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TEÓRICO DA EDUCAÇÃO E DA EDUCAÇÃO AMBIENTAL


Estudante: Alzira Sarangue

Docente: Msc. Talassamo Saide Ali (tali@unirovuma.ac.mz)

Curso de Licenciatura em Ensino de Geografia com Habilitações em Turismo, 4º ano


Montepuez, Outubro 2021.
RESUMO

O trabalho em apreço surge numa perspectiva reflexiva em torno do " Teórico da


Educação e da Educação Ambiental". Educação Ambiental é um vocábulo composto por um
substantivo e um adjectivo, que envolvem, respectivamente, o campo da Educação e o campo
Ambiental. O substantive Educação define o fazer pedagógico necessário à prática educativa,
enquanto o adjectivo Ambiental refere-se à área dessa prática educativa. A Educação Ambiental,
portanto, é o nome que se convencionou dar ao ato educativo relacionado ao meio ambiente. O
artigo tem como objectivo compreender o teórico da educação e da educação ambiental. A
metodologia empregue para o alcance dos objectivos previamente estabelecidos, recorreu-se a
pesquisa bibliográfica através de leitura de livros, artigos, monografias, dissertações e teses. Os
autores e às suas respectivas obras encontram-se plasmados nas referências bibliográficas. No
cerne estrutural, o trabalho obedece a seguinte sequência: Resumo, Introdução,
Desenvolvimento, Considerações finas e as respectivas referências bibliográficas.

Palavras-chaves: Educação; teóricos da educação ambiental; sustentabilidade.

ABSTRACT

The work in question arises from a reflective perspective around the "Theoretical of Education
and Environmental Education". Environmental Education is a word composed of a noun and an
adjective, which involve, respectively, the field of Education and the Environmental field. The
noun Education defines the pedagogical action necessary for educational practice, while the
adjective Ambiental refers to the area of this educational practice.. Environmental Education,
therefore, is the name that is conventionally given to the educational act related to the
environment. The article aims to understand the theory of education and environmental
education. The methodology used to achieve the previously established objectives, we resorted to
bibliographical research through the reading of books, articles, monographs, dissertations and
theses. The authors and their respective works are included in the bibliographical references. In
the structural core, the work follows the following sequence: Summary, Introduction,
Development, Final considerations and the respective bibliographical references.

Keywords: Education; environmental education theorists; sustainability.


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Introdução

O trabalho em apreço surge numa perspectiva reflexiva em torno do Teórico da Educação


e da Educação Ambiental. Parte-se do pressuposto de que a educação ambiental se desenvolve a
partir de diferentes perspectivas teóricas, orientações e até mesmo interesses que precisam ser
explicitados a fim de se manter o foco nas soluções demandadas pela problemática ambiental. É
possível identificar diferentes abordagens, em muitos casos conflitantes, quando se estuda, por
exemplo, a relação ser humano-natureza. Quase todas são marcadas por conflitos de origem
político-ideológica, ou por divergências no campo científico e filosófico. Daí decorre a
necessidade de uma epistemologia que, enquanto filosofia crítica e vigilante, faça o
acompanhamento permanente e rigoroso do processo de construção da (s) racionalidade (s)
ambiental (ais), que serviriam de insumo para possíveis desdobramentos no campo da educação
ambiental.

É com esta percepção que para a materialização do presente artigo pretende-se atingir o
seguinte objectivo principal compreender o teórico da educação e da educação ambiental A
metodologia empregue para o alcance dos objectivos previamente estabelecidos, recorreu-se a
pesquisa bibliográfica através de leitura de livros, artigos, monografias, dissertações e teses. Os
autores e às suas respectivas obras encontram-se plasmados nas referências bibliográficas. No
cerne estrutural, o trabalho obedece a seguinte sequência: Resumo, Introdução,
Desenvolvimento, Considerações finas e as respectivas referências bibliográficas.

Teórico da Educação

Autor: Brandão (2005):

Tese1: A educação como um fenómeno social-histórico-cultural.

