica, adquirindo relevância e vigência internacional (Meio para a resolução de crises ambientais do mundo).

[2] MEDINAL afirma que a Educaçao Ambiental como processo que consiste em propiciar às pessoas uma compreensão crítica e global do

ambiente, para elucidar valores e desenvolver atitudes que lhes permitam adoptar uma posição consciente e participativa a respeito das questões

relacionadas com a conservação e a adequada utilização dos recursos naturais, para a melhoria da qualidade de vida e a eliminação da pobreza

extrema e do consumismo desenfreado


:
Antonio Pedro à(s) 10/31/2017 01:35:00 da manhã

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