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Criação da organização
moderna
oBJETTVOS
explicar:
TNTRODUçAO
1 GRANDES ESTRUTURAS
comandante próprio - um chefe (dux).1 Com a queda do Império Romano, essa organi-
zaçáo desapareceu.
Somente no Renascimento os princípios de organizaçáo militar de Roma foram
retomados. No final do século XVI, o mosquete foi introduzido nos exércitos. Náo era
uma arma efrcaz quando empregada isoladamente, porque só disparava um tiro de cada
vez e era de recarga demorada. Maurício e Guilherme Luís de Nassau, nessa época,
perceberam que havia uma maneira de aumentar o desempenho dessa arma:. organi-
zar os mosqueteiros em várias fileiras de forma que a primeira disparasse e recuasse
para recarregar, enquanto a de trás avançavapara a primeira linha. Para funcionar, essa
operação exigia que os homens fossem treinados. Para facilitar as manobras, os condes
de Nassau dividiram seu exército em várias formações pequenas - companhias de 120
homens, com 72 oficiais, e batalhões de 600 homens. Os condes de Nassau estudaram
diligentemente as guerras entre Roma e Cartago. 25 anos depois de os Nassau introdu-
zirem essa inovação, o rei da Suécia, Gustavo Adolfo, demonstrou que tinha dominado
ainda mais o enorme potencial desse sistema de organizaçío. Ele aprimorou a rapidez
das manobras e da recarga, aumentou o número de canhóes e padronizou seus calibres
e ensinou sua cavalaria a atacar com as espadas desembainhadas.
Embora os exércitos dominassem os princípios e as técnicas para organizar gran-
des contingentes humanos, ideias para ajudar os administradores a lidar com a estru-
tura total das organizações empresariais, e não apenas com suas atividades produtivas,
só começaram a surgir em meados do século XIX. No final da década de 1920, essas
ideias já estavam maduras e tinham assumido a estatura de teorias sustentadas por
uma experiência prática de sucesso. Daniel McCallum e Harrington Emerson foram os
precursores dos grandes avanços nessa área. Outras figuras importantes sáo Pierre du
Pont e Alfred Sloan (Figura 7.1).
Figura7.1
Grandes Daniel McCallum (181 5-1878)
organizadores
Seus pais emigraram da Escocia para os Estados Uni-
dos quando ele tinha sete anos. Foi carpinteiro, arquiteto,
engenheiro e construtor. Trabalhando na Ferrovia Erie,
especializou-se em pontes ferroviárias. Criou um novo ttpo
de ponte, do qual registrou a patente. Em 1 854, tornou-se
Superintendente-Geral da Erie. Durante a Guerra CivilAme-
ricana, foi o diretor-geral das ferrovtas militares da União,
no posto de coronel. A seu comando se atribui um dos fa-
tores do êxito da União na guerra. Foi promovido a general
pelo presidente Lincoln. É provável que suas ideias sobre
organização tenham sido influençiadas por sua experiência
militar. Sua principal contribuição para a teoria e a prática
da administração foi a criação da estrutura organizacional
da Erie. Desenhou o primeiro organograma da história das
empresas.
Conheça mais: http://en.wikipedia.orglwiki/Daniel-Mc-
Callum.
'I wvwv.vroma.org.
116 PARTE ilt I DA ESCOLA CLASSTCA AO MODELO JAPONÊS
_
F Alfred P. SloarJí (875-1966)
Sloan nasceu nos Estados Unidos e formou-se em en-
genharia elétrica no MIT em 1895. Era proprietário de
uma empresa que fabricava rolamentos para a lndústria
automobilística e que foi absorvida pela General Motors
em seu processo de expansão. Sloan tornou-se presidente
(executivo principal) em 1923 e presidente do conselho de
acionistas em 1937. lntroduziu na GM conceitos como a
mudança anual de modelos, estilo, obsolescência planeja-
da e identidade da marca, além de ter criado a estrutura
organizacional que se tornou padrão nas grandes corpora-
'1931, do primeiro programa
ções. Patrocinou a criação, em
universitário de educação executiva - o Sloan Fellows, do
MlT. Além de executivo de sucesso, Sloan foi um filantropo,
tendo sido premiado como um dos grandes benfeitores da
cidade de Nova lorque.