Argumento: Considerando a educação como um fenómeno social-histórico-cultural,


entende-se que ela pode acontecer em qualquer lugar e a qualquer momento e com qualquer
pessoa, podendo ser transmitida de pai para filho, ou de anciãos a aprendizes, de professores a
alunos, de alunos a alunos, independente do sexo, raça ou idade. Ela depende principalmente do
ideal de homem a ser formado, por isso se caracteriza como sendo um processo de transformação
das qualidades humanas e a especificidade de cada cultura.
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Assim, a educação1 é uma prática social da qual cujo fim é o desenvolvimento do que na
pessoa humana pode ser aprendido entre os tipos de saber existentes em uma cultura, para a
formação de tipos de sujeitos, de acordo com as necessidades e exigências de sua sociedade. E
ainda afirma que, a Educação é um dos meios de realização de mudança social, assim tendo
como finalidade a de promover a transformação social.

Autor: Luzuriaga (1973)

Tese2: O contexto social como um elemento da educação

Argumento: com a divisão social do trabalho e do poder, surgem os diferentes tipos de


Educação para cada grupo da sociedade. Podemos compreender melhor quando, nos remetemos
ao passado, na antiguidade, em Esparta. O homem deveria ser educado para o combate, por isso
deveria ter um corpo forte e robusto. Em Atenas, os homens deveriam ser políticos e
democráticos, além de cavalheiros e cidadãos. Vemos assim duas sociedades da mesma época
com ideais de homens completamente diferentes. A Educação aparece sempre que surgem
formas sociais de condução e controle da aventura de ensinar e aprender.

Autor: Durkheim (1990)

Tese3: A educação como Técnica social

Argumento: A educação é a acção exercida pelas gerações adultas sobre as gerações


que não se encontram ainda preparadas para a vida social; tem por objecto suscitar e
desenvolver na criança certo número de estados físicos, intelectuais e morais reclamados pela
sociedade política no seu conjunto e pelo meio especial a que a criança, particularmente, se
destina.

A educação é ma técnica social isto porque pode influenciar o comportamento humano,


de modo que este enquadre-se nos padrões vigentes de interacção e organização social. A

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De acordo com schmied-Kowarzik (1983, p.158), educação compreende “o conjunto dos processos,
influências, estruturas e acções que intervêm no desenvolvimento humano de indivíduos e grupos na sua relação
activa com o meio natural e social, num determinado contexto de relações entre grupos e classes sociais, visando a
formação do ser humano”.
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educação pode ser utilizada tanto como factor conservador, mantendo, pois, a ordem, social,
quanto factor construtivo de transformação consciente e intencional da ordem social vigente, isto
é como factor de mudança.

Deste modo, a educação é, assim, uma prática humana, uma prática social, que modifica
os seres humanos nos seus estados físicos, mentais, espirituais, culturais, que dá uma
configuração à nossa existência humana individual e grupal. A educação é uma prática social que
busca realizar nos sujeitos humanos as características de humanização plena. Todavia, toda
educação se dá em meio a relações sociais.

Teórico da Educação Ambiental

Autor: Dias (2003),

Tese4: O conceito de educação ambiental e meio ambiente

Argumento: O conceito de Educação Ambiental sempre foi relacionado ao conceito de


meio ambiente de cada época, portanto, esses conceitos evoluíram paralelamente. Por muito
tempo, a Educação Ambiental foi caracterizada como a prática de actividades relacionadas aos
temas da natureza como: reflorestamento, preservação, paisagens naturais, extinção de espécies
animais, etc. Dentro deste enfoque, a Educação Ambiental assumiu a priori um carácter
naturalista, que utilizava algumas metodologias educativas como a realização de actividades
(plantio de árvores, desenhos, cartazes, textos, etc.) em datas comemorativas (dia da árvore, dia
do meio ambiente). Não é dessa maneira que devemos fazer a Educação Ambiental. A função é
muito mais abrangente e realista, pois incluiu a relação homem-natureza como foco central.

Autor: UNESCO (1987).

Tese5: Educação ambiental “um processo permanente”.

Argumento: Para a Organização das Nações Unidas sobre Educação, Ciência e Cultura
(UNESCO) a Educação Ambiental é “um processo permanente onde o indivíduo e a comunidade
tomam consciência do seu meio ambiente e adquirem conhecimentos, habilidades, experiências,
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valores e a determinação que os tornam capazes de agir, individual ou colectivamente, na busca


de soluções para os problemas ambientais, presentes e futuros.