Conheça mais: http://www.gm.com/company/historyAn-
dHeritage.html.
cApÍTULo 7 r cRrAçÃo DA oRGANTzAçÃo MoDERNA 117
2 DANIEL MCCALLUM
Foi esse um dos problemas que Daniel McCallum enfrentou. Em 1856, ele escre-
veu para os acionistas:
' Segundo. Poder suficiente para que essas responsabilidades sejam desempenha-
das efetivamente.
' Terceiro. Meios de saber se essas responsabilidades estão sendo de fato
desempenhadas.
Quarto. Presteza na informaçáo sobre todos os desvios de conduta, para que
sejam corrigidos imediatamente.
Quinto. Obtençáo dessa informaçáo por meio de um sistema de relatórios
diários.
' Sexto. Adoção de um sistema global que não apenas possibilite ao superinten-
dente-geral detectar erros imediatamente, mas também identificar seu autor.
3 HARRINGTON EMERSON
2 As referências deste capítulo a Daniel McCallum baseiam-se em: CHANDLERJR., A. D. (1962). Strategy and
Structure: Chapters in the History of the lndustriol Enterprise. Cambridge: l\4lT Press; VOSE, G. L. (1883). Mo-
nuol for Roilrood Engineers (1" ed. de'l 857). Boston: Lee and Shepard; HOPPER, K., & HOPPER, W. (2007).
The Puriton Gift: triumph, collopse ond revivol of on Americon dreom. New York: l. B. Tauris.
Dessas ideias nasceu a filosofia que Emerson desenvolveu e iria colocar em prática
quando voltou aos Estados Unidos.
Outra influência intelectual sobre Emerson foi exercida por Frederick Tâylor, que
frzera a distinçáo entre organizaçóes funcionais e organizações militares. As organi-
zaçóes funcionais são feitas para construir; as organizaçóes militares são feitas para
destruir. Os negócios primitivos tinham o impulso da destruição - isso explicava, por
exemplo, a escravidáo. Esse impulso faziao mundo dos negócios usar o modelo militar
de organização, que era responsável pela ineficiência: arbitrariedade individual no topo,
poder delegado linha abaixo, anarquia em todos os lugares. Em contraposiçáo, Emerson
visualizava um tipo de organização em que as pessoas assumiriam responsabilidades
em vez de se limitar a seguir ordens. Era uma antecipaçáo da ideia de autogeàtão.
4 EMERSON, H. (1924). The twelve principles of efficiency (6" ed. 1" ed. de 191 1). New York: The Engineering
Magazine Co.
5 EMERSON, H. (1924). The twelve principles of elficiency (6" ed. 1" ed. de'1 911). New York: The Engineering
Magazine Co.
PARTE ilt . DA ESCOLA CLÁSS|CA AO MODELO JAPONÊS
Para Emerson, von Moltke tinha conseguido preservar a forma predatória no exér-
cito prussiano, mas havia criado o Estado-Maior, que, apesar de ser pouco desenvolvi-
do, possibilitara grandes vitórias. Ele criara um Estado-Maior de especialistas, oficiais,
estudiosos etc., conhecedores das "leis naturais". Com esse conhecimento, ele refor-
mou o exército, planejou suas campanhas e executou seus desígnios - eliminando o
desperdício fútil e promovendo a eficiência. O objetivo náo era destruir os inimigos,
mas construir a Alemanha unificada. O exército com a nova organizaçáo foi o instru-
mento para isso.
1 Ideais claramente definidos. A organizaçáo deve saber quais sáo suas meras, a
que se propóe e qual seu relacionamento com a sociedade.
2 Bom senso. A organização deve ser prática em seus métodos e sua maneira
de ser.
3 Aconselhamento competente. A organização deve buscar aconselhamento
competente, recorrendo a especialistas externos se sua equipe não tem os co-
nhecimentos necessários.
4 Disciplina. Náo se trata da disciplina de cima para baixo, mas sim da disciplina
interna e da autodisciplina, com os trabalhadores concordando pronta e vo-
luntariamente com os sistemas implantados.
5 Tiatamento justo. Os trabalhadores devem sempre ser tratados com justiça,
para encorajar sua participação no movimento da eficiência.
6 Registros confiáveis, imediatos e adequados. Medições periódicas são impor-
tantes para verificar se a eficiência foi alcançada.
7 Acionamento (dispatching). O fluxo de trabalho deve ser programado de forma
que os processos andem suavemente.
6 El\4ERSON, H. (1924). The tvvelve principles of efficiency (6" ed. 1" ed. de 191 '1 ). New york: The Engineering
Magazine Co.
CAPíTULO 7 I CRIAçÃO DA ORGANIZAçÃO MODERNA 121
4 PIERRE DU PONT?
Pierre du Pont foi, no início do século XX, o inovador que criou e implantou téc-
nicas de administraçáo, finanças e operaçóes em duas grandes corPoraçóes: DuPont e
General Motors.
Fundada em 1802, a empresa DuPont cresceu rapidamente, como fabricante de
pólvora. Até o início do século XX, a empresa teve um regime de administraçáo familiar.
À partir de 1915, ele foi o presidente da empresa, conduzindo a ampliação, moderni-
zaçáo e diversificaçáo da companhia. A DuPont comprou muitas empresas do mesmo
ramo e mais tarde expandiu seus negócios da pólvora paraa química. As soluçóes para
administrar o conglomerado em que a empresa se transformou só precisaram ser revis-
tas e modificadas meio século mais tarde.
Pierre criou uma estrutura organizacional hierárquica e centralizada, desenvolveu
técnicas de contabilidade e previsão de mercado, adotou estratégias de diversificaçáo e
investiu em pesquisa e desenvolvimento. Ele também introduziu o princípio do retorno
sobre o investimento, que se tornou a base das decisóes de administração financeira da
empresa. A empresa fazia a análise do retorno sobre o investimento (return on invest-
ment, ROI), utilizando a técnica conhecida como fórmula DuPont. A formula baseia-se
em relaçóes entre informaçóes apresentadas pelos demonstrativos financeiros.
Com o início da Primeira Guerra Mundial, Pierre conduziu a emPresa por um pe-
ríodo de grande expansáo, financiada pelos pagamentos adiantados das compras de
munições feitas pelos aliados. Na Segunda Guerra Mundial, pelo mesmo motivo, a em-
presa passou por outro período de grande expansão.
7 A resenha da história da DuPont, neste capítulo, baseia-se em: CHANDLER, Jr., A. D., & SALSBURY, S
(2OOO). DuPont ond the moking oÍ the modern corporotion. washington: Beard Books.
122 PARTE ilr ! DA ESCOLA CLÁSS|CA AO MODELO JAPONÊS
Esse departamento tinha uma missão de assessoria geral. Deveria monitorar con-
tinuamente a situaçáo da empresa e fazer sugestões ao Comitê Executivo, sobre como
lidar com necessidades e oportunidades.
4.2 Descentralização
Em 1927, para garantir a lucratividade dos novos negócios, Pierre fez umamudan-
ça fundamental na estrutura organizacional da empresa. Inspirando-se na mudança que
havia sido feita na General Motors, ele acabou com o sistema de decisões centralizadas
no topo da pirâmide executiva. Criou dpz departamentos industriais subordinados di-
retamente a seus gerentes gerais, ca$,.ijm deles com suas próprias funções de vendas,
pesquisa e apoio. Essa estrutura conferia autonomia aos gerentes das divisões, sem
prejudicar o consenso sobre as diretrizes gerais da empresa. Isso permitiu ao Comitê
Executivo concentrar-se ainda mais nas políticas de negócios de longo prazo.
5 ALFRED SLOANs
8 A resenha da história da DuPont, neste capítulo, baseia-se em: CHANDLER, Jr., A. D., & SALSBURy, S.
(2000). DuPont and the moking of the modern corporotion. Washington: Beard Books.
CAPíTULO 7 I CR|AçÃO DA ORGANIZAçÃO MODERNA 123
General Motors. Alfred Sloan, que viera de uma das empresas compradas pela GM,
havia produzido um desses estudos. Em 7923, Sloan foi nomeado presidente e reorga-
nizou a GM, com base em ideias que, jâ em 1920, du Pont vinha colocando em prática.
Os princípios que orientaram a reorganizaçáo ainda governavam a GM no início do
terceiro milênio. Mais que isso, as ideias de Sloan e du Pont tornaram-se o padrão para
estruturar as grandes organizaçóes, assim come o sistema Tâylor e o sistema Toyota
tornaram-se o padrão para organizaÍ as operações produtivas.
5.4 Reformulação
Em 7922, Sloan aprimorou seus dois princípios. Ele reforçou a autoridade do exe-
cutivo de cada divisão e das funçóes centrais corporativas. Além disso, deu à empresa
uma estrutura com centralizaçáo na definição de políticas e descentralizaçáo de sua
aplicaçáo, por meio da coordenação das divisóes com a administração geral ou central.