Autor: Freire (1998)

Tese6: Pedagogia Crítica com enfoque na educação ambiental

Argumento: A abordagem teórica crítica definida como sociocultural por Paulo Freire se
contrapõe às ideias de Educação adoptadas pela Teoria Tradicional que tem como característica
principal a transmissão do conhecimento ao aluno levando-o à memorização. Nesse modelo
educativo não há espaço para a reflexão. O aluno apenas reproduz a fala do professor e os
conteúdos do livro didáctico. Portanto, a Pedagogia Tradicional não corresponde às expectativas
e objectivos da Educação Ambiental que pretende possibilitar meios para a reflexão e crítica do
aluno.

A Pedagogia Crítica indica um novo caminho para a mudança de comportamento


humano, a partir da construção de uma consciência crítica voltada à sustentabilidade. Dessa
maneira, buscamos na Teoria Crítica os fundamentos para discutir e fazer a Educação Ambiental.
Nesse “fazer”, o papel do educador ambiental crítico é preparar o educando para o processo
reflexão, no qual ele (educando) será um agente individual que terá como meta cooperar na
busca de soluções para os problemas socioambientais comuns à colectividade.

Autor: Tozoni-Reis (2003).

Tese7: educação ambiental para mudanças colectivas

Argumento: Educação não pode estar voltada apenas para mudanças individuais, mas
para mudanças colectivas e, principalmente, para a transformação do sistema social a fim de
garantir melhor qualidade de vida para a humanidade e para os demais seres vivos. Portanto, a
Educação deve promover mudanças na cultura moderna permeada pela valorização do
individualismo e do consumismo, característica inerente ao sistema capitalista. A inversão desses
valores deve começar com a valorização do homem pelo que ele é, e não pelo que ele possui.
Nesse sentido, deve prevalecer o interesse colectivo sobre o interesse individual, pois o
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comprometimento colectivo dos indivíduos na solução dos problemas socioambientais é um dos


aspectos fundamentais no processo de desenvolvimento da Educação Ambiental.

A educação ambiental se desenvolve a partir de diferentes perspectivas teóricas,


orientações e até mesmo interesses que precisam ser explicitados a fim de se manter o foco nas
soluções demandadas pela problemática ambiental. É possível identificar diferentes abordagens,
em muitos casos conflitantes, quando se estuda, por exemplo, a relação ser humano-natureza.
Quase todas são marcadas por conflitos de origem político-ideológica, ou por divergências no
campo científico e filosófico. Daí decorre a necessidade de uma epistemologia que, enquanto
filosofia crítica e vigilante, faça o acompanhamento permanente e rigoroso do processo de
construção da (s) racionalidade (s) ambiental (ais), que serviriam de insumo para possíveis
desdobramentos no campo da educação ambiental.

Ao se considerar que o campo da educação ambiental é muito amplo, entende-se que os


diversos pesquisadores que se debruçam sobre o tema adoptem discursos e práticas que
apresentam diferenças entre si.

Autor: Tozoni-Reis (2003)

Tese8: Teoria naturalista e a educação ambiental

Argumento: Apresenta uma relação com a natureza, na qual o enfoque educativo é


cognitivo, experiencial, afectivo, espiritual ou artístico. Esta corrente é centrada na relação com a
natureza, assumidamente de valor intrínseco. O enfoque educativo pode ser cognitivo (aprender
com coisas sobre a natureza), experiencial (viver na natureza e aprender com ela), afectivo,
espiritual ou artístico (associando a criatividade humana à natureza). Sob este viés, o objectivo
da educação ambiental é reconstruir uma ligação entre os seres humanos e a natureza.

Autor Tozoni-Reis (2003)

Tese9: Teoria conservacionista/recursista e a educação ambiental

Argumento: Defende que a educação deve estabelecer sua função social para gerar
consciência ambiental e para a protecção dos recursos naturais e assim evitar o seu esgotamento.
O principal objectivo é fortalecer comportamentos conservacionistas e desenvolver habilidades
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de gestão ambiental com fins de conservação dos recursos, tanto no que concerne à sua qualidade
quanto à sua quantidade: a água, o solo, a energia, as plantas (principalmente as plantas
comestíveis e medicinais) e os animais (pelos recursos que podem ser obtidos deles), o
património genético, o património construído.