Sloan também criou outros comitês, formados por executivos da linha: comitê de com-
pras, técnico (ou de desenvolvimento de produtos) e de propaganda.
Em 7923, a General Motors era um modelo de grande organizaçáo bem estrutu-
rada. As divisões eram centros de lucro, administrados "com base nos números" pelo
quartel-general. A intervalos regulares, Sloan e seus executivos exigiam relatórios deta-
lhados sobre vendas, participação no mercado, estoques, lucros e perdas, e orçamentos
de capital, sempre que as divisões pediam dinheiro. Sloan achava que os executivos
do nível corporativo náo deviam se ocupar de detalhes de cada centro de lucro, mas
concentrar-se no exame dos resultados.
A GM tornou-se um conglomerado multidivisional, que possibilitava a suas uni-
dades crescer sem as limitações da estrutura funcional clássica. Alfred Sloan também
criou o conceito de administraçáo por objetivos, mas não usou esse nome, que foi in-
ventado por Peter Drucker.
As soluções de Sloan ftzeram o caminho de volta e, em seguida, a DuPont também
adotou o plano de reestruturação de Sloan. As ligações entre as duas empresas levaram
o governo americano a acusá-las de truste, num processo que se arrastou até os anos
1960. Em 1961, a DuPont vendeu suas ações da GM.
As ideias de Sloan foram implantadas na década de 7920, mas somente foram com-
pletamente divulgadas na década de 1960, quando Sloan, perto dos 90 anos, escreveu
suas memórias. Em 1946, Peter Drucker havia divulgado sua versáo dessas estratégias,
as quais foram entáo copiadas pelos executivos de outras grandes empresas.
Finalmente, em meados da década de 1920, as ideias sobre como organizar empre-
sas já estavam maduras e tinham assumido a estatura de teorias sustentadas por uma
experiência prâtica de sucesso. Completou-se assim o triângulo das teorias e práticas
da adminis traçáo (Figur a 7 .2) .
CAPíTULO 7 r CRIAçÃO DA ORGANIZAçÃO MODERNA 't25
Figura7.2
Triângulo das
MÉToDos r rÉcrutcls oe
teorias e práticas GESTÃO DA EFICIÊNCA
ESTRUTURAS
ENTENDIMENTO DO ORGANIZACIONAIS
PAPET GERENCIAL DE GRANDE PORTE
6 PÓS-MODERNISMO
Organizaçáo moderna é o modelo que surgiu entre 1920 e 1930, quando foram
criadas as estruturas organizacionais e os modelos de gestáo de grandes orgariza-
ções americanas como DuPont, General Motors e a Ferrovia Erie, Para a qual Daniel
McCallum desenhou o primeiro organograma da história (Figura 7.3).
Ftgura7.3
Organlzação Deslocamento da ênfase da administração
moderna no início cientiflca, da efÍciência para o desempenho
do século XX organizacional
Estrutura Forma M, com divisões de
negócios e estrutura central de apoio
oRGANIZAçÃO
MODERNA
a Hierarquia gerenctal Ç
a Grandes contingentes de pessoas
a Decisão cenlralizada 2
a Administração estratégica
I Key performonce i ndicotors
r r6ur q ,.r
D
produtos e renovação interna
EXERCíCtOS
10 TraduzÍdo e adaptado de The Cases of Daniel McCallum and Gustavus Swift (http://www.willamette.
ed u/-ft hompso/MgmtCon/McCall um.htm).
-
cApíTULo 7 r cRlAçÃo DA oRGANIzAçÃo MoDERNA
transporte e marketing. Cada uma dessas etapas era o domínio de uma divi-
são diferente da empresa. Em vez de divisões territoriais, como as ferrovias
tinham feito, Swift criou suas divisões em cima de funçóes diferentes. De fato,
ele montou suas divisões da mesma forma como na Revolução Industrial se
tinha dividido o trabalho dos operários em etapas específicas. Cada divisão de
sua grande empresa desempenhava uma ou umas poucas funções.
Swift tinha divisões de marketing, empacotamento de carne, compras ou
suprimentos, expedição, vendas e propaganda. Cada divisão tinha um geren-
te-geral a quem os gerentes se reportavam. O gerente-geral reportava-se e
recebia orientações da administraçáo superior. Essa solução permitiu criar e
operar enormes orgarizaçóes de negócios.
QU ESTõ ES