Autor: Morales (2010, et al.).

Tese10: Teoria biorregionalistas “pensar global e agir local”

Argumento: As correntes biorregionalistas, aderentes à concepção de “pensar global e


agir local” do capítulo 28 da Agenda 21, centram a educação ambiental no desenvolvimento de
uma relação preferencial com o meio local ou regional, o qual se refere a um sentimento de
identidade entre as comunidades e a relação com o conhecimento do mesmo. Nesta abordagem, a
escola é um dos principais meios de desenvolvimento social, ambiental, cultural e histórico de
uma localidade. A educação ambiental de inspiração biorregionalista valoriza o sentimento de
pertença local e/ou regional, com base em enfoques afectivos, cognitivos e criativos.

Autor: Morales (2010, et al.).

Tese11: Teoria Científica e educação ambiental

Argumento: Ainda muito em voga, a corrente científica dá ênfase aos procedimentos


científicos e aborda com rigor a realidade, e os problemas ambientais nos quais a observação é
sempre sustentada pela experimentação. Aqui a educação ambiental está fortemente associada ao
desenvolvimento de conhecimentos e de habilidades relativas às ciências da natureza e o objetivo
principal é adquirir conhecimentos em ciências ambientais e desenvolver habilidades relativas ao
processo de experimentação científica.

Teórico da Educação Ambiental

Autor: Dias (2003),

Tese12: Teoria humanista e o meio ambiente

Argumento: a corrente humanista enfatiza a dimensão humana do meio ambiente com


foco nas intersecções entre natureza e sociedade. A corrente humanista, além de abordar o
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ambiente natural, também leva em consideração as dimensões históricas, culturais, políticas e


económicas. O meio ambiente é um património natural e cultural e deve-se promover o
conhecimento sobre as interacções entre cultura e meio ambiente.

Considerações finais

Diante das reflexões empreendidas no presente artigo, depreende-se que De maneira


geral, a educação ambiental é uma acção educativa que, a partir da construção de valores,
conhecimentos, habilidades e atitudes, tem por meta despertar a sociedade para um compromisso
individual e colectivo de respeito e responsabilidade com o ambiente, a fim de promover
melhorias na qualidade de vida. Da mesma forma, actividades com fins educativos e que
envolvem diversos sectores da sociedade, tais como empresas, famílias, ONG´s e comunidades
religiosas, têm ajudado a disseminar práticas de educação ambiental para além das fronteiras do
ensino formal. Através da Educação Ambiental é possível desenvolver conhecimento,
compreensão, habilidade e motivação no indivíduo e na colectividade para que adquira valores,
mentalidades e atitudes necessárias para lidar com a problemática ambiental propondo soluções
sustentáveis.

Não obstante, é importante referenciar que o trabalho científico nunca é acabado, sempre
é susceptível de críticas e sugestões para o melhoramento do mesmo.

Referências bibliográficas

Brandão. L. (2005). Sobre a Natureza e a Especificidade da Educação. Rio de Janeiro: DP&A.

Dias, G. F. (1993). Educação ambiental, princípios e práticas. 2. ed. rev. e amp. São Paulo:
Gaia.

Durkheim, E. (1990). A Educação como Técnica Social. São Paulo: Ed. Nacional.

Freire, P. (1998). Educação: o sonho possível. In: Brandão, C. R. (Coord). O educador: vida e
morte: escritos sobre uma espécie em perigo. 11. ed. Rio de Janeiro: Graal, p.91-1001.

Luzuriaga. L. História da educação e da pedagogia. São Paulo: Nacional, 1973, p. 33-69.


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Morales, A. G. et al. (2001). Educação ambiental e multiculturalismo. Ponta Grossa: Editora


UEPG.

Tozoni-Reis, M. F. C. (2003). Educação Ambiental: natureza, razão e história. São Paulo:


Autores Associados.

